20.6.08

Num mundo democrático, têm que prevalecer as regras da democracia

Digo-o desde já: a mim não me preocupam as patetices que o Sócrates diz acerca do Tratado de Lisboa, uma vez que para efeitos de construção europeia, o primeiro-ministro português tem o mesmo peso que o líder cipriota, lituano ou esloveno, ou seja, próximo do zero.
Mas preocupam-me as tentativas mal-disfarçadas dos líderes europeus de tentar mandar às malvas o desejo do povo irlandês. Sempre que falam em encontrar soluções, a mim soa-me que o que pretendem é arranjar uma manigância legal qualquer para ultrapassar o impasse que o Não irlandês impôs ao processo de ratificação.
quem defenda que o povo irlandês não tem legitimidade para sequestrar este Tratado (atenção, não são os povos europeus que estão reféns, porque a verdade é que não foram chamados a pronunciarem-se). Mas isto é que é a democracia e, por enquanto, os países europeus ainda têm soberania para fazer cumprir as suas próprias constituições. No caso da Irlanda, o povo foi chamado (e bem) a pronunciar-se e manifestou-se contra. Podemos escalpelizar os motivos para esse Não, mas a verdade é que 53% dos votantes recusaram este Tratado.
Ora, se o documento, para entrar em vigor, exige a ratificação por parte de todos os estados-membro e se nem todos o podem fazer, a solução é simples: pare-se o processo. Há dois anos a vontade dos povos holandês e francês foi respeitada: será menor a legitimidade do povo irlandês? Não imitemos o que os ingleses têm feito há séculos...
A solução que deve ocupar as mentes dos líderes e burocratas europeus tem de passar, obrigatoriamente, por um mudar de rumo. É fundamental a definição de um conjunto de regras básicas que permitam administrar eficazmente a União, mas nem a Europa está ingovernável sem este Tratado (o de Nice continua a servir perfeitamente), nem será possível aprofundar o processo de unidade europeia contra a vontade dos seus povos.
Se o que querem, acreditam e defendem é um aprofundamento da unificação europeia, então elabore-se um documento minimamente perceptível, promova-se a sua discussão abrangente em todos os estados-membro, apresente-se os motivos pelos quais é necessário e, tenho certeza, nenhum povo europeu votará contra. E se, após um processo transparente, de discussão alargada, em referendo, algum povo manifestar-se contra esse aprofundamento, então é porque ele não é possível. Se as diferenças sociais, culturais, económicas e históricas falarem mais alto, não adianta insistir num processo moribundo.
Porque a alternativa que os líderes europeus procuram a mais não vai levar do que a um lento definhar dessa unidade que juram defender, com consequências absolutamente imprevisíveis. Porque é fazendo política assim, nas costas do povo, que se reforçam os movimentos radicais.

Ainda é tempo de mudar o final

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

Elisa Lucinda

19.6.08

Tu disseste

Tu disseste "agora procuro o desígnio da vida. às vezes penso encontrá-lo num bater de asas,
num murmúrio trazido pelo vento, no piscar de um néon. escrevo páginas e páginas a tentar formalizá-lo.
depois queimo tudo e prossigo a minha busca"
Eu disse "eu não faço nada. fico horas a olhar para uma mancha na parede"
Tu disseste "e nunca sentiste a mancha a alastrar, as suas formas num palpitar quase imperceptível?"
Eu disse "não. a mancha continua no mesmo sítio, eu continuo a olhar para ela e não se passa nada"
Tu disseste "e no entanto a mancha alastra e toma conta de ti. liberta-te do corpo. tu é que não vês"
Eu disse "o que é que isso interessa?"
Tu disseste "...nada"

Eu disse "o que é que isso interessa?"
Tu disseste "...nada"

Adolfo Luxúria Canibal

16.6.08

Pura demagogia

Quando o primeiro-ministro diz que em 2009 todas as escolas terão cartão electrónico do aluno, refere-se também às escolas básicas de 1º ciclo (cuja gestão já é partilhada pelas autarquias que, por seu lado, ainda não viram um chavo do governo para a aquisição de equipamentos tecnológicos básicos, quanto mais o cartão electrónico) e de 2º e 3º ciclo, cuja gestão também se prevê ser descentralizada para as autarquias ainda antes do próximo ano lectivo? Ou, passando todos os encargos com o ensino básico para as autarquias, Sócrates fala daquelas maravilhas todas apenas para as secundárias, as únicas que para já ficam sob a alçada do Ministério da Educação?... É que ainda por cima, conhecendo a lendária má-fé nas transferências de competências para as autarquias, não me admiro nada que depois venham exigir que estas façam num ano o que a administração central não fez em 30 (nem este governo em 3) anos.
Sinceramente e para quem conhece a realidade das escolas portuguesas, todo o discurso de Sócrates não passou de mera demagogia...
Áh, e já agora, não eram apenas duas dezenas de manifestantes e não eram apenas professores. Soubemos de casos (naturalmente censurados pela comunicação social) de alunos que se recusaram a apertar a mão do primeiro-ministro. Mas deviam ser todos comunistas, estes malvados destes jovens...

ERSE ou um bando de malfeitores?!

Ora, digam-me lá se a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) não é mesmo apenas um bando de malfeitores que têm como objectivo único servir as empresas cuja actividade deviam regular?
Então, depois daquela outra proposta de aumento da tarifa da electricidade em 15%, vêm agora estes craniozinhos (não, não são as bonequinhas do Prof. Solanka, da Fúria, de Salman Rushdie) propor que os clientes cumpridores paguem as dívidas dos não cumpridores... Então, eu que pago o serviço que contratei, tenho ainda que pagar os calotes de outrem, para que a empresa não tenha prejuízo? E os senhores da ERSE acham que esta é uma proposta razoável?
Mas como se não bastasse, eis o argumento fantástico: evitar que a EDP recorra a expedientes pouco transparentes para afectar, na mesma, a dívida aos clientes cumpridores.
Então senhores da ERSE, porque raio andamos todos a pagar ordenados milionários a V/ Exas. se não para garantir que o mercado energético funciona com transparência? Para que servirão então?
Olha que estes não param de surpreender...

PS - Espero que os portugueses estejam atentos e manifestem a sua indignação por esta proposta ser sequer equacionada. Por mim, farei seguir mais ou menos o conteúdo deste post.

Centrista

Seguindo a proposta do Madeira, minha vida, fiz o teste, apresentando como resultado final centrista, a puxar para o liberal e conservador. Não sei bem o que será ser centrista (a explicação do site não me convence), mas apraz-me saber que nem nestes pseudo-testes me perfilho à esquerda. Por outro lado, as perguntas são demasiado limitadas para que nos dê um resultado sério. Não deixa, contudo, de ser divertido!

PS - Gostaria de colocar a imagem com o resultado, mas estou com um problema no Intenet Explorer e o raio do Firefox não me deixa colocar fotos.