"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
5.3.05
Viv'ó Gago!
Temos um ministro que adiou a reforma política, Freitas do Amaral, e um mau Alberto na Justiça (quem não se recorda da tenebrosa passagem do Dr. Costa pela Administração Interna? A PSP e PJ lembram-se de certeza).
Um homem do BES (Ricardo Salgado está em todas!) na Economia e um virtual desconhecido nas Finanças. Que vão ter de conviver com um esquerdista convicto - Vieira da Silva - na Segurança Social. Menos Estado e melhor Estado? Mais Estado? Quem saberá?
Na Saúde aparece o homem que desenhou os hospitais S.A. , Correia de Campos. Lembre-se que José Sócrates disse na campanha, várias vezes, que era contra os.... hospitais S.A. Venha o Diabo e escolha!
De saudar o regresso do discreto Mariano Gago à Ciência e Tecnologia - foi o melhor ministro que Guterres alguma vez teve.
4.3.05
Déja vu e constituição da nova selecção portuguesa
Jogadores de Campo: 1- Augusto Santos Silva, 2- Correia de Campos, 3- Vieira da Silva, 4- António Costa, 5- Alberto Costa, 6- Luís Amado, 7- Nunes Correia, 8-Mário Lino, 9- Mariano Gago, 10-Jaime Silva, 11- Maria de Lurdes Rodrigues.
A ordem é aleatória.
Nosso Senhor nos ajude.
Eduardo Lourenço
U2
Discordar
Ele é um optimista histórico e eu, confesso, sou um pessimista. A tal ponto que a perspectiva de amanhãs que cantam me deixa profundamente angustiado.
Admiro-lhe a inteligência e a frontalidade. Qualidades que escasseiam nos dias que correm e que, numa perspectiva weberiana, deveriam ser valorizadas. E se fossem bem pagas tanto melhor...
Passamos dias, e às vezes madrugadas, a comentar o mundo. E a discordar. E criámos uma amizade sólida. Curiosamente baseada na não-concordância. Ou na liberdade de discordar, optando por caminhos diferentes, sem ter necessidade de romper os laços.
Estou, como é óbvio, a falar do Bento. Estou, como é óbvio, solidário com o Bento. Por tudo o que aqui escrevi. E porque acredito no direito de discordar. E de assumir as discordâncias sem que tal signifique assinar uma sentença.
Gonçalo Nuno Santos
3.3.05
Nunca é tarde
Muito bem, Sr. Presidente. Nunca é tarde para aprender. Ou para ver o óbvio!
Pois é...
Em resumo, o eleitorado não votou no PS porque os socialistas apresentaram melhores propostas, porque tinham melhores candidatos ou porque simplesmente lhe apeteceu. Votou no PS porque o PSD não se empenhou.
Curiosamente, Célia tem razão. Só que lhe fica mal admitir. Por razões óbvias...
Na Ciência Política é comum dizer-se que as oposições nunca ganham eleições, quem as perde são os governos. Mas Célia nunca demonstrou particular apetência para a Ciência Política, portanto, não me parece que tenha interpretado os factos à luz da frase acima referida.
Deixo alguns excertos do artigo de opinião supra-citado, que pode ser lido em www.dnoticias.pt .
«A previsão de que o resultado seria um empate - e porque o presidente do PSD não leva desaforo para casa - representaria muito mais empenho, muito mais trabalho para vencer as eleições. Mas, na verdade, pensou ele, como outros, que estava "no papo". Deitaram-se à sombra da bananeira" não na campanha mas já há muitos anos a esta parte".
Em resumo, Célia admite que o último resultado eleitoral dos socialistas madeirenses não se ficou a dever ao mérito de Serrão, mas sim ao demérito do PSD.
Pois, por estas e por outras...
Gonçalo Nuno Santos
Post-Scriptium 1: Qual será o deputado do PS-Madeira que já ameaçou "bater com a porta" e abandonar o Grupo Parlamentar? E será que o nosso homem está sozinho, ou há mais... saídas à vista.
Dá-se uma réplica de uma Casa de Santana a quem adivinhar...
Post-Scriptum 2: É curioso. Na Esquina (www.esquina-do-mundo.blogspot.com) o Bento escreve que, coligado ou não, o PS pode «causar mossa» nas próximas autárquicas, particularmente na Câmara do Funchal. Então porque fogem os "notáveis" socialistas ao confronto com Albuquerque?
Jacinto já disse que nem pensar. Bernardo nem quer ouvir falar do assunto. Sobra quem? Maximiano (alguém acredita que vá deixar o conforto de São Bento?)? Um «independente que anda de cadeias às avessas com o PSD» e que "carrega" uma aura de competência? Victor Freitas? Ou alguém "para queimar"?
Não seria tempo de os principais rostos socialistas assumirem o desafio? José António Cardoso, honra lhe seja feita, teve coragem. E na política, é preciso coragem. De "ratos de bastidores" estamos todos fartos...
Felizmente houve alguém que disse II
Pacheco Pereira - in Público
Post-Scriptum: Pelos vistos, não era só Santana que gostava de desempenhar o papel de vítima!
2.3.05
Finalmente houve alguém que disse I
Nunes da Cruz, candidato à presidência do Supremo Triunal de Justiça in Público on-line
ver: Candidato à presidência do Supremo culpa advogados pelos atrasos na justiça
O "outro"
Com 36% dos votos, o "outro", mesmo com a face oculta, mesmo sem linha programática e sem anunciar a equipa, tem uma vantagem razoável sobre os restantes nomeados.
Marques Mendes é visto como "mais do mesmo". E está em último, com apenas 11% dos votos. Luís Filipe Menezes regista 24% das preferências.
Já Alberto João Jardim persegue o "outro", obtendo 29% dos cliques. E o segundo lugar do presidente do Governo Regional da Madeira confirma que está toda a gente farta deste PSD...
O inquérito estará on-line até sexta-feira.
É verdade
Pudera
Pudera, para viver num país como Portugal ou se é alienado ou reage-se sob efeito de antidepressivos (consumo de antidepressivos aumentou 45 por cento nos últimos cinco anos)...
Duas notas, um apontamento e pequena correcção
Segunda nota: José Gil, filósofo de repente na moda e que eu ando a ler com algum interesse, diz-nos que duas das razões principais para a manutenção do divórcio português entre conhecimento e democracia, são a ausência de um verdadeiro espaço público (na noção de Habermas) onde as coisas se debatam e onde exista verdadeira e empenhada participação; e a já tão propalada não-inscrição, ou o facto de neste país à beira-mar plantado com muitos anos de história, nada de facto acontecer “que marque o real, que o transforme, que o abra”. Infelizmente, é muito provável que tenha razão.
Um apontamento: Gosto do nome do blogue, mas não consigo desvendar a suposta mensagem subliminar que ele oculta. Mas diga-se em abono da verdade: não sou muito imaginativo nem grande detective. Dificilmente conseguiria desvendar um enigma.
Bruno Macedo
1.3.05
Rapidez que até assusta
Ainda por cima, estamos a falar da venda de um dos maiores grupos de comunicação social portugueses. De um negócio que ultrapassa os 300 milhões de euros. E de um grupo empresarial vocacionado para a gestão de negócios na área do desporto (embora controle um canal de televisão e um jornal...desportivos).
É necessário recordar as reservas já expressas pelo presidente do BPI (também ele interessado no negócio). E a especulação sobre quem controlará, efectivamente, a PT-Multimédia após a venda (ver post anterior referente ao tema).
Esperemos que o Estado, através dos órgãos competentes, esteja atento ao negócio. Esperemos...
Gonçalo Nuno Santos
Post-Scriptum: a este respeito, ver também www.webjornal.blogspot.com .
Al Berto
está frio de quebrar ossos.
às vezes queria ser pastor, homem transumante, ir e regressar com o sol e as chuvas, ir e regressar eternamente com o ciclo das estações."
Al Berto in Livro Sétimo
Lembrei-me de um dos maiores poetas portugueses. São coisas que às vezes acontecem, a meio da tarde.
Post-Scriptium: Citei de memória. Creio que a citação está correcta, mas o melhor será lerem a obra. Não perdem nada com isso
28.2.05
O Sr. Cinema
O melhor de Scorcese já tem anos. “Taxi Driver”, de 1976 - se calhar, o meu filme favorito –, é um tributo ao cinema. “Touro Enraivecido”, filmado em 1980 é muito bom. O segmento “Life Lessons”, no genial Histórias de Nova York (um “tríptico” de homenagem à verdadeira capital do mundo ocidental), de 1989, é simplesmente delicioso, de longe o melhor do filme.
O começo da saga do “Padrinho” marcou, se calhar, o auge da carreira do realizador nova-iorquino. Quanto aos mais recentes, “Casino” e “Kundun” não são particularmente inspirados ou inspiradores. “Gangs of New York”, de 2002, ficou aquém das expectativas.
Apesar de tudo, Scorcese já merecia um Oscar. Pelo que fez em prol do cinema. E vai ganhá-lo. “One of these days”...
Se La Palice fosse vivo e jogasse no F.C. Porto diria que quando há vencidos também há vencedores. E este ano, Clint Eastwood voltou a vencer. Francamente, ainda não vi o Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos, por isso não posso opinar sobre o filme ou sobre a justiça da atribuição do prémio.
Mas, em verdade vos digo, Eastwood deve ser, neste momento, o maior cineasta americano em actividade – que me perdoem os incondicionais de Linch, Tarantino, ou outros.
A diversidade da sua obra enquanto realizador, e enquanto actor, é notável. Desde “Per un pugno di dollari”, filme de 1964, dirigido por Sérgio Leone, que o tornou conhecido, passaram quarenta anos.
Eastwood foi cowboy, agente secreto, guarda-costas. Foi herói e poucas vezes vilão. Foi um fotógrafo apaixonado nas “Pontes de Madison County”, excelente filme.
Mas em 1992, com “Unforgiven”, subiu ao patamar dos eleitos. O filme valeu-lhe o primeiro Oscar da carreira - melhor Realizador mas, curiosamente, não lhe deu a estatueta para melhor actor, perdida para Tom Hanks. “Unforgiven” ganhou ainda o prémio do Melhor Filme.
Andou pelo espaço em “Space Cowboy”, de 2000. Em 2002 voltou a ser polícia, em “Blood Work”. Realizou o genial “Mystic River” em 2003 (só perdeu para a trilogia do “Senhor dos Anéis”, mas deu a Sean Penn a estatueta de melhor actor).
Agora, transformou-se em agente de uma pugilista profissional. Passaram muitos anos desde que em 1971 Eastwood se estreou como realizador, com “Play Misty for Me”. Passaram muitos anos e hoje Clint Eastwood é, de facto, o “Senhor cinema”. Americano, pelo menos... O segundo Oscar “individual” que recebe confirma-o.
Já agora, o cinema espanhol também está de parabéns. Esta madrugada, Alejandro Amenábar foi premiado com o Oscar para o melhor filme estrangeiro, com Mar Adentro. A película conta a história verídica de Ramón Sampedro, homem que lutou, durante 30 anos, pelo direito a morrer.
Amenábar é o quinto realizador espanhol a vencer um Oscar. O primeiro foi Buñuel, com “O Charme Discreto da Burguesia”, de 1972. Seguiram-se José Luis Garcí, com “Volver a Empezar”, de 1982, Fernando Trueba, em 1993, com o genial “Belle Èpoque”, e o inevitável Almodovar, em 1999, com “Tudo Sobre Mi Madre”. Três Oscares em pouco mais de 10 anos provam a vitalidade, e a crescente aceitação, do cinema espanhol.
Refira-se ainda que Amenábar é o 10 espanhol a receber o mais ambicionado galardão do cinema. Almodovar já venceu dois (junta o de melhor filme estrangeiro ao de melhor argumento, com “Hable com Ella”, de 2002). Gil Parrondo também ganhou dois, que premiaram a direcção artística. Néstor Almendros ganhou pela melhor fotografia, em 1978.
Gonçalo Nuno Santos
Curtas V
Curtas IV
El Rei do lugar-comum
No passado fim-de-semana, Marcelo comentou as eleições para o Canal 1. E limitou-se a dizer o óbvio. Que o PS tinha ganho, que o PSD tinha perdido, que a esquerda subira e que a direita descera. E que Sampaio tinha sido legitimado.
Ontem, voltou à RTP para estrear "As Escolhas de Marcelo". Perante uma entrevistadora embevecida, definitivamente conquistada pela sapiência alheia, o Professor voltou a emitir uma torrente de frases feitas, no tom didático que o bom povo português tanto preza.
Disse, entre outras coisas, que no Aeroporto Francisco Sá Carneiro fazia «um frio de rachar» porque sistema de aquecimento estava estragado há uns meses. Que o envelhecimento de Lisboa fica a dever-se ao egoísmo da sociedade (presumo que a especulação imobiliária também tenha alguma coisa a ver com o assunto, mas quem sou eu!). Que o PS vai governar ao centro (quem diria!) porque ganhou as eleições ao centro. E que o melhor candidato presidencial para o PSD é o Professor Cavaco, porque ganha ao centro, esse espaço mítico, essa espécie de limbo que na linguagem política dos nossos dias separa o céu do inferno.
Resumindo, um conjunto de lugares-comuns. Com uma agravante. No que concerne a Cavaco, Marcelo tentou mais uma vez lançar, antes de tempo, o antigo primeiro-ministro. Tentou, como faz habitualmente, pressionar Cavaco para que este fale antes da data que tinha establecido. Ou para que perca a paciência, abrindo-lhe então o caminho.
Definitivamente, o Professor Marcelo parece transformado em El Rei do Lugar-Comum, uma espécie de Rei dos Frangos de fato e gravata, com presença assídua na televisão.