30.4.05

Não hesitar

Entretanto descobriu-se que o Dr. Carrilho prefere estar com a Bárbara do que mal acompanhado. O Dr. Miguel Portas, exilado em Bruxelas, soube de tudo através de missivas, não sei se anónimas, e decidiu descarregar a sua raiva aqui (o Dr. Louçã, conhecido evangelista e missionário nas horas vagas, já tinha dito o mesmo mas por outras palavras, não conseguindo disfarçar o incómodo que o PC lhe causa).
Embora não percebendo o projecto do Dr. Carrilho para Lisboa, percebo perfeitamente a escolha selectiva que o Dr. Carrilho faz das suas companhias e da sua opção, clara, por não fazer coligações. Entre fazer campanha ao lado do Ruben Carvalho ou fazer campanha exclusivamente ao lado da Bárbara, poucos hesitariam. Ele não hesitou.

Vícios

De cada vez que leio ou oiço o todo-poderoso Jorge Coelho (no DN ou no Quadratura do Círculo), tenho a sensação nítida de deja vu. O homem que se desdobra em mil e uma declarações e que domina como ninguém a máquina do PS, já começou a utilizar o célebre discurso da tanga tão característico de Durão Barroso, Ferreira Leite e Bagão Félix para descartar quaisquer responsabilidades governativas dos seus pares. Desconheço se a táctica é para vingar, mas há que avisar o Dr. Coelho que a ideia tem direitos de autor a respeitar e que a falta de imaginação em política começa ser de facto um dado preocupante. Talvez porque o Dr. Coelho, himsef, já ande nisto há demasiado tempo. Não se pode também limitá-lo?

50 dias

Desde a fuga de Elba, 50 dias se passaram. Faltam outros 50 para Napoleão cair.

29.4.05

Nus

"estou convencido que desenvolvemos uma antena para as canções e que elas gostam de andar à nossa volta. Trazem umas amigas com elas e, quando damos por isso, estão por ali sentadas ao pé de nós, a beber-nos a cerveja e a dormir no chão da sala. E, ainda por cima, usam o nosso telefone... São umas sacaninhas ingratas e ordinárias..."

Tom Waits

Tudo isto é verdade. Principalmente quando ouvimos um bom disco pela primeira vez, como é o caso de"Nus", dos Mão Morta.



Cuecas e Hamsters

Existem blogs para todos os gostos, feitios e preferências. Alguns são verdadeiramente curiosos. Eis dois exemplos:

http://pantiespantiespanties.blogspot.com/

http://teethgrinding.blogspot.com/

No primeiro, o casal sino-americano Brett e Hiromi escreve, quase exclusivamente, sobre cuecas. Alguns textos têm graça e o material fotográfico colocado on-line é bom.

No segundo, uma jovem canadiana que se dá a conhecer como "mãe devotada de Kotaro, um jovem hamster macho", escreve exclusivamente sobre a sua paixão, ou seja, o já referido Kotaro, que se arrisca a transformar-se no roedor mais notável do espaço virtual (excluindo o Bugs Bunny, o Jerry e o Vicente Jorge Silva).

O mundo é um sítio estranho...

Autonomia convicta

Alegra-me saber que o universo de blogs vai crescendo na Madeira. E que ultimamente têm surgido espaços com qualidade. Este é um dos últimos: www.autonomiaconvicta.blog.com .Vale a visita.

Bendito atraso!

Foi necessário que Jardim sentisse na pele o desespero pelo qual já passaram milhares de madeirenses para que a Região tomasse uma posição firme contra a "atrasada" TAP. Caso para dizer bendito atraso!

27.4.05

Prozac e Ritalin

As duas notícias vinham hoje no DN do continente: “Psicofármacos com riscos em crianças” e “Consumo de antidepressivos aumenta no País”. Duas situações indelevelmente associadas e que revelam já um nítido e puro descontrolo no nosso país.

As drogas psicotrópicas têm o seu expoente máximo nos EUA onde o Prozac e o Ritalin, só para citar alguns exemplos, fazem maravilhas pelos adolescentes americanos e, principalmente, pelos seus progenitores que não olham a meios para conseguir a felicidade dos seus rebentos (belíssima forma de lavar daí as suas mãos). Aliás, 10% da população americana (qualquer coisa como 28 milhões de indivíduos e maioritariamente feminina), toma o Prozac (considerado por muitos um verdadeiro ícone do “sexo fraco” e até uma espécie de “Nação”) com o intuito de melhorar a sua auto-estima e realização. O Ritalin, por seu lado, é prescrito para adolescentes e crianças com dificuldades de concentração ou consideradas como hiperactivas (seja lá o que isso for) e tem uma espécie de função contrária ao Prozac.

Conhece-se os riscos daqui inerentes, mas parece que muita gente vê mais prós do que contras nesta administração ad hoc destas drogas para lá de qualquer limite razoável. O seu consumo excessivo tem efeitos e consequências ainda por estudar e não é certo que certos sintomas posteriores não sejam resultado destes medicamentos: depressões, crises, tendências suicidárias e outras coisas do género.

Alguns autores, como Fukuyama, identificam três grandes tendências que resultaram do alargamento das chamadas drogas psicotrópicas nos EUA: a primeira tem a ver com desejo do cidadão comum de procurar numa patologia tão alargada quanto possível as causas dos seus problemas para daí minimizar as suas responsabilidades quanto à “doença” em si; a segunda decorre dos enormes interesses financeiros e económicos que alimentam a monstruosa indústria farmacêutica e que fazem cada vez mais medicamentos para tudo e mais alguma coisa; e, finalmente, uma terceira que é muito culpa de nós todos, e que tem a ver com o facto de querer ver tudo e qualquer coisa como uma doença “urgente” e “incurável”.

Nada nos custa perceber o que este tipo de dosagem anda a fazer pelas nossas crianças e pelos nossos adolescentes, em particular, e por cada vez mais gente, em geral.

Mas o pior, quanto a mim, ainda está por vir e por ver: com o desenvolvimento da engenharia genética e com o conhecimento alargado e integral do genoma humano, a ciência diz-nos que vêm aí os medicamentos feitos à medida (o sonho da genética é fazer o “bebé por encomenda”, por exemplo) que vão, por um lado, garantir satisfação plena e “cura total” consoante o caso e a patologia, e, por outro lado, menosprezar qualquer efeito secundário problemático que impeça o vulgar “tratamento”.

Perante este cenário, o meu sentimento é pessimista. E temo que dentro em breve a moda alastre e chegue a cada vez mais gente…