Percebo o argumento do Vaticano, para inviabilizar a ordenação das mulheres, de que este é um domínio da Fé e não da Tradição. Ora, sendo dogma (porque proveniente das Escrituras - As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas devem estar sujeitas, como também o diz a lei" - São Paulo, I Cor. XIV, 34), a Igreja não tem a faculdade de aprovar ou revogar esta doutrina. Esta é, no domínio Religioso, uma argumentação consistente e intelectualmente válida (vista na perspectiva dos seus membros).Contudo, também sabemos que os profetas, os apóstolos e os evangelistas, como homens que foram, estavam situados geograficamente, historicamente e culturalmente. E por isso é que a interpretação do texto religioso deve feita com ponderação (não podemos/devemos ter a ousadia de querer interpretar apenas com os nossos olhos, também eles situados). Nesta exegese bíblica importa relacionar os textos, de modo a fazer emergir aquela que seria a vontade de Deus, por vezes não devidamente traduzida pelo Homem.Posto isto, parece-me que a questão da ordenação das mulheres deve ser revista à luz de uma”sobreposição” dos textos sagrados. Porque a “verdade” de Paulo é, por vezes, contradita pela prática de Jesus e pela importância que as mulheres tiveram na Sua vida.Para além disso, quando da leitura transversal dos textos sagrados não se torna evidente qualquer doutrina, parece-me que se deve ponderar sobre os eventuais malefícios, para a restante doutrina e para os dogmas, que as eventuais alterações à Tradição poderão implicar. Este deve ser um trabalho partilhado e participativo, envolvendo os teólogos, mas também os leigos, desenvolvido no ritmo que se considerar mais adequado e que nos garanta que as alterações têm razões profundas de ser e não uma cedência a caprichos modernistas.No caso da ordenação das mulheres, devemos reflectir seriamente sobre eventuais malefício que esta alteração poderá trazer à restante doutrina (e dogmas) católica.
Por mim e até ao momento, não encontrei qualquer razão para a não alteração, pelo que sou favorável à ordenação das mulheres.
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
22.4.10
As viagens da D. Inês
E o país respirou de alívio porque a D. Inês de Medeiros conseguiu que a AR suportasse as suas deslocações semanais a Paris, metrópole onde humildemente habita. A novela chegou assim ao fim e os portugueses ficaram satisfeitos por saber que a moça não vai ficar longe dos seus rebentos por uma manifesta ninharia. Afinal, e pensem bem, se ela morasse em Jacarta seria efectivamente muito pior. Boa viagem, D. Inês.
21.4.10
Patrick Watson - Take Away Show - concert de rue Part 1
Uma grande canção "filmada" por Vicent Moon. Another Take Away Show
Uma enorme diferença
Mas se o mundo continua a confiar na América, em doses menores é certo, os americanos, por seu turno, revelam não confiar na sua Administração. O problema é sempre igual: as ideias de vida americanas impõem limites à acção governamental. Os americanos desejam o Estado bem longe das suas vidas e bem longe das suas escolhas. Exactamente o contrário daquilo que pensa a grande maioria dos europeus.
A real politik
A América, de acordo com recentes estudos, tem uma imagem exterior mais positiva do que negativa. Não estranhemos, nem entranhemos. Quando 90% do mundo desejava Obama, um novo Messias, o resultado era muito superior. Não se surpreendam com a súbita e ilusória benesse. A América afinal continua a ser o que sempre foi. Mudou o protagonista, mas não mudou a estratégia. Eis a real politik.
20.4.10
Um princípio, duas soluções
Há uma diferença absurda entre os EUA e a Europa. Enquanto que por lá se deseja menos intervenção do Governo Federal e mais participação local e estadual, por cá deseja-se esvaziar o mais possível o papel político dos Estados. Eis como um princípio em teoria muito próximo, se torna alvo de duas concepções muito diferentes. Na América, não se admite que de longe se emita ordens. Por cá, nem sabemos bem.
Uma velha história
Na TSF o Fórum é dedicado ao Turismo no Al(l)garve. Pelo meio, uma senhora reclama de que os portugueses são muito maltratados nos restaurantes porque não são estrangeiros. Não sei se é bem assim, mas isto fez-me lembrar uma velha história que um amigo meu, que estudou por lá, me contava imensas vezes. Nos bares, segundo ele, o tratamento era mesmo diferenciado: a cerveja custava 100 e a Beer 500.
19.4.10
A Igreja não se estilhaça apenas por se querer
Conheço, de há muito, a animosidade que a minha amiga WOAB nutre pela Igreja Católica (aliás, apesar de pregar agnosticismo, estou em crer que nisto das religiões a WOAB é uma jacobina radical, subscrevendo a doutrina marxista de que a religião é o ópio do povo).
Contudo, não deixa de me impressionar a forma acirrada – irracional, mesmo, em minha opinião -, com que se atira à Igreja, sempre que lhe cheira a atitudes menos dignas por parte do clero (verdadeiras ou não), ou quando em causa está o conservadorismo de valores da Igreja e a defesa da Tradição, em contraposição à ligeireza que caracteriza esta pós-modernidade do individualismo hedonista.
WOAB, como os seus leitores sabem (e eu sou um grande admirador) é um alter-ego de uma mulher inteligente, culta, erudita, perspicaz, com humor refinado e uma atitude mordaz, no mínimo, apaixonante.
Mesmo quando em desacordo (oh, e acontece tantas vezes – teremos estado, algum dia, em acordo?), reconheço e invejo-lhe a racionalidade dos argumentos, a profundidade do pensamento, a intransigência na defesa das suas causas. Por isso, frequentemente, apelido-a de radical. Porque ela vai à raiz e não se limita a ficar pela rama. Outras vezes, quando a atitude é meramente provocatória (e o quanto ela gosta de ser provocadora), não deixa de nos fazer sorrir pela mordacidade e fino humor. Contudo, quando se trata da Igreja, não encontro estas características na sua argumentação, mais não sendo (pelo menos, parece-me) do que um arrazoado de palavras.
Vem isto a propósito deste texto. Sabe bem a WOAB que, neste caso, concordo que a atitude da Diocese é, no mínimo, questionável (a até aceito adjectivos mais assertivos). Contudo, partir dessa realidade circunstancial, limitada e localizada para sustentar que a Igreja é uma “instituição que se preocupa muito mais em contabilizar os talentos em ouro” é, no mínimo, pouco razoável. Porque julga o todo pela (infinitamente ínfima) parte e atribui, injustamente, aquelas características às centenas de milhar de missionários, membros do clero e leigos que, por esse mundo fora, se entregam à prática que Jesus pregou. É um "soundbit" que soa bem aos ouvidos daqueles que querem ver a religiosidade fora da vivência humana, mas não diz nada.
Também apelida a Igreja de instituição “apodrecida”. Não sei se por achar que esta instituição é dominada por pedófilos e criminosos, onde a mesquinhez, a ganância, a cobiça são os valores predominantes, ou se devido à sua prática conservadora. Quero crer que, apesar da revolta, reconhece que a sua afirmação (anterior) não é rigorosa nem está sustentada racionalmente. Por isso, acredito que aquela sua crítica tenha apenas a ver com o que ela considera ser o excesso de conservadorismo e a incapacidade da Igreja para aderir aos valores pós-modernos.
Contudo, se não estivesse tão ofuscada pelo ressentimento, seria capaz de reconhecer que não se pode esperar que as religiões sejam voláteis e que os valores pregados sejam pronto-a-consumir.
Pensará a minha amiga WOAB que o Mundo seria melhor sem a Igreja?
Num mundo em que o relativismo dos valores assume contornos absolutistas, não serão louváveis as instituições que recusam o facilitismo e assumem uma defesa coerente, também ela intransigente, de uma ética de responsabilidade?
Fazer apologia de valores como a Vida, o Amor, a Compaixão, é uma prática que a Igreja passou a outras instituições (olhem, até à República, que bebeu muitos princípios humanista herdados dos Evangelhos), mas poucos sãos os que se atrevem a manter-se fiéis. Mesmo quando em causa está a oposição aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ao aborto, à ordenação das mulheres, em causa estão valores e existe uma racionalidade e uma intransigência ética implícitas. Não é por ser uma instituição apodrecida, é porque a instituição não quer se desvirtuar.
Contudo, quer me parecer que a WOAB não reconhece nada disto. Porque no que à Igreja diz respeito, as suas ideias estão já concebidas e não está disponível para ser convencida.
Contudo, não deixa de me impressionar a forma acirrada – irracional, mesmo, em minha opinião -, com que se atira à Igreja, sempre que lhe cheira a atitudes menos dignas por parte do clero (verdadeiras ou não), ou quando em causa está o conservadorismo de valores da Igreja e a defesa da Tradição, em contraposição à ligeireza que caracteriza esta pós-modernidade do individualismo hedonista.
WOAB, como os seus leitores sabem (e eu sou um grande admirador) é um alter-ego de uma mulher inteligente, culta, erudita, perspicaz, com humor refinado e uma atitude mordaz, no mínimo, apaixonante.
Mesmo quando em desacordo (oh, e acontece tantas vezes – teremos estado, algum dia, em acordo?), reconheço e invejo-lhe a racionalidade dos argumentos, a profundidade do pensamento, a intransigência na defesa das suas causas. Por isso, frequentemente, apelido-a de radical. Porque ela vai à raiz e não se limita a ficar pela rama. Outras vezes, quando a atitude é meramente provocatória (e o quanto ela gosta de ser provocadora), não deixa de nos fazer sorrir pela mordacidade e fino humor. Contudo, quando se trata da Igreja, não encontro estas características na sua argumentação, mais não sendo (pelo menos, parece-me) do que um arrazoado de palavras.
Vem isto a propósito deste texto. Sabe bem a WOAB que, neste caso, concordo que a atitude da Diocese é, no mínimo, questionável (a até aceito adjectivos mais assertivos). Contudo, partir dessa realidade circunstancial, limitada e localizada para sustentar que a Igreja é uma “instituição que se preocupa muito mais em contabilizar os talentos em ouro” é, no mínimo, pouco razoável. Porque julga o todo pela (infinitamente ínfima) parte e atribui, injustamente, aquelas características às centenas de milhar de missionários, membros do clero e leigos que, por esse mundo fora, se entregam à prática que Jesus pregou. É um "soundbit" que soa bem aos ouvidos daqueles que querem ver a religiosidade fora da vivência humana, mas não diz nada.
Também apelida a Igreja de instituição “apodrecida”. Não sei se por achar que esta instituição é dominada por pedófilos e criminosos, onde a mesquinhez, a ganância, a cobiça são os valores predominantes, ou se devido à sua prática conservadora. Quero crer que, apesar da revolta, reconhece que a sua afirmação (anterior) não é rigorosa nem está sustentada racionalmente. Por isso, acredito que aquela sua crítica tenha apenas a ver com o que ela considera ser o excesso de conservadorismo e a incapacidade da Igreja para aderir aos valores pós-modernos.
Contudo, se não estivesse tão ofuscada pelo ressentimento, seria capaz de reconhecer que não se pode esperar que as religiões sejam voláteis e que os valores pregados sejam pronto-a-consumir.
Pensará a minha amiga WOAB que o Mundo seria melhor sem a Igreja?
Num mundo em que o relativismo dos valores assume contornos absolutistas, não serão louváveis as instituições que recusam o facilitismo e assumem uma defesa coerente, também ela intransigente, de uma ética de responsabilidade?
Fazer apologia de valores como a Vida, o Amor, a Compaixão, é uma prática que a Igreja passou a outras instituições (olhem, até à República, que bebeu muitos princípios humanista herdados dos Evangelhos), mas poucos sãos os que se atrevem a manter-se fiéis. Mesmo quando em causa está a oposição aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ao aborto, à ordenação das mulheres, em causa estão valores e existe uma racionalidade e uma intransigência ética implícitas. Não é por ser uma instituição apodrecida, é porque a instituição não quer se desvirtuar.
Contudo, quer me parecer que a WOAB não reconhece nada disto. Porque no que à Igreja diz respeito, as suas ideias estão já concebidas e não está disponível para ser convencida.
Um imprevisto
Em Inglaterra, Cameron enfrenta repentinas dificuldades. No primeiro debate a três, quem inesperadamente brilhou foi o líder dos Democratas-Liberais, Nick Clegg. Agora, com quase 30% das intenções de votos, os lib-dem são uma variável a ter em conta no tabuleiro político ainda que o sistema inglês favoreça a bipolarização fruto dos seus círculos uninominais. Chegará para Cameron?
Liga Record
A Liga Record deste fim-de-semana não foi nada de especial. O Eduardo deu um frango e foi fortemente penalizado na sua classificação final. Ainda falta entrar em campo o Carriço, pelo que só amanhã tenho resultado global da jornada. Uma certeza: devia ter colocado o Bracalli, que passou a valer 9 depois de ter defendido um penalti. O Eduardo vale 1 pelo frango oferecido. E logo agora que preciso urgentemente de pontos.
Emotividade
Na Europa, os principais campeonatos estão ao rubro com as equipas no topo muito próximas. Em Espanha, Inglaterra e Itália, os dois primeiros estão separados por um único ponto, enquanto que na Alemanha a distância está em dois. Os campeonatos vão assim avançando com muito equilíbrio e incerteza até final, aumentando a emotividade. Qualquer semelhança com a lusitana pátria é pura coincidência.
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