9.6.05

O Pedro era um mágico

O Pedro era um mágico. Escondia a bola dentro de uma cartola e jogava de fraque. E transformava o campo num palco. Atirava bolas que eram facas (e que fugiam, no último instante, ao corpo do guarda-redes). O Pedro era um mágico. Tinha uma varinha de condão que criava flores azuis na monotonia verde das tardes de domingo.

O Pedro iludia escondendo lenços no corpo (e dando-lhes a incrível forma de bolas de futebol). Fingindo adivinhar as cartas que ele próprio marcara com a tinta invisível dos prodígios. Atravessando paredes de pernas e de braços. Lentamente. E lentamente, o Pedro levantava o braço direito. E acendiam-se as luzes. Com graça, o Pedro agradecia. E abandonava o palco deixando as flores azuis. E ouvia os aplausos que se perdiam na distância dos sentidos. E guardava a caixa mágica e a varinha e os pós de prilim-pim-pim e a cartola. E saia. Lentamente. Porque o Pedro era um mágico.

Post-Scriptum: A direcção do Sporting não percebeu que o futebol não é um imenso somatório de números. E que por isso é necessário manter aqueles com quem os adeptos se identificam. E que podem enquadrar quem chega. É pena que sigamos aos maus exemplos, e que não olhemos para aqueles que andam à nossa frente. No Porto, seria impossível tratar um capitão de equipa como o Pedro Barbosa foi tratado.

8.6.05

O regresso


Lomu está de volta. Para gáudio de todos os que adoram este extraordinário desporto, eis um exemplo de um super-homem ou pequeno deus. Bem-vindo.

As mulheres dos socialistas II

Entre as mulheres socialistas, a briga está ao rubro. Por entre votos mal contados e indecisão periclitante quanto à vencedora, e de acordo com o Público de hoje, as duas putativas candidatas a presidente das mulheres socialistas acusam-se e digladiam-se numa guerrilha de contra-informação à procura do melhor posicionamento possível para uma eventual vitória na secretaria. Chega-se ao cúmulo de ambas apregoarem vitória por margens mínimas: num caso 50 votos, noutro pouco mais de 80. Por entre a trapalhada geral, e a ameaça de uma guerra civil, um pormenor, de pouca monta, salta à vista e necessita de urgente resposta: afinal, o que as faz assim tão diferentes dos homens?

7.6.05

É sim

Para os defensores do sim, e para os indecisos, nasceu o É sim. Com Marcelo Rebelo de Sousa. Deixo-vos o endereço:

http://esim.eu.com/

6.6.05

Al "ca..."

Há quem compare Jardim a Fraga Iribarne, histórico presidente da Xunta (Governo Autónomo da Galiza). E a verdade é que existem pontos em comum entre os dois. Desde logo o fervor autonomista, a longevidade política, a forma como combatem o poder central de Madrid e de Lisboa.

A falta de paciência que têm para lidar com notícias desfavoráveis é, com certeza, outra das características comuns. Senão atente-se a este exemplo: hoje, Fraga mandou "al carallo" (substitua-se o al pelo para o, e um l por um h e temos a a expressão correcta em português) o rival na luta pela presidencia do Executivo Galego, Anxo Quintana.

Quintana tinha acusado Iribarne de só conhecer a Galiza a partir do interior do carro oficial. E o líder histórico não esteve com meias medidas. Curiosamente, não há notícia de que alguém tenha pedido a intervenção do Rei de Espanha...

A "estória" foi publicada hoje pelo "Faro de Vigo". Pode ser lida em www.farodevigo.es .

5.6.05

As mulheres dos socialistas

Duas mulheres disputaram a liderança de uma coisa com o sugestivo nome de Mulheres Socialistas: uma moça de 32 anos e uma menos moça de 45. Desconheço o tipo de fauna que participa activamente neste jogo de aberrações e desconheço também o resultado das eleições deste programa da vida real. Mas ao recordar meia dúzia de notícias saídas sobre o assunto (incluindo um inenarrável artigo publicado a semana passada num jornal de referência) não me lembro de uma única ideia da D. Sónia Fertuzinhos ou da D. Maria Manuela Augusto para bem do país ou para bem do Partido Socialista. Minto: uma ideia parece habitar nestas mentes brilhantes o que, acreditem, não sendo pouco, é pelo menos raro. Mas espantem-se, porque a ladainha é a costumeira e a ideia não é original: passa pela pedincha de lugares de destaque em listas que dêem tachos bem remunerados, numa proporção apontada para os 30% mas que aparentemente tem de chegar aos 50. Claro que pelo meio vocifera-se qualquer coisa sobre ética, participação igual entre sexos, oportunidades, capacidades e outras coisas do género que soam bem e que são politicamente correctas. Conhece-se a táctica. Pessoalmente conheço mulheres que gostam muito de evocar a sua condição feminina. Mas nada como ganhar na secretaria aquilo que, normalmente, não se consegue ganhar dentro de campo. Acreditem que é mais fácil, é mais simples e dá muito menos trabalho.

Descriminações

O Público lançou na semana passada uma nova colecção de DVDs dedicada à II Guerra Mundial. Hoje consegui comprar o segundo volume, já que o primeiro nem vê-lo. De acordo com três vendedores, o primeiro volume, o primeiríssimo, não foi distribuído na Madeira. Coisa recorrente, ao que sei. Ao que sinto. As promoções quando chegam, chegam tarde, é certo e sabido. Com sorte, no dia a seguir. E às vezes nem chegam, como este caso específico demonstra. Apenas mais um exemplo sintomático: o primeiro número da revista Atlântico foi distribuído gratuitamente a nível nacional com uma das edições do Público de Março (ou na última quinta-feira ou na última sexta, não estou bem certo). Ainda hoje, o famigerado número um cá não aterrou. Nem mesmo pagando num qualquer quiosque é possível obtê-lo. E assim, primeiro número, e de acordo com um email que recebi entretanto da Atlântico, só mesmo encomendando. Descriminações sem sentido.