16.10.09

Neantilizar o ser?

Por falar em feministas, tomei conhecimento, via WOAB, de uma associação (não sei se legalmente constituída) que dá pelo nome de Feminist Philosophers.
Posso estar enganado, mas parece-me que esta é uma impossibilidade ontológica: como pode ser a filosofia alguma vez feminista? Ou machista?
A filosofia, como eu a concebo e, de resto, como acho que a própria WOAB a pensa, não pode estar amarrada a estas caracterizações de conveniência e circunstanciais. Basta, para isso lembrarmo-nos de Nietzche. Tentar colar à sua filosofia o rótulo de nazi é não só errado, como injusto e abusivo.
Aliás, radicalmente, este é um oximoro pois são dois conceitos inconciliáveis. É assim tipo a invenção de Sartre acerca do nada: como neantilizar o ser?
Assim sendo, não percebo como pode aceitar a minha amiga WOAB esta simplificação e subordinação da filosofia a um conceito (que não chega a ser sistema).

Elza Pais: feminista empedernida ou machista disfarçada?

Gostei de ver Elza Pais, presidente da Comissão para a Igualdade de Género e grande defensora da lei da paridade, nas suas novas funções de deputada, eleita pelo PS, defender o seu partido relativamente ao incumprimento da própria lei, da qual é tão zelosamente defensora. Antes, era vê-la a vociferar contra os partidos que colocavam mulheres nas listas apenas por ser conveniente e por parecer politicamente correcto. Agora, como deputada por um partido que objectivamente não cumpre as quotas (tem 29% de mulheres, quando deveria ser 33%), vemo-la, com igual zelo, defender o PS. Mas fantástica é a justificação: uma vez que os partidos apenas têm de cumprir com a quota dos 33%, apenas estão obrigados a colocar uma mulher em cada 3 candidatos. E pode acontecer serem eleitos apenas 2 (e nenhuma mulher) ou 5 (com apenas uma mulher) ou 8 (com duas mulheres), etc.
Ora, na cabeça da senhora, que tanto se bateu por esta lei (que é uma insanidade, digo eu!), desde que a aparência seja satisfeita, está tudo bem. Em rigor, para a senhora, todas as deputadas até poderiam renunciar aos seus mandatos, sendo substituídas por homens, que não haveria problema nenhum. Porque importante, foi obrigar os partidos a integrar 33% de mulheres nas listas. Ora, atitude mais machista, não poderia haver!

Câncio e o DN

Desde as eleições legislativas que o PS tem tentado fazer um ajuste de contas com o Público e com o seu director. E para quem está atento ao fenómeno noticioso, é óbvio que o Diário de Notícias tem sido o paladino desta vendetta.
O último episódio é o artigo de opinião de Fernanda Câncio, publicado hoje naquele matutino, onde a mais-que-tudo de Sócrates, ainda sobre o caso das escutas, aparece a disparar para todo o lado. Para todo o lado, alto lá! Apenas para aqueles malvados que tentaram tramar o bonzinho do Sócrates.
Ora, não me choca que o PS esteja a reclamar a cabeça de José Manuel Fernandes: era previsível, expectável e, convenhamos, o director do Público pôs-se a jeito. Também não me choca que estejam a tentar descredibilizar o jornal. A tentativa sistemática de descredibilizar aqueles que julgam ser seus opositores tem sido uma imagem de marca dos governos de Sócrates e desta gente que por ora domina o PS. Continua a ser grave, mas não é estranho.
O que me choca é que um jornal como o Diário de Notícias se preste a este papel. Na tentativa de arrasar com um órgão de comunicação social concorrente, o Diário de Notícias mostra o que vale e ao que vem. Demonstra que palavras como ética e deontologia não fazem parte do livro de estilo do jornal e foram banidas do léxico dos seus profissionais, a começar pelo seu director (será Ferreira Fernandes a única e honrosa excepção?).
Só assim se pode compreender como é que o Diário de Notícias continua a dar visibilidade a alguém como Fernanda Câncio, que faz uso da tribuna do DN para se auto-promover, para falar apenas de si própria e se auto-elogiar e para, abjectamente, fazer a defesa acrítica de todas as tontices de Sócrates, ou a apologia de todas as iniciativas políticas do PS. A senhora não é isenta, não é rigorosa, não é imparcial. A senhora mais não é do que um veículo da propaganda socialista, a lança do PS cravada na comunicação social.
Estaria tudo bem, não fosse eu ter achado, em alguma fase da minha vida que o DN até era um bom jornal. E enoja-me que esteja mergulhado nesta imundície.

15.10.09

O melhor seria dar à exploração

Apesar do que vai apregoando a máquina de propaganda socialista, a verdade é que Portugal vai sair desta crise mais tarde - e em pior estado - do que a maioria dos países europeus. E desta feita, não podemos culpar a crise internacional. A responsabilidade é inteiramente nossa.
A coisa só não será pior porque o “PS prudente” (felizmente, o PS não é apenas esta “cambada” que, pontualmente, se apoderou do partido) não permitirá os devaneios de Sócrates e impedirá a realização de todos aqueles mega-empreendimentos que prometeu durante a campanha. Apesar de serem mais promessas por cumprir, melhor assim, porque se as cumprisse seria o descalabro.
E ao contrário do que afirmam os instalados subservientes e a clientela socialista, não é com satisfação que os opositores deste governo constatam o óbvio. Lamento profundamente que Portugal não saia da cepa torta e aplaudiria qualquer governo que nos tirasse deste buraco para onde nos arrastaram. O que nos aflige – pelo menos a mim – é que não reconheço qualquer competência a Sócrates e aos seus apaniguados para nos conseguirem libertar dos grilhões da grise estrutural em que estamos mergulhados.
Ontem ouvia, na Rádio Clube, Vítor Espadinha que alto dos seus 70 anos afirmava que o melhor que havia a fazer por Portugal seria dar a possibilidade às multinacionais para fazerem um leasing: explorar durante 30 anos, com possibilidade de compra. Esta ideia naturalmente contrasta com aqueloutra de fazer um concurso público internacional para concessão da exploração, mas ambas coincidem no essencial: os portugueses não são capazes de administrar este país. E é com muita tristeza que cada vez mais constato que os “idiotas” que pariram estas “ideias absurdas” são bem capazes de ter razão!