4.10.07

Coimbra


Definitivamente, Coimbra tem mais encanto quando já lá não se vive. Felizmente, é tempo de matar saudades...

Sem-vergonha elevado ao cubo

Agora foi o primeiro-ministro que não achou importante dar uma palavrinha aos portugueses sobre as acusações de João Cravinho.
Será que esta gente fez um pacto de silêncio? Compreendo que não tenham nada de interessante para dizer, mas ia sendo tempo de darem algumas justificações ao país. Ao que parece, acham que não têm esse dever. Democratas, estes senhores...

Principado da Pontinha II

Mas o bom do Renato, que de burro não tem nada, já pediu, ao que parece, uma avaliação à Christies. É que se não for possível a criação de um principado, será sempre possível a venda a um preço bastante superior aos 9.000 contos investidos na sua aquisição.
Chamem-no de louco, ora pois...

Se bem que, e agora a sério, acho que já vai sendo tempo do Forte passar para a propriedade da Câmara Municipal do Funchal. Seria uma boa prenda a todos os funchalenses, por ocasião das comemorações dos 500 anos. Fica aqui o repto!

Principado da Pontinha

Ó Renato, onde é que arranjas essa droga? É que eu também quero!

Para quem se assustar com o tamanho do texto, apenas um aperitivo: o bom do Renato quer criar um principado no Forte de São José.

Se quiser juntar-se à causa, ou simplesmente conhecer o local, clique aqui. Aconselho vivamente a visita virtual.

Assim que for possível, eu estarei na linha da frente na defesa deste novo país. Afinal, considero-me cidadão do principado, uma vez que já lá quase vivi (ou dormi!). Sou um Cavaleiro do Amor de pleno direito!

Liberdade para o Principado da Pontinha. Já!

3.10.07

Não se lhe pode dar uma marretada?!

Desemprego? Onde?!

O senhor ministro, que não se sabe bem o que anda a fazer, continua a desvalorizar a subida da taxa de desemprego. Porque para o senhor ministro, são apenas uns 8%.
O que senhor ministro não sabe, é que 8% significa quase 500 mil pessoas desempregadas. Pessoas que são pais e mães de família. Quem têm contas para pagar no final do mês.
O senhor ministro parece, também, não saber que a taxa só não é maior, porque os dados do IEFP e do INE não têm em conta os estagiários e os POC, que representam uma força de trabalho sem a qual o país parava. Parece, também, não saber, este senhor que alguém fez ministro, que dos restantes empregados, são às centenas de milhar aqueles que têm vínculos laborais precários. Mas para este senhor, nós vivemos no melhor dos mundos... Afinal, a taxa de emprego está apenas nos 8,4%!

Bons exemplos continuam

Mas esta treta é moda?

E os democratas socialistas: em que buraco andam enterrados?

Áh pois é...

"A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer. "Quem? ", perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue viver com ele mesmo? A própria música: "Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além..." era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim. Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração : O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada. Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos: Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos. Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção. Confesso, senti-me velho... Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft. Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo "Moleculum infanticus", que não existiam antigamente. No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de "terno" nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse. Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração "rasca"... Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos. Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo. Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta. Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos. Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada." (Nota: ...os chocolates não eram gamados no "Pingo Doce"... Ainda se chamava "Pão de Açúcar"!!!)"

Nuno Markl

2.10.07

O inenarrável futebol português

Enquanto uns se entretêm a falar de arbitragens, esquecendo-se confortavelmente dos jogos em que são beneficiados, o futebol português mergulha numa espiral quase sem retorno. Não me lembro de um arranque com tanta falta de qualidade, de emoção e de golos. Chegou-se ao ponto em que ver um filme do Oliveira ou assistir a um jogo com o Boavista são boas medidas contra a insónia e a certeza de uma plateia deserta.

Em Portugal, as derrotas ou os empates inesperados são sempre justificados com os erros da arbitragem, como se fosse possível absolver os restantes intervenientes das suas responsabilidades. Os jogadores nunca são maus, os dirigentes são sempre os melhores do mundo, os treinadores uns sábios de eleição que vêem a sua imbatível táctica esbarrar no homem do apito e noutras forças ocultas. A mediocridade infelizmente tomou conta do futebol tuga e tornou-o um desporto demasiado caro para o triste espectáculo proporcionado. Seja a que preço for.

Olhem bem para as transmissões televisivas do campeonato português e perguntem-se como é possível que equipas como o Boavista, o Paços de Ferreira, a Naval, a União de Leiria, o Leixões ou mesmo a Académica militem na primeira liga? Como é possível que treinadores como Jaime Pacheco, José Mota ou Paulo Duarte tenham carteira de treinador se visivelmente as suas equipas são a antítese do futebol? Eu sei que parece radical, mas nós, enquanto público, não podemos engolir tudo o que nos oferecem, apenas contentes com o facto do nosso clube ser campeão ou simplesmente ficar na primeira liga. A nossa conivência tem muito que se lhe diga e é cúmplice da situação instalada. E nós, novamente enquanto público, temos de ser os primeiros a exigir: a exigir qualidade, a exigir emoção, a exigir espectáculo, a exigir golos. Tal e qual como o fazemos quando assistimos a eventos de outra natureza. Quando estes pressupostos se encontrarem reunidos, teremos mais gente nos estádios, maiores audiências televisivas, mais publicidade e receitas e mais dinheiro disponível para investir em melhores jogadores e treinadores.

Eu não quero apenas dois ou três clubes a jogar à bola. Quero que todos, pelo menos, lutem pela vitória, que procurem o golo, que não vivam obcecados à frente da baliza. Eu quero que no fim dos jogos, os jogadores fiquem estafados e o público cansado, não da monotonia, mas do ritmo louco imposto por uma bola que não parou de mexer.

Enquanto isso não acontecer, os árbitros continuarão a ser os únicos responsáveis pelo actual estado de coisas, já que os dirigentes passam impunes, os treinadores mudam de clube e os jogadores se limitam a cumprir as instruções de técnicos fracos, cujo único horizonte é uma tabela classificativa.

Que alguns nos queiram permanentemente atirar areia para os olhos é uma coisa; que o povo do futebol, se limite, sonolento, a esfregar os olhos, é outra. E bem diferente.

PS1: apesar dos erros, não tenho nenhuma dúvida de que Pedro Henriques é o melhor árbitro português.

PS2: em 48 jogos já disputados, registaram-se 22 empates na primeira liga, sendo a maioria deles a zero ou a um. Num outro patamar, em 48 jogos, marcaram-se 92 golos o que perfaz uma média inferior a dois golos por jogo. Sintomático.

1.10.07

Pluralidade de opiniões


Acusam a Conspiração de não ser plural. Mais plural do que isto, que causou isto e isto e isto e isto e isto? É que esta pluralidade de opiniões, por vezes nem se encontra em blogs diferentes, quanto mais num só blog.

Daqui

Temple of love

Este foi um fim-de-semana de nostalgia. Jogatana na Luz, jantar e convívio na faculdade, onde, para cúmulo, ouviu-se alto e em bom som esta pequena maravilha. Ora, recostem-se, puxem de um cigarrinho e relembrem...

"(...) With the fire from the fireworks up above
With a gun for a lover and a shot for the pain
You run for cover in the temple of love
Shine like thunder, cry like rain,
And the temple of love grows old and strong
But the wind blows stronger cold and long
And the temple of love will fall before
This black wind calls my name to you no more (...)"


Fotografia de Kazuyoshi Nomachi/Corbis.

Falha... Onde?

De repente, parece que a lagartagem foi roubada na Luz. O que eu vi foi o Pedro Henriques ter deixado passar em claro duas faltas cometidas na grande área do Sporting.

Mãozinhas

Está a decorrer uma manifestação de polícias em Lisboa, que envolve centenas de agentes da autoridade e o telejornal do Canal 1 abre com uma mais que provável e expectável condenação da raptora de Penafiel. Jurem lá que não há aqui uma mãozinha do Governo, jurem...

Sem vergonha

O ministro da Administração Interna, numa bela demonstração do seu espírito democrático, comenta a manifestação da ASPP com um contundente: "Muito obrigado e muito boa tarde!"
É impressão minha, ou a sem-vergonhice deste governo começa a utrapassar os limites do tolerável?

Sobre o assunto em apreço

Ponto prévio: não vi a entrevista de Santana Lopes, nem vi a sua saída do estúdio. Mas apetece-me dizer o seguinte:

1- Uma entrevista tem, pelo menos, dois intervenientes: um entrevistado e um entrevistador. Se o convidado responde de forma sonolenta ou atabalhoada não é por demais frisar que cabe ao jornalista, enquanto agente activo, preparar-se para evitar que tal aconteça. O bom jornalista é aquele que encontra falhas e incongruências no discurso e é aquele que é capaz de fazer as perguntas certas no momento certo, tentando evitar que o entrevistado fuja às questões. Isso exige investigação, preparação, paciência.

2- Os políticos são maus em Portugal? Talvez sejam na sua maioria. Sócrates chegou a Primeiro-Ministro e Santana já lá esteve. Se calhar, exemplos elucidativos do estado a que isto chegou. Mas como em todo o lado, e em todas as profissões e actividades, há bons e maus políticos, há bons e maus jornalistas. Os políticos apenas reflectem a face do verdadeiro país que somos: uma enorme mediocridade que vive há 200 anos dentro do mesmo logro. Os jornalistas, como todas as outras classes profissionais, são tão culpados como os políticos. No fundo, fazem parte da mesmíssima sociedade. Querer ilibar-se desta evidência só pode ser uma questão de má-fé ou de suprema arrogância.

3- Quanto aos novos protagonistas que emergem na sociedade civil, tenho sérias dúvidas se a troca compensa. Abrir telejornais com socos na cara de futebolistas, com despedimentos milionários, com a mãe que matou a filha à pancada, com a criança que muda de família constantemente ou ainda com o desaparecimento de uma menina inglesa (meses inteiros nisto), revela bem o estado actual e as prioridades e objectivos do jornalismo português. Já sei que me vão dizer que é isso que o povo quer ver e ouvir. Gostos infelizmente não se discutem. Talvez seja por isso que há meses que não vejo um telejornal e, para ser sincero, nem dei pela diferença. E, devido à idade, já prefiro não entrar em grandes cavalgadas.

4- Mourinho já tinha avisado que não faria nenhum comentário à sua chegada. Este período de nojo foi imposto pelo próprio por respeito aos treinadores que se sentiam ameaçados pela sua disponibilidade e para estancar alguma especulação que, nestas coisas, é sempre exagerada.

5- Considero por isso que Santana fez bem e que deu uma bofetada num certo tipo de jornalismo que pensa que vale tudo. Para alguns, ainda não vale.

6- Para o fim, apenas uma pergunta: se o convidado se chamasse António Costa será que tinham interrompido a entrevista?

Circo II

Já vejo futebol há alguns anos, mas o "pontapé na bola lusitano" consegue sempre surpreender-me. É que nunca tinha visto um árbitro anular uma decisão de um auxiliar sem ter visto o lance. O inacreditável aconteceu no Benfica-Sporting e beneficiou os mesmos que, dias antes, tinham evitado a eliminação da Taça da Liga com um pénalti que só o assistente viu e que o árbitro assinalou, como de resto lhe competia... Confuso? Não, é Portugal e o futebol português...

Estamos conversados

"Em televisão é necessário ritmo. “Galopar” para não chatear o telespectador. Revelam as audiências, dizem os manuais do audiovisual".

A frase foi retirada da resposta do Angel. Foi escrita por ele. E demonstra claramente a nossa diferença de concepções: Eu ainda acho que o jornalismo de qualidade não se deve guiar pelo "nível" de audiências previsível de uma determinada peça ou de uma determinada matéria, mas sim pela importância e relevância das mesmas. O Angel acha o contrário. Estamos conversados.