9.6.07

Boa onda!

Hoje é sábado e o dia até está bonito: o beat só poderia ser boa onda.


Does that make me crazy? Does that make me crazy? Does that make me crazy? Probably.
And I hope that you are having the time of your life.
But think twice, that's my only advice.

8.6.07

Ópium



Fernando Pessoa
Opiário
Música dos Moonspell

(In)Decências

No PS, ainda há gente decente!

Porque outros dizem melhor do que eu

Sócrates recusou falar sobre a Ota na AR. Sensato. Por tudo quanto o País já soube pelas televisões, rádios, jornais e revistas a Ota é um desastre a evitar a todo o custo. Um remendo. Há muitas semanas que deixou de ser uma questão política para regressar ao patamar de onde saiu prematuramente. A discussão técnica, séria e exaustiva, de todas as alternativas possíveis. Como, finalmente, já se está a fazer fora da área de influência do PS e das suas vorazes clientelas. Os portugueses sabem já o suficiente para não haver a menor dúvida de que a insistência na opção Ota, sem atender à prudência aconselhada pela grande maioria dos técnicos, seria de uma estranha e imperdoável leviandade. E as decisões governamentais podem ser censuráveis, mas, em caso nenhum, levianas. Sócrates parece indiferente ao interesse nacional que se não compadece com remendos. Sob o pretexto de que é urgente encontrar uma alternativa à Portela. Mesmo que ela seja péssima. A questão é que na opção Ota há vários timings a embotar o discernimento dos seus defensores. O tempo da saturação da Portela. O tempo dos autarcas do Oeste e restantes lóbis. E, sobretudo, o timing dos interesses pessoais (leia-se eleitorais) de Sócrates e do PS. Que são muito específicos. Contam-se em relação à proximidade das legislativas que se avizinham. Mas mesmo esse tempo perdeu-se. Porque a Ota, feita contra os pareceres técnicos já existentes, ou suspensa tardiamente, será sempre a certidão de óbito de Sócrates. Porque dificilmente irá justificar o seu estranho comportamento. Sócrates nesta estranha luta transformou-se num novo, e ainda mais patético, D. Quixote com o seu fiel Sancho Pança sempre à ilharga. Contraria técnicos. Mistifica o interesse nacional e ameaça lesá-lo gravemente. Esbraceja e ataca para o lado para que está virado. Finge não ouvir o PR, que julga exorcizar fingindo a sua inexistência e anulando magicamente a sua capacidade de intervenção. Mas, afinal, desafiando-o infantilmente. Sofre de um lamentável autismo que está a tornar-se crónico. Nada existe para além do seu pequeno mundo. Sócrates ainda não entendeu que face às muitas reticências de carácter técnico aquilo que um governo de gente minimamente sensata teria feito há muito tempo era anunciar um período para a apresentação de alternativas que seriam devidamente apreciadas e comparadas com a opção Ota. Mas não. Sócrates sente a admissão de novos estudos como uma derrota pessoal e do seu Governo. E isso, para um ‘grande chefe’ como ele se sente, é uma ideia insuportável. Continuamos a sofrer os efeitos da doença infantil do nosso sistema partidário em que o deleite dos meninos é medir as respectivas pilinhas.
Sócrates está, nitidamente, perturbado. Chamou a sua ministra e reconduziu no cargo a sua devota serva, directora da DREN, saneadora do prof. Charrua. Finalmente, baixou a guarda e tomou uma posição clara sobre os crimes de opinião (ou pseudo-insultos) de que se dizia opositor. Ficámos a saber que aplaude e recompensa generosamente todos os lambe-botas que lhe saíam ao caminho e fechará os olhos a todas as purgas políticas que eles levem a cabo. Exemplar.

João Marques dos Santos, in Correio da Manhã, 8 de Junho

Lentamente, Portugal começa a despertar da modorra onde andava mergulhado. O estado de graça do PM está a acabar. Parece-me que o bacharel Sócrates não conseguirá enganar muita gente, por muito mais tempo. Para bem de todos nós!

Mais perfeito

Um blog...perfeito

"Blogue maudit para descendentes de trabalhadores rurais, operários indiferenciados, putas baratas e outros assalariados de classe baixa".

7.6.07

A convenção

A malta do Dr. Louçã, uma organização paranormal, insurgiu-se contra a pouca atenção dada pelos órgãos de comunicação social públicos à sua convenção.

Na realidade, praticamente não dei pelo acontecimento que agora se diz ter tido pouca cobertura. Sorte a minha. A poluição sonora e visual é coisa perigosa que convém manter afastada, aliás como qualquer livro do Chomsky ou música do Marco Paulo.

A malta do Dr. Louçã, que aparentemente teve, desta vez, alguma oposição interna, julga que o Bloco merecia pelo menos tratamento similar ao movimento do Largo do Caldas, igualmente conhecido pela sua redonda circularidade, perdoe-se a dupla redundância.

A bem dizer, ao que consta, os directos foram praticamente inexistentes e os discursos, embora sempre iguais e sem grandes atractivos, porventura mereceriam outro tratamento.

Eu não digo que a malta do Dr. Louçã não tenha razão. Mas felizmente não sou capaz de perder cinco minutos num fim-de-semana a ouvir delírios, poesia lírica, música multicultural e discursos polvilhados de dinamismo gramatical, capazes de juntar muitos adjectivos a ideias balofas e sem grande sentido. Ainda se fosse para ouvir a Dra. Joana Amaral Dias a discursar. Aí tudo bem, porque valeria de certeza o esforço. E se fosse por uma questão de poupar uns trocos na transmissão, a coisa até podia ser sem som. Ninguém se importava.

Meninos imberbes

Na Alemanha o velhinho circo anti-globalização está montado. Reunidos na cimeira, os líderes dos países do denominado G8, enfrentam a contestação de rua dos meninos imberbes que para além de não saberem o que dizem, executam mal aquilo que fazem.

Naturalmente, o principal visado é o presidente americano, o alvo perfeito para todos os males que grassam no mundo desde a caça ilegal ao elefante ao desaparecimento, quem sabe, da Maddy.

Ironicamente, a ignorância dos meninos é um mal geral. Basta ver o papel da educação para se perceber a incapacidade de raciocínio da maioria da malta e o modo simplista como se deixa influenciar e manipular pelo profetas da demagogia do costume, senhores aliás tidos como muito intelectuais. Ora, querer fazer da América e de um acontecimento como a cimeira do G8 as razões de todas as frustrações é remédio que não serve e sapato que não se calça.

A realidade, infelizmente para eles, existe e não adianta procurar subterfúgios menores. Muita gente ainda não percebeu que a globalização não é coisa que se controle e que se apelide. Ela simplesmente existe; ela simplesmente é. Mas as ditas cabecinhas nem o mais simples percebem: que os que mais sofrem com a globalização são aqueles que estão à margem da mesma. Precisamente aqueles que, por incapacidade política e pela solidariedade que nada produz, constantemente se recusam a enfrentar o presente e a pensar no futuro. Quem disse que era fácil matar utopias?

Um Zoo

A luta pela Câmara de Lisboa promete. O boletim de voto apresenta gastronomia variada – independentes, socialistas, sociais-democratas, bloquistas, comunistas, centristas, novos-democratas, renovadores, terristas, etc – o que deixa antever uma boda rica em vitaminas, gordura, sais minerais e colesterol.

O manjar tem sido preparado sem grande secretismo, mas com elevada preocupação em encontrar nomes capazes de levar de vencida a salada do vizinho. Aliás, parece ser essa a única preocupação de muita gente, que não dorme a olhar para o prato do lado. Ora, neste corre-corre, os nomes apresentados, não prometem nada de bom: a fauna exótica geralmente atrai por pouco tempo, a imagem de puto endiabrado do Dr. Monteiro já dói e a nouvelle cousine deixa-nos em geral sequiosos por um bife com batatas fritas.

Os lisboetas que há demasiado tempo estão em indigestão permanente e ao mesmo tempo atolados em trapalhadas divertidas, aguardam com serenidade a ementa vencedora. Não é só o aeroporto que vai mudar de zona. É todo um jardim zoológico que vai andar pelas ruas.

World Press Photo

É inaugurada amanhã, no Funchal, em estreia nacional, a Exposição da World Press Photo. A não perder, no Teatro Municipal Baltazar Dias. As entradas custam 1 euro e a exposição estará patente até 1 de Julho. Quem quiser antever os trabalhos que estarão no Teatro, clique aqui.

5.6.07

A economia e o resto, by Miguel Cadilhe

A qualidade de vida não reside só nas grandes urbes, que concentram, congestionam e desperdiçam recursos, e são mais caras para os contribuintes, os que lá vivem e os outros. Um caso flagrante é o da rede de serviços públicos (educação, saúde, justiça, segurança, correios, etc.). A sua racionalização acaba por beneficiar os maiores centros urbanos, por razões ditas de sinergia e economia. Ora, há outros valores acima da economia. Há as pessoas e há a história. Há, pois, deveres do Estado. Há o dever de salvar as pequenas terras. Com escolas, por exemplo. Em vez de as fechar e levar crianças para fora, é fazer o contrário, é trazer crianças para dentro. E há o dever de apoiar as cidades médias. Por exemplo, com núcleos de excelência, como laboratórios, maternidades, institutos. Em vez de os retirar de lá, é fazer o contrário, é deslocá-los das grandes cidades para lá. Há o dever de não embarcar em ondas centrípetas, próprias do mercado e da sua “mão invisível”. O que se vê, porém, é o Estado centralizador a cavalgar na crista dessas ondas, uma das quais, uma das piores, é o despovoamento. E não me digam, parafraseando Eça, que a economia é tudo, tudo o resto é nada…

Miguel Cadilhe, EXPRESSO, 2 de Junho 2007


Uma vez mais Miguel Cadilhe acerta na mouche. Não venham os ministros e o bacharel Sócrates gritarem que o fecho de maternidades, de escolas, dos postos de correios, de tribunais, tem como objectivo qualificar o serviço prestado. A finalidade é apenas uma: cortar nas despesas, sem qualquer visão estratégica. Felizmente, começam a ser os economistas os primeiros a abrirem os olhos para esta fraude que responde pelo nome de José Sócrates. E a denúncia começa a fazer-se ouvir. A bem de todos nós!


PS - A guardazinha avançada do sr. PM é sempre bem-vinda. Estejam à vontade para, anonimamente (ou não!), arrotarem a vossa postazinha de pescada. Afinal, todos temos esse direito!

Afasta de mim esse cálice

Porque o Gonçalo trouxe o Caetano, eu trago a mana: Maria Bethânia, a cantar o fabuloso poema Cálice, de Chico Buarque.

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Ese silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

De muito gorda a proca já não anda
De muito suada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça.

Letra e Música de Gilberto Gil e Chico Buarque

Calor

Por cá, pela planície, o calor derrete toda a vontade de escrever. Resta-nos esperar que derreta também o tempo, para que a noite venha depressa!

Janelas Abertas Nº2

Andei a vasculhar discos antigos, daqueles que já não ouvia há anos. Tirei alguns, quase ao acaso, e meti-os no carro. Redescobri coisas como esta. De Caetano Veloso:

Janelas Abertas Nº2

Sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro
Percorrer correndo, corredores em silêncio
Perder as paredes aparentes do edifício
Penetrar no labirinto
Um labirinto de labirintos dentro do apartamento
Sim, eu poderia procurar por dentro a casa
Cruzar uma por uma as sete portas, as sete moradas
Na sala receber o beijo frio em minha boca
Beijo de uma deusa morta
Deus morto, fêmea língua gelada, língua gelada como nada
Sim, eu poderia em cada quarto rever a mobília
Em cada um matar um membro da família
Até que a plenitude e a morte coincidissem um dia
O que aconteceria de qualquer jeito
Mas eu prefiro abrir as janelas
Pra que entrem todos os insectos

Caetano Veloso

Como em mil novecentos e antigamente (conheço alguém que usava esta expressão e adoptei-a sem rodeios) não havia you tube e coisas semelhantes, não encontrei na net sinal desta canção interpretada por Chico Buarque em dueto com Caetano num espectáculo gravado há mais de 30 anos. De qualquer maneira, deixo-vos um presente. Aqui.

Creio que ainda encontrarão por aí à venda o genial "Juntos e ao Vivo", registo da tal gravação, passado depois para CD, que contém coisas como Tropicália, Você não entende Nada e Quotidiano. Para além, obviamente, da canção referida acima. Às vezes, vale a pena revisitar a arca.

4.6.07

Um blog

Um blog que seja seu...

Pateticamente Sócrates

Patético, absolutamente patético o discursozinho do bacharel Sócrates sobre a Europa. E ainda por cima, começa a achar-se mesmo muito importante. Já não bastava considerar-se o D. Sebastião português, agora também acha que vai ser a salvação da Europa. Que mais poderá querer dizer: "eu nasci em 1957. Eu nasci com a Europa!"?
É o que eu digo: o homem já não irrita, apenas maça.

PS - Se trabalhar no ramo da educação na região Norte, ou para o governo central em Lisboa, não faça comentários a não ser que seja para me insultar e/ou louvar o bacharel Sócrates. É que o seu lugar pode estar em causa!

Mais dois

Mais blogs da Madeira. Um autonomista (para não exagerar na classificação) e outro dedicado ao concelho do Porto Moniz. Já na lista de links (estamos a fazer colecção, é verdade!).

3.6.07

Excelente

Excelente o artigo de Vasco Pulido Valente no Público de hoje. Sobre o BE e sobre "institucionalização" do grupo-

Prelúdios

Também esta história é intemporal.
Descobri Wagner há muitos anos e nem a sua apropriação pelo regime nazi, faz demover a paixão. A ópera chama-se Tristão e Isolda e o prelúdio é absolutamente fantástico. A ouvir em repeat.