"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
6.1.07
Momentos
Tal como a sua delegação regional na Madeira, o movimento “Não Obrigada” apresentou-se ao país. Porta-vozes da efeméride: o Dr. António Borges e a Dra. Maria José Nogueira Pinto que, como sabem, são dois elementos que nada têm a ver com partidos políticos. A primeira preocupação do movimento foi afirmar que o “Sim” pode custar anualmente entre 20 e 30 milhões de euros ao Estado. Não sei qual é a lógica de tratar um problema social complexo com regras aritméticas ou matemáticas. Mas como todos nós sabemos, o Dr. Borges é mais especializado em álgebra variada, em equações de segundo grau e em candidatar-se virtualmente a presidente do PSD e a primeiro-ministro do que versado em temáticas sociais. Claro que ninguém lhe passa cartão político, nem tem pachorra para o aturar porque, tirando ele e a mulher dele, já toda a gente percebeu que a presença do Dr. Borges serve mais para subtrair do que para... adicionar.
5.1.07
Sempre o sistema
O bode expiatório benfiquista para a perda do campeonato já está encontrado: o maldito do sistema. Primeiro afastaram o Veiga (uma cabala infame orientada pelo Estado contra esse arauto da pureza e da ética desportista que é o José Veiga). Agora afastaram esse pivô da acção ofensiva do Benfica, Nuno Assis, responsável por cinquenta assistências e oito golos decisivos só esta época. Não há quem aguente. Perante tanta tragédia, só falta descobrir que foi a D. Carolina que dopou o bom do Nuno Assis a mando do Pinto da Costa. Numa casa de strip. E a beber champanhe.
O Notícias II
Aproveitando-se do fechamento de um jornal o Dr. Serrão veio a público condenar a má gestão de um grupo de empresários conotados com o PSD, como se isso fosse a razão única do lamentável desfecho a que se chegou. O Dr. Serrão mostra bem a sua ignorância e a sua impreparação para assumir qualquer responsabilidade maior do que o cargo que actualmente ocupa e que lhe dá, a título excepcional, direito a carro preto e motorista nas alturas de campanha. Este tipo de alegação elucida bem a política de golpes baixos que se assume como principal estratégia de acção, ou de reacção se preferirem, do chefe desta tribo. O Dr. Serrão nunca investiu em nada na vida (com a notável excepção dos jackpots do euromilhões) e por isso não sabe como funciona o estranho mundo dos negócios e as dificuldades em que vivem muitos empresários (não confundir o grosso dos empresários com os Belmiros ou os donos de bancos). E confortavelmente também se esquece das vezes que recusou, por exemplo, falar para o Notícias impedindo alguns jornalistas de fazerem, eventualmente, um melhor trabalho.
O Dr. Serrão, por mais que finja, não gostava do Notícias, por evidentes motivos. Nem ele nem a sua actual direcção. E para ele o fechamento do jornal foi uma verdadeira satisfação sem preço. As suas lágrimas de crocodilo não passam, por isso, de uma cena acessória, carregada de hipocrisia, em que as palavras que as acompanham são como aqueles placebos farmacêuticos: inócuas e apenas para enganar patetas.
O Dr. Serrão, por mais que finja, não gostava do Notícias, por evidentes motivos. Nem ele nem a sua actual direcção. E para ele o fechamento do jornal foi uma verdadeira satisfação sem preço. As suas lágrimas de crocodilo não passam, por isso, de uma cena acessória, carregada de hipocrisia, em que as palavras que as acompanham são como aqueles placebos farmacêuticos: inócuas e apenas para enganar patetas.
O Notícias
Este caso do Notícias da Madeira é um bom exemplo da hipocrisia que muitas vezes reina na sociedade madeirense. Antes do fecho, o Notícias era mais recordado pelo dono do que propriamente pela sua primeira página, o que digamos não deixa de ser um curioso dilema. Agora, de repente, o corpo de jornalistas do Notícias era o melhor do mundo e este projecto constituía-se como uma verdadeira lufada de ar fresco no panorama jornalístico regional. Pelo menos, no dizer de muita gente indignada pelo seu fecho e que, desconfio eu, nunca comprou o jornal. Devo dizer que compreendo as preocupações corporativas. E que compreendo, acima de tudo o resto, o drama das pessoas que vão perder o seu emprego e que demonstraram sempre muito brio pela sua actividade em condições nem sempre ideais. Mas sejamos sinceros: nesta sociedade pouco instruída, a verdade é que pouca gente compra jornais (incluindo muitos daqueles que agora se indignam e que passam a vida a pedir os jornais emprestados nos cafés). E ainda menos gente lê, de facto, jornais ou qualquer outra coisa para além da legendagem de um filme de série B com o Van Damme. Se não há leitores, muito dificilmente haverá publicidade. Sem publicidade, não há receita. Sem receita, não se compensa a despesa. São regras muito simples.
Confesso que o Notícias não fazia parte das minhas leituras habituais. E, muito sinceramente, não via ali nada de transcendental que justificasse uma mudança minha e dos meus hábitos de leitura. Talvez houvesse alguns jornalistas interessantes, com algumas peças interessantes (nomeadamente na revista), mas pouco mais do que isso. Mas isso é culpa minha porque tenho de confessar também que sou um leitor pouco atento à realidade regional, apostando mais na Net (blogues e jornais), nos jornais nacionais de referência em papel e nas revistas especializadas que me chegam a casa pelo correio. Num tempo global, com a internet, a rede das redes, a concorrência pela nossa atenção é maior. E a verdade é que, e isso custa-nos reconhecer e aceitar, nesta terra não há assim tantas notícias quanto isso. Pelo menos, que eu dê por elas. E pelo menos, quando vivemos num mundo pejado delas.
Confesso que o Notícias não fazia parte das minhas leituras habituais. E, muito sinceramente, não via ali nada de transcendental que justificasse uma mudança minha e dos meus hábitos de leitura. Talvez houvesse alguns jornalistas interessantes, com algumas peças interessantes (nomeadamente na revista), mas pouco mais do que isso. Mas isso é culpa minha porque tenho de confessar também que sou um leitor pouco atento à realidade regional, apostando mais na Net (blogues e jornais), nos jornais nacionais de referência em papel e nas revistas especializadas que me chegam a casa pelo correio. Num tempo global, com a internet, a rede das redes, a concorrência pela nossa atenção é maior. E a verdade é que, e isso custa-nos reconhecer e aceitar, nesta terra não há assim tantas notícias quanto isso. Pelo menos, que eu dê por elas. E pelo menos, quando vivemos num mundo pejado delas.
NOTÍCIAS da Madeira: um abraço aos amigos!
O NOTÍCIAS da Madeira encerrou. Lamento profundamente, mas como disse o Gonçalo, essa é notícia que não surpreende, porque sempre foi reconhecido que alguns dos seus accionistas nunca quiseram apostar seriamente num projecto de comunicação social. O seu investimento passou por outros objectivos, que não o de fazer notícias. Mas essa é uma questão que terá de ser vista por quem de direito e nos lugares próprios.
Mas lamento profundamente. Iniciei e terminei a minha breve aventura na comunicação social no NOTÍCIAS. Tendo uma matriz editorial que não se conjugava com as minhas referências, aprendi a gostar de ler o matutino, bem como outros órgãos de comunicação social mais populares. A voz do cidadão anónimo também é importante, aprendi. Na sua redacção, também aprendi algumas coisas sobre comunicação, nomeadamente a perder alguns tiques e preciosismos (pretensiosos, porque não?) intelectualóides. Aprendi a escrever para o José, a Maria, o António. E essa foi uma aprendizagem pessoal importante. Mas, perdoem-me os puristas, o que acima de tudo ganhei naquela redacção foi amigos. Muitos e bons e tenho que aqui fazer justiça a eles (entre actuais e antigos trabalhadores): o Miguel Torres Cunha, o Miguel Nóbrega, a Luísa Gonçalves, a Carmo Silva, a Sónia Franco, a Carla (Chavelha), a Yvette, a Lúcia, o Paulo, são alguns dos amigos que por lá fiz. Conheci gente fantástica, como o Duarte, o Márcio, a Patrícia, o Raúl, o Lopes, o Graça, o Filipe, a Marisa. São, por isso, motivos pessoais e egoístas que me fazem lamentar o encerramento do NOTÍCIAS. Mas também lamento, pelo facto deste ser o único órgão de comunicação social de cariz popular da Madeira e defendo hoje, como sempre defendi, que existe espaço na Região para um órgão desta natureza.
Partilho do post-scriptum do Gonçalo e espero voltar a ler brevemente textos dos jornalistas que agora ficaram desempregados, pois acho que todos eles têm qualidade para voltarem a afirmar-se. Espero que não se deixem abater e que insistam no sonho de dar notícias.
Um abraço solidário a todos vós!
PS – Permitam-me este PS, mas é a amizade que me move: Miguel, o virtuoso da fotografia e da condução és tu. Portanto, bora lá, que outros retratos te aguardam!
Mas lamento profundamente. Iniciei e terminei a minha breve aventura na comunicação social no NOTÍCIAS. Tendo uma matriz editorial que não se conjugava com as minhas referências, aprendi a gostar de ler o matutino, bem como outros órgãos de comunicação social mais populares. A voz do cidadão anónimo também é importante, aprendi. Na sua redacção, também aprendi algumas coisas sobre comunicação, nomeadamente a perder alguns tiques e preciosismos (pretensiosos, porque não?) intelectualóides. Aprendi a escrever para o José, a Maria, o António. E essa foi uma aprendizagem pessoal importante. Mas, perdoem-me os puristas, o que acima de tudo ganhei naquela redacção foi amigos. Muitos e bons e tenho que aqui fazer justiça a eles (entre actuais e antigos trabalhadores): o Miguel Torres Cunha, o Miguel Nóbrega, a Luísa Gonçalves, a Carmo Silva, a Sónia Franco, a Carla (Chavelha), a Yvette, a Lúcia, o Paulo, são alguns dos amigos que por lá fiz. Conheci gente fantástica, como o Duarte, o Márcio, a Patrícia, o Raúl, o Lopes, o Graça, o Filipe, a Marisa. São, por isso, motivos pessoais e egoístas que me fazem lamentar o encerramento do NOTÍCIAS. Mas também lamento, pelo facto deste ser o único órgão de comunicação social de cariz popular da Madeira e defendo hoje, como sempre defendi, que existe espaço na Região para um órgão desta natureza.
Partilho do post-scriptum do Gonçalo e espero voltar a ler brevemente textos dos jornalistas que agora ficaram desempregados, pois acho que todos eles têm qualidade para voltarem a afirmar-se. Espero que não se deixem abater e que insistam no sonho de dar notícias.
Um abraço solidário a todos vós!
PS – Permitam-me este PS, mas é a amizade que me move: Miguel, o virtuoso da fotografia e da condução és tu. Portanto, bora lá, que outros retratos te aguardam!
4.1.07
Infelizmente, não surpreende
Por várias razões, era um projecto condenado. Por várias razões, sendo que nenhuma delas está relacionada com a capacidade dos jornalistas que lá trabalharam.
O encerramento do Notícias não surpreende. Infelizmente, não surpreende.
Post-Scriptum: Gostava de voltar a ler, brevemente, coisas escritas pela Sónia, pela Patricía, pelo Duarte, pelo Graça, pela Carla, pela Luísa...
O encerramento do Notícias não surpreende. Infelizmente, não surpreende.
Post-Scriptum: Gostava de voltar a ler, brevemente, coisas escritas pela Sónia, pela Patricía, pelo Duarte, pelo Graça, pela Carla, pela Luísa...
O Clube dos Pensadores
Está já previsto um novo ciclo do “clube dos pensadores” que pretende reunir grandes carolas portuguesas como Manuel Maria Carrilho, Luís Filipe Menezes, Garcia Pereira, Santana Lopes, Rui Sá e Álvaro Castelo Branco. Esperemos que este clube não se torne, muito sinceramente, exclusivo e que daqui não saia nenhum livro com ideias para “salvar” Portugal ou coisas mais perigosas como “compromissos”, ”conferências” ou “debates”. A maioria de nós conhece demasiado bem os políticos em epígrafe para não desconfiar do seu altruísmo, dedicação e motivação. E, claro, das suas ideias. Por isso, o melhor conselho que lhes podíamos deixar era que se abstivessem: que se abstivessem de aparecer; que se abstivessem de falar; que se abstivessem de fazer mais ciclos; e que, e se não for muito incómodo, se abstivessem mesmo de pensar. Acreditem que ninguém daria pela diferença.
Pluralidade
Amavelmente, vários amigos e conhecidos meus, enviaram-me via email um panfleto que anunciava o arranque de uma campanha regional pelo “não ao aborto”. Garantem os mentores (ou os autores da mensagem, se preferirem) que a “Plataforma Não Obrigada” é “apartidária”, “não confessional”, “plural”, e “muito abrangente que nasce da sociedade civil”. Desconheço o movimento e por isso não comento o seu aparente distanciamento partidário, a sua anunciada não confessionalidade (será que esta palavra existe?) e mesmo a sua “abrangência” ou penetração na sociedade civil madeirense. Mas quanto à suposta pluralidade de opiniões – e basta ler um dos textos introdutórios do blogue – vou ali e já venho.
3.1.07
Não, Obrigada
Será lançada amanhã a campanha regional da plataforma de defesa da vida contra o aborto "Não Obrigada". O evento, aberto ao público, decorrerá no Café Pátio, Funchal, às 18:00 horas.
A Plataforma "Não, Obrigada" é apartidária, não confessional e plural, tendo nascido na sociedade civil. Reúne pessoas, e grupos, que têem em comum os factos de serem contra a liberalização do aborto e contra a partidarização do debate.
Amanhã, a apresentação contará com a presença de Margarida Neto, antiga Alta Comissária para os Assuntos da Família.
Se defende o "não" no próximo referendo, não deixe de aparecer no Pátio.
A Plataforma "Não, Obrigada" é apartidária, não confessional e plural, tendo nascido na sociedade civil. Reúne pessoas, e grupos, que têem em comum os factos de serem contra a liberalização do aborto e contra a partidarização do debate.
Amanhã, a apresentação contará com a presença de Margarida Neto, antiga Alta Comissária para os Assuntos da Família.
Se defende o "não" no próximo referendo, não deixe de aparecer no Pátio.
2.1.07
Iam lá fazer uma coisa dessas?!
A casa da minha prima Amélia tem uma linda vista sobre o Funchal. Com um poio pós-moderno onde mais de 100 pessoas se podem abicar para ver o fogo.
Todos os anos, no dia 31, a minha tia Celeste (mãe da minha prima Amélia), prepara broas de mel e salgadinhos para mais de 100 convidados. E compra bolos rei da padaria das redondezas. E arranja um polvinho de escabeche e uma carninha de vinho e alhos. Junta, depois, umas azeitonas nuns pratos azuis muito simpáticos e uns cubinhos de queijo da Ilma numas tijelas todas catitas.
Lá pelas 8 e meia, os convidados começam a chegar. O primeiro é sempre meu primo Adriano, com o Fiat Uno de 1995. Normalmente, traz a namorada, a mãe, o pai e uma tia dele de que nunca me lembro o nome.
A festa é pimpona. Toda a gente põe uns chapéus na cabeça, joga umas bombas pá casa do vizinho, toma uns copos de espumante português, bebe wiskhy escocês e cervejinha de cá. À meia noite vê-se o fogo, mete-se passas pela goela abaixo e beija-se e abraça-se que tiver mais próximo.
Depois, o meu primo António, mais conhecido como DJ G, toma conta da aparelhagem até de madrugada e é dançar até que alguém atire uma garrafa de gás!
E é assim todos os anos.
Curiosamente, há uns tempos o meu primo Adriano (o do Fiat Uno de 95), teve uma ideia parva:
"E se a gente pedisse à televisão p'a vir cá filmar a Festa? Tem uma vista linda pó fogo e somos mais de 100... E a gente aparecia-se no telejornal"
disse ele, enquanto bebericava o que restava de uma garrafa de espumante Real Fundação, que abrira três minutos e meio antes.
"Que estupidez",
gritámos 50 em coro.
"tás mas é bêbado. A televisão não ia fazer directos para ai's notícias a partir de uma festa numa casa privada. Isso era impossível. Isso era, realmente, impossível"
sentenciou o primo Juvenal, que tem a mania das frases dificeis.
E com razão. A televisão ia lá fazer uma coisa dessas? Que ideia, a do meu primo Adriano...
Mas "pó ano há mais"...
Todos os anos, no dia 31, a minha tia Celeste (mãe da minha prima Amélia), prepara broas de mel e salgadinhos para mais de 100 convidados. E compra bolos rei da padaria das redondezas. E arranja um polvinho de escabeche e uma carninha de vinho e alhos. Junta, depois, umas azeitonas nuns pratos azuis muito simpáticos e uns cubinhos de queijo da Ilma numas tijelas todas catitas.
Lá pelas 8 e meia, os convidados começam a chegar. O primeiro é sempre meu primo Adriano, com o Fiat Uno de 1995. Normalmente, traz a namorada, a mãe, o pai e uma tia dele de que nunca me lembro o nome.
A festa é pimpona. Toda a gente põe uns chapéus na cabeça, joga umas bombas pá casa do vizinho, toma uns copos de espumante português, bebe wiskhy escocês e cervejinha de cá. À meia noite vê-se o fogo, mete-se passas pela goela abaixo e beija-se e abraça-se que tiver mais próximo.
Depois, o meu primo António, mais conhecido como DJ G, toma conta da aparelhagem até de madrugada e é dançar até que alguém atire uma garrafa de gás!
E é assim todos os anos.
Curiosamente, há uns tempos o meu primo Adriano (o do Fiat Uno de 95), teve uma ideia parva:
"E se a gente pedisse à televisão p'a vir cá filmar a Festa? Tem uma vista linda pó fogo e somos mais de 100... E a gente aparecia-se no telejornal"
disse ele, enquanto bebericava o que restava de uma garrafa de espumante Real Fundação, que abrira três minutos e meio antes.
"Que estupidez",
gritámos 50 em coro.
"tás mas é bêbado. A televisão não ia fazer directos para ai's notícias a partir de uma festa numa casa privada. Isso era impossível. Isso era, realmente, impossível"
sentenciou o primo Juvenal, que tem a mania das frases dificeis.
E com razão. A televisão ia lá fazer uma coisa dessas? Que ideia, a do meu primo Adriano...
Mas "pó ano há mais"...
Ah g'anda Governo
Os jogadores da bola, esses pobres "explorados", ameaçam fazer greve caso sejam obrigados a pagar, como qualquer contribuinte, IRS.
Curiosamente, pela maneira como a maioria joga, parece que todos os domingos são dias de greve...
O assunto, de facto, não tem importância nenhuma. Mas será tema de abertura de notíciarios e de debates nos próximos dias. Um tal de sr. Evangelista, presidente do sindicato que junta os craques do pontapé na bola, terá tempo de antena de sobra. O sr. Ministro das Finanças também. E enquanto semelhantes figuras esgrimirem os seus argumentos, ninguém se lembrará de que há coisas bastante mais significativas a acontecer. E que tendencialmente não são tão favoráveis ao Governo. O ano começa, assim, com mais uma operação de cosmética.
"Ah ganda governo que quer pôr os chulos da bola a pagar", gritará a populaça. E se calhar, tem razão.
Curiosamente, pela maneira como a maioria joga, parece que todos os domingos são dias de greve...
O assunto, de facto, não tem importância nenhuma. Mas será tema de abertura de notíciarios e de debates nos próximos dias. Um tal de sr. Evangelista, presidente do sindicato que junta os craques do pontapé na bola, terá tempo de antena de sobra. O sr. Ministro das Finanças também. E enquanto semelhantes figuras esgrimirem os seus argumentos, ninguém se lembrará de que há coisas bastante mais significativas a acontecer. E que tendencialmente não são tão favoráveis ao Governo. O ano começa, assim, com mais uma operação de cosmética.
"Ah ganda governo que quer pôr os chulos da bola a pagar", gritará a populaça. E se calhar, tem razão.
31.12.06
Alzheimer futebolístico
O futebol português está há tanto tempo parado que já nem me lembro que clube vai em primeiro.
PS: Como é mesmo o nome daquele ex-administrador do Benfica que nada tem a ver com aquele processo onde desapareceram 800 mil contos referentes àquele jogador que era do Benfica, do Sporting, do Atlético de Madrid, do Boavista e do Braga desde pequenino?
As aulas bilingues
O Dr. Louçã, um anjo imaculado, prepara-se para apresentar no Parlamento uma proposta que pretende introduzir nas escolas portuguesas o ensino bilingue (não importa a língua) para os filhos dos imigrantes. A coisa vem no Expresso (uma comédia à parte na tragicomédia que é este país) e não deixa de ser perturbadora. O Dr. Louçã, como toda a gente sabe, é conhecido por ser um comediante cáustico com uma propensão natural para explorar o drama alheio enquanto gesticula e fala com ar de pessoa bastante entendida nos assuntos que aborda. O Nuno Rogeiro, por exemplo, também é muito parecido, embora ligeiramente melhor no comentário sobre a máquina de guerra norte-americana e os seus efeitos sobre ditadores indefesos.
Mas o Dr. Louçã não é particularmente sério (já vos tinha dito que é um comediante?) e até entre a sua horda há já alguns que começam a contestar a sua inócua e interminável liderança, há demasiado tempo afundada numa espécie de limbo sabático, ao qual o efeito do excesso de haxixe não deve ser estranho. Eu confesso que prefiro o Carlos Malato às homilias do Dr. Louçã, mas como gostos não se discutem o que importa aqui é a proposta que demonstra bem a originalidade e a simplicidade desta gente. E a proposta é um verdadeiro delírio que, a ser aprovada, promoveria exactamente o contrário do que pretende combater: a dita exclusão dos imigrantes, porque toda a gente sabe que só dominando a língua é possível uma verdadeira integração no país de acolhimento.
Os guetos sociais não se combatem mantendo os excluídos numa redoma que tenha por objectivo recriar as suas especificidades e ambientes naturais, venham eles de onde vierem. Já um velho ditado dizia que em Roma sê romano. Só para a tribo do Dr. Louçã é que isto parece complicado de entender. Mas pode ser que haja esperança. Quem sabe falando uma outra língua?
Mas o Dr. Louçã não é particularmente sério (já vos tinha dito que é um comediante?) e até entre a sua horda há já alguns que começam a contestar a sua inócua e interminável liderança, há demasiado tempo afundada numa espécie de limbo sabático, ao qual o efeito do excesso de haxixe não deve ser estranho. Eu confesso que prefiro o Carlos Malato às homilias do Dr. Louçã, mas como gostos não se discutem o que importa aqui é a proposta que demonstra bem a originalidade e a simplicidade desta gente. E a proposta é um verdadeiro delírio que, a ser aprovada, promoveria exactamente o contrário do que pretende combater: a dita exclusão dos imigrantes, porque toda a gente sabe que só dominando a língua é possível uma verdadeira integração no país de acolhimento.
Os guetos sociais não se combatem mantendo os excluídos numa redoma que tenha por objectivo recriar as suas especificidades e ambientes naturais, venham eles de onde vierem. Já um velho ditado dizia que em Roma sê romano. Só para a tribo do Dr. Louçã é que isto parece complicado de entender. Mas pode ser que haja esperança. Quem sabe falando uma outra língua?
Cuidado com o ditador
A justiça iraquina matou o seu antigo ditador. Nestas coisas obituárias, e depois de vermos o morto, há sempre um sentimento que nos invade que nos faz expirar aquele inevitável “Coitado” (a minha mãe, por exemplo, ou mesmo algumas das minhas tias, soltaram um coitado demasiado prolongado que me deixou preocupado).
Nós somos assim a lidar com a morte. Ainda este ano, prestamos homenagem sentida ao Camarada Vasco e a Álvaro Cunhal, conhecidos inimigos da democracia mas reconhecidos amigos de regimes responsáveis pela morte de milhões. Sei que milhões, na linguagem estalinista, significa uma simples estatística, o que por certo deve perdoar-lhes a ousadia e a intromissão no assunto. Mas a memória, ou a falta dela, é um problema ocidental grave (pronto, reconheço que a ténue possibilidade de uma tal de Ségolène chegar ao poder na França também me deixa preocupado).
Esquecer o que Saddam verdadeiramente foi, como esquecer o que Álvaro Cunhal representou, não é apenas uma questão de memória selectiva que nós jogamos bem no fundo sempre que um actor comprometido desaparece de cena. E por uma simples razão: a homenagem ao carrasco limpa e desculpabiliza os seus actos, transformando-o em pretensa vítima. E isso, por uma questão linear e óbvia, é uma falta de respeito grosseira pelas verdadeiras vítimas: todos aqueles que às mãos do sanguinário regime morreram por simples arbitrariedade, diferença, mesquinhez ou maldade. É por eles que não devemos trair a sua memória. Nem a nossa.
Nós somos assim a lidar com a morte. Ainda este ano, prestamos homenagem sentida ao Camarada Vasco e a Álvaro Cunhal, conhecidos inimigos da democracia mas reconhecidos amigos de regimes responsáveis pela morte de milhões. Sei que milhões, na linguagem estalinista, significa uma simples estatística, o que por certo deve perdoar-lhes a ousadia e a intromissão no assunto. Mas a memória, ou a falta dela, é um problema ocidental grave (pronto, reconheço que a ténue possibilidade de uma tal de Ségolène chegar ao poder na França também me deixa preocupado).
Esquecer o que Saddam verdadeiramente foi, como esquecer o que Álvaro Cunhal representou, não é apenas uma questão de memória selectiva que nós jogamos bem no fundo sempre que um actor comprometido desaparece de cena. E por uma simples razão: a homenagem ao carrasco limpa e desculpabiliza os seus actos, transformando-o em pretensa vítima. E isso, por uma questão linear e óbvia, é uma falta de respeito grosseira pelas verdadeiras vítimas: todos aqueles que às mãos do sanguinário regime morreram por simples arbitrariedade, diferença, mesquinhez ou maldade. É por eles que não devemos trair a sua memória. Nem a nossa.
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