19.4.07

Piada chamada Portugal

Flop!
Foi um imenso flop, a conferência de imprensa de ontem à noite da Universidade Independente (UnI). E bem-humorada, acrescente-se, uma vez que todo o país riu-se do teor das “revelações bombásticas”.
Riram-se os socialistas porque a honra do seu magnânime líder não foi minimamente beliscada, saindo mesmo reforçada. Riram-se todos os outros devido à ingenuidade socialista. Ou será que esperavam que depois da permanente troca de ameaças, com que nos brindaram nos últimos dias os dirigentes da UnI e do Governo, depois de sabermos que o Gabinete do PM adora pressionar jornalistas e órgãos de comunicação social, alguém de bom senso ainda reconheceria qualquer credibilidade àquela pálida figura que ontem nos entrou pela casa dentro? Riram-se, ainda, os donos da UnI porque esta estupenda instituição de ensino superior continuará a formar quadros técnicos do país, a bem dos seus bolsos.
Foi um fartote de rir pelo país fora. O que é bom, porque – como muito bem exemplifica a sabedoria popular – “tristezas não pagam dívidas”.

Agora, a sério!
O quid pro quo dos últimos dias, concluído com aquela surrealista conferência, deixou bem claro que alguma coisa grave existe no processo académico de José Sócrates. E que todo o Governo foi mobilizado para impedir que fosse tornado público, com especial relevo para o Ministro do Ensino Superior, que terá de engolir as afirmações de degradação pedagógica e deixar aberta a Independente.
Ninguém com dois dedos de testa acredita nesta farsa. Ninguém minimamente atento deixará de reconhecer as inúmeras contradições do processo. E ninguém aceitará serem apenas coincidências. É demasiado óbvio que nos últimos dias houve uma negociata entre Governo e senhores da UnI.
Tudo isto é grave, é gravíssimo. Por muito menos já caiu um governo em Portugal.
O facto de nenhum português, nem mesmo socialista, acreditar no primeiro-ministro enfraquece um governo que se gostaria de ver reformador. Com que moralidade esta gente continuará a exigir sacrifícios, quando todos os portugueses já se aperceberam que o primeiro-ministro não se destaca pela honestidade?
Como dizia Vasco Pulido Valente, há um Sócrates antes da Independente e outro depois. Nenhum deles me merece qualquer credibilidade, mas a este Sócrates já não há quem admita aquela arrogância moral com que o primeiro nos brindava. A este já ninguém leva a sério. E estou convencido que ninguém fala em crise porque a ninguém interessa que este governo venha a cair.

Quem fica com um sarilho entre mãos é Cavaco Silva. Se por um lado não pode enfrentar o lóbie económico que teme a crise, por outro ficará para a história como o presidente do assobio. Há um ministro cuja maior característica é proferir barbaridades: o presidente assobia! Há um líder do Governo que promete sol e dá chuva: o presidente olha para o lado e assobia! O primeiro-ministro é acusado de fraude académica: o presidente assobia.
O que vale é que todos nós gostamos de uma boa piada. E não há piada maior do que esta anedota chamada Portugal!

16.4.07

Diferenças entre mundos

Em Londres uma menina de origem portuguesa faz furor no mundo da moda desde que lhe descobriram esse extraordinário talento. A coisa vem no DN de ontem e a mãe, embevecida, orgulha-se do trabalho da sua petiz de apenas 7 anos, capaz de ganhar quase 300€ por uma sessão fotográfica de duas horas. O céu é o limite e a criança já fala muito senhora do seu nariz como se a vida fosse um qualquer conto de fadas sem retrocessos e desilusões.

Nos EUA, por exemplo, há muitas formas de mediatização infantil, prática useira e vezeira entre os americanos. São recorrentes os concursos de beleza, os desfiles de moda, os castings para séries de televisão e filmes. Desde muito novas, algumas crianças americanas são preparadas para o capitalismo predador, aguçando o seu instinto de sobrevivência na selva que é a sociedade humana. As ilusões criadas e os sonhos desfeitos são, consequentemente, apenas acidentes de percurso sem grande significado, desvalorizados pelos pais, obcecados e concentrados que estão em sair da miséria e em fazer do seu rebento um caso único e uma estrela em ascensão.

É louvável que os filhos ajudem os pais. É louvável até que os filhos contribuam à sua maneira para ajudar a família que os sustenta, os acolhe e os prepara para o futuro. É louvável ainda que um atributo possa possibilitar uma melhoria inequívoca das condições de vida das pessoas. Tudo isto é de facto louvável. Mas não percebo porque é que este fenómeno na Índia, no Paquistão, no Camboja ou no Vietname se chama exploração infantil e é condenado por todos, e por cá, neste primeiríssimo mundo, atende pelo nome de desfile de moda e é aplaudido de pé.

Pelo menos alguém se diverte...

O programa Novas Oportunidades. O Arioplano no seu melhor.

Planeta do Futebol

Por esquecimento não fiz uma referência importante: o Luís Freitas Lobo tem página na net. E chama-se, nem de propósito, Planeta do Futebol. A visitar. Sempre.