Confesso que não compreendo a condecoração do Presidente da República ao jornalista Tolentino de Nóbrega.
É no mínimo um paradoxo.
Sempre que foi necessário intervir na vida pública, regional, Jorge Sampaio evitou entrar em confronto com o poder local.
Agora atribui uma condecoração a quem?
Ao profissional, às notícias, ou à coragem em escrever o que mais nenhum outro jornalista publicou?
A outra interpretação, possível, é que ao atribuir esta condecoração Sampaio dá o dito pelo não dito.
Faz uma espécie de meia culpa.
Pode ser lida como um reconhecimento, ainda que implícito, de que algo vai menos bem na vida pública regional.
Será?
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
2.3.06
Condecoração
Tolentino Nóbrega será condecorado pelo Presidente da República. Mandam as regras da boa educação que o felicite, pois bem, as minhas felicitações.
As razões que levaram a este acto dizem respeito ao Presidente mas, também, a todos nós, representados pela mais alta figura do Estado. Neste contexto tenho apenas uma crítica a fazer, crítica essa que se prende com o teor das notícias por ele produzidas. A sua independência será inquestionável, pelo menos quero acreditar que assim seja e deve ser esta a premissa da minha análise, no entanto, já não consigo ver a sua equidistância. Com efeito, este jornalista foi sempre incapaz de construir uma notícia que relevasse qualquer aspecto positivo que tenha tido origem na Madeira. Todas as suas notícias, daqui enviadas, reflectiram, única e simplesmente, os aspectos menos positivos da vida regional. Esta minha afirmação resulta da tristeza que sinto quando, ao abrir as páginas do Público, vejo o nome da Madeira associado, apenas, a situações negativas. Não que essas devam ser branqueadas ou esquecidas, o que seria aceitavável e tolerável é que os assuntos regionais fossem tratados com a justiça e imparcialidade que deve reger a actividade jornalística.
A condecoração será merecida, fica o amargo resultante da incapacidade de se abstrair de aspectos pessoais e de motivações tendenciosas. O trabalho teria sido melhor se mais justo e real. Não são só desgraças, nem crimes, nem problemas, nem faltas de respeito, nem vícios. Faltaram os bons exemplos, as inovações, as antecipações e os progressos. Teria sido mais interessante se o quadro transmitido fosse mais completo.
As razões que levaram a este acto dizem respeito ao Presidente mas, também, a todos nós, representados pela mais alta figura do Estado. Neste contexto tenho apenas uma crítica a fazer, crítica essa que se prende com o teor das notícias por ele produzidas. A sua independência será inquestionável, pelo menos quero acreditar que assim seja e deve ser esta a premissa da minha análise, no entanto, já não consigo ver a sua equidistância. Com efeito, este jornalista foi sempre incapaz de construir uma notícia que relevasse qualquer aspecto positivo que tenha tido origem na Madeira. Todas as suas notícias, daqui enviadas, reflectiram, única e simplesmente, os aspectos menos positivos da vida regional. Esta minha afirmação resulta da tristeza que sinto quando, ao abrir as páginas do Público, vejo o nome da Madeira associado, apenas, a situações negativas. Não que essas devam ser branqueadas ou esquecidas, o que seria aceitavável e tolerável é que os assuntos regionais fossem tratados com a justiça e imparcialidade que deve reger a actividade jornalística.
A condecoração será merecida, fica o amargo resultante da incapacidade de se abstrair de aspectos pessoais e de motivações tendenciosas. O trabalho teria sido melhor se mais justo e real. Não são só desgraças, nem crimes, nem problemas, nem faltas de respeito, nem vícios. Faltaram os bons exemplos, as inovações, as antecipações e os progressos. Teria sido mais interessante se o quadro transmitido fosse mais completo.
1.3.06
Hipotecar a consciência
No PSD-Madeira, o professor Virgílio Pereira faz parte do restrito grupo daqueles que pensam pela própria cabeça e, sobretudo, dizem publicamente aquilo que lhes vai na alma, mesmo que, por vezes, isso seja entendido como uma “ameaça” à suposta integridade do partido.
Pereira não é, nem nunca foi, homem de jogos de bastidores. Diz pela frente aquilo que outros teimam em dizer pelas costas. Fala de forma desassombrada, porque não teme mais que a sua própria consciência.
Ao contrário de alguns que conspiram nos bastidores - ratos que abandonarão o barco ao primeiro sinal de naufrágio - Virgílio Pereira assume claramente posições que, por vezes, são incómodas. Mas fá-lo de forma honesta.
Ao contrário de outros, o professor Virgílio não é “fonte anónima” de notícias prejudiciais ao partido e a companheiros de partido.
Não promove intrigas junto de destacados membros da oposição nos corredores do Parlamento.
Não diz mal, em festas “semi-privadas” - ou “semi-públicas” como se queira - do líder do partido.
Não põe negócios à frente dos interesses do PSD-Madeira.
Alerta para situações que, se não forem corrigidas, darão cabo do partido, para contentamento de alguns que por enquanto ainda andam por lá.
Não é, enfim, sabujo praticante do oficial lambebotismo.
Pereira não é, nem nunca foi, homem de jogos de bastidores. Diz pela frente aquilo que outros teimam em dizer pelas costas. Fala de forma desassombrada, porque não teme mais que a sua própria consciência.
Ao contrário de alguns que conspiram nos bastidores - ratos que abandonarão o barco ao primeiro sinal de naufrágio - Virgílio Pereira assume claramente posições que, por vezes, são incómodas. Mas fá-lo de forma honesta.
Ao contrário de outros, o professor Virgílio não é “fonte anónima” de notícias prejudiciais ao partido e a companheiros de partido.
Não promove intrigas junto de destacados membros da oposição nos corredores do Parlamento.
Não diz mal, em festas “semi-privadas” - ou “semi-públicas” como se queira - do líder do partido.
Não põe negócios à frente dos interesses do PSD-Madeira.
Alerta para situações que, se não forem corrigidas, darão cabo do partido, para contentamento de alguns que por enquanto ainda andam por lá.
Não é, enfim, sabujo praticante do oficial lambebotismo.
Por isso, a ideia de “dispensá-lo” é, ela própria, o hipotecar da consciência do partido.
Gonçalo Nuno Santos
Post-Scriptum
Colaboro, com muito prazer e muita honra, a convite do Professor Virgílio Pereira, no Projecto Funchal 500 Anos. E fá-lo-ei enquanto ele me quiser por lá. Este texto nada tem a ver com essa colaboração, é apenas uma manifestação de respeito e simpatia para com uma figura que aprendi sempre a admirar e a respeitar. Sei que alguns, à falta de melhores argumentos, dirão o contrário. Sinceramente, estou-me a cagar para eles…
Coimbra, a Estética e a Casa da Madeira
Estive em Coimbra e conheci (salvo seja, porque apenas jantei na mesma mesa) Mário Perniola, professor da Universidade de Roma que apresentou a edição portuguesa do seu livro “O Sex-Appeal do Inorgânico”, editado pelo meu amigo João Diogo (http://www.ariadne-editora.com). A curiosidade filosófica voltou a manifestar-se e irei ler o livro deste pensador contemporâneo. Não é que a Estética seja uma disciplina que me agrade muito, não é! Mas gosto do título (às vezes é assim que descobrimos alguma coisa que gostamos).
Felicito, desde aqui, o João. É necessário coragem para publicar livros que poucos lêem. O trabalho de mediador do conhecimento não é fácil. Acredito que provoque algumas insónias. Mas vale a pena. Pelo menos para ele!
Aproveitei a minha estadia e visitei a Casa da Madeira de Coimbra e sinceramente fiquei desiludido com o que vi. O bar, um dos ex-libris da noite conimbricence continua fechado, passados 5 anos. Compreendo que o processo de (re)legalização não seja fácil (iniciei-o, portanto sei bem do que falo), mas já passaram 5 anos. E o governo regional até já disponibilizou dinheiro para as intervenções necessárias, mas segundo me disseram, faltou o projecto.
Outra coisa que me entristeceu foi a atitude de um dirigente que conheci à porta. Nunca foi fácil gerir esta associação. O pessoal é jovem, tem outros interesses, nem sempre está disposto a abdicar da sua vida em nome da Casa. Mas fico seriamente preocupado quando o vice-presidente responde da seguinte forma a algumas questões: “eu tenho exame de medicina legal no sábado, portanto até lá não sei de nada”.
Não sei quem é o rapaz! Acredito até que tenha boa-vontade. Mas convenhamos que esta não é uma resposta que se dê a um sócio (será porque não pago as quotas de sócio correspondente?). Porque se o rapazola não tem tempo, podia bem não ter aceite integrar a direcção.
Não é que este tipo de atitude seja novo. Sempre houve membros dos órgãos sociais que não se entregaram à causa. O que é novo é a forma como é assumida a atitude. Nunca tinha ouvido da boca de um dirigente, de forma tão clara e inequívoca, que se estava a marimbar para a Casa da Madeira.
Porventura é devido a esta nova forma de ser dirigente associativo que se chegou ao total abandono do bar da Casa da Madeira de Coimbra. Causa-me tristeza o facto deste espaço estar cada vez mais afastado da comunidade de madeirenses de Coimbra e até da comunidade onde se insere. O bar já foi um ponto de encontro e de partilha entre madeirenses e restante comunidade. Já foi um local de promoção da inter-culturalidade. Neste momento está morto e o óbito é atestado nos exames de medicina legal.
Espero que surja uma nova direcção, com uma nova atitude e já agora com novas pessoas. Que não se estejam a marimbar para a Casa da Madeira, só porque têm um exame de Direito.
Felicito, desde aqui, o João. É necessário coragem para publicar livros que poucos lêem. O trabalho de mediador do conhecimento não é fácil. Acredito que provoque algumas insónias. Mas vale a pena. Pelo menos para ele!
Aproveitei a minha estadia e visitei a Casa da Madeira de Coimbra e sinceramente fiquei desiludido com o que vi. O bar, um dos ex-libris da noite conimbricence continua fechado, passados 5 anos. Compreendo que o processo de (re)legalização não seja fácil (iniciei-o, portanto sei bem do que falo), mas já passaram 5 anos. E o governo regional até já disponibilizou dinheiro para as intervenções necessárias, mas segundo me disseram, faltou o projecto.
Outra coisa que me entristeceu foi a atitude de um dirigente que conheci à porta. Nunca foi fácil gerir esta associação. O pessoal é jovem, tem outros interesses, nem sempre está disposto a abdicar da sua vida em nome da Casa. Mas fico seriamente preocupado quando o vice-presidente responde da seguinte forma a algumas questões: “eu tenho exame de medicina legal no sábado, portanto até lá não sei de nada”.
Não sei quem é o rapaz! Acredito até que tenha boa-vontade. Mas convenhamos que esta não é uma resposta que se dê a um sócio (será porque não pago as quotas de sócio correspondente?). Porque se o rapazola não tem tempo, podia bem não ter aceite integrar a direcção.
Não é que este tipo de atitude seja novo. Sempre houve membros dos órgãos sociais que não se entregaram à causa. O que é novo é a forma como é assumida a atitude. Nunca tinha ouvido da boca de um dirigente, de forma tão clara e inequívoca, que se estava a marimbar para a Casa da Madeira.
Porventura é devido a esta nova forma de ser dirigente associativo que se chegou ao total abandono do bar da Casa da Madeira de Coimbra. Causa-me tristeza o facto deste espaço estar cada vez mais afastado da comunidade de madeirenses de Coimbra e até da comunidade onde se insere. O bar já foi um ponto de encontro e de partilha entre madeirenses e restante comunidade. Já foi um local de promoção da inter-culturalidade. Neste momento está morto e o óbito é atestado nos exames de medicina legal.
Espero que surja uma nova direcção, com uma nova atitude e já agora com novas pessoas. Que não se estejam a marimbar para a Casa da Madeira, só porque têm um exame de Direito.
Ventos de mudança
Como as coisas mudam...
Hoje, quase que me emocionei. Realmente, aquilo que senti foi uma espécie surpresa e embaraço. Quase inexplicável, ver o "Grande Educador da Classe Operária" a viajar da forma mais burguesa possível: na primeira fila da primeira classe. (Já agora, eu, grande aproveitador da dita mamadeira regional, sabujo ignorante cuja empresa não presta embora já exista há mais de 30 anos e, que eu saiba, só estou metido nestas coisas da política há sete, viajava em classe económica).
O paladino dos direitos do proletariado, a Joana d'Arc do PREC, aquele que empunhava o estandarte dos direitos dos trabalhadores, rendido ao capitalismo primário. Faz-nos pensar.
Não vejo nenhum atentado em defender os direitos dos que são oprimidos e que menos têm e, simultaneamente, gozar os confortos e prazeres que a vida proporciona. É uma questão de confronto de princípios, de moralidade, no mínimo estranha para quem como eu não faria algo semelhante. Que dirão aqueles que por ele foram "educados", todos os que, religiosamente, beberam as suas palavras eivadas de ódio e romantismo, os milhares que acreditaram ser possível concretizar a utopia ?
Estando nos antípodas do pensamento político por ele defendido, abominando a forma e a substância da sua luta, não deixo de sentir um certo deslento e uma mágoa contida por assistir a este fim das coisas. É testemunhar a derrota de um sonho, por muito errado que ele possa estar, um sonho por tantos acalentado.
Importa perceber o que se passou, será que ele desistiu da sua luta, julgou-a inconsequente ? ou, por outro lado, concluiu que esteve errado este tempo todo ? Baixou os braços ou viu a luz ?
Só o próprio poderá responder. As motivações de cada um só a ele dizem respeito e julgá-las leva a conclusões estúpidas e, muito raramente, acertadas.
Fica a desilusão para os seus seguidores de outrora e a frieza da constatação de que a História e o Tempo tudo corrigem e acertam.
Hoje, quase que me emocionei. Realmente, aquilo que senti foi uma espécie surpresa e embaraço. Quase inexplicável, ver o "Grande Educador da Classe Operária" a viajar da forma mais burguesa possível: na primeira fila da primeira classe. (Já agora, eu, grande aproveitador da dita mamadeira regional, sabujo ignorante cuja empresa não presta embora já exista há mais de 30 anos e, que eu saiba, só estou metido nestas coisas da política há sete, viajava em classe económica).
O paladino dos direitos do proletariado, a Joana d'Arc do PREC, aquele que empunhava o estandarte dos direitos dos trabalhadores, rendido ao capitalismo primário. Faz-nos pensar.
Não vejo nenhum atentado em defender os direitos dos que são oprimidos e que menos têm e, simultaneamente, gozar os confortos e prazeres que a vida proporciona. É uma questão de confronto de princípios, de moralidade, no mínimo estranha para quem como eu não faria algo semelhante. Que dirão aqueles que por ele foram "educados", todos os que, religiosamente, beberam as suas palavras eivadas de ódio e romantismo, os milhares que acreditaram ser possível concretizar a utopia ?
Estando nos antípodas do pensamento político por ele defendido, abominando a forma e a substância da sua luta, não deixo de sentir um certo deslento e uma mágoa contida por assistir a este fim das coisas. É testemunhar a derrota de um sonho, por muito errado que ele possa estar, um sonho por tantos acalentado.
Importa perceber o que se passou, será que ele desistiu da sua luta, julgou-a inconsequente ? ou, por outro lado, concluiu que esteve errado este tempo todo ? Baixou os braços ou viu a luz ?
Só o próprio poderá responder. As motivações de cada um só a ele dizem respeito e julgá-las leva a conclusões estúpidas e, muito raramente, acertadas.
Fica a desilusão para os seus seguidores de outrora e a frieza da constatação de que a História e o Tempo tudo corrigem e acertam.
28.2.06
Se o rídiculo matasse...
Pedro Emanuel, um sofrível defesa central do FC Porto, admitiu estar "orgulhoso" por poder representar a selecção de Angola no próximo Campeonato do Mundo.
O homem, que apenas em caso de evidente calamidade seria convocado à selecção portuguesa, nasceu em Angola e veio para Portugal com 3 anos, em 1974. E nunca mais regressou à terra onde, por acidente, veio ao mundo. Mesmo assim, diz que não se esquece das origens.
Se o ridículo matasse, o bom do Emanuel caía redondo...
O homem, que apenas em caso de evidente calamidade seria convocado à selecção portuguesa, nasceu em Angola e veio para Portugal com 3 anos, em 1974. E nunca mais regressou à terra onde, por acidente, veio ao mundo. Mesmo assim, diz que não se esquece das origens.
Se o ridículo matasse, o bom do Emanuel caía redondo...
Quo Vadis?
Para onde caminha Isidoro? Para o PSD não é de certeza, porque Roma não paga a traidores...
Muro das lamentações
As cartas de leitor do DN transformaram-se no muro das lamentações dos deputados e dirigentes do PS-Madeira. O português de alguns, contudo, deixa muito a desejar....
27.2.06
Código Da Vinci
Dan Brow vai a tribunal, acusado de plágio. Não me comove particularmente. Ainda se tivesse copiado qualquer coisita de melhor qualidade...
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