2.2.08

Eu, pecador, me confesso

O homem providência, esse misto de D. Sebastião e Maria de Lurdes Modesto, anda a ser perseguido. E eu, desgraçadamente, acreditei na cabala. Ai, pobre de mim!

Garanto-vos que mandarei rezar trinta e três avé-marias pelo amado e impoluto líder. Será a parte visível do preço a pagar pelo meu pecado. E flagelar-me-ei, na cela onde me prenderem, ao som da música de Vangelis, gritando o Acto de Contrição...Ah, chorarei lágrimas de arrependimento, vil criaturinha que fui! E ensurdecerei (é o chamado efeito Vangelis)!

Obrigado, ó Cláudio, por me fazeres ver a Luz!

1.2.08

Com a cidade aos pés

Escrevo com Lisboa aos pés. Estou sentado junto à muralha do castelo de São Jorge e daqui vejo o Rossio, o casario da cidade pombalina, as feias torres das amoreiras e a ponte, a espaços a ponte, envolta numa cortina de névoa.

Daqui oiço a cidade. Ou as milhares de cidades que percorrem à pressa as avenidas.Que enchem o metro. Que correm para o rio. Que vagueiam loucas pelas esplanadas. Que cantam na rua. Que vivem devagar. Que correm. Que mentem. Que falam a verdade.

As cidades brancas que se fecham nos escritórios das Avenidas Novas. As cidades negras que inventam o sol nas periferias. As cidades ilegais que vagueiam a medo à volta do Teatro grande.

Daui vejo o Rossio...

Post-Scriptum: o tipo que inventou a net portátil é um génio...

Um chico-esperto

Sócrates é um chico-esperto. Um aldrabaozeco que aproveita a seu favor as imperfeições do sistema. É a imagem fiel de um Portugal pequeno, com pouca moral e menos carácter. Uma figura a quem um conjunto de erros históricos deu a possibilidade de ser primeiro-ministro.

Sócrates limita-se a ser o rosto dos nossos males. Não a sua causa.

Post-Scriptum: quem se quiser dar ao trabalho de ler o Público de hoje constatará uma de duas coisas: ou a acusação de assinar projectos que não eram dele (Sócrates) durante dez anos é verdadeira, perfigurando-se assim uma situação de crime; ou a acusação é falsa e os ditos projectos são mesmo da autoria do engenheiro, demonstrando uma manifesta incompetência (basta olhar para as fotografias).

Evocação


Evoca-se hoje o centenário do assassinato D'El Rei D. Carlos e do Príncipe Herdeiro D. Luís Filipe. Como a História comprovou, o 1 de Fevereiro de 1908 foi um dia negro para Portugal.

Foi o passo decisivo para a implantação de um regime corrupto, que cerceou as liberdades individuais vindas, algumas, das Guerras Liberais. A Primeira Republica, com os seus excessos e desmandos, abriu as portas aos 50 anos de obscurantismo do Estado Novo.

A História não se faz com hipóteses, mas arrisco-me a dizer que com um regime monárquico, Portugal teria, muito mais rapidamente, chegado à Democracia. Não seriam necessários 65 anos de disparates.

A reabilitação da memória de D. Carlos, talvez o melhor estadista da Dinastia de Bragança, não está completa embora, 100 anos depois, a História "oficial" comece a olhar D. Carlos de forma mais correcta.

Aconselho vivamente a biografia escrita por Rui Ramos.

Deve ser impressão

O Rudy abandonou a corrida... Tal como o Jonh Edwards no lado dos democratas. É impressão minha, ou a América perdeu os seus dois melhores candidatos?

Um ministro por engano?

A história corre nos meandros políticos de Lisboa. O novo ministro da cultura é o resultado de um equívoco do gabinete do Primeiro Ministro. Parece anedota, mas não é. Eu explico:

Confirmada a saída da anterior titular, Sócrates deu ordem ao seu gabinete para contactar, e convidar para o cargo de Ministro da Cultura, António Pinto Ribeiro, antigo director artistico da Culturgeste. Pois bem, seguiram-se os inevitáveis telefonemas que, infelizmente, acabaram por ir bater ao telemóvel de um outro Pinto Ribeiro. Mais concretamente, José António Pinto Ribeiro, advogado, com poucas (ou nenhumas) ligações à Cultura, para além de ser advogado de Joe Berardo (administrador da Fundação nessa qualidade) e dos... Gato Fedorento.

Feito o convite, não houve maneira de dar a volta à situação. O bom do António Pinto Ribeiro ficou à espera de uma nova oportunidade e o advogado José António Pinto Ribeiro tornou-se, de um dia para outro, Ministro da Cultura de Portugal.

Juro-vos que esta rábula circulava hoje na Assembleia da Republica e nos círculos políticos. Mesmo aqueles mais próximos do PS.

Não sei se será verdadeira ou não. Mas lá que se fala do assunto...

31.1.08

Praga

Há instantes vinha para casa e estava uma chuvinha muito miudinha.

Confesso que gostava que não existisse pára-brisas no carro.
Queria que a chuva me perfumasse o rosto para sentir o calor do Inverno.

Há muitos dias que não chove!
Há meses que não oiço as gotículas de água tombar do telhado!
Neste momento para escutá-las é necessário fazer silêncio.
………………………………
……………………………………………

Caem com intervalos de horas. Nada que se aproxime das outras vezes, que corri para fugir da chuva.

Recordo-me de uma vez. Estava sentado à porta do Inverno, no início do Verão e foi bafejado com uma tromba de água.
Ainda tentei resistir, mas era tanta que desisti. Cheguei a casa molhado.

De outra vez, dei a minha mão e juntos, desviamo-nos como sapos das poças de água.

Estávamos a fugir do Inverno.

Caso, hoje fosse possível, enfrentava uma tempestade para sentir a chuva.

Infelizmente não chove, e tu não existes, para realizar o meu sonho.

30.1.08

Carta aberta a Carlos Pereira

Caro colega blogger,

antes de mais, deixe que manifeste a minha estranheza pela forma como lançou o seu desafio.
Como sabe, na Conspiração às 7 existem vários bloggers, que frequentemente têm opiniões distintas sobre a realidade, pelo que o texto a que se refere apenas me compromete a mim, que o escrevi. Sabe, também, que todos os textos são assinados, pelo que me pareceu pouco urbano da sua parte não referir o nome do blogger cujos textos foram pretexto para o seu post. A referência "o conspiração" não me parece adequada, uma vez que não foi "o conspiração" que esteve activo na crítica ao governo da República. Todavia, a forma como trata os outros é uma questão que apenas lhe diz respeito a si.

Em segundo lugar, deixe que concorde consigo: efectivamente, a actividade dos outros bloggers e de outros blogs não é algo que lhe diga respeito. Mas deixe que lhe manifeste o meu prazer em registar a sua presença por cá. É sempre muito bem-vindo, ainda que para criticar e reconheço-lhe a si, como a todos os restantes leitores dos meus posts, legitimidade para comentar, fazer observações ou criticar. Tenho me situado neste horizonte teórico, na blogosfera, e ainda não tive qualquer razão para mudar.

Quanto à questão central do meu post e que motivou o seu desafio, deixe que, preliminarmente, lhe diga duas coisas:
1. a minha principal motivação foi fazer uma brincadeira com base na marca "Allgarve";
2. mantenho que esta marca foi uma das maiores patetices que vi até hoje e que apenas beneficiou a empresa que a criou.

Mas já que as razões para esta minha posição não parecem ser claras, passo a enumerar algumas:
1. A marca "Algarve" está consolidada no mercado do turismo há já muitos anos e, como sabe, é até utilizada ilegalmente por nuestros hermanos que promovem o turismo da Andaluzia com base na brand portuguesa;
2. A nova marca pode gerar confusão nos potenciais turistas;
3. Allgarve, a dizer alguma coisa, apenas o faz aos turistas britânicos, uma vez que o prefixo é um inglesismo. Nada diz aos portugueses, espanhóis, franceses e alemães, que, a par com os britânicos, constituem os principais consumidores da marca. Assim sendo, é quase ofensiva para todos estes potenciais clientes;
4. Para qualificar uma oferta ou até um conceito não é necessário reinventar a designação da marca. Todas as grandes marcas reinventam-se, sem alterarem o que as identificam verdadeiramente. Allgarve nada diz sobre a qualificação da oferta que se pretendeu fazer.
5. Apenas é necessário criar brands artificiais, quando não ainda não existe uma natural (com todo o potencial da marca Algarve);
6. Por último, corre-se o risco dos estrangeiros deixarem de (re)conhecer a designação correcta da região e acontecer o que já acontece com o Porto (Oporto), por exemplo. Não é grave, mas não me parece que devamos incentivar as incorrecções. Diz-se que a marca não muda o nome da região, mas ver-se-á o que acontecerá dentro de alguns (poucos) anos. Veremos se continuarão a escrever algarvios em vez de allgarvios.

Assim sendo, caro companheiro, não vejo em que é que a minha brincadeira crítica poderá pôr em causa o "desenvolvimento ou o bem-estar das pessoas" algarvias (ou allgarvias?!).

Quanto à sua crítica sobre a realidade da oferta turística madeirense ("se é que se pode chamar ao marasmo, aos atropelos, às lutas pessoais, às associações em pé de guerra, aos grupos empresariais sofregamente delapidando o capital turístico da região e ao desordenamento territorial, de politica!!!") deixo-lhe mais duas notas:
1. a sua descrição aplica-se soberbamente ao turismo algarvio (já lá esteve, não?);
2. reconheço a pertinência e a legitimidade de algumas observações. Agora afirmar que na Madeira há "marasmo", tenha lá paciência! Não conheço nenhuma região do país com tantos carnivals como a Madeira. Enumere-me apenas uma e ficarei satisfeito.

Por último, respondo ao seu desafio lançando-lhe outro em forma de duas perguntas:
1. diga de sua justiça qual é a mais-valia da brand Allgarve;
2. aponte objectivamente os principais problemas de que padece o turismo madeirense (mas deixe as generalidades e os lugares comuns de parte. Eu também gosto muitos deles, mas, then again, sou apenas um cidadão anónimo).

Receba os meus cordiais cumprimentos,

SG

29.1.08

Ops, mais um TPC?!

Os TPCs (tempinhos para clarificar) são sempre bem-vindos, que nós cá sabemos reconhecer o magister. Ainda que por vezes a clarificação não seja dirigida a nós, mas a outros alunos da turma. E sabemos bem que isso acontece... demasiadas vezes!

Precisamos de novos dirigentes

Este Post que o Gonçalo escreveu há uns tempos causou algum alarido na blogosfera madeirense, com diversos bloggers e anónimos, de forma directa ou mais sub-reptícia, a manifestarem a sua opinião sobre a pergunta central. Genericamente, todos atribuíram a responsabilidade à governação social-democrata madeirense.
A verdade é que o problema da emigração vai muito além da realidade madeirense e dificilmente se pode atribuir a responsabilidade ao governo de Alberto João Jardim. Veja-se o exemplo dos milhares de emigrantes que procuraram em Espanha novas oportunidades, que não encontram em Portugal. Quem de nós não conhece alguém, madeirense ou não, que emigrou?
Portugal torna-se cada vez menos um local apetecível para se viver. Em Portugal escasseiam as oportunidades. Esta não é uma exclusividade madeirense, para mal de todos os nossos pecados. Se fosse, bastaria alterar a política (ou os políticos). Nem sequer estou certo que a culpa seja dos irresponsáveis governos de Guterres. Acho que o problema é mais profundo e deriva do famoso salve-se quem puder e uma certa pose de novo-riquismo tipicamente portugueses. Enquanto outros - leia-se Irlanda, Espanha e mesmo a Grécia - investiam, nós aproveitávamos os fundos europeus para plantar jipes. Outros apostavam na modernização da sua indústria, Portugal viu nascer ferraris sem paralelo a nível europeu. Desperdiçámos todas as oportunidades que nos foram dadas e hipotecámos o futuro, em benefício de meia dúzia. Aliás, apesar dos lucros estrondosos apresentados pela banca, continua o Zé Povinho a subsidiá-la, demonstrando bem que o principal óbice a algum enriquecimento do país reside na classe empresarial que temos. Não ganhamos tanto? Exija-se benefícios financeiros; baixe-se os salários; diminua-se os direitos sociais. Tem sido sempre esta a lógica do tecido empresarial. E já nem a famigerada falta de qualificação justifica, uma vez que muitos dos actuais emigrantes têm formação e outros, sem quaisquer habilitações - que em Portugal seriam desterrados para um qualquer programa tipo Novas Oportunidades - são óptimos operários em Espanha, em França, na Alemanha. O problema, o verdadeiro problema deste país é toda a classe dirigente.Tivéssemos nós os políticos britânicos, os empresários alemães e a criatividade suíça e seríamos um paraíso.

Já agora...

Para quando a substituição do árido ministro das Obras Públicas e do inábil ministro da Economia?

Sócrates vaiado? Não... II

Vaiado, não! Só assim como que uns assobios...


Via Maisevora

Correia de Campos demite-se...

... só é pena que tenha sido tão tarde!

27.1.08

Sócrates vaiado? Não...

Não foi vaiado, não senhor. Aquilo fora e dentro da Arena eram os comunistas disfarçados de familiares dos novos formandos das Novas Oportunidades que quiseram dar uma ideia errada sobre o que pensam as populações do nosso D. Sebastião.
Tudo para fazer passar vergonha esse novo salvador da pátria que dá pelo nome de Sócrates!

Achei piada à notícia da TSF, que referiu que dentro da Arena de Évora ouviram-se aplausos. Só se foi na bancada onde se reuniram os petit socialistes locais, porque o que se ouviu foi um coro de assobios. Mas o jornalista estava distraído...

Nova marca turística?


Será que depois desta ideia, no mínimo patética, de quem dirige os destinos do Turismo em Portugal, irá nascer the new tourism brand All Entejo?