17.2.07

Notícia do SOL one-line

Anúncio na segunda-feira
Jardim já comunicou ao PSD que se vai demitir


Está tudo a postos. Jardim vai anunciar aos sociais-democratas que se demite de Presidente do Governo Regional da Madeira e formalizará a saída a meio da próxima semana. O PSD não indicará substituto forçando Cavaco a convocar eleições antecipadas. E o sucessor de Jardim será o próprio Jardim

Alberto João Jardim vai mesmo anunciar a sua demissão esta segunda-feira. O SOL soube junto de fonte social-democrata que o Presidente do Governo Regional da Madeira já informou a direcção nacional do PSD do que se irá passar na próxima semana. Confirma-se que a reunião de segunda-feira com os sociais-democratas madeirenses servirá a Jardim para informar a sua estratégia política. O objectivo é a sua reeleição, para um novo mandato, com maioria reforçada. ..............

o blogue www.ultraperiferias.blogspot.com foi mais rápido. Dá como certa a demissão de Jardim.

16.2.07

A banda que veio do frio


Descobri os Sigur Rós no famigerado de vagares..., com a hopelandic e desde então fiquei fã. Da banda e dos gostos musicais da hopelandic. Pena que nunca mais a tenha encontrado pela blogosfera. Mas quem é vivo....


PS - Quem quiser saber mais sobre os Sigur Rós, visite a sua página oficial. Vale a pena. Áh e oiçam o Olsen Olsen. É absolutamente fantástica.

Vulgarização do aborto já começou!


Parece que a Esquerda portuguesa, a começar pelo PS, não quer consultas de aconselhamento para as mulheres que pretendam abortar. A vulgarização do aborto, que ninguém queria reconhecer, já começou. Para quê aconselhar, se o aborto é pura e simplesmente um acto médico?, questiona esta Esquerda lúcida, esclarecida e moderna. Por isso é que os movimentos defensores do Sim não queriam discutir a regulamentação da lei. Porque nunca reconheceram qualquer dignidade à vida humana intra-uterina, mas sabiam que não o poderiam assumir. Para eles, o feto mais não passa de um conjunto amorfo de células sem qualquer importância. É um apêndice no corpo da mulher, podendo esta dispor dele como muito bem lhe aprouver. Se quiser tirá-lo, pois bem, esteja à vontade. É um direito que lhe assiste.

Espero é que depois disto, a hipocrisia (curiosa, esta inversão do adjectivo) acabe e que odetes, chiquinhos, jominhos, zezinhos, coelhinhos e outros que tais não se atrevam a afirmar que são contra o aborto. Porque não pode ser contra o aborto quem não acha importante aconselhar e mesmo dissuadir a realização desta aberração. Porque não pode ser contra o aborto quem não considera importante que seja demonstrada à mulher fragilizada que existem alternativas ao aborto. Que por muito que a gravidez esteja a ser vista como um problema insolúvel, poderão haver soluções menos definitivas e violentas para a mulher e para a vida que carrega dentro de si. Não pode ser contra o aborto quem não acha importante a presença de um psicólogo e mesmo de um assistente social numa consulta de aconselhamento.
A argumentação desta gente miserável é a de que o objecto do referendo estaria a ser subvertido e acenam logo com um alegado condicionalismo ao poder de decisão da mulher, esquecendo que nenhum aconselhamento é vinculativo. No final, haja ou não tentativa de dissuasão, a decisão última será sempre da mulher. Portanto, deixem-se lá de retóricas idiotas e assumam que nesta questão, apenas é equacionada a liberdade da mulher. Que não existe mais nenhum elemento que deva ser ponderado. Que o aborto é uma coisa normal e vulgar e que deve ser entendido como tal.
O que sinto hoje é uma revolta do tamanho do mundo! Portanto, não me venham pedir que seja racional, perante esta total e absurda irracionalidade. Definitivamente vivemos numa cultura decadente!

Musical Hair.

A palhaçada continua


Já não bastava Manuel Pinho afirmar que a maior vantagem competitiva portuguesa são os baixos salários, agora é a própria Agência Portuguesa para o Investimento (API) a apontar essa pérola para cativar o investimento estrangeiro. A frase publicitária é a divinal: “Portugal apresenta um dos mais baixos custos laborais da União Europeia, tanto no sector dos serviços como na indústria”. Mas sendo belíssima, pode ser complementada: Eu acrescentaria ao spot publicitário que vende Portugal ao investimento estrangeiro: “O Estado financia a criação da empresa, não é necessário o pagamento de impostos ou à segurança social e pode levar o seu investimento sempre que lhe apetecer e sem qualquer tipo de responsabilidade social".

Mas há mais. Para que não restem dúvidas, essa magnífica página publicitária ostenta orgulhosamente um gráfico que mostra que os trabalhadores portugueses recebem menos do que os trabalhadores do Chipre, Eslovánia e Grécia.
Esta campanha não só é idiota e imbecil, como também demonstra bem o que pensam os socialistas portugueses do seu país e o querem para o seu povo.
Definitivamente, estes gajos que estão no Governo estão pouco se lixando para as aparências. Não são sérios e agora já nem sequer querem parecer.

Coisas Inconvenientes

“Uma verdade inconveniente” estreou a semana passada na Madeira. Curiosamente a Calheta foi o local da primeira exibição.
Uma semana depois, a capital continua entretida com outras fitas. Pior, só as escolas. Os programadores já disponibilizaram o filme para os alunos, mas o pouco flexível sistema de ensino, não se interessou.
Já vi o trabalho de Al Gore e não tenho dúvidas. Merece o Óscar de melhor documentário. Além do filme estar muito bem executado, é didáctico

Recomendo-o a dois políticos. Aos Senhores Secretários da Educação e do Ambiente.

Quer um quer outro gastam fortunas em campanhas. Fazem, inclusive, produções caseiras de medíocre qualidade científica e de imagem, para mostrar aos nossos alunos. Convidam oradores que não enxergam um palmo de terra além do nariz. Ou falam da colónia de lobos-marinhos ou da freira da Madeira. Agora existe um brilhante trabalho sobre o ambiente e não incentivam as escolas a vê-lo.

O outro senhor é Alberto João Jardim. Ganhou o referendo sobre o aborto na Madeira, perdeu-o no país. Ameaça pedir a inconstitucionalidade da Lei. Depois diz que ninguém o leva a sério. Pudera.

13.2.07

Uma obra de arte

Este fica para a História

Zero(s)

O resultado do referendo, na Madeira, provou mais uma vez o que valem eleitoralmente a dona Violante SARAMAGO, o sr. Serrão, o Dr. Maximiano, a dona Aurora e companhia: um grande e redondo zero.

12.2.07

Non Sense

Ontem vi o Dr. Louçã agradecer aos católicos terem votado Sim no referendo. Não me espantaria que qualquer dia o homem fosse pregar os disparates do costume para o átrio das Igrejas.

Resolvida que está esta questão, estou sinceramente curioso para ver qual será a grande bandeira que o Bloco de Esquerda irá desfraldar, mas deixo já aqui umas sugestões:

1. Liberalização das drogas;

2. Criação, em força, de salas de chuto;

3. Casamentos de homossexuais;

4. Casamentos católicos de homossexuais;

5. Adopção de crianças por casais homossexuais;

6. Despenalização da eutanásia;

7. Proibição de Cultos Religiosos em locais públicos (como em Fátima, por exemplo), que o Estado é laico e não se quer cá atrasados mentais que têm fé em divindades;

8. Extinção da propriedade privada;

9. Expulsão da Embaixada dos Estados Unidos.

Salvador Dali, Crucificação Hipercúbica

Efeitos colaterais do fim-de-semana

Passei um dia destes a ler. Quer dizer. Não foi bem o dia. Uma hora e tal em voz alta.
Por momentos só me ouvia. Tinha conseguido eliminar o barulho do oceano. Mas foi por pouco tempo. Assim que levantei a vista do jornal estava um homem a olhar para mim. Estava incrédulo. Fiz questão de acalmá-lo. Disse-lhe que poderia ficar para ouvir as notícias. O homem não ligou. Bateu duas vezes numa cerca de madeira. Bateu a segunda vez. Abriu uma pequena passagem. Estive quase a lhe dizer que seria mais fácil saltar. Enganei-me. O estranho era eu.

Passeava pela “Madeira nova”, quando decidi tomar café à beira mar e aquecer-me ao sol. O café estava encerrado. Ainda por cima quando lá cheguei não havia uma única alma por perto. As mesas faziam companhia às cadeiras. Não resisti. Puxei uma, sacudia-a. Ainda vi caírem uns grãos…imaginei que fosse sal. Sentei-me. Abri o jornal e mergulhei a vista nele. De 10 em 10 segundos levantava a cabeça para ter a certeza que continuava só.

Nunca mais perdi o rasto do homem. Passou de novo por mim, só que desta vez com um carro de mão carregado de “paletes salgadas”. Do nada surgiu um segundo indivíduo. Mais velho. Tinha à volta de 45 anos. Foi para junto do primeiro. Meia hora depois juntou-se a eles um rapaz. O primeiro trabalhava, os outros faziam-lhe companhia. Continuei a minha imperturbável leitura. É óbvio que deitava o olho para observá-los. Numa das vezes apanhei-os a beber “Coral”. A porta do balneário estava entreaberta. Fiz que não vi. Não queria perturbá-los. Era o mínimo que podia fazer.

Continuei a leitura. Já tinha lido os argumentos do SIM e do NÃO. Era o primeiro dia da campanha do referendo sobre o aborto.

Àquela hora o Primeiro-ministro já tinha chegado à China. O País tem mais de 1 bilião de habitantes. Muita gente. Faltava o mais importante. O Presidente da República para recebe-lo.

Foi no mesmo dia que se soube que tinha falecido a mulher mais velha do mundo. Tinha 114 anos. Era norte-americana. Fiquei contente. Não pela morte da senhora, mas pela data do aniversário. Nasceu no mesmo mês em que vi a luz do dia.

Uma hora depois já tinha lido o Calvin & companhia. Altura em que os homens abandonaram o local. O primeiro ficou de propósito para trás. Ao passar perguntou:
-Porque é que lê em voz alta?
-Por causa do trabalho
-Do tribunal.?
-Não! Pronuncia-se melhor as palavras.
Fez-me sinal com os olhos que tinha percebido, mas percebi que não tinha.
Tirei-lhe as dúvidas. Disse a verdade. Ele foi embora.

11.2.07

A dieta do Dr. Cavaco

Como toda a gente sabe, o Dr. Cavaco adora não se comprometer com nada. Por isso, nos assuntos domésticos que eventualmente dividam o país, o Dr. Cavaco refugia-se em copas e pouco ou nada diz não vá o diabo tecê-las ou comprometê-las. Assim, também não é de admirar que as grandes bandeiras do Dr. Cavaco sejam um conjunto alargado de lugares comuns onde entra o desenvolvimento, a inclusão, a competitividade e outras banalidades que nenhum político jamais se atreveria a não defender ou a não desejar. A última do Dr. Cavaco, sem contar com a promulgação de leis inconstitucionais, tem a ver com a saúde dos portugueses e com essa monumental cruzada estatal que nos pretende ensinar a comer, a beber, a fazer exercício e a viver pelo menos até aos cem anos. Para o Dr. Cavaco o combate aos vícios privados é um assunto que deve merecer consensualidade entre os portugueses e uma odisseia que justifica um excesso de zelo legislativo. Não sei quem lhe deu autorização ou legitimidade para perorar sobre o assunto, mas esta intromissão indecorosa sobre os estilos de vida dos portugueses é infelizmente cada vez mais recorrente entre uma classe política decrépita e sem qualquer ideia que se veja. Garanto-vos que li a notícia enquanto saboreava um McDonald’s acompanhado de batatas fritas molhadas em ketchup e de uma Coca-Cola bem fresquinha. E lembrei-me que o Dr. Cavaco está de facto muito magrinho. Coitado.

O voto obrigatório

Talvez por receio legítimo da abstenção, o voto obrigatório tem andado novamente a ser comentado. A ideia não é nova, nem original mas confesso-vos abertamente que não concordo com a mesma porque entendo-a como um absurdo sem muito sentido. Reparem que o Brasil, por exemplo, utiliza este método, de algum modo repressivo, para legitimar uma espécie de ladroagem instituída e não me parece que os brasileiros sejam mais felizes por isso.

Votar é um direito e, simultaneamente, um dever. Ou seja: eu tenho o direito de voto, logo tenho o dever de ir votar. Mas esse direito ou dever não devem ser impostos como meios de aumentar a participação dos portugueses nos processos eleitorais apenas para satisfazer o capricho de políticos totalmente incapazes de mobilizar um eleitorado desiludido e amargurado com o quotidiano. Nem neste assunto nem noutro qualquer.

O problema da abstenção no país, aliás um problema generalizado em boa parte da Europa civilizada, é mais vasto e implica o combate efectivo às suas causas para que o guião não seja menosprezado. O que é preciso saber é porque não vão os portugueses votar. O que é preciso saber é porque preferem (os portugueses) passar os domingos de eleições em todo o lado menos numa fila ou numa mesa de voto. O que é preciso saber é porque desprezam (os portugueses), de ano para ano e cada vez mais, os políticos que se apresentam a eleições. O que é preciso saber é por que é que a imagem dos políticos está sempre conotada negativamente no espaço público. O que é preciso saber é por que razão o aborto não mobiliza [mobilizou] ninguém. Talvez muita gente se surpreendesse com as respostas.

O referendo

Mais que uma hipotética vitória do Sim sobre o Não, o resultado do referendo mostra bem o quanto os portugueses se estão marimbando para os mecanismos de participação democrática. De facto, o aborto, ao contrário do que muitos radicais por aí apregoaram, diz respeito a muito pouca gente ou afecta um número muito reduzido de portugueses, razão mais que suficiente para o assunto não merecer mais que cinco minutos de atenção. Tudo isto é também sinónimo imutável do nosso atraso, agora que aparentemente entramos na civilização defendida pelo Eng. Sócrates e o Dr. Louçã.

Infelizmente, para uns e outros, a coisa veio liminarmente mostrar que muitas vezes os políticos estão a mais no processo, que as pessoas estão fartas desta intromissão e deste visível descaramento que apenas procura um protagonismo fácil e mediático que renda votos. Quem viu o Dr. Louçã a cantar vitória percebe bem o desprezo que ele gera e o mal que ele faz à nossa jovem democracia. A mesma democracia que ele abomina, combatendo-a inapelavelmente, mas que o admite no seu seio, recebendo-o de braços abertos. Como, e muito bem, escreveu alguém um destes dias, curiosamente a democracia está cheia de pequeninos candidatos a ditadores. Disfarçados de cordeirinhos e de democratas, acrescento eu. Mandassem eles cinco minutos nas nossa vidas e o mundo nada teria de cinzento.