18.3.05

Contra os ingleses marchar, marchar

Sou doido ao ponto de acreditar que o Sporting vai ganhar a Taça UEFA. O amor tem destas coisas. Faz-nos crer no improvável, é o que é...

Ainda por cima a final joga-se em Alvalade. E o Barbosa até corre (grande capitão)! Se não fossem os frangos do Ricardo arriscar-me-ia a dizer que o "caneco" estava no papo!

Estou a imaginar o jogo da final. As fintas de Douala. Liedson mais traiçoeiro que Judas (para o adversário). Rochemback e Enakarhire de pedra. A arte de Viana e de Barbosa. O rigor de Custódio. A explosão de Martins. E o Nélson na baliza!

Até parece que estou a ver a Avenida da Liberdade pintada de verde e branco! O Marquês com um cachecol de leão ao pescoço! E uma turba eufórica a colorir o país todo!

Creio, contudo, que a maioria dos leitores da "conspiração" não partilha da minha devoção leonina. Só por isso é que o inquérito colocado ontem on-line tem mais do que uma possibilidade de resposta!

Post-Scriptum: O título deste post não nada a ver com os artigos de opinião de Alberto João Jardim no JM. Os leões marcharão contra os ingleses, mas ingleses do Newcastle, não façam lá confusões!

17.3.05

A aventura continua. Venham os próximos.

Asneira proletária

O "auto-eternizado" e inefável dirigente máximo da CGTP visitou-nos. Como não podia deixar de ser agradeceu a nossa hospitalidade com contributos espantosos para a explicação do desemprego.
Após desfiar um chorrilho de manifestas tonterias (apenas para justificar o preço da passagem) e lugares comuns demagógicos, brindou-nos com esta ode à idiotice: o desemprego na Madeira só não é muito elevado porque as estatísticas não contam com os trabalhadores que vêm de fora e, findos os projectos em que estavam a laborar, regressam sem trabalho aos seus locais de origem.
O que quererá este senhor ?
Pelo menos, no tempo que aqui trabalharam não engrossaram as fileiras de beneficiários do subsídio de desemprego.
Pelo menos, no tempo que aqui estiveram contribuiram para o aumento da produtividade do país.
Pelo menos, no tempo que aqui passaram foi-lhes possível alimentar as suas famílias.
Talvez fosse importante perguntar o que é que esses trabalhadores estavam a fazer antes de para cá virem ? Acaso estariam a trabalhar, acaso estariam a produzir, acaso estariam a evitar a fome dos seus filhos ?
Tomara ao país ter mais regiões ou locais que gerassem a quantidade de trabalho que aqui gerámos e estamos a gerar (só a título de exemplo, vejam-se os níveis de execução dos fundos comunitários).
São estas atitudes que, às vezes (cada vez mais), cansam. Mas, vindas de onde vêm, compreende-se. Vêm de alguém que não soube sair, de alguém que pouco contribuiu para o desenvolvimento do país, de alguém que, como se diz por aí, fala, fala, mas nada faz.

BIdeputado

Há um presidente de Câmara que dispensa apresentações e que é conhecido pelo BIdoutor da Terça de Baixo. Pelos vistos, os socialistas têm um bideputado... Ricardo Freitas, do PS, cometeu uma ilegalidade ao ser deputado duas vezes em dois sítios diferentes. Houve, de facto, uma violação clara dos estatutos do deputado, quer da Assembleia Legislativa, quer da Assembleia da República. Só não percebo como é que uns dizem que este problema é da Assembleia da República e outros afirmam que é da Madeira. Mas enfim... No meu entender, a ilegalidade não foi propositada, mas lá que existe, isso ninguém pode negar. Pensando bem, creio que o Grupo Parlamentar do PS-Madeira deve aproveitar o facto de não ter de fazer contenção de despesas para investir numas acções de formação aos seus deputados. E se, num passado recente, esse mesmo Grupo abriu os cordões à bolsa para contratar aquele que é hoje o presidente do Partido, então deveria esticar o seu orçamento e requisitar pessoas que conheçam os procedimentos. Assim, não existiriam deslizes tão graves. Claro que tudo vai ficar na mesma e todas as críticas feitas não passaram de alertas, do tipo: «cuidado meninos, que estamos de olho em vocês!»
PS: Quanto ao BIdoutor da Terça de Baixo e ao contrário daquilo que muita gente pensa do homem, é uma pessoa que considero muito e que acho extrememente competente.

SSFranco

16.3.05

Curtas VIII

Alguns "senadores" propõem que Portugal fomente e apoie a adesão de Cabo Verde à União Europeia. Curiosamente, Mário Soares, um dos responsáveis pela independência do arquipélago - independência essa que nem era desejada pela maioria dos cabo-verdianos - está entre eles.

Era giro se a França fomentasse a entrada do Senegal. E se a Espanha apoiasse a adesão do Shara Ocidental. E se a Inglaterra apostasse na Nigéria. E a Itália na Etiópia...

Era giro...

Começámos bem...

Sócrates já percebeu que gerir o país será um mar de rosas... com espinhos. Entendeu finalmente que o combate ao défice terá de ser uma prioridade e não uma mera figura de retórica. E que dificilmente concretizará as promessas que lhe permitiram ser eleito. Já sabe que terá de recorrer a receitas extraordinárias. Já "atramou" - em bom madeirense - que terá de racionalizar as despesas. Em resumo, já percebeu alguma coisa, o que não é mau!

Depois do ministro das Finanças, ainda antes de ter tomado posse, anunciar a inevitabilidade do aumento dos impostos, o presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, assumiu hoje uma posição que legitima aquilo que o Governo se prepara para fazer. Defendeu o aumento do imposto sobre os combustíveis e do imposto automóvel.

Resumidamente: para evitar ter de cobrar portagens nas SCUTS, penalizando só os utilizadores das mesmas (e perdendo o estado de graça, porque a medida atingiria como um tiro milhões de consumidores), vai penalizar todos os portugueses. Mesmo os que não têem carro. É curioso... Caso para dizer que começámos bem...

15.3.05

Entre o bom e o péssimo

Os leitores da "conspiração" não fazem a coisa por menos. Uns (33%) consideram bom o Governo formado por Sócrates. Outros (31%) classificam como péssimo o novo Executivo.

Apesar de tudo, são mais as opiniões positivas do que as negativas. É que 20% dos leitores da"conspiração" acham o novo Governo excelente.

Em resumo, a esquerda ganhou com maioria absoluta. Só 8% dos votantes disseram que o grupo de ministros e secretários de estado escolhido por Sócrates era mau. A mesma percentagem fica-se pelas "meias tintas", ou seja, votou num simpático "razoável".

Brevemente, outro inquérito estará on-line.

14.3.05

São Tiago
Rua de Santa Maria

A asneira

Ao PSD e ao PS não interessa debater a Proposta de Constituição Europeia. Interessa é fazê-la aprovar. De preferência, com a participação no plebescito de mais de 50% dos portugueses. Daí a ideia peregrina de fazer concidir o referendo com as Eleições Autárquicas.

Alguém acredita que os portugueses olharão para a Proposta de Constituição Europeia enquando estiverem em estridente discussão os problemas da malha urbana de Freixo-de-Espada-à-Cinta? O "vais ou ficas" de Santana em Lisboa? A eleição de Avelino em Amarante? O duelo Pinto-Rio no Porto?

Alguém acredita?

A receita do massacre

Junte dois apresentadores que não sabem bem o que estão a fazer, e que dizem asneira atrás de asneira, a uma hora de música erudita. Não se esqueça de que é fundamental fugir à regra que fala sobre a alternância entre momentos fortes e momentos calmos. Coloque em lume brando, durante hora e meia. Não deite sal e muito menos pimenta. Ponha dezenas de cadeiras vazias na sala. E chame a irmã do Cristiano Ronaldo para ajudar à festa. Regue com vinho tinto. Terá um excelente massacre televisivo.

Post-Scriptum1: A ideia de oferecer música erudita a um público que vota maioritariamente em grupos de música popular é genial! É preciso educar as massas, é o que é! Só que as massas não estão p'rái viradas (incultos, ignorantes, ingratos) e ao fim de 10 minutos mudam de canal.

Post-Scriptum2: É feio ignorar três pessoas. Se há uma categoria com cinco nomeados, e só um ganha o prémio, são quatro os derrotados. Mesmo que na corrida esteja um engenheiro.

13.3.05

O referendo

Convocar o referendo sobre a Europa para o mesmo dia das eleições autárquicas é uma espécie de batota legalizada que vai reunir, pelos vistos, a anuência do principal jogador político do tabuleiro português: Jorge Sampaio, inimigo confesso de maiorias absolutas que não sejam cor-de-rosa.
Com esta proposta o primeiro-ministro resolve dois problemas de uma assentada: primeiro, o problema da participação (seguramente acima dos 50%) e segundo, o problema da data (na realidade, os portugueses andam um pouco fartos de assembleias de votos e seus derivados e nada como despachar tudo muito rapidamente de preferência num 2-em-1). Mas pelo meio arranja outros dois: primeiro, mantém os portugueses na ignorância relativamente à questão europeia omitindo confortavelmente a questão (porque os autarcas vão querer é ganhar votos e não explicar “a Europa”) e, segundo, faz com que muitos portugueses, sem saberem muito bem sobre o quê, sejam "obrigados", a emitir uma opinião que é decisiva para o nosso futuro sem estarem na posse de informação suficiente. No fundo, no fundo, ninguém parece estar muito preocupado com o assunto nem assume responsabilidade sobre o mesmo já que a Europa é, há muito, tabu instituído. O mais importante é que votem mais de 50% dos portugueses no sim. Tudo o resto é mero acessório de cosmética. E não interessa a ninguém

A posse

Demonstrando uma clara falta de pachorra para a coisa, Sócrates aviou a cerimónia da tomada de posse em tempo recorde. Livrou-se de discursos enfadonhos e longos, e prometeu determinação q.b., como se esperava e como lhe competia. Pelo meio livrou-se, e bem, das palmadinhas nas costas dos suspeitos do costume. Tudo muito certo. Não fossem as medidas anunciadas (duas) roçarem o absurdo, e talvez ninguém tivesse sequer dado pela mudança de primeiro-ministro. Por entre alguma trapalhada mecanizada e profundamente ensaiada, Sócrates anunciou o fim do monopólio das farmácias e o referendo sobre a Europa no mesmo dia das eleições autárquicas. À falta de melhor, e de imaginação, nada como anunciar novidades de utilidade duvidosa e de alcance modesto. Os portugueses agradeceram e dormiram mais descansados. O desemprego e o défice, com toda a certeza, já eram.

Frisk

Anders Frisk tomou uma decisão radical: abandonar o mundo da bola e aquilo que ele representa. A decisão foi tomada depois do simpático Anders, de 42 anos, ter recebido várias ameaças de morte, vindas de adeptos, nada simpáticos, do Chelsea. A polémica teve origem no célebre jogo de Camp Nou em que Frisk expulsou injustamente um jogador do Chelsea provocando, assim, a reviravolta do Barcelona no resultado do jogo. Compreende-se o susto. Compreende-se a excitação. Compreende-se até a decisão. Não se compreende a precipitação. Nem o benefício que se quer dar ao infractor fazendo-o cantar vitória. Alguém que explique ao senhor Frisk que ainda não estamos na América latina e que há uma grande diferença entre civilização e barbárie.