18.12.09

Ateus, agnósticos, paladinhos da laicidade: ofendai-vos!

O quê? Não
me digam
que o crucifixo
não ofende a V/ laicidade? Ou quando
é profanado
não há
problema?
Só o seu
uso ancestral
religioso
é que é
criticável
?

Casamento entre pessoas do mesmo sexo: algumas preocupações!

Ou muito me engano, ou a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo não será o passeio pela praia que muitos parecem estar convencidos.
Antes de mais, porque nem o acesso ao casamento parece ser um direito ou, sequer, um dever (logo extensível a todos os indivíduos, conforme o princípio constitucional da Igualdade, a que muitos defensores da alteração ao casamento recorrem), nem parece haver consenso relativamente à matriz constitucional do casamento. Aliás, sobre isto, basta ver o que pensam constitucionalistas como Jorge Miranda, Bacelar Gouveia, ou Paulo Otero, um dos mais prestigiados professores portugueses de Direito. Recorde-se que Jorge Miranda entende que "a Constituição define o casamento como uma união heterossexual, pois um dos pressupostos do casamento é a filiação”. Ora, não me parece que possa haver filiação numa relação entre pessoas do mesmo sexo.
Já Paulo Otero defende que "os direitos fundamentais devem ser interpretados de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH), que consagra o casamento entre pessoas de sexo diferente". Repito: Declaração Universal do Direitos do Homem (esse documento retrógado, fascista, elaborado por conservadores de direita).
Posto isto, e perante a certeza deste especialista de que "O diploma será sempre inconstitucional", pergunto-me se a coisa será assim tão pacífica, ao nível constitucional.
Por outro lado, se a própria matriz constitucional é questionável, será possível ou legítimo depurar o casamento da sua verdadeira matriz ética e cultural, que se inscreve na tradição judaico-cristã?
Mas mais, relativamente à filiação e ao direito à adopção, a pergunta que me faço é se com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo sem acesso à adopção não estaremos a ferir o documento de inconstitucionalidade, à luz do mesmo princípio de Igualdade?
E se assim for, ou seja, se admitirmos que os casamentos entre pessoas do mesmo sexo só serão efectivamente depurados de discriminação se permitir o acesso a todas as consequências (logo, levar à adopção), não estaremos nós a admitir que, afinal, os opositores tinham razão quando afirmam que a questão da filiação é uma característica do casamento, só possível entre pessoas de sexo diferente?
Mas tenho ainda muitas outras dúvidas. Por exemplo, com esta alteração, como passaremos a definir o casamento? É um mero contrato entre duas pessoas? Então poderá ser feito, mesmo que não haja sexualidade pelo meio. Certo? Dois amigos heterossexuais, para obterem benefícios fiscais, poderão casar? E porquê limitar a apenas duas pessoas? Em nome de quê? De uma tradição, de uma cultura? Não estaremos nós a discriminar outras minorias, como a muçulmana? Como definir, então, como estabelecer os limites do casamento?

Para além disto, estou em crer que muitos dos que se batem por esta causa não querem apenas defender o acesso, aos homossexuais, aos direitos a que o casamento dá acesso. Se assim fosse, não me parece que causasse tanta celeuma a realização de um outro tipo de contrato civil. Existem muitos movimentos da esquerda radical que pretendem apenas a hostilização, por questões ideológicas. Porque entendem que esta é a forma de se oporem a valores absolutos que poderão haver do outro lado. E com isto não posso compactuar nem tolero!

No fundo, o que acho é que, fruto de uma certa superficialidade conceptual e ética; de uma relatividade moral; de uma ânsia desmedida de revolucionar e acabar com tudo o que é passado; de um furacão que ser fazer-se passar por progressista, como se toda a tradição fosse negativa, está-se a abrir uma caixa de Pandora. Ontem foi o aborto, hoje é o casamento, amanhã é a adopção, tudo sem grande reflexão, tudo de uma forma repentista, arbitrária e irresponsável. Depois, o que virá?

Mas será isto tudo tão dramático, como parece que eu quero pintar? Não! Preocupa-me é esta relativização dos valores contemporânea que deixamos que se instalasse entre nós. E os maiores horrores aconteceram sempre que eticamente fomos absolutistas ou laxistas.

15.12.09

Pecadilhos há de ambos os lados

E perante todo esse aluimento que vislumbras na argumentação que não concordas, define lá o casamento? É que pecadilhos na argumentação, existe em todos os lados...

E, naturalmente, que me reconhecerás a inteligência de não cair na falácia de argumentar com valores relativos.

Para que serve a greve?

A história conta-se rápido: os donos de supermercados querem que os trabalhadores possam vergar a mola até 12 horas diárias, sem qualquer benefício, se para isso forem convocados no dia imediatamente anterior. Os trabalhadores, com a ingratidão que lhes é reconhecida, disseram: ora e os senhores querem-no lavado? Não? Então vamos fazer greve, se vocês inisitirem nessa imbecilidade.
A associação que representa o patronato faz beicinho e diz que os trabalhadores estão a fazer da greve uma arma de arremesso.
Neste ponto, apetece-nos perguntar: e o senhor achava que a greve serve para quê? Para as empresas pouparem uns trocados? É que, caro senhor, isso é lay-off, não greve.
É claro que a greve é a arma que os trabalhadores têm para lutar e repudiar as vilanias nos empresários palermas.

Tribuinal de Contas chumbou? Não há problema, que a gente contorna isso...

De acordo com uma notícia da SIC, apesar do chumbo do Tribunal de Contas a negócios para a construção e exploração de 5 autoestradas, parece que as obras continuam a toda a força. É o respeito que este governo tem pela Justiça e o perfeita noção da sua absoluta ininputabilidade. Certos estarão que o negócio far-se-á. Ainda que possa ir contra os interesses do Estado, ainda que possa ser ilegal. Triste país...

UE pede explicações sobre "Magalhães"

Afinal, parece que as dúvidas que meia-dúzia de tontinhos levantavam acerca do "Magalhães", quando eram óbvios todos os benefícios que a boa máquina traria, não eram assim tão desprezíveis. Depois da Assembleia da República, é agora a UE a pedir explicações. Pode ser que venhamos, finalmente, saber porque carga d'água não houve concurso público.

14.12.09

Sporting- Burocracia matou a paixão

Alguém soltava foguetes no fundo da rua. Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes que quebravam a rotina dos meus sete anos. Estávamos em 1982 e o Sporting era campeão e eu só descobri quando desci a rua à procura da origem da festa.

Pum, pum, pum, em cima de um muro alguém soltava foguetes, um, dois, três foguetes e eu pensei que aquele era um momento importante e que o facto de um tal Sporting ser campeão era muito importante!

Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e agora era o Joaquim Agostinho que subia o Alpe d’Huez como um foguete.

Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e o Carlos Lopes era uma flecha em 1984 e corria como o vento para a primeira medalha de ouro de Portugal, o hino tocou de madrugada e eu fiquei acordado para ver.

…, um foguete que não se ouve numa pista de 10.000 mil metros.

Pum, pum, um, dois foguetes de apelido Castro que eram Deus e o Diabo

Pum, um tiro de partida para Obikwelo

Pum, pum, pum, um, dois, três foguetes e o Acosta arrancava para a baliza do Baía, era uma fúria que se soltava.

Pum, pum, pum, um, dois três, quarenta foguetes para louvar o Jardel!

…, …,… um, dois, três minutos de silêncio para meditar sobre o eclipse de um clube.

…,…,… os foguetes só eclodem quando há paixão. No Sporting, venceram os burocratas. Aqueles que não entendem que aos clubes compete vender ilusões e não números. Que nenhum relatório e contas bem apresentado se sobrepõe a três foguetes lançados ao ar, numa tarde de domingo, que aprisionaram aquele que vos escreve. Ouvir-se-ão outra vez?

13.12.09

Ser politólogo...

Ser politólogo está hoje na moda, e saltam para as televisões e para os jornais que nem "coelhos da cartola". Os cientistas políticos ultimamente têm saído do anonimato, ou então ganharam uma nova designação. Registei no último mês (se não me falha a memória), o aparecimento de 2 politólogos na Madeira. Foi através do programa da RTP-M, "Dossier de Imprensa". Congratulo-me que apareçam novos talentos na nossa praça.
Os politólogos, ou na designação britânica, political scientists, são investigadores dos fenómenos políticos (em sentido restrito), que desenvolvem a sua actividade profissional nas Universidades e/ou Centros de Investigação.
Á medida que o programa avançava, surgiram alguma perguntas...: Enquanto politólogos quais as áreas de interesse? Qual a sua ocupação profissional? Quais as publicações que dispõem? Quais os artigos publicados nacionais e internacionais em revista de referee? Quais as comunicações apresentadas em Congressos nacionais e internacionais da especialidade? São académicos, leccionam em alguma universidade? Estão adstritos a algum Laboratório de Investigação Associado (I&D) nacional ou internacional?
Levanto estas questões, porque nem sempre se questiona, aceita-se simplesmente...
Fico a aguardar pelas próximas apresentações de "novos talentos", pelo que sei ainda faltam pelo menos meia dúzia....