Flop!
Foi um imenso flop, a conferência de imprensa de ontem à noite da Universidade Independente (UnI). E bem-humorada, acrescente-se, uma vez que todo o país riu-se do teor das “revelações bombásticas”.
Riram-se os socialistas porque a honra do seu magnânime líder não foi minimamente beliscada, saindo mesmo reforçada. Riram-se todos os outros devido à ingenuidade socialista. Ou será que esperavam que depois da permanente troca de ameaças, com que nos brindaram nos últimos dias os dirigentes da UnI e do Governo, depois de sabermos que o Gabinete do PM adora pressionar jornalistas e órgãos de comunicação social, alguém de bom senso ainda reconheceria qualquer credibilidade àquela pálida figura que ontem nos entrou pela casa dentro? Riram-se, ainda, os donos da UnI porque esta estupenda instituição de ensino superior continuará a formar quadros técnicos do país, a bem dos seus bolsos.
Foi um fartote de rir pelo país fora. O que é bom, porque – como muito bem exemplifica a sabedoria popular – “tristezas não pagam dívidas”.
Agora, a sério!
O quid pro quo dos últimos dias, concluído com aquela surrealista conferência, deixou bem claro que alguma coisa grave existe no processo académico de José Sócrates. E que todo o Governo foi mobilizado para impedir que fosse tornado público, com especial relevo para o Ministro do Ensino Superior, que terá de engolir as afirmações de degradação pedagógica e deixar aberta a Independente.
Ninguém com dois dedos de testa acredita nesta farsa. Ninguém minimamente atento deixará de reconhecer as inúmeras contradições do processo. E ninguém aceitará serem apenas coincidências. É demasiado óbvio que nos últimos dias houve uma negociata entre Governo e senhores da UnI.
Tudo isto é grave, é gravíssimo. Por muito menos já caiu um governo em Portugal.
O facto de nenhum português, nem mesmo socialista, acreditar no primeiro-ministro enfraquece um governo que se gostaria de ver reformador. Com que moralidade esta gente continuará a exigir sacrifícios, quando todos os portugueses já se aperceberam que o primeiro-ministro não se destaca pela honestidade?
Como dizia Vasco Pulido Valente, há um Sócrates antes da Independente e outro depois. Nenhum deles me merece qualquer credibilidade, mas a este Sócrates já não há quem admita aquela arrogância moral com que o primeiro nos brindava. A este já ninguém leva a sério. E estou convencido que ninguém fala em crise porque a ninguém interessa que este governo venha a cair.
Quem fica com um sarilho entre mãos é Cavaco Silva. Se por um lado não pode enfrentar o lóbie económico que teme a crise, por outro ficará para a história como o presidente do assobio. Há um ministro cuja maior característica é proferir barbaridades: o presidente assobia! Há um líder do Governo que promete sol e dá chuva: o presidente olha para o lado e assobia! O primeiro-ministro é acusado de fraude académica: o presidente assobia.
O que vale é que todos nós gostamos de uma boa piada. E não há piada maior do que esta anedota chamada Portugal!
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
19.4.07
16.4.07
Diferenças entre mundos
Em Londres uma menina de origem portuguesa faz furor no mundo da moda desde que lhe descobriram esse extraordinário talento. A coisa vem no DN de ontem e a mãe, embevecida, orgulha-se do trabalho da sua petiz de apenas 7 anos, capaz de ganhar quase 300€ por uma sessão fotográfica de duas horas. O céu é o limite e a criança já fala muito senhora do seu nariz como se a vida fosse um qualquer conto de fadas sem retrocessos e desilusões.
Nos EUA, por exemplo, há muitas formas de mediatização infantil, prática useira e vezeira entre os americanos. São recorrentes os concursos de beleza, os desfiles de moda, os castings para séries de televisão e filmes. Desde muito novas, algumas crianças americanas são preparadas para o capitalismo predador, aguçando o seu instinto de sobrevivência na selva que é a sociedade humana. As ilusões criadas e os sonhos desfeitos são, consequentemente, apenas acidentes de percurso sem grande significado, desvalorizados pelos pais, obcecados e concentrados que estão em sair da miséria e em fazer do seu rebento um caso único e uma estrela em ascensão.
É louvável que os filhos ajudem os pais. É louvável até que os filhos contribuam à sua maneira para ajudar a família que os sustenta, os acolhe e os prepara para o futuro. É louvável ainda que um atributo possa possibilitar uma melhoria inequívoca das condições de vida das pessoas. Tudo isto é de facto louvável. Mas não percebo porque é que este fenómeno na Índia, no Paquistão, no Camboja ou no Vietname se chama exploração infantil e é condenado por todos, e por cá, neste primeiríssimo mundo, atende pelo nome de desfile de moda e é aplaudido de pé.
Nos EUA, por exemplo, há muitas formas de mediatização infantil, prática useira e vezeira entre os americanos. São recorrentes os concursos de beleza, os desfiles de moda, os castings para séries de televisão e filmes. Desde muito novas, algumas crianças americanas são preparadas para o capitalismo predador, aguçando o seu instinto de sobrevivência na selva que é a sociedade humana. As ilusões criadas e os sonhos desfeitos são, consequentemente, apenas acidentes de percurso sem grande significado, desvalorizados pelos pais, obcecados e concentrados que estão em sair da miséria e em fazer do seu rebento um caso único e uma estrela em ascensão.
É louvável que os filhos ajudem os pais. É louvável até que os filhos contribuam à sua maneira para ajudar a família que os sustenta, os acolhe e os prepara para o futuro. É louvável ainda que um atributo possa possibilitar uma melhoria inequívoca das condições de vida das pessoas. Tudo isto é de facto louvável. Mas não percebo porque é que este fenómeno na Índia, no Paquistão, no Camboja ou no Vietname se chama exploração infantil e é condenado por todos, e por cá, neste primeiríssimo mundo, atende pelo nome de desfile de moda e é aplaudido de pé.
Planeta do Futebol
Por esquecimento não fiz uma referência importante: o Luís Freitas Lobo tem página na net. E chama-se, nem de propósito, Planeta do Futebol. A visitar. Sempre.
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