"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
29.9.07
Resposta para o Gonçalo
Na minha opinião, abre um interessante precedente (debate) na televisão nacional.
Quanto ao resto, vamos aos factos: O directo (exterior) demorou 1 minuto e meio. Quando a entrevista foi interrompida já ia longa. Santana já repetia ideias. Embrulhava-se em argumentos para justificar o adiamento das eleições do PSD. Toda a gente já tinha percebido a mensagem.
A realidade profissional
Em televisão é necessário ritmo. “Galopar” para não chatear o telespectador. Revelam as audiências, dizem os manuais do audiovisual. Por mais importante que seja a notícia, a entrevista, o documentário, a série, etc., etc., é necessário trabalhar bem a forma para adaptá-la ao meio. No caso concreto, à televisão.
Quantos aos critérios do que é notícia, apresentados pelo Gonçalo para sustentar o texto, reconheço que os usou de forma inteligente, mas tal como eu sei, julgo que ele também sabe, que existem outros critérios. Além disso, o jornalismo não é uma ciência nem obedece a um método fechado. Trabalha com muitas variáveis. Aliás, ninguém melhor do que ele, devido à formação académica de base, para saber do que falo.
Um outro pormenor é critérios jornalísticos, e critérios editoriais. São coisas diferentes. A SIC Notícias assume-se como um canal 100% de informação. Por este motivo, considero que a interrupção da entrevista se enquadra dentro de Livro de Estilo do canal. Se o caso fosse numa estação generalista, (RTP, TVI ou a própria SIC) compreenderia a birra de Santana.
Quanto à política, acho que estamos entendidos. Já nem tudo é política caro amigo. Infelizmente, ainda existem muitos políticos, neste país, que não perceberam isso. Julgam que o mundo gira em volta dos discursos que fazem.
O próprio jornalismo está a mudar. Já não se abrem telejornais ou blocos de informação só com política ou políticos. E a explicação é simples: - o espaço que outrora ocupavam nos meios de comunicação social e na própria comunidade, foi paulatinamente roubado por outros protagonista, que emergiram da sociedade civil.
PS - por razões técnicas, do meu computador, só agora foi possível contra-argumentar o texto do Gonçalo:- "Bem Vindos ao Circo"
28.9.07
O grande e o outro
Em vias de extinção
No Brasil um interessante debate futebolístico ocupa alguns intervenientes desportivos. Kerlon, assim se chama um jogador de futebol, tem uma finta curiosa que deixa os adversários à beira de um ataque de nervos e predispostos a cometer homicídio involuntário. A coisa é simples, pelo menos aparentemente: Kerlon entretém-se a correr pelo campo ao mesmo tempo que dá toques de cabeça ludibriando assim os adversários. É possível encontrar vídeos no You Tube que mostram o número, original e extremamente divertido. Mas o debate está animado, porque recentemente um defesa de nome Coelho, farto eventualmente do espectáculo a solo, decidiu armar-se em Fernando Couto/Bruno Alves/Lobão/Jorge Costa/Ricardo Rocha/Petit (riscar o que não interessa) e pregou violenta pancada no desgraçado do Kerlon, lesionando-o com alguma gravidade. O público vociferou contra a violência, os comentadores falaram em atentado à integridade, o Coelho queria esconder-se na toca e o homem que inventou a foca acabou a pensar na vida.
27.9.07
Porque de alarvidades o mundo ainda não está cheio, aqui vai a minha!
É óbvio que a atitude de Ricardo Costa, ao não ter assumido um pedido de desculpas, é imbecil, nada digna e pouco condizente com o cargo de director de informação.
Mas também é óbvio que não é um Estatuto do Jornalista que permite ao Governo intervir na actualidade noticiosa que irá resolver a questão. Por mais que não seja, porque provavelmente a posição de Ricardo Costa até foi subscrita por políticos "reformados" e no activo, essa belíssima casta, cuja maior ambição seria controlar a comunicação social!
Novos canais
A FOX lançou no cabo os seus novos canais temáticos: o FX e o FOX Crime. A coisa tem que se lhe diga, até porque nestes canais estão a passar coisas geniais que convém ver.
Um discurso
Sócrates foi à ONU ler umas folhas. Para começar, discursar não é fácil. E discursar também não é simples. Neste caso, a plateia era composta por gente importante e elaborar um discurso que saísse da modorra instituída era tarefa que exigia outra inteligência, coisa que às vezes não abunda na ONU. Sócrates optou pelo caminho mais acessível. Optou por atacar os Estados Unidos (um moda que estranhamente pegou), utilizando a argumentação sectária do costume que, de tão gasta, já nem devia merecer destaque. No fundo, Sócrates entendeu que falar do unilateralismo (!) e do aquecimento global lhe daria um ar de importante junto de pessoas que não lhe dão importância nenhuma. O mundo é hoje, com toda a certeza, um lugar mais feliz.
A brincar com coisas sérias
Casar a prazo e, talvez, viver e pronto
Bem vindos ao circo
O critério jornalístico (particularmente nas televisões) é um desgraçado prisioneiro das audiências. Se quisermos, sobrevive quase exclusivamente como figura de estilo. É óptimo utilizar-se o conceito para desculpar todas as idiotices com que se abrem os telejornais, sejam elas o pontapé do "Marco na Marta" - parece ficção, mas creio que alguns de vocês ainda se lembram desta autêntica pérola do jornalismo que abriu um Jornal Nacional da TVI, com direito a psicólogo no estúdio e tudo - um assalto a um banco em Moimenta da Beira que rendeu 150 euros aos "perigosos meliantes", o último episódio da novela ou a chegada de um treinador de futebol ou de uma equipa de basquetebol ou rugby.
Eu não creio que as televisões devam formar. Mas creio que devem informar com um mínimo de qualidade e rigor. O que implica a adopção de critérios jornalísticos que se sobreponham à guerra de audiências. Por definição, o "critério jornalístico" não é aquela "coisa vaga" atrás da qual se escudam os órgãos de comunicação social e os jornalistas para esconderem falhas ou omissões (propositadas ou não).
Se quisermos, e partindo da definição clássica, "critério jornalístico" deverá ter sempre em conta as seguintes condicionantes:
A notícia é:
- Importante?
- Afectará a maioria da audiência?
- É interessante?
- É nova?
- Ocorreu longe ou perto?
- É verdadeira?
- É exclusiva?
- Está de acordo com a política editorial?
Em resumo, a grelha ajuda a perceber que, actualmente, cometem-se muitas idiotices à sombra de qualquer coisa que não é, definitivamente, "critério jornalístico".
Atente-se aos exemplos do "caso Mourinho":
Dois dias depois do despedimento, a RTP abriu o telejornal e dedicou 17 minutos a Mourinho (sem que o próprio tivesse pronunciado uma só palavra). Os 17 minutos incluiram um directo de Londres que nada teve de relevante. Nesse tempo de emissão, não trouxe nada de novo ao conhecimento público. A notícia não era nova, não era exclusiva não afectava a maioria da audiência, em resumo, na grelha acima proposta (e que é consensual entre a maioria dos investigadores clássicos), nunca seria motivo para abertura de Telejornal. Muito menos com 17 minutos de emissão.
Ontem, o treinador chegava ao Aeroporto da Portela. O que era novo? a chegada, só se for. E aquele espectáculo deprimente de "fans" a acenar, a chorar desalmadamente e a dizer alarvidades pela boca fora.
A notícia não era exclusiva (estavam lá todas as televisões). Não era nova. Não era importante. Não afectava a maioria da audiência. Em resumo, não merecia, de facto, um directo.
Falando só de jornalismo, a SIC, e a audiência da SIC, perderia alguma coisa se visse a chegada do Mourinho em indeferido, alguns minutos depois de ter acontecido? Havia algo de tão relevante que obrigasse a um directo? Mourinho ia suicidar-se em público? Ia anunciar a candidatura à presidencia do Benfica? Ia dizer qualquer coisa de novo?
Segundo a definição de "critério jornalístico", o assunto mais relevante do momento a nível nacional serão as "directas" do PSD. Porque a política, quer se queira quer não, afecta a maioria - se não a totalidade - da audiência, sendo por isso interessante. Para além do mais, a entrevista de Santana era um exclusivo, tendo obviamente matéria nova para analisar e ser analisada. Em resumo, preencheria mais entradas da grelha acima colocada, para aqueles que querem fazer uma análise qualitativa.
A atitude de Santana Lopes é assim, à luz daquilo que aprendi sobre jornalismo, perfeitamente legitima e pertinente. Tanto que vai sucitar algum debate. Tal como a resposta de Ricardo Costa.
A mim, caro Angel, o que me deixa "absbélico" é a forma como alguns agentes de comunicação (sejam jornalistas, editores, chefes ou directores) permitem que o Jornalismo se transforme numa espécie de circo, que diverte mas não informa.
A BIRRA DE SANTANA.
O directo até correu mal para a SIC e para o jornalista que aguardava a chegada de José Mourinho, mas continuo a achar, tal como considerou a Direcção de informação da SIC, que era pertinente interromper a entrevista para dar a chegada do treinador.
Os portugueses dão cada vez menos importância à política. Só os políticos é que não querem ver, ou perceber, que houve uma mudança de paradigma. A confirmação do que acabo de dizer é o triste espectáculo das directas do PSD.
Não tenho dúvidas que os partidos, tal como existem, têm os dias contados. São autênticos sacos de pulgas.
Como se não bastasse, muitos dos políticos existem graças à comunicação social, que os colocou nas luzes da ribalta. Santana Lopes é um bom exemplo. Na hora da verdade, provou que valia zero.
Agora considera-se special one, quando lhe falta estatuto para….
A política será reservada aos homens (e mulheres) bons, tal como já foi num passado não muito longínquo.
26.9.07
A agora, o futuro...
Ontem, confesso, estava à espera de mais qualquer coisa. Podíamos ter vencido a Roménia, equipa que só nos é superior fisicamente.
De qualquer maneira, a derrota não ofusca a boa participação portuguesa no campeonato. A selecção foi uma equipa digna, combativa, alegre, corajosa. Tentou, em todas as circunstâncias, discutir o jogo pelo jogo, mesmo enfrentando adversários de outra galáxia (Nova Zelândia) ou de dimensão incomparávelmente superior (Escócia ou Itália). Os "Lobos" conseguiram, sobretudo, fazer com que o país olhasse para um desporto absolutamente fantástico que a paixão pelo futebol ofusca (como a todos os outros, de resto).
Espero que a partir daqui nada seja igual no Rugby português. Os primeiros números são animadores: este ano, milhares de miúdos inscreveram-se nos diferentes clubes do país para practicar a modalidade. Só o Belenenses recebeu mais de 100 novas inscrições.
A Federação conquistou patrocinadores tão importantes como a maior cervejeira portuguesa (title sponsor do próximo Campeonato Nacional), a Peugeot, a CGD (que se empenhou em comunicar o apoio à selecção), entre muitos outros.
Os primeiros jogos do Nacional terão, com toda a certeza, muito mais gente a ver. Tal como os próximos compromissos dos "Lobos".
Esperemos é que isto não se transforme num "amor de Verão", bonito, intenso, mas tão passageiro como o sol quente de Agosto. É agora necessário canalizar todo este apoio, toda esta energia, para a consolidação do número de practicantes e de equipas e para o aumento do público, mantendo sempre o interesse das televisões, verdadeiras "catalizadoras das massas" na modalidade. Para isso, são necessárias estratégias desportivas (que incluem formação de mais e melhores técnicos, árbitros e agentes desportivos) e de marketing correctas. Esperemos que a Federação as tenha. Se as tiver, pode ser que no próximo Mundial voltemos a estar presentes. E desta vez, para ganhar um jogo!
Saquinho de chocolates (baratos)
Razão têm aqueles que defendem que só há um caminho para o PSD: o aparecimento de uma terceira via que nada tenha a ver com o cavaquismo. É urgente que o partido se liberte do fantasma de Cavaco e que esse exercício permita também a eliminação de "barões" e "baronetes" que deste os tempos das maiorias absolutas dividem o PSD em feudos pessoais, que só os beneficiam a eles.
Não sou militante do Partido Social Democrata, por isso nada tenho a ver com o assunto(directamente). Mas é deprimente ver que o único partido que podia ser alternativa a este desastre chamado Sócrates entrou num beco sem saída, sendo agora pior que um albergue espanhol: um simples saquinhos de M&M's.
25.9.07
A culpa é do Cavaco!
Por isso, tento não me deixar influenciar pelos fazedores de opinião, sempre tão hostis ao PSD, recorrendo a outras fontes de informação.
Todavia - e nos últimos anos acontece com demasiada frequência -, às vezes o PSD não só merece a crítica, como também a exige.
É o que acontece com toda esta trapalhada da eleição do próximo líder. Independentemente dos jogos políticos que Luís Filipe Menezes e Marques Mendes possam estar a fazer - que são patetas e suicidários, uma vez que apenas prejudicam os próprios e o PSD -, a verdade é que o partido deveria ter muito bem definidos os procedimentos relativamente às eleições directas. E o facto de ser a primeira vez que se realizam directas no PSD não atenua a trapalhada. Num partido minimamente organizado, com regras de funcionamento claras, não existiriam dúvidas sobre quem poderia ou não votar, sempre tão prejudiciais e potenciadoras da suspeita. E a culpa do processo poder vir a arrastar-se para os dias seguintes ao dia 29 de Setembro, não será do candidato derrotado - seja quem for, nunca se poderá exigir muito mais, ou sequer que ponha os interesses do partido acima dos interesses pessoais, uma vez que ambos já demonstraram não ter capacidade para tal -, será da própria máquina que não soube antecipar e dissipar as dúvidas.
A verdade verdadinha, é que o PSD está à beira da ruptura. Passados 12 anos, sofre ainda do cavaquismo (veja-se que todos os líderes, desde 1995, foram membros dos governos de Cavaco) e do que de pior deixou no partido: uma classe política interesseira que nem profissional soube ser. Aliás, um mal que mina o PS há anos e ao qual o PSD ia resistindo.
Na minha modesta opinião, apenas quando toda esta "tralha cavaquista" (desculpa lá Vicente Jorge Silva, mas a expressão é boa!) estiver arredada da esfera do poder do PSD é que o partido se poderá regenerar e renovar. Porque o que sobra em quadros técnicos de qualidade, falta em oportunidades.
Ahmadinejad mostra o caminho
24.9.07
País progressista, com abortos e tudo
Aliás, 67% (947) dos abortos praticados desde a entrada em vigor da nova legislação, foram realizados em mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos.
Posso estar a exagerar, mas estou convencido que se fizéssemos uma análise às condições socio-economicas das grávidas que abortaram, constataríamos que afinal não são provenientes das classes sociais mais desprivilegiadas.
Por enquanto, manda-nos a prudência aguardar. Mas veremos no futuro, quando algum estudo verdadeiramente sério for feito.
Se bem que nessa altura, o aborto será já tido como um método contraceptivo perfeitamente normal e legítimo e não um procedimento de excepção que deva er combatido. E isso é o que mais me revolta!