13.11.08

Nóvoa vs Gago? A opção é fácil.

"A estratégia da arrogância e do medo, do controlo e da ameaça, até poderá ter
sucesso a curto prazo, infelizmente, mas destruirá por muitos anos as forças vivas
que existem nas universidades."

António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, em mais um brilhante discurso, que pode ler na íntegra aqui. Aliás, aconselho vivamente aqueles que gostam de opinar sobre a Educação a leitura do discurso de António Nóvoa. Pode ser que aprendam qualquer coisinha não apenas de educação, mas também de política e de como se deve estar na vida pública.
E bem pode esbracejar o ministro com a tutela do Ensino Superior, porque a verdade é que o reitor descreve imaculadamente o ambiente que se vive não apenas nas universidades portuguesas, mas em todos os sectores da sociedade. Este é o modelo de governação socialista de Sócrates.

E como a querer provar as declarações de António Nóvoa, vem Mariano Gago acusá-lo de estar a mentir ou, pelo menos, de não estar a falar verdade. Como se alguém com o seu curriculum* precisasse de se defender das míseras acusações de um qualquer governante.
E as declarações são ainda mais graves quando Gago, até como colega de Nóvoa, - que é um dos mais eminentes e brilhantes especialistas em Educação deste país, professor da universidade [Columbia, Nova Iorque] onde o tal Manuel Sebastião e Obama estudaram, conforme quis fazer questão de lembrar Manuel Pinho, naquelas ridículas declarações -, sabe que as suas acusações não passam de infâmias.


* Nota biográfica de Nóvoa:
- Doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genève);

- Doutor em História (Universidade de Paris IV– Sorbonne).
Tem-se dedicado a estudos de história da educação e de educação comparada. Professor da faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa leccionou também em importantes universidades estrangeiras, como Genève, Paris V, Wisconsin, Oxford e Columbia. É autor de mais de 150 títulos (livros e artigos), publicados em doze países.

Até António Costa está contra este modelo de avaliação. O que falta mais?

Depois de 120 mil professores, depois de toda a oposição, depois de Manuel Alegre e outros socialistas, agora é o próprio António Costa que põe em causa o modelo de avaliação dos professores que Sócrates quer impor.
Quanto tempo mais faltará para o governo recuar? Quanto tempo mais manter-se-á Maria de Lurdes Rodrigues no Ministério da Educação?

12.11.08

Regime reage, ou acções responsabilizam apenas os seus autores?

O Tino e o Paulo Barata, do blog Farpas da Madeira, "assumem-se" como vítimas de perseguição do "regime jardinista": um por alegadamente ter sido ameaçado de violência física, outro por ter sido processado.
Antes de mais, a minha solidariedade para com os dois.
Mas parecem-me situações distintas. O Paulo foi processado: ora, quando se diz o que se quer, arrisca-se a este tipo acção. Confiemos na justiça (sei que não está fácil) e o Paulo terá oportunidade para lutar por ela.

Quanto ao caso do Tino: rapaz, se foste ameaçado, processa o gajo que o fez e denuncia-o publicamente (eu já teria escarrapachado o seu nome por tudo quanto é lado).

Agora, não nos tentem vender a ideia de que as duas situações são reacções do "regime" à vossa actividade política (porque calculo que não sejam pretenciosos ao ponto de se julgarem vítimas inocentes). No máximo, podemos atribuir a ameaça que o Tino sofreu a um imbecil qualquer, que por infeliz coincidência do destino foi parar ao PSD.

Mas, já agora, e já que fizeram publicidade das "represálias", seria importante que também tornassem públicos os motivos que os seus autores julgam ter (ainda que no caso de ameaça física não haja desculpa possível, se o tipo estiver na vida pública - ou mesmo que não esteja).

Vá, mas porque eu sou um democrata e porque gosto pouco de "perseguições" por delito de opinião, a minha solidariedade está convosco! Se efectivamente o único "crime" que cometeram foi emitir a vossa opinião: porrada neles!

Perfect Sense!*

Victor Constâncio garante que fez tudo o que podia para regular eficazmente a banca ao mesmo tempo que garante que situações como a do BPN lou a do BCP não se repetirão? Com que então, agora é que vai ser?!
Estou confuso: se tudo esteve bem, como é que agora será melhor???


* Título de uma música de Roger Waters.

Divisionismo ou democracia?

Quando no PSD alguém discorda da liderança, é divisionismo e balcanização; já se líderes do PS criticarem o governo e a direcção de Sócrates, pois que é a democracia em acção!
Registei.

País de caciquismo???

Tenho ouvido dizer que os caciques socialistas andam a recrutar tudo o que mexe para as eleições do próximo ano, com a promessa de deliciososos banhos futuros de hidromel - garantindo que não haverá quantidade suficiente de titulares para tantos tachos em perspectiva.
Segundo o que parece, sempre que o magnânime líder se desloca ao país real, o eficaz sistema cacico-propagandístico (vá lá, compreendam que esta é a minha catarse sendo, portanto, legítima a criação de neologismos) mobiliza todos os militantes socialistas para aplaudirem, implorarem por beijinhos e disputarem uns rabiscos num papel que se pareçam vagamente com José Sócrates.

No melhor dos mundos, não há mal que dure!

Passando assim ao de leve os olhos na blogosfera socialista (atenção caros anónimos, que não falo da blogosfera madeirense, nem falo da blogosfera de oposição. Mas podem continuar com as ofensas, que são divertidas...), parece que não houve uma manifestação de 120 mil professores contra as políticas deste Ministério da Educação; parece que não houve qualquer crítica de históricos do PS à falta de "cultura democrática" do governo da República; parece que a ministra da Educação não anda meio de cabeça perdida; parece que o ministro das Finanças não diz uma coisa e faz outra; enfim...


No melhor dos mundos, no país do Magalhães (do Fernão, do PC e de milhares de outros) que é este cantinho chamado Portugal, governado pelo melhor dos governos - ai a porra da crise internacional que veio prejudicar a imagem do divino trabalho do magnânime líder -, o que importa é que o presidente da Autoridade da Concorrência estudou na mesma universidade que o presidente-eleito Obama (que nojo de declarações. Mas haverá algum neurónio dentro daquela cabeça?) e apenas foi nomeado pela sua competência técnica, que nada tem a ver com o facto de ser íntimo do ministro da Tutela.