5.12.08

Beggin

Até a mim, que não sou muito dado a pezinhos de dança, todo o corpo balança-se-me ao ouvir este som. Gosto!



Se quiser, veja e oiça mais aqui.

3.12.08

Herberto

No sorriso louco das mães batem as leves

gotas de chuva. Nas amadas

caras loucas batem e batem

os dedos amarelos das candeias.

Que balouçam. Que são puras.

Gotas e candeias puras. E as mães

aproximam-se soprando os dedos frios.

Seu corpo move-se

pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões

e orgãos mergulhados,

e as calmas mães intrínsecas sentam-se

nas cabeças filiais.

Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,

vendo tudo,

e queimando as imagens, alimentando as imagens,

enquanto o amor é cada vez mais forte.

E bate-lhes nas caras, o amor leve.

O amor feroz.

E as mães são cada vez mais belas.

Pensam os filhos que elas levitam.

Flores violentas batem nas suas pálpebras.

Elas respiram ao alto e em baixo.

São silenciosas.

E a sua cara está no meio das gotas particulares

da chuva,

em volta das candeias. No contínuo

escorrer dos filhos.

As mães são as mais altas coisas

que os filhos criam, porque se colocam

na combustão dos filhos. Porque

os filhos são como invasores dentes-de-leão

no terreno das mães.

E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,

e atiram-se, através deles, como jactos

para fora da terra.

E os filhos mergulham em escafandros no interior

de muitas águas,

e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos

e na agudez de toda a sua vida.

E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,

e através dele a mãe mexe aqui e ali,

nas chávenas e nos garfos.

E através da mãe o filho pensa

que nenhuma morte é possível e as águas

estão ligadas entre si

por meio da mão dele que toca a cara louca

da mãe que toca a mão pressentida do filho.

E por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,

e ser possível tudo ser reencontrado

por dentro do amor.

Herberto Helder

Enviado por e-mail. Gostei do presente, a sério.

2.12.08

A flor do ódio

As novelas são coisas estúpidas.
Já me tinham dito isto.
Não me recordo quem.
O tema surge na sequência da novela que estão a rodar na ilha.
Vi dois episódios. Gostei das paisagens, não gostei do enredo.
Especialmente, da intriga. Confesso que me arrepiou assistir ao ódio que vomitam do ecrã para fora. Felizmente sei as linhas gerais da construção de um argumento, mas deixa-me triste, o resultado final. Sobretudo, porque existem muitas famílias, mulheres, que seguem religiosamente cada episódio.

Há sociólogos que defendem que o ser humano é influenciado pelo contexto social onde vive. Com base neste pressuposto, acredito que muitas mulheres destroem uma vida familiar agradável, pela influência das novelas.

Inconscientemente, revelam comportamentos adquiridos, num momento de tensão em casa.

Acabem com as novelas. Já!

30.11.08

Memória do Festival

Ver cinema para mim, é alimentar a magia.

O cinema surgiu na minha vida, em simultâneo, com as grandes paixões. Os dois sentimentos - a paixão e o cinema - cresceram juntos. As desilusões também, acompanhadas de emoções cada vez mais fortes.

Isto é cinema! O resto é pipocas.

Imaginem uma mulher jovem, mas gorda. Bonita, mas cuja beleza é difícil de ver após os primeiros 10 contactos. Talvez sejam necessários anos. Ela está desesperada, para deixar de ser virgem. Esta cena aconteceu à chuva. O cenário é idílico. Género, aldeia com casas isoladas e uma floresta exuberante à volta……..Agora, juntem-lhe um chiqueiro. Porcos e a tal mulher gorda - com mais pneus que um camião - sem roupa. Ela é, uma espécie de Eva no paraíso (completamente nua) que corajosamente vai para dentro do chiqueiro. Não se esqueçam que continua a chover. Ela deita-se na lama. Lambuza-se e tem como objectivo seduzir um dos porcos para..................

O caso é verídico. Eu vi em “Kino Lika” dia 12 de Novembro de 2008, no 4º Festival de Cinema do Funchal.