3.12.07

Para que servem os regimes de excepção?

Neste fim-de-semana ficamos a saber, através do Público e do Expresso, que mais um tipo do BCP viu uma dívida na ordem dos 28,5 milhões de euros perdoada por ser considerada incobrável. Sempre admirei os truques bancários e a imaginação das cláusulas. A imaginação humana é audaciosa e prodigiosa. Só assim se percebe que os coitados que não pagam a prestação da casa sejam imediatamente penhorados e que tipos com 28,5 milhões de euros em dívidas, gastas em especulação bolsista, sejam considerados inimputáveis. É um tipo de justiça social muito interessante.

Entretanto, as receitas milionárias dos bancos ascendem aos 1700 milhões de euros, graças ao inenarrável regime de excepção de que os bancos gozam com o beneplácito cândido do governo. Mas a pergunta que faço é tão simples quanto a minha ignorância: não era mais simples cobrar o que deve ser cobrado aos bancos e promover uma, nem que fosse leve, descida dos impostos que beneficiasse todos os portugueses? Se os bancos caucionam este tipo de comportamento temos todo o direito de questionar esta pouca-vergonha. Afinal, para que servem os regimes de excepção?