Christophe Grébert tem 36 anos e é editor de um blog. Ficará na história como o primeiro francês a responder, em Tribunal, a uma acusação de difamação por textos publicados na blogosfera, mais concretamente no espaço “monputeaux.com”.
Na edição de 21 de Junho, o “Libération” faz manchete com o caso. O município de Puteaux, nos arredores de Paris, decidiu processar o socialista Grébert por textos que este colocou no seu blog.
A autarquia, controlada há várias décadas por uma poderosa família local, Ceccaldy-Raynaud, não terá gostado das críticas do internauta. Nem das fotografias colocadas on-line por este, e que ilustram uma realidade diferente daquela que as autoridades locais tentam mostrar.
A decisão judicial do “Caso Grébert” é esperada com alguma expectativa em França. E na “blogosfera” criou-se uma corrente de solidariedade.
Em editorial publicado no “Libération”, Patrick Sabatier acusa os poderes político e económico franceses de procurarem silenciar os blogs, particularmente os mais incómodos. Defende que a blogosfera representa o advento da “e-democracia”. E apela “Au Blog Citoyens !”.
Embora a tendência esquerdista da publicação francesa seja (re)conhecida, Sabatier não deixa de ter razão. A blogosfera representou o advento do “cidadão-repórter” e poderá contribuir para a democratização do acesso e da circulação à, e da informação. Aliás, há quem defenda que estamos perante uma autêntica “revolução”, que deixará marcas indiscutíveis nos média tradicionais.
São os casos do colunista do “New York Times” Hugh Hewitt - "Blog: Understand the New Information Revolution and How It Is Redefining the Media, the Culture, and Business"- de Pierre Lévy – “Cibercultura” – de Luca Tochi, entre outros.
Segundo alguns autores, entre as quais os supracitados, a revolução começa a partir do momento em que os grupos social e economicamente dominantes perdem o exclusivo da produção de informação à escala global, perdendo por isso poder e, obviamente, dinheiro.
O movimento está a nascer - existem, actualmente, 11,5 milhões de blogs. Aqueles que mais têm a perder farão tudo para “institucionalizar” a blogoesfera. E para começar procurarão dar-lhe o “devido enquadramento legal”. Daí a importância que o “Caso Grébert” vem assumindo em França. E o interesse com que vem a ser seguido internacionalmente.
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