29.3.08

Malvados tibetanos

O PCP tem destas coisas. Ora é um Bernardino Soares que duvida que a Coreia não seja uma democracia, ora é um Jerónimo a tecer rasgados elogios a esse outro "bastião da liberdade" que dá pelo nome de Cuba. Desta vez, junta-se ao capital e ao poder instituído, que tanto afirma combater, para acusar os monges tibetanos de terroristas cujo único objectivo é «comprometer os Jogos Olímpicos na China». É verdade, pela boca do secretário geral soubemos que os comunistas portugueses uniram-se Comité Olímpico Internacional (essa organização "paladina na defesa dos direitos humanos" - basta-nos lembrar dos JO de Berlim), para defender a China dos ataques impiedosos e injustos de uma conspiração internacional que visa denegrir a imagem do gigante comunista, que tanto bem tem feito ao povo tibetano.

Jóminho, Jóminho, às vezes ficas tão bem calado!

Porque outros dizem melhor do que eu

"(...) 2. Uma escola para os valores e o papel da(s) Igreja(s): Ligado a esse facto, está a questão de uma Escola para os valores humanos, intelectuais, morais e éticos. O pensamento moderno libertário não se pode confundir com a relativização de valores como a solidariedade e a sua exacta noção. No episódio do vídeo da professora e da aluna, vê-se claramente que há uma noção errada da solidariedade: a professora, porque não faz parte do grupo-turma, não existe como ser que mereça consideração. 2.1. O papel da(s) Igreja(s): Questão polémica que é preciso ter a coragem de enfrentar de frente: num país cristão e ou católico, as famílias não perderam o direito de educar na escola as crianças segundo os valores básicos cristãos? Por que não fazer um debate aberto, sem complexos, sobre a questão. Por um lado, uma sociedade laica e um Estado democrático e legitimamente laico, por outro, uma sociedade maioritariamente cristã que não assume essa condição na educação dos filhos. Não obstante os extremos religiosos conhecidos, a sociedade americana é mais livre porque assume sem complexos na educação dos filhos os seus valores religiosos. O afastamento da Igreja da esfera do ensino não teria sido um problema se isso, aliado ao afastamento das famílias na educação dos filhos, não houvesse tido como consequência um vazio de valores. (...)"

Não podia estar mais de acordo contigo Miguel (www.bastaqsim.blogspot.com).

28.3.08

America

Deixo-vos com um dos meus poemas favoritos. Allen Ginsberg. America. É longo mas vale a pena. Nem sei bem porque me lembrei disto hoje, mas enfim...

 

America I've given you all and now I'm nothing.
America two dollars and twenty-seven cents January 17, 1956.
I can't stand my own mind.
America when will we end the human war?
Go fuck yourself with your atom bomb
I don't feel good don't bother me.
I won't write my poem till I'm in my right mind.
America when will you be angelic?
When will you take off your clothes?
When will you look at yourself through the grave?
When will you be worthy of your million Trotskyites?
America why are your libraries full of tears?
America when will you send your eggs to India?
I'm sick of your insane demands.
When can I go into the supermarket and buy what I need with my good looks?
America after all it is you and I who are perfect not the next world.
Your machinery is too much for me.
You made me want to be a saint.
There must be some other way to settle this argument.
Burroughs is in Tangiers I don't think he'll come back it's sinister.
Are you being sinister or is this some form of practical joke?
I'm trying to come to the point.
I refuse to give up my obsession.
America stop pushing I know what I'm doing.
America the plum blossoms are falling.
I haven't read the newspapers for months, everyday somebody goes on trial for
murder.
America I feel sentimental about the
Wobblies.
America I used to be a communist when I was a kid and I'm not sorry.
I smoke marijuana every chance I get.
I sit in my house for days on end and stare at the roses in the closet.
When I go to Chinatown I get drunk and never get laid.
My mind is made up there's going to be trouble.
You should have seen me reading Marx.
My psychoanalyst thinks I'm perfectly right.
I won't say the Lord's Prayer.
I have mystical visions and cosmic vibrations.
America I still haven't told you what you did to Uncle Max after he came over
from Russia.

I'm addressing you.
Are you going to let our emotional life be run by Time Magazine?
I'm obsessed by Time Magazine.
I read it every week.
Its cover stares at me every time I slink past the corner candystore.
I read it in the basement of the Berkeley Public Library.
It's always telling me about responsibility. Businessmen are serious. Movie
producers are serious. Everybody's serious but me.
It occurs to me that I am America.
I am talking to myself again.

Asia is rising against me.
I haven't got a chinaman's chance.
I'd better consider my national resources.
My national resources consist of two joints of marijuana millions of genitals
an unpublishable private literature that goes 1400 miles and hour and
twentyfivethousand mental institutions.
I say nothing about my prisons nor the millions of underpriviliged who live in
my flowerpots under the light of five hundred suns.
I have abolished the whorehouses of France, Tangiers is the next to go.
My ambition is to be President despite the fact that I'm a Catholic.

America how can I write a holy litany in your silly mood?
I will continue like Henry Ford my strophes are as individual as his
automobiles more so they're all different sexes
America I will sell you strophes $2500 apiece $500 down on your old strophe
America free Tom Mooney
America save the
Spanish Loyalists
America Sacco & Vanzetti must not die
America I am the
Scottsboro boys.
America when I was seven momma took me to Communist Cell meetings they
sold us garbanzos a handful per ticket a ticket costs a nickel and the
speeches were free everybody was angelic and sentimental about the
workers it was all so sincere you have no idea what a good thing the party
was in 1935 Scott Nearing was a grand old man a real mensch Mother
Bloor made me cry I once saw Israel Amter plain. Everybody must have
been a spy.
America you don're really want to go to war.
America it's them bad Russians.
Them Russians them Russians and them Chinamen. And them Russians.
The Russia wants to eat us alive. The Russia's power mad. She wants to take
our cars from out our garages.
Her wants to grab Chicago. Her needs a Red Reader's Digest. her wants our
auto plants in Siberia. Him big bureaucracy running our fillingstations.
That no good. Ugh. Him makes Indians learn read. Him need big black niggers.
Hah. Her make us all work sixteen hours a day. Help.
America this is quite serious.
America this is the impression I get from looking in the television set.
America is this correct?
I'd better get right down to the job.
It's true I don't want to join the Army or turn lathes in precision parts
factories, I'm nearsighted and psychopathic anyway.
America I'm putting my queer shoulder to the wheel.

27.3.08

Questão fracturante ou de factura?

Não dizia eu que este parecia um jeitinho do BE para o PS provar que ainda é socialista?! Ora, cá está a prova dos 9.

PS - Por mim, é preferível acabar já com o casamento. Como diz o líder do PS, é preciso terminar com a união assente em deveres. Para quê, então, continuar a existir? Os afectos podem perfeitamente manter-se numa união de facto que, de resto - e em jeito de declaração de interesses -, foi a opção adoptada por mim e pela minha namorada.

A Nossa Cidade

Caro Sancho:

Desta vez, estou em total desacordo contigo.

Na minha opinião, é peça é boa. O texto (vencedor de um Pulitzer, por sinal) é excelente e considero a adaptação muito feliz.

Na sua generalidade, os actores são bons. Creio que é uma boa homenagem à cidade.

Para além do mais há, naquela peça, um contributo maior do que o evento em si. Há, se reparares, uma clara tentativa de agrupar pessoas de várias proveniências em torno de um objectivo comum.

O elenco conta com gente do TEF, do Com.Tema, dos Grupos do Estabelecimento Prisional e da Oficina Versus. Só essa tentativa de trabalhar em conjunto, esquecendo as habituais capelinhas e rivalidades já justifica o apoio.

Quanto ao resto, acho que os 7,5 são plenamente aceitáveis pela qualidade do espectáculo.

Abraço

Gonçalo

26.3.08

A nossa cidade... Mas só se pagares!

Ao que parece, o Teatro Experimental do Funchal (TEF) tem em cena a peça A nossa cidade, a sua contribuição para as comemorações dos 500 anos do Funchal.
É louvável e vem ao encontro do importante trabalho que esta associação tem desenvolvido na promoção do teatro na Região.
O que a me transtorna profundamente, é que o TEF cobre 7,50€ a cada espectador. Primeiro porque não apresenta espectáculos com qualidade suficiente para cobrar este valor. Depois, porque tem financiamentos milionários do Governo Regional e da Câmara Municipal de Funchal. Com o cúmulo de ter cedida uma sala de espectáculos a título gratuito e ainda poder usufruir (eu diria usurpar) o Teatro Baltazar Dias, esse nobilíssimo espaço da cidade, a seu bel-prazer.
Conhecendo, como conheço, o mundo do teatro de amadores e profissional em Portugal, é com algum asco que vejo a cobrança dos bilhetes naquele valor. Porque atendendo às condições que lhes são proporcionadas pelas autoridades regionais, o mínimo que se podia esperar era que a apresentação pública fosse a título absolutamente gratuito, ou com uma bilheteira simbólica e mais ajustada à qualidade apresentada nos seus espectáculos.

PS - Lembro-me de um fantástico acordo que mantinham com o Teatro Nacional D. Maria, que lhes permitiu, numa atitude de novo-riquismo absolutamente inqualificável, pagar fortunas para a companhia lisboeta vir à Região e, que se saiba, nunca tenham feito qualquer apresentação na capital portuguesa.

Boca fechada...

Por vezes, não sei onde anda com a cabeça Alberto João Jardim. Quando pesam suspeitas graves (não obrigatoriamente fundadas) de corrupção e tráfico de influências sobre alguns dirigentes do PSD/Madeira, eis que o presidente do Governo Regional tem a tirada de génio: l'État c'est moi.
Tss, tss. O gosto de chocar não justifica tudo!

Questão de coerência

No início do mês jura a pés juntos que é uma irresponsabilidade baixar os impostos. No final do mês, garante não haver melhor medida (ainda que a diminuição seja ridícula e ofensiva).
É esta a forma de governar dessa personagem que dá pelo nome de José Sócrates. E os socialistas, quais macaquinhos amestrados, dão pulinhos e cantam loas ao magnânime líder. Óh, que bom que ele é...
E a isto estamos entregues!

24.3.08

País de loucos II ou as prioridades do BE

Com que então, as prioridades do Bloco de Esquerda são estas? Se eu não soubesse melhor, diria que esta é uma mãozinha que o BE está a dar ao PS, de modo a que este mostre ser ainda de esquerda (as tais causas fracturantes).
Não acredito em bruxas, mas...

País de loucos

Do que se está à espera para fazer um levantamento popular contra este caciquismo, provinciano - como é timbre do PM - mas profundamente perigoso e preocupante, que o PS instalou no país? É que o ar começa a ser irrespirável...

Isto, a propósito disto.