17.10.08

Palhaçadinhas, palhaçadas e palhações!

À excepção de algumas noções económicas (área que assumo que domina, atendendo à minha total ignorância e - porque não dizê-lo? - desinteresse), Carlos Pereira já nos demonstrou que há poucas outras áreas que domine. Educação não é, definitivamente, uma delas, atendendo aos totais disparates que às vezes manda ao ar.
Carlos Pereira também já nos mostrou que tem uma certa dificuldadezinha em debater ideias e argumentos. À falta deles, vai de: habituem-se! Mas também já nos tinha habituado que o que gosta mesmo é de lançar umas farpelas mais ou menos generalistas, totalmente acríticas, sem que dê sequência à troca de ideias. É um estilo de se estar na blogosfera como outro qualquer.
Por isso, importa-me pouco, porque não sou seu (e)leitor (usual).
Este post vem apenas a propósito do tal habituem-se e das palminhas que bate (Carlos Pereira) e muitos outros socialistas ao programa Magalhães, ainda que existam muitas perguntas - que, ao que parece, não incomodam - sem respostas.
Ora, para além de termos sido informados que o Ministério da Educação (ME) anda a "sugerir" que as autarquias paguem o acesso à Internet (com uma despesa média anual de 300,00€ ano/máquina - não é um desperdício, seria um roubo e um rombo de dimensões monstruosas), não é que também soubemos o que entendem a Intel e o ME como formação? Ao que parece, no entender destas duas instituições, para rentabilizar este PC basta ensaiar umas musiquinhas de louvor ao programa! Entoam-se loas, que é como o líder quer e já está!
Então é isto que Carlos Pereira e outros denominam de qualidade governativa? É para isto que gostariam de ser alternativa na Madeira? É que se é isto que querem, obrigado, mas para mau, está bem como está!

16.10.08

Canções de que gosto (muito)

Os Índios da Meia Praia

Zeca Afonso

Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faco
De Montegordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré
Quando os teus olhos tropecam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe ve pecas de oiro
Caindo na lota
Quem aqui vier morar
Nao traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrario é tolo
E se a ma lingua nao cessa
Eu daqui vivo nao saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos indios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura
Tubarao de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleicões acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas nao por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta financa
Fazem tudo andar para tras
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e criancas
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrario é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hao-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada

PS: Alguém dizia-me ontem: E não é que a porra da canção é actual como tudo? Xiça...

Arengam-me há anos que vamos voltar aos tempos dos totalitarismos. Começo a acreditar... Que Deus nos acuda! Inda a banda vai na estrada!

15.10.08

Este país não é para velhos, não: é para patetas!

No ano passado, também estes senhores que desgovernam esta nação prometiam que a inflação seria inferior aos aumentos salariais, garantindo que os funcionários públicos não perderiam poder de compra. Foi o que se viu e agora: ah e tal que foi a crise internacional, mas agora é que é!
O que estes senhores esquecem é que não têm qualquer tipo de credibilidade. Esse capital, há muito que desbarataram. Mas continuam alguns patetas alegres a aplaudir.

O hiato que separa a propaganda de Sócrates e a realidade

Manoelinho coloca muito bem a questão: passando a propaganda, o que é que fica?

Magalhães: para quê, para quem e até quando?

Para além da fraude que parece não incomodar os socialistas portugueses sobre a originalidade do PC Magalhães, relativamente a este programa há várias questões que o governo parece não querer responder e que parece mesmo que ninguém quer colocar:
1. o programa será apenas para este ano, ou manter-se-á no futuro? Por exemplo, como é que será no próximo ano lectivo? Está garantido que todas as crianças que entrem no 1º ciclo do ensino básico terão a mesma oportunidade?
2. A resposta à questão anterior é fundamental, por forma a que se determine que equipamentos deverão ser adquiridos pelas e para as escolas. Se o Estado oferece PC's, continua a fazer sentido investir em salas TIC? Não será um desperdício?
3. Se for para se manter, que custos acarreta? Há viabilidade e sustentabilidade, ou será uma mera medida avulso puramente eleitoralista?
4. As medidas do QREN abertas para a Educação privilegiam investimentos integrados, que prevejam o equipamento tecnológico. Onde é que deve ser feito o investimento?
5. Está a ser dada formação aos docentes por forma a puderem rentabilizar esse recurso no processo ensino-aprendizagem? Para que serve, se nem as famílias nem os docentes conseguirão orientar as crianças ? (Quem segue o processo das TIC em educação sabe que a orientação das crianças de tão tenra idade é fundamental. Por isso é que o Estado e a União Europeia investem fortunas em programas como o Seguranet.)
6. O Ministério da Educação quer que sejam as autarquias a assegurar o pagamento dos acessos à Internet, no âmbito da Acção Social Escolar. Foram ouvidas as autarquias, relativamente a este custo adicional que o governo lhes quer imputar? E se a verba for a mesma, onde é que se vai cortar: no material didáctico, no equipamento contra a chuva e contra o frio ou na alimentação?

É que parece muito bem falar-se em Plano Tecnológico de Educação e aplaudir-se medidas deste tipo. A questão é saber se as medidas terão algum efeito prático. Mas isso já é pedir muito, a muitos (passe a redundância) acéfalos que por aí proliferam.

14.10.08

Afinal o gajo é mesmo bom I

Só faltou chamá-lo de pai...

Afinal o gajo é mesmo bom

Aqui há uns tempos atrás, o Miguel Fonseca escreveu um post, com o mesmo título que eu agora usurpei, para retratar a sua opinião sobre o deputado Carlos Pereira e a sua actividade parlamentar.

Independentemente da opinião que eu possa ter sobre o seu trabalho político, serve o presente post apenas para acrescentar que o gajo não é apenas bom em economia e finanças.
Afinal, o gajo também é mesmo bom em exigir para si a liberdade que quer negar aos outros, conforme bem provam as suas invectivas contra Luís Filipe Malheiro (LFM). Veja-se aqui, aqui, aqui e aqui, e muitas mais, ao longo de todo o seu blogue.

Ora, era só o que faltava que fosse cerceada a liberdade de expressão ao cidadão LFM apenas porque é funcionário da Assembleia Legislativa Regional. Desde que este não use de informação confidencial acedida pela função que desempenha - e não me parece ser o caso -, o LFM tem todo o direito de expressar a sua opinião sobre política, economia, o PS, as flores do Jardim da Madre Teresa, o que quer que seja e o que lhe dê na real gana.
E ao deputado Carlos Pereira, que afinal é mesmo bom, ficaria bem que debatesse ideias e não atentasse contra a liberdade de outrem. Porque para quem tanto reclama por verticalidade, elevação e dignidade no debate político, as suas atitudes - das quais os seus textos são exemplares - não revelam o político da excelência moral e hombridade que tem tentado desesperadamente se fazer passar.
O que o gajo parece não saber é que para se ser mesmo bom, é preciso saber conviver com a crítica e reconhecer aos outros aquela mesma liberdade que reclamamos para nós próprios. Ou pretende o deputado Carlos Pereira, quiçá imbuído no espírito que prolifera no país, que o LFM seja despedido por delito de opinião?

E para que não me acusem de apenas manifestar a minha indignação porque se trata de um vil e ignóbil ataque à liberdade de expressão de um dirigente do PSD, lembro que já me manifestei noutras alturas sobre o direito à liberdade de expressão de outros bloggers, nomeadamente manifestando a minha solidariedade ao Emanuel Bento aquando do seu despedimento do Diário de Notícias ou ao amsf, sobre aquele patético voto de protesto apresentado pelo PSD da Madalena do Mar.

13.10.08

Herberto

se me vendam os olhos, eu, o arqueiro! acerto

em cheio no alvo porque o não vejo:

por pensamento e paixão,

ou porque foi tão sentido o vento a luzir nos botões dos salgueiros,

como se atirasse do outro lado do vento,

ou na solidão de um sonho,

ou como se tudo fosse o mesmo: flecha e alvo  –

e

cego

acerto em cheio:

porque não quero

Herberto Hélder. Está no novo livro.

Este país não é para velhos

Ainda não o tinha lido. Li-o de supetão este fim de semana e aconselho-o a toda a gente: Este País não é Para Velhos, de Comarc MacCarthy.

Já tinha visto o filme. Mas a prosa de McCarthy é absolutamente arrasadora. Não sou daqueles que acham que o livro é sempre melhor que o filme. Há casos e casos mas neste caso a palavra escrita ganha por KO, embora eu seja o primeiro a reconhecer que a adaptação dos Irmãos Cohen, com Tommy Lee Jones, Javier Bardem ou Woody Harrelson, é excelente.

Canções de que gosto (muito)

The Passenger

by Iggy Pop

I am the passenger
And I ride and I ride
I ride through the citys backside
I see the stars come out of the sky
Yeah, theyre bright in a hollow sky
You know it looks so good tonight
I am the passenger
I stay under glass
I look through my window so bright
I see the stars come out tonight
I see the bright and hollow sky
Over the citys a rip in the sky
And everything looks good tonight
Singin la la la la la-la-la la
La la la la la-la-la la
La la la la la-la-la la la-la
Get into the car
Well be the passenger
Well ride through the city tonight
See the citys ripped insides
Well see the bright and hollow sky
Well see the stars that shine so bright
The sky was made for us tonight
Oh the passenger
How how he rides
Oh the passenger
He rides and he rides
He looks through his window
What does he see?
He sees the bright and hollow sky
He see the stars come out tonight
He sees the citys ripped backsides
He sees the winding ocean drive
And everything was made for you and me
All of it was made for you and me
cause it just belongs to you and me
So lets take a ride and see whats mine
Singing...
Oh, the passenger
He rides and he rides
He sees things from under glass
He looks through his windows eye
He sees the things he knows are his
He sees the bright and hollow sky
He sees the city asleep at night
He sees the stars are out tonight
And all of it is yours and mine
And all of it is yours and mine
Oh, lets ride and ride and ride and ride...