29.1.08

Precisamos de novos dirigentes

Este Post que o Gonçalo escreveu há uns tempos causou algum alarido na blogosfera madeirense, com diversos bloggers e anónimos, de forma directa ou mais sub-reptícia, a manifestarem a sua opinião sobre a pergunta central. Genericamente, todos atribuíram a responsabilidade à governação social-democrata madeirense.
A verdade é que o problema da emigração vai muito além da realidade madeirense e dificilmente se pode atribuir a responsabilidade ao governo de Alberto João Jardim. Veja-se o exemplo dos milhares de emigrantes que procuraram em Espanha novas oportunidades, que não encontram em Portugal. Quem de nós não conhece alguém, madeirense ou não, que emigrou?
Portugal torna-se cada vez menos um local apetecível para se viver. Em Portugal escasseiam as oportunidades. Esta não é uma exclusividade madeirense, para mal de todos os nossos pecados. Se fosse, bastaria alterar a política (ou os políticos). Nem sequer estou certo que a culpa seja dos irresponsáveis governos de Guterres. Acho que o problema é mais profundo e deriva do famoso salve-se quem puder e uma certa pose de novo-riquismo tipicamente portugueses. Enquanto outros - leia-se Irlanda, Espanha e mesmo a Grécia - investiam, nós aproveitávamos os fundos europeus para plantar jipes. Outros apostavam na modernização da sua indústria, Portugal viu nascer ferraris sem paralelo a nível europeu. Desperdiçámos todas as oportunidades que nos foram dadas e hipotecámos o futuro, em benefício de meia dúzia. Aliás, apesar dos lucros estrondosos apresentados pela banca, continua o Zé Povinho a subsidiá-la, demonstrando bem que o principal óbice a algum enriquecimento do país reside na classe empresarial que temos. Não ganhamos tanto? Exija-se benefícios financeiros; baixe-se os salários; diminua-se os direitos sociais. Tem sido sempre esta a lógica do tecido empresarial. E já nem a famigerada falta de qualificação justifica, uma vez que muitos dos actuais emigrantes têm formação e outros, sem quaisquer habilitações - que em Portugal seriam desterrados para um qualquer programa tipo Novas Oportunidades - são óptimos operários em Espanha, em França, na Alemanha. O problema, o verdadeiro problema deste país é toda a classe dirigente.Tivéssemos nós os políticos britânicos, os empresários alemães e a criatividade suíça e seríamos um paraíso.

3 comentários:

amsf disse...

Não são só os dirigentes os responsáveis mas também uma certa mentalidade que faz parte da nossa cultura popular. Trabalhar é vergonhoso...poupar é ser forreta...perante quem? Perante os amigos, os vizinhos, etc. No estrangeiro essa pressão social toda desaparece. Mal dormem, não convivem com os locais ao ponto de anos depois ainda não saberem falar a língua, desconhecem a zona onde residem e para quê? Para ao regressarem poderem esfregar um certo novo riquismo no focinho dos que ficaram! Vai-se de um extremo a outro. Do viver acima das possibilidades ao viver miserávelmente em nome de um futuro de novo rico na terra de origem. Suponho que esta mentalidade emigrante está a terminar...Os dirigentes não são extraterrestres, sairam do seio deste povo!

Su disse...

gostei de ler----mto lúcido-----

Sancho Gomes disse...

amsf;

veja que os novos emigrantes não são como os que descreve. Muitos deles até vêm a Portugal frequentemente. Para além disso, o meu texto não pretendia caracterizar os emigrantes, mas o fenómeno da nova emigração.

su,
obrigado!