"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
5.9.09
A um membro da Comissão Política do PS-M que confunde opinião com informação
Confundir opinião com informação
Desta vez, depois ter passado meses a criticar o Dossier de Imprensa e o painel que corporiza um dos espaços de opinião da televisão regional, vem clamar contra a suspensão do programa, comparando-a ao encerramento abrupto e até agora inexplicável do Jornal Nacional da TVI.
Para o Miguel, suspender um programa de OPINIÃO, numa televisão regional, em período eleitoral, é igual a suspender um ESPAÇO DE INFORMAÇÃO, ou melhor, O MAIOR ESPAÇO DE INFORMAÇÃO DA TELEVISÃO NACIONAL. O Miguel, membro da Comissão Política Regional do PS-M, confunde OPINIÃO com INFORMAÇÃO, o que não me parece lá muito correcto. Enfim...
4.9.09
Não consigo
Honestamente, gostaria de acreditar que o primeiro-ministro não tem nada a ver com o assunto. Mas não consigo.
Liberdade de expressão
Eu não gosto do estilo de Manuela Moura Guedes. Nem da informação da TVI. Mas estas permissas não me levariam, em circunstância alguma, a querer ver suspenso o serviço noticioso apresentado, semanalmente, por Guedes.
Ao contrário daquilo que defendem alguns comentadores anónimos que por cá pululam, não me parece que deve ser o poder político ou económico a definir aquilo que é bom, ou mau, jornalismo. Essa definção compete, pura e simplesmente, aos cidadãos. Todos os dados conhecidos revelam que o Jornal Nacional da TVI emitido à sexta-feira era o espaço noticioso mais visto no país, ou seja, era avalizado pelo público.
O cancelamento do programa não é, por isso, uma decisão "de gestão empresarial", como alguns tentam fazer crer, porque do ponto de vista de gestão empresarial não faz qualquer sentido. Curiosamente, é o próprio Sócrates a admiti-lo quando, "atropelando" o ministro com a tutela, Augusto Santos Silva, diz querer a situação clarificada. Ora nenhum primeiro-ministro, em circunstâncias normais, apela a uma empresa privada para que clarifique uma qualquer decisão de gestão, a não ser que a mesma tenha impactos económicos e sociais significativos.
Não tendo sido uma decisão motivada por interesses empresariais imediatos, pode assumir-se então que foi tomada por interesses políticos e económicos mais alargados.
E é esse o cerne da discussão. A liberdade de expressão foi condicionada pelas altas esferas do poder político e económico. Só que desta vez não se tratou da habitual pressão para que uma determinada peça não seja emitida, ou para que um qualquer assunto seja abordado de uma maneira mais, ou menos, favorável - situação já de si condenável e atentatória do direito à informação.
Parece-me claro que os maiores interessados na matéria são o PS e José Sócrates. A linha editorial do Jornal Nacional era claramente marcada por uma feroz oposição ao poder (no sentido lato do termo) e, durante meses, o primeiro-ministro e o Governo não foram poupados.
A estratégia seguida pelos socialistas foi esta: é melhor causar ondas de choque agora, a três semanas das eleições, do que esperar que, semanalmente, o Governo e a candidatura do PS sejam desgastados por notícias que condicionariam, obviamente, o debate político e o curso da campanha eleitoral. Como defendia Maquiavel, o mal foi feito de uma vez.
Sócrates calculou mal a intensidade da "onda de choque" que provocou, pois a ser bem aproveitado pela oposição o tema marcará a campanha eleitoral e contribuirá para minar a já depauperada credibilidade do primeiro-ministro e candidato do PS. Foi um erro de cáculo...
Como se sabe, o Grupo Prisa tem fortes ligações ao PSOE, do "amigo" Zapatero. Como se sabe, a área dos media e das comunicações está em constante mutação, surgindo oportunidades de negócio quase diárias. Um Governo "amigo" facilita certamente a pressecução de alguns desses negócios.
Se Sócrates ganhar as eleições ver-se-á, na próxima legislatura, quais são os negócios em que os grupos Prisa e Media Capital entrarão. E de que forma entrarão. Eu tenho os meus palpites...
O certo é que, mais uma vez, o poder político, aliado ao poder económico, violentaram a liberdade de expressão e o direito à informação. Eu não hesito em atribuir esse ónus a Sócrates.
Post-Scriptum: A posição de alguns jornalistas da Madeira face a este tema é, no mínimo, curiosa: definem como normal aquilo que se passou, dizem que o caso levantado assume laivos de hipocrisia e avançam com a ideia peregrina de que o Jornal Nacional não tinha padrões de qualidade e de credibilidade, esquecendo-se de que o os cidadãos são, e devem ser, os juizes da questão.
São opiniões e devem ser respeitadas como tal. Mas manter-se-ão quando as lutas locais de reacenderem?
3.9.09
Claro que o PS teve a ver com a suspensão do Jornal Nacional. Tudo o resto é música de embalar...
A verdade é que o histórico de Sócrates com a TVI indicia dedo socialista neste caso. É que não acreditamos em bruxas, mas...
Por outro lado, são estes mesmos socialistas que há 4 anos gritavam a plenos pulmões que Santana Lopes era o responsável pela saída de Marcelo Rebelo de Sousa da (mesma) TVI. Ou seja, os argumentos que utilizavam há 4 anos, agora não servem.
E se fossem todos para aquele lugar?
Ecos de um debate sem qualquer interesse?
Muito pouco, para quem nos quer convencer que Sócrates é o melhor candidato a Primeiro-Ministro. Ridiculamente hipócrita, se atendermos à forma como costumam dirigir-se aos seus opositores políticos.
2.9.09
Festa do Avante 2009
O TGV e o interior alentejano
Fazem lembrar mesmo aquelas pessoas que acreditam que a vida melhorará quando alcançarem os desejos que vão vendo sempre adiados. Têm certeza que se os atingirem serão felizes. Aí sim, é que a vida vai verdadeiramente começar. Mas quando isso acontece, nada muda. Continuam a não ser felizes, pois percebem que o problema não se coloca a partir do exterior, mas antes derivam de conjunturas internas, por vezes porque não há alternativas, por vezes devido a idiossincrasias que têm de ser combatidas de dentro.
Salvo as devidas proporções, é isto que se passa com estes autarcas. E terão que se consciencializar que a salvação para os seus municípios não passa por lá passar mais uma auto-estrada, ou uma linha de comboio ou, por absurdo, por ser sobrevoada por aviões.
No caso concreto do TGV ainda é mais evidente: como poderá o comboio de alta velocidade contribuir para o desenvolvimento de Moura, ou Fronteira ou Redondo, ou Mora, ou Alter? Numa palavra: em nada. Mesmo que o comboio pare em Évora - que apesar de ser do meu interesse pessoal, não me parece de todo uma boa aposta (já viram o ridículo que é um TGV parar em todas as estações e apeadeiros?) -, apenas esta cidade irá beneficiar, tal como apenas Évora beneficiou com a A6 (e o litoral alentejano, que é a praia da população de Badajoz - ainda que não necessitasse dessa benesse - e, ainda, os espanhóis da raia, que assim "ganharam" um acesso fantástico à costa - que ficava a centenas de km.).
Portanto, apesar de perceber e ser solidário com a tragédia desses autarcas, o TGV não traz mais-valia nenhuma para o Alentejo. Com o eventual prejuízo de ainda tirar os turistas que entram por Elvas.
NOTA: a vermelho encontram-se alterações feitas ao texto original.
Sócrates dixit
Se ao menos isso fosse verdade…
“Existem diferenças, ao nível dos sistemas de valores e atitudes”.
Claro que existem: uma tem um sistema de valores e outro não! Uma tem atitudes dignas e o outro é suspeito de imensas trafulhices. Já só faltava dizer: os portugueses conhecem-me, para nós acrescentarmos: ui, ui, de ginjeira…
O que pretende Miguel Fonseca?
Para o pós eleições, esta visão pretende impor ao PSD a constituição de um bloco central ou, no limite, desvirtuar o voto dos cidadãos, colocando nas mãos do Presidente da República o odioso de convidar a esquerda para constituir governo, ainda que o PSD possa ser o partido mais votado.
Esta é uma visão que tem como único objectivo enganar os eleitores, preparando terreno para uma golpada, que seria o PSD ter maioria relativa, sem que pudesse constituir governo, indo este cair, por obra e graça do Espírito Santo, ao colo do PS.
Ora, o que o Miguel Fonseca e os socialistas não querem que vejamos é que é possível uma solução de governo do PSD, com uma maioria parlamentar de esquerda. É possível ao PSD obter consensos à esquerda, conforme demonstram imensos exemplos por esse país fora, sendo Coimbra o caso mais paradigmático (entre o PSD e a CDU).
Esta visão demonstra, até, um certo desprezo pelo voto dos cidadãos e, consequentemente, pela democracia, e uma profunda descrença na responsabilidade dos partidos políticos portugueses.
Não tenho o Miguel por lacaio socialista e é dos poucos que ousa pensar pela sua própria cabeça e não se limite a repetir o gasto verbo da propaganda. Por isso estranho este ardil proposto naquele texto manhoso? O que pretendes tu, caro amigo? Ou é caso para dizer: Tu quoque, Brutus, fili mi?
31.8.09
Sobre a revitalização dos miradouros do Funchal ou como alguns socialistas até fazem boas propostas
Ora, uma estátua de cera sem mais é, obviamente de um absurdo atroz, bem sujeito à ridicularização que o amigo BBS sugeriu. Mas como não tenho o Rui Caetano, nem o Duarte Gouveia por burros (do pouco que conheço deles), também não acredito que essa fosse a sua ideia. Sinto-me tentado a concordar que a proposta seria para criação de um centro dedicado ao CR7, como ilustrou o Miguel Fonseca. E esta proposta, sinceramente, não me parece má. Acho que até poderia ter efeitos benéficos para o Funchal.
No máximo, poderia-se dizer que a competência da promoção do turismo não é da autarquia funchalense, mas do Governo, logo que esta seria uma boa proposta para as legislativas regionais e não para as autárquicas. Não me parece, contudo ser um absurdo.
Como também não me parece desjustada a ideia de um provedor do munícipe, ou outras propostas apresentadas pela mesma candidatura. Aliás, talvez como nunca antes, os socialistas apresentam aos funchalenses uma boa equipa, com boas ideias, exequíveis e com potencial.
Não quer, contudo, isto dizer que esta equipa me pareça mais capaz do que aquela que foi apresentada pelo PSD, nem que o Rui tenha garantido o meu voto. Porque ideologicamente, sinto-me muito mais próximo de Miguel Albuquerque e do PSD do que do Rui Caetano e dos socialistas. Todavia, isto não impede-me de ver a qualidade da equipa e das propostas (o que demonstra bem que as críticas que surgiram dentro do PS a esta candidatura, são não apenas injustas, como demonstram despeito e falta de humildade, por parte de uns senhores cuja capacidade política esgota-se na repetição exaustiva da propaganda de Sócrates. Síndromes de pobres...).
Diferenças entre programas do PS e do PSD, ou como ainda (não) se engolem as patranhas de sempre
É normal, legítimo e até saudável, na dialéctica política das democracias. Aliás, algumas das críticas até serão pertinentes e possibilitam a revisão de algumas políticas propostas, valorizando um eventual futuro programa de governo.
Mas, para serem justos e rigorosos, terão esses críticos que reconhecer que este é provavelmente o mais realista e verdadeiro programa eleitoral alguma vez apresentado pelos partidos do denominado “centrão”. É verdadeiro, porque não prevê metas não só impossíveis de atingir, mas acima de tudo, impossíveis de antecipar. Prometer 150 mil empregos, ou quantificar o crescimento do PIB é não apenas demagógico, como irresponsável.
Por outro lado, e conforme tem sido muito bem defendido pelo PSD, um programa eleitoral tem de indicar políticas devidamente enquadradas em matrizes ideológicas. Não tem de definir medidas concretas.
É realista porque não são prometidas soluções mágicas para a resolução dos problemas de que Portugal e a população portuguesa padecem. É um programa responsável e comedido, de quem conhece as prioridades para o país.
E acima de tudo não embarga em eleitoralismos baratos, como casamentos entre pessoas do mesmo sexo, nem em demagogias bacocas e imbecis, como a promessa do cheque de 150€(?) para recém-nascidos.
Se não houvesse outras razões, apenas a leitura e comparação dos programas eleitorais do PS e do PSD bastariam para a decidir em quem votar. Porque um é efectivamente um compromisso de verdade enquanto o outro é o mais básico e brejeiro panfleto propagandístico. Com a agravante de termos já certeza de que na boca de Sócrates, as promessas são levadas pelo vento!