23.8.08

Olavo Manica e o Cidade

Simpatizo com a causa do Olavo Manica, com a sua cruzada de denúncia das perversidades do regime de Chávez na Venezuela.
Simpatizo também com o emigrante retornado, que não domina as ferramentas de exposição do seu raciocínio, que é como quem diz: o homem até não pensa mal, mas não sabe escrever, ainda que isso possa não lhe ser imputável.
Feita esta declaração de interesse, é necessário dizê-lo com clareza: os textos de Olavo Manica no diário Cidade são, na sua maioria, imperceptíveis. Erros ortográficos, de sintaxe, de concordância, pontuação e acentuação incorrectas, enfim, nos seus textos encontra-se de tudo.
Bem sei que após Saramago todos temos legitimidade para querer reinventar a língua escrita. É, contudo, necessário um certo limite imposto pelo bom senso e pelo respeito pela palavra escrita.
Mas se me incomodam os (erros dos) seus textos, incomoda-me ainda mais que ninguém do Cidade os corrija. Não sei se por respeito à originalidade dos textos, se por vontade de manter a fidelidade da sua linguagem, se - ainda e mais grave - para achincalhar o seu autor, a verdade é que os textos são publicados independentemente dos erros que possam conter.
Ora, há aqui uma questão de responsabilidade social do Cidade para com os seus leitores: a revisão e correcção dos textos publicados no diário deveria ser uma exigência editorial. Porque demonstraria respeito para com os seus leitores.
Por isso espero que revejam, rapidamente, este procedimento de modo a podermos acompanhar os raciocínios do Olavo Manica sem parecer que estamos a ler numa outra língua, que não a portuguesa.

Intensidez


Para combater o marasmo que se apodera do Alentejo, uma lufada de ar fresco. Intensidez começa a ser um dos meus locais preferidos em Évora...

PS - Para além de um interessante projecto editorial e bibliocafé, também o projecto de arquitectura é exemplar. Do arquitecto alentejano Rui Russo, que está de parabéns.

21.8.08

Senhora de 500 anos

Porque para mim, é a cidade mais bonita do Mundo. Parabéns Funchal pelos 500 anos!
Roubada daqui.

Porque Horácio Bento de Gouveia disse-o melhor do que eu alguma vez serei capaz

"(...) Do tombadilho contemplou a cidade longamente. Impressionou-o a cidade estrelada de luzes que subiam da beira-mar até aos píncaros da montanha. A terra ia ficando para trás; a gambiarra que, a partir do cais, se estendia rente à babugem do mar e terminava na Pontinha, amortecia e mudava de perspectiva ao passo que o paquete se afastava. De repente, o cabo Garajau, como pano de boca de prescénio que baixasse, escondeu a visão maravilhosa da cidade. Então, nesse momento, Manuel sentiu que alguma coisa que lhe pertencia, que fazia parte do seu psiquismo, ficava ao abandono da sua vida de emoções. Os objectos que sua retina fixava todos os dias, a realidade visual, a terra que pisara tantos anos, as ruas que lhe haviam conhecido os passos - a ilha, o seu mundo, o alfobre das suas mais caras impressões sentimentais, sumia-se na negridão da noite; e as únicas sensações que o punham em contacto com a vida cifravam-se no ruído cavernoso da máquina do vapor e no balanço muito lento que o entontecia (...)."

Horácio Bento de Gouveia, Canga

20.8.08

Casamento e Cavaco: até que enfim! Começava a ser tempo...

Gostei do veto de Cavaco Silva à lei do divórcio. Porque ao contrário do que afirmou Alberto Martins, para mim o casamento não é apenas uma união de afectos, mas também de deveres:
Dever de Respeito; Dever de Fidelidade; Dever de Cooperação; Dever de Assistência.
Estes são deveres que, parece-me, todos nós concordaremos que devem ser mantidos e defendidos. Assim sendo, o Estado não pode premiar quem não cumpre com estes deveres conjugais e tem a responsabilidade moral de garantir a reflexão dos indivíduos perante tão importante compromisso.
Reconheço que, ideologicamente, poderão contrapor-se aqui razões de ordem individual, como a liberdade. Todavia, o Dever de Assistência à família, numa escala de valores, é para mim mais importante do que a liberdade individual, individualista e individualizante. Há sacrifícios? Claro que o casamento exige sacrifícios. Viver com outro, constituir família, não é fácil. Não deve, contudo - e em minha opinião - o Estado vir afirmar que o casamento não vale os esforços individuais.
E sejamos honestos, em última análise, é bastante fácil obter-se um divórcio em Portugal (parece que apenas 8% dos divórcios são litigiosos).
Por último, não podemos andar todos atrás das pequenas modas efémeras, apenas para nos assumirmos progressistas. Se queremos uma sociedade de valores, temos que a defender e não embandeirar em arco perante pequenos desejos individuais.

19.8.08

Memórias felizes de lugares perfeitos





















Porque a WOAB despertou as memórias, aqui ficam umas imagens do lugar mais perfeito do mundo...

Ciganos ou socialistas?

Por falar em ciganos, parece que um tal Lello - desta feita membro de família socialista - intercedeu junto do Ministério da Economia pelo Boavista, para obter mais uns beneciozinhos do IAPMEI.
Vai que a coisa tornou-se pública e afinal não há benefícios para ninguém. Desse tal Lello e da sua bondosa e honesta acção, nunca mais se ouviu falar.
Esta família pode não ser cigana, mas lá que parece...

Meras coincidências? Nã...

Parece que o advogado daquele impoluto cigano que passeava em família quando o seu filho levou um tiro do GNR fascista e xenófobo irá processar o guarda por homicídio.
É verdade: os gajos não eram ladrões nem estavam a roubar; não fugiram à GNR nem tentaram atropelar um guarda; um deles não tinha fugido da prisão há 8 anos; esse mesmo também não mentiu à polícia e ao Ministério Público, usurpando a identidade de outrem; era uma família de gente trabalhadora, honesta e simples, que conduzia (e conduzem) Mercedes. Provavelmente também não receberiam o Rendimento Social de Inserção.

Esta história, lembra-me ainda uma outra, de umas famílias também ciganas (coincidência!) que exigiam ser realojados porque não gostavam do bairro onde moravam. Queriam assim umas casas novas e argumentavam que iriam ser assassinados - pobres coitados, que vimos tão desarmados nas imagens televisivas - pelos pretos. Dessas famílias, 85% dos indivíduos de idade adulta também recebia Rendimento Social de Inserção porque - umas autênticas vítimas! - ninguém os emprega - e eles desejosos de trabalhar, como todos nós sabemos.

Duas histórias similares, passadas com indivíduos de uma determinada etnia.
Chamem-me de xenófobo, porco fascista, o que quiserem, mas insisto que a similaridade entre as duas histórias não é mera coincidência.