8.9.06

Pacto de Regime

Fomos ontem informados que o PS e o PSD cozinharam um pacto de regime para reformar a Justiça. Eu proponho que os portugueses façam um pacto de regime para reformar os políticos e a política nacional.

PCP apadrinha terroristas

Ontem, ouvi um senhor que parecer ter alguma coisa a ver com a organização da Festa do Avante, afirmar que o PCP não comunga das classificações sobre organizações terroristas da União Europeia (referindo diversos exemplos, como as relações que, a despeito das instituições nacionais e internacionais, mantinham com a OLP), ainda sobre a presença das FARC-EP na Festa. Eu gostava mesmo era de ver o rapaz dissertar sobre a morte de Deus no meio dos líderes radicais muçulmanos.
Mas, agora a sério, este é mesmo um belíssimo exemplo da esquerda progressista portuguesa e europeia que não tem qualquer pudor em afirmar-se simpatizante do Hezbollah, desde que os homens do Partido de Deus (estão a ver a hipocrisia?) se oponham ao Império-Capitalista-feito-bicho-papão-dos-Estados-Unidos. É como dizia alguém no outro dia (perdoem-me, mas não me lembro nem da pessoa, nem do órgão onde li): gostava de ouvir um debate de ideias entre esta Esquerda e radicais muçulmanos, como Ahmadinejad, ou al-Zarqawi, sobre os direitos das mulheres ou dos homessexuais, ou então sobre o aborto (havia de ser gira a argumentação das 12 semanas!), ou sobre um outro qualquer tema da agenda da Esquerda (exceptuando, naturalmente, os Estados Unidos).
Por razões pessoais, sou relativamente próximo a pessoas que partilham do ideal comunista. Mas é quando vejo declarações deste tipo, que mais estranho quem me rodeia.

Eduardo Prado Coelho, ou o Escriba do Regime Socialista

Digo-o desde já: abomino o cronista Eduardo Prado Coelho. Leio, sempre que posso, a sua coluna no Público porque gosto de saber o que dizem os outros. Mas de cada vez que leio, mais me convenço que tenho deixar de ler. E não sei o que mais detesto: se as suas dissertações abstrusas sobre Arte ou Filosofia (então não é que este senhor rotula Engels de nulidade?!), ou as suas incursões na Política. E irrita-me, não porque a sua opinião seja divergente da minha, mas porque o homem reclama para si a honestidade e isenção e sem qualquer pejo assume-se como um escriba súcia do mais básico quem me tem sido dado a conhecer.
Vem isto a propósito do seu escritinho, na passada quarta-feira. Quem o ler e não viver em Portugal pensará, com certeza, que estamos a ser governados pela elite política mundial, havendo apenas a lamentar a péssima qualidade da oposição. Aliás, se eu não vivesse no nosso país, acreditaria que era necessário acabar com o raio da oposição inútil e incompetente, e entregar o poder absoluto ao nobre líder político que dá pelo nome de José Sócrates.
Mas a culpa é minha: já devia ter deixado, há muito, de ler o que EPC escreve. Porque depois daqueles textos sobre o Carrilho, a defender o indefensável, ficaram bem explícitos os motivos que o levam dissertar sobre política portuguesa.

Mas que lindo país, o nosso!

Portugal é, definitivamente, um país maravilhoso. Tem um clima fabuloso (o excesso atípico de calor pode indiciar que alguma coisa vai mal, mas por enquanto...), tem uma óptima costa marítima, tem reservas florestais de inigualável beleza (mesmo que já meio queimadas), tem um povo trabalhador, que raras vezes se importa de ser explorado e disposto a sustentar toda a vadiagem que dá pelo nome de classe dirigente, enfim, um óptimo lugar para todos os mafiosos que por cá se queiram instalar. E temos já alguns belíssimos exemplos de que Portugal deve ser o local de eleição para todos os que querem roubar à grande, ou praticar ilícitos graves: por cá, se o senhor suspeito pertence à classe dirigente, o Ministério Público, diligentemente, arquiva processos por alegadas faltas de provas processuais (ainda que os indícios sejam sugestivos – já agora, alguém importa-se de me explicar o que são indícios sugestivos???), ou por considerar que as declarações de um ex-ministro são mais válidas do que as de uns pobres coitados vítimas de abusos sexuais. Ou então, se por acaso, formalizar a acusação, o Tribunal absolve estes senhores, por entender que as acusações não são o reflexo das provas. Mas há mais, mesmo que a Justiça Portuguesa emita mandatos de captura, o alegado criminoso pode sempre voltar, na paz do Senhor, desde que seja candidato a um qualquer lugar público – correndo mesmo o risco de ser eleito e aclamado, qual D. Sebastião -, ou se for condenado, vê a sua pena reduzir-se quase à inexistência, num qualquer recurso ao Supremo Tribunal.
Não há, como se vê, melhor país do que Portugal. Estou mesmo convencido que apesar dos italianos reclamarem como sua, a Cosa é mesmo Nostra.

7.9.06

Uma vergonha

A questão dos voos supostamente secretos da CIA tem levantado alguma celeuma política. A investigação por parte da União Europeia (numa manifesta ingerência na nossa soberania) tem sido conduzida por dois portugueses que andam bem mais preocupados com o politicamente correcto do que em combater o terrorismo que nos ameaça a todos. Por cá, os principais irresponsáveis da contestação são os partidos radicais de esquerda que não perdem uma oportunidade para aparecer na televisão e atacar esse “demónio imperialista americano” causador, imagine-se e claro está, de todos os males que grassam no mundo. Este tipo de gente merece, obviamente, pouco crédito. E um profundo desprezo pátrio. Mas a demagogia, infelizmente, é um mal das nossas democracias que é devidamente empolada pelo aspecto comunicacional do discurso político. Quanto mais show off mediático mais a comunicação social se entusiasma pelos alarves especializados em circo de rua sempre empenhados em ser mais ridículos do que os seus vizinhos. Mas o mais estranho e simultaneamente escandaloso em tudo isto é ver um partido como o PCP a reagir a esta polémica como uma donzela ofendida (um evidente antiamericanismo primário e reles) quando na sua festa andou a promover o stand de uma organização terrorista que espalha e semeia o terror pela Colômbia. Se gostam assim tanto de investigações comecem pela Festa do Avante. E pelas organizações terroristas que por lá andaram e que o PCP, pelos vistos, adora e acolhe. Quem foram? Como vieram? Como entraram? Quem os vigiou? Vamos pôr tudo em pratos limpos. Chega de ser conivente com este tipo de gente que é cúmplice de assassinos, que não tem memória e que não mostra nenhum respeito pelos milhões de vítimas das suas gastas e falhadas utopias.

E já agora os Loureiros também



Via Arioplano.