30.9.05

As ameaças

Os comentários ao meu post anterior sucedem-se. Num tom inaceitavelmente ameaçador, procuram condicionar a minha forma de estar. Não me conhecendo, insultam-me, "aconselham-me" (alguns consiglieri não fariam melhor, um dia destes acordo com a cabeça de um cavalo ao lado, ou serei agraciado com um peixe morto envolto em papel de jornal) e ameaçam.
Se não quisesse ser comentado teria retirado a opção, não o fiz porque não me incomodam opiniões acerca do que escrevo (ainda que críticas e opostas). No entanto, gostaria de perceber o alcance dos comentários que alguns visitantes sistemáticos ?
Quererão impor regras e condutas ?
Serão guardiães de costumes ?
Queixam-se do sistema vigente na Madeira mas têm comportamentos só observados nos tempos das denúncias matreiras (observação sorrateira, postura dissimulada, mensagens de aviso veladas, ameaças envergonhadas). São livres de continuarem com esse rumo sendo que, com essa atitude provam a vossa insignificância e incapacidade de andarem de cabeça erguida e de consciência tranquila.
Não tenho por hábito cuspir, seja para onde for. Não tenho vergonha de quem sou, nem vou alterar seja o que for. Se acharem que estão correctos e que a vossa atitude deve continuar, por favor, não parem (ao contrário do que procuram insinuar e da vossa forma de agir, respeito muito todas as opiniões, posturas e formas de estar na vida, posso não concordar, mas respeito).
Peço apenas uma coisa, concretizem as insinuações e ameaças (se disso forem capazes).

Caro Colega

Compreendo a tua observação, mas não sinto necessidade de me identificar com este ou aquele partido. Mesmo na blogosfera, onde o rigor profissional, é uma quimera. A opinião e o humor negro são do meu ponto de vista, dois dos pilares fundamentais do sucesso dos blogues.

Também posso dizer-te, que através da leitura de “A Construção Social da Realidade” de Peter I. Berger e Thomas Luckmann, – (dois excelentes teóricos que escreveram este livrinho, sobre a sociologia do conhecimento) respondem, em parte, às tuas dúvidas. Não à questão.

Acima de tudo, e já deves ter reparado, cultivo a liberdade. Os partidos são, segundo o meu olhar crítico, construtores de realidades. Uma espécie de máquinas aglutinadoras do, pensamento livre, do ser humano.

Pecam neste aspecto. No entanto, têm a virtude de unir vontades, dispersas, na luta de uma causa. Nem sempre lutam pelas causas mais justas, mas isso, é outro pormenor, que me afasta do partidarismo.

Sou portanto, uma espécie de “outsider”. Que mais poderia fazer um anjo na terra?



Nota: resposta a um texto publicado na http://www.esquina-do-mundo.blogspot.com/. da autoria de Emanuel Bento com o título “O Repugnante “Salsicha Isidoro”

Naufrágio anunciado

A administração do Sporting arrisca-se a seguir viagem com o treinador. Manter Peseiro, neste momento, é injustificável. O homem já deu mostras mais que suficientes de que não está minimamente à altura de treinar a equipa principal do clube. Tem os sócios contra ele e, pior, a equipa que gere não o apoia. Se a administração da SAD não perceber rapidamente o que se está a passar, será a principal culpada pelo naufrágio. E terá de suportar as consequências.

Muito gel e poco cabelo

Parece que a carta do Dr. C. Pereira, afinal, não chegou ao destino (Conselho de Administração da RTP). Ou não foi enviada (o mais provável), ou foi mandada para outro endereço (hipótese ainda assim pláusivel).

A rábula em torno da televisão pública, com cartas prometidas e protestos anunciados nos jornais, é cada vez mais a imagem da candidatura socialista: muito espectáculo mediático e poucas ideias. Ou como diria alguém que conheço, "muito gel e pouco cabelo". O que para o caso se adequa perfeitamente.

29.9.05

A despedida

De regresso à ilha deparei-me com um espectáculo assaz comovente. O responsável máximo do Tribunal de Contas cessante, está a cumprir os últimos dias da sua espinhosa missão. Neste sentido, viajou para Madeira para a derradeira reunião com a sua secção regional. Nada disto está em causa, é legítimo. O que me chamou a atenção foi a atitude parola que rodeou este momento, a sua chegada VIP, o beijinho a todas as assitentes que se encontravam na viatura, o cumprimento a todos os passageiros que se encontravam nas seis filas vizinhas (conhecidos e, pasme-se, até os estrangeiros que por ali se encontravam), os ruídos efusivos dos colegas que o acompanhavam (parecia que viajavam de avião pela primeira vez, tal era a excitação). A juntar a este espectáculo deprimente, para minha surpresa, volto a encontrar a barulhenta delegação em faustoso almoço no Golden Gate, comportavam-se como verdadeiros adolescentes em jantar de aniversário.
Estas atitudes lamentáveis não se esgotam nos "excelsos" representantes do Tribunal de Contas, vários são os exemplos de outros trabalhadores de instituições e empresas públicas que, aquando de deslocações à Madeira, soltam o provincianismo que lhes caracteriza, prolongam as estadias para aproveitar os hotéis de 5 estrelas (a expensas da organização a que pertencem) onde ficam instalados, aproveitam para esvaziar os minibares, as tabacarias, os cabeleireiros e outros serviços extra proporcionados pelas unidades hoteleiras, não se coibindo de abandonar as mesmas, deixando esses valores por conta de outrém. este país não pode avançar quando os responsáveis pela gestão de sectores fundamentais estão impregnados desta mesquinhez. Tudo fazem por uma viagem em executiva, por uma estadia num hotel de luxo, por uma refeição melhorada para, quando chegarem aos seus círculos, brandirem esse míseros troféus.
Parolice, mesquinhez, provincianismo e, acima de tudo, desfaçatez.

Para rir

«Não vale a pena cumprir o PDM no Funchal», clama o candidato socialista Luís Vilena. E tem razão, sim senhor. É o próprio arquitecto Luís Vilena que o confirma, quando assina alguns projectos.

Já sei, coitado do rapaz, sendo socialista-novo é um santo. Tem é falta de vista e enganou-se a ler os índices de construção permitidos. Pois, é o que dá não usar óculos! Aliás, será que a candidatura contra Albuquerque não tem nada a ver com uma birra antiga, com índices de construção à mistura? Eu não sei, por isso pergunto...

E já agora, será que o candidato C. Pereira não tem já garantido um lugar em Lisboa, prometido por Maximiano, estando-se por isso mesmo a borrifar para os resultados, dizendo em privado que se ganhar é uma seca? Eu cá pergunto. Observo. E depois rio.

28.9.05

La opinion

No Diário (www.dnoticias.pt), João Isidoro, deputado do PS-Madeira na Assembleia Legislativa Regional, escreve isto sobre a candidatura do PS-Madeira à Câmara Municipal do Funchal:

"(...) as propostas dos candidatos das listas do PS-M são excessivamente despesistas e de cumprimento quase impossível;

(...) o ridículo de que se cobre quem propõe a criação de comunidades terapêuticas para toxicodependentes, sabendo-se de antemão que nenhuma Câmara Municipal tem essa vocação ou terá condições financeiras para as concretizar;

(...) a insistente demagogia com a promessa de criar mil empregos por ano através da Câmara do Funchal;

(...) a sistemática suspeição, lançada pelo líder do Partido e pelo candidato do Funchal, em relação a tudo e a todos, distribuindo acusações de corrupção sobre autarcas, empresários, funcionários da Câmara e outros cidadãos, sublinhando desse modo, uma campanha negativa que não prestigia os seus autores nem mobiliza o eleitorado para as tarefas do futuro, enfim, sobre tudo aquilo que continuo a considerar constituírem aspectos que vêm afectando perigosamente uma campanha que eu e muitos socialistas preferiam civilizada, responsável e voltada para o futuro
."

Mais palavras para quê?

Dúvida sistemática II

Era uma vez... yaU! yaU!
Só mesmo neste país!

Como é possível Portugal e a Madeira deixar fugir a Yahoo?
Como?
Como se deixa escapar um gigante da informática mundial, quando a região precisa de investimento, credível, como de pão para a boca?
Como?
Se hoje existe no território nacional uma empresa que se chama AutoEuropa, foi porque, alguém criou na altura, as condições ideais para captar o investimento.

Recordo que a AutoEuropa é actualmente responsável por 5% das exportações portuguesas. Além disso, só o volume de negócios da construtora automóvel, representa 1,2% do PIB nacional. A multinacional dá ainda trabalho a 6 mil portugueses, entre empregos directos e indirectos.

Há anos que os ilustres políticos deste país, atacam sistematicamente, o Centro Internacional de Negócios da Madeira. As críticas são de todos os partidos. Começam no BE e encerram, à boca pequena, no CDS/PP. Infelizmente, nunca perceberam que ao atacarem a praça madeirense, estão a dar tiros nos pés.

É só fazer as contas. Com a não fixação da Yahoo na Madeira, Portugal acaba de perder 70 milhões de Euros, só em impostos directos. Nesta estimativa não estão contabilizadas as perdas de postos de trabalho, as mais valias da fixação de mão-de-obra, altamente qualificada; o fluxo de negócio que uma empresa como, a yahoo gera na economia, etc., etc.

Desconheço se houve um real, interesse, em o gigante Norte-americano fixar-se na Madeira. Mas, se existiu, é imperdoável que por causa de uma diferença de, mais 2% do IVA, o milionário negócio tenha sido abortado. Ou a história está mal contada, ou, é melhor fechar o país para obras.

Quem ganha com esta asneira?
Neste caso específico, a praça luxamburguesa. Nos outros investimentos não executados na Madeira? Todas as restantes praças, por uma simples razão. Se o negócio não for realizado em Portugal, é noutro; -( gosto desta expressão) - denominado paraíso fiscal, qualquer, que existe no mundo.

27.9.05

Dúvida sistemática I


Gostava que alguém explicasse, porque é que este Verão, praticamente, só “pegou lume” no concelho da Calheta?
Mais concretamente na Fajã da Ovelha. Cerca de 50% da área desta localidade, foi completamente consumida pelas chamas. As telecomunicações foram curtas. Faltou a electricidade e algumas casas estiveram em perigo.

Quase ninguém soube. Apenas os que sofreram na pele, o drama das chamas.

O mais engraçado é que isto aconteceu, na área de actuação – concelho - do “presidente da liga portuguesa dos bombeiros madeirenses”, ou algo do género. Além deste, importante cargo, tem outros. São tantos, que é difícil acertar na nomenclatura correcta.

26.9.05

Habituem-se

Alvalade XXI. Ontem à noite. Vitória magra. Jogo sofrido. Assobios. Lenços brancos. Piropos sortidos. Desespero.
O ano passado houve um campeão que mantinha toda a gente satisfeita com penaltis e livres inexistentes, jogos de qualidade duvidosa e vitórias quase sempre tangenciais. Valia tudo. E valeu tudo. Inclusive promover jogos no Algarve.
Mas do outro lado da segunda circular moram adeptos mais exigentes, mais refinados, e que sabem bem quanto custa ver ao vivo um desafio de futebol. Vai daí exigem: e exigem qualidade, exigem espectáculo, exigem coragem, exigem fantasia. Esta é a grande diferença. Pena que todos os adeptos do mundo não sejam iguais aos do Sporting. Como diria o outro: "habituem-se". Afinal, já não basta ganhar. E depois?

Divagando sobre a Joana

Parece nítida a aproximação de Joana Amaral Dias (JAD) ao PS. Desde que saiu de deputada, atirada para uma difícil eleição em Santarém, que JAD anda um pouco afastada da política e da súcia bloquista. A excepção é o blogue que mantém com Medeiros Ferreira e Bettencourt Resendes, mecanismo sempre útil para não se ser esquecido principalmente quando se anda pelo estrangeiro. Mário Soares pode por isso representar o seu patrono na entrada para a ala mais radical do PS onde prontifica um dos seus delfins, Sérgio Sousa Pinto, actual deputado europeu, compagnon de route e co-autor de um inenarrável “diálogo [de surdos] de gerações”.

A Alemanha

""Desde há três décadas que a Alemanha é vítima de uma implosão demográfica de características suicidas", escreveu em Die Welt o historiador Michael Stürmer, antigo conselheiro de Helmut Kohl. Cita o francês Yves-Marie Laulan, autor de Allemagne, chronique d"une mort annoncée (2004), que profetiza: "Este país está em vias de morrer, como economia, como nação, como povo. Mas não o sabe. Nem os vizinhos. Porque o mal é invisível. É um desmoronamento demográfico velho de trinta anos, que corrói a economia, as capacidades de defesa, as forças vivas e a sua vontade de viver."
O problema é europeu, mas particularmente agudo na Alemanha, Itália, Grécia e Europa de Leste, que já registam saldos demográficos negativos. Se a globalização é o mais aparente factor de crise, a demografia é a grande ameaça do Continente."

"A Alemanha soube adaptar-se à globalização. Reemergiu no ano passado como primeiro exportador do mundo. Graças às deslocalizações. Mas produz mil desempregados por dia. A taxa de desemprego atinge 12 por cento da população activa. A política de reformas precoces ou o "despedimento temporário" aos 50 anos criou milhões de inactivos. Hoje, afirma William Drozdiak, do Council on Foreign Relations, apenas estão a trabalhar 26 milhões de alemães, suportando um país com uma população de 82 milhões. É insustentável."

"À escala da UE, o número de pessoas em idade laboral por pensionista desceria de 3,5 em 2000 para 1,8 em 2050. Por si só, a mudança demográfica impõe a reforma do estado-providência, tal como políticas de natalidade e de integração dos imigrantes.
O problema não é apenas europeu. Também o Japão registou em 2004 um saldo demográfico negativo. Os Estados Unidos são quem melhor resiste, através de uma imigração selectiva: 11 por cento dos cidadãos americanos nasceram no estrangeiro."

Excertos do artigo de Jorge de Almeida Fernandes, no Público (apenas para assinantes) de 25 de Setembro de 2005