27.6.09

Óbvio que Sócrates mentiu. A questão é saber porquê

Depois da tomada de posição do Governo, ontem, relativamente ao possível negócio entre a PT e a Prisa e do que publicou hoje o Expresso (que os governos de Espanha e de Portugal estavam informados das negociações já desde Janeiro), a verdadeira questão não é saber se Sócrates mentiu. É óbvio, que sim. A verdadeira questão é saber porquê. Antes de mais, que interesse tinha Sócrates que o negócio se concretizasse? E depois, porque é que sentiu necessidade de mentir?

Tudo isto é muito grave e parece-me que está a ser tratado com demasiado ligeireza pelos partidos e órgãos de comunicação social. Noutros tempos, seria motivo para a demissão de um governo. Aliás, por menos, por muito menos, Sampaio mandou o Santana passear...!

Quanta aldrabice em apenas um dia!

Em apenas um dia descobrimos:
- que o gestor do PRODER nomeado pelo governo socialista é arguido num caso de vigarice (Freeport);
- que o primeiro-ministro ou é mentiroso ou é irrelevante porque das duas, uma: se ele sabia (e eu inclino-me mais para esta versão), mentiu quando afirmou não conhecer o negócio que a PT pretendia fazer ao comprar parte da Prisa. Se não sabia, é porque os administradores da PT estão-se marimbando para o senhor, o que é igualmente grave;
- que um outro ex-colaborador de Sócrates também é arguido pelo mesmo caso de vigarice;
- que o ministro da Agricultura é mentiroso (o tipo mentiu com todos os dentes que tem quando afirmou, cheio de salamaleques, que ainda iria reunir com o gestor do PRODER, quando na verdade já tinha aceite a demissão);
- que o Estado financiou uma fundação privada, que ninguém sabe para que serve nem como é gerida, em 400.000€ (e isto apenas num ano);
- que o ministro da Administração Interna, para além de cometer "lapsus linguae", também tem lapsos de memória (já sabíamos que tinha lapsos cerebrais), quando afirma que não sabia que a bendita fundação afinal tinha sede num edifício cuja gestão é feita pelo ministério que tutela.

Convenhamos que é muita aldrabice para um dia apenas. Agradeça ao seu governo!
A sorte é que ao denunciar todos estes casos, os portugueses vão vendo a que tipo de gente entregou o seu governo. E pode ser que lá para Setembro grite: SOCIALISTAS: JAMAIS!

O que é a Cidade Educadora?

Como não consigo fazer o upload do vídeo, entre e veja o filme.

26.6.09

Também eu já sou diferente, ou como se pode mudar permanecendo

Quem me conhece sabe que não grande apreciador do Desconstrutivismo, de Levinas, Derrida e companhia. Saberão, igualmente, que aprecio ainda menos os seus representantes portugueses - e muito especialmente uma certa "adoradora da diferença". Não sou, contudo, autista e reconheço a legitimidade da luta da "linguagem da diferença", que pretende a inauguração de uma nova atitude ética, que coloca o outro como centro da prática ética (do grego ethos, como "morada" do homem, porquanto é aquilo que verdadeiramente o define).
Ao assistir a uma interessante conferência de Janela Afonso, que decorreu hoje em Esposende, no Encontro Nacional da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras, dei comigo a pensar em como esta nova atitude pode concorrer para um modelo mais ético e mais eficaz da globalização.
Como?
Dizem os críticos da globalização que esta é uma invenção do "mercado" com vista à sua amplificação. E a verdade é que o paradigma actual dominante não contribui para a qualidade de vida dos cidadãos, sendo antes um elemento hegemónico que desenraíza e aliena uma consciência ética colectiva (que promova e defenda os valores locais). Este é o mundo que nos foi legado pela pós-modernidade, onde a diferença é sempre estabelecida pelo poder (num mundo de "brancos", os "pretos" são diferentes; num mundo de homens, as mulheres são diferentes, etc.) Ou seja, a diferença é definida pela Identidade do Poder e é este que classifica a alteridade como difente. A diferença aparece não por si, mas como legado da identidade.
A proposta alternativa é a emergência de modelos de globalizações situados e sustentados localmente. E aqui entra um novo paradigma da diferença que, curiosamente e de forma aparentemente antagónica e/ou paradoxal, contribui para fixar a identidade. Num mundo global (que é e que se deseja), combate-se a hegemonia afirmando-nos pela diferença. Ora, não apenas "Je suis un autre", como de forma feliz enunciou Rimbaud, mas eu mesmo quero afirmar-me como outro. Eu quero ser diferente e quero que a minha identidade seja definida por essa diferença, relativamente à hegemonia estabelecida pelo paradigma de globalização que vigora.
Ora, passe a surpresa que possa causar esta minha aparente alteração de horizonte, a verdade é que me parece que a "utopia" do progresso - visto como aumento da qualidade de vida para todos os habitantes deste planeta global -, a criação de "projectos emancipatórios colectivos" - conforme bem defendeu Almerindo Janela Afonso -, apenas é possível através desta nova atitude que resiste à globalização hegemónica. A diferença somos nós e afirmamo-nos por ela. E assim contribuiremos localmente, para um mundo global mais "humano", instaurando então, talvez, a "mundialização" dos valores, porque sustentado na diferença.

Canções Fascistas

Cara al Sol, hino da Falange, foi escrito em 1935 e, reza a lenda, é da autoria de José António Primo de Rivera, histórico líder do grupo. Foi, durante a guerra civil e, posteriormente, durante o franquismo, um dos hinos do regime fascista espanhol.

Eis a letra:

Cara al sol con la camisa nueva,
que tu bordaste en rojo ayer,
me hallará la muerte si me lleva
y no te vuelvo a ver.


Formaré junto a mis compañeros
que hacen guardia sobre los luceros,
impasible el ademán,
y están presentes en nuestro afán.


Si te dicen que caí,
me fui al puesto que tengo allí.


Volverán banderas victoriosas
al paso alegre de la paz
y traerán prendidas cinco rosas
las flechas de mi haz.


Volverá a reír la primavera,
que por cielo, tierra y mar se espera.


¡Arriba, escuadras, a vencer,
que en España empieza a amanecer!


¡España una!
¡España grande!
¡España libre!
¡Arriba España!

Canções Revolucionárias

En La Plaza de mi Pueblo fez parte da intensa campanha de propaganda feita pelo Partido Comunista Espanhol durante a Guerra Civil.

A letra:

En la plaza de mi pueblo
dijo el jornalero al amo
nuestros hijos nacerán
con el puño levantado.

Y esta tierra que no es mía
esta tierra que es del amo
la riego con mi sudor
la trabajo con mis manos.

Pero dime compañero
si estas tierras son del amo
porque nunca le hemos visto
trabajando en el arado.

Con mi arado abro los hurtos
con mi arado escribo yo
patina sobre la tierra
de miseria y de sudor.

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

25.6.09

Está tão mal explicado…

Sócrates e Santos Silva em 2004: o estado não deve, através da PT, exercer controle sobre órgãos de comunicação social privados.

Sócrates e Santos Silva em 2009: dizem não saber de um negócio (parece-me impossível não o saberem, já que o estado nomeia dois administradores da PT e esses estavam de certeza informados, tendo de reportar a Mário Lino. A questão é estratégica, não é de somenos importância!) que fará com que o estado controle os dois canais de televisão públicos e, parcialmente, um terceiro, que é (era) privado.

Economicamente, o negócio é ridículo para a PT (pagar 155 milhões por algo que vale 84 milhões é extraordinário). De facto, a “coisa” está mal explicada.

Cavaco esteve bem, tal como (toda) a oposição.

A “campanha negra”, da qual, segundo Sócrates, a TVI era uma espécie de porta-bandeira, estará para terminar?

Canções Fascistas

Giovinezza foi o hino do Partido Nacional Fascista, de Mussolini, tendo sido aceite também como hino italiano não oficial entre 1924 e 1943.

A canção foi composta por Giuseppe Blanc, em 1909.

Canções revolucionárias

Bella Ciao. Cantada pelos "partizani" italianos que combatiam os fascistas de Mussolini. De autor incerto, tornou-se uma das canções italianas mais populares, tendo sido interpretada em mais de uma dezena de línguas, por diversos grupos e cantores.

Eis a letra:

Una mattina mi son svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi son svegliato,
e ho trovato l'invasor.
O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.
E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.
E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.
E le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E le genti che passeranno,
Mi diranno: Che bel fior!
È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
È questo il fiore del partigiano,
morto per la libertà!

Beirut - Elephant Gun

Beirut. Uma das minhas bandas favoritas do momento.