11.3.08

Politítica orientada para resultados ou resultados apesar da política?

Há uns dias, numa conversa entre amigos cujas profissões implicam o estabelecimento de parcerias - entre administração pública, entidades públicas, semi-públicas, privadas e cooperativas -, chegava-se à conclusão que em 30 anos de democracia nunca foi tão difícil trabalhar em conjunto como agora.
A estratégia seguida desde o início por este governo da República - que consistiu (e consiste) em achincalhar publicamente os sectores onde depois pretende intervir com reformas de fundo (e outras nem tanto), com o (abjecto e inconsistente) objectivo de obter o apoio do resto da população -, aliado às orientações mais ou menos subreptícias que promovem a delação e o medo da participação, mais o desrespeito pelos direitos (e falo daqueles legítimos) que as pessoas se julgavam possuidoras e a falta de palavra dos actuais governantes, fizeram com que em Portugal se instituísse um clima de permanente desconfiança, que inviabiliza qualquer tentativa de trabalho em rede. Os cidadãos hoje não confiam nas instituições nem na sua administração; o poder judicial olha com desconfiança para o poder político; está instalado o preconceito de que a corrupção é generalizada no poder autárquico; não há possibilidade de fazer reformas na Saúde e na Educação; qualquer anúncio de investimento provoca suspeitas; existe uma generalizada desmotivação em todos os sectores da administração pública; enfim, os exemplos são à catadupa.
Ora, apesar de eu ser absolutamente insuspeito de nutrir qualquer tipo de simpatia por este miserável Governo, a verdade é que me preocupa o estado a que chegamos, que não augura nada de bom para o futuro a curto/médio prazo.
Quem trabalha em sectores transversais sabe que quando se parte para qualquer negociação, os agentes estão já renitentes e não se mostram disponíveis para confiar (fundamental ao trabalho em rede), com terríveis prejuízos para a população que se pretende servir. É, hoje, absolutamente impossível motivar quem quer que seja para objectivos que deveriam ser comuns. Vemos todos os dias: ninguém está hoje disposto a arriscar. Mesmo aqueles outrora mais voluntariosos tendem a assumir uma posição mais comedida e segura. A infeliz estratégia definida por Sócrates fez com todos os sectores produtivos (e não apenas os financeiros e económicos) estejam numa posição de esperar para ver. Fala-se em empreendedorismo mas talvez nunca antes como agora falte tanta vontade de ser empreendedor.
O clima de desconfiança é generalizado e, tal como a SEDES (e outros, como o general Garcia Leandro) preconizou, temo que não seja apenas o trabalho em parceria que esteja em risco: a possibilidade da situação degenerar em revolta social com desenvolvimentos imprevisíveis é real.
É por isso com um misto de receio e cinismo que vejo os governantes anunciarem fantásticos resultados em todos os sectores. Porque o que me é dado ver deste meu horizonte é que os sucessos que se têm atingido - se alguns podemos enumerar -, não se devem a este governo: foram atingidos, apesar do governo que temos.

PS - Miguel, o teu desafio não está esquecido, mas terá que esperar até à próxima semana! Por agora e ainda que por pouco tempo, preciso de ir respirar outros ares mais democráticos e menos esquizofrénicos que aqueles que respiramos actualmente em Portugal.

10.3.08

Bem dito

«Os blogues estão cheios de gente cuja classe social se acha acima destas coisas [manifestações de rua] e conhecem pouco mais do que o Portugal das livrarias e das páginas de opinião».

José Pacheco Pereira, Público, 08-03-2008.

Odeio o Festival da Canção

O Festival da Canção português é há muitos anos prova da nossa mediocridade artística.
O tempo que no domingo passado dispensei a ver este pobre espectáculo já o dava antecipadamente por perdido. Mas queria ver se havia alguma novidade. E não houve.

O que houve foi mais uma vez um reles cortejo de vozes vulgares, letras gastas, cantores sem estética e uma produção paupérrima. Felizmente, o que parece já ter acabado e que eu desconhecia, dispensaram-nos dos telefonemas ruidosos das capitais de distrito aquando das votações.

Pode ser que o fim de um “certo ensino especializado” da música responsável pela criação destas “estrelas”, e em boa hora decretado pela ministra da Educação, seja também o fim desta mediocridade.

No meio disto restou a talentosa Vânia Fernandes, que com certeza dará mais umas horas de histeria ao povo madeirense. Com algumas excepções, vencer o Festival da Canção é um passaporte quase certo para o insucesso. Tem sido sempre assim e convém que a Vânia tenha isso em conta.

Concordo e discordo.

Não há dúvida que Miguel Fonseca é um dos mais esclarecidos socialistas madeirenses. Mais uma boa pequena reflexão. Não concordo obrigatoriamente com tudo, mas não posso deixar de reconhecer a pertinência e a qualidade do pensamento.

PS - Obviamente, discordo em absoluto da missiva ao prof. Marcelo. Porque a liberdade que reconheço aos militantes do PS para se reunirem é a mesma que reconheço aos portugueses de manifestarem a sua indignação ao partido que se encontra a governar o país.

Conselhos avulso

Victor, para a comunicação ser eficaz, é conveniente que os canais sejam correctamente utilizados. Por isso, se me permites um conselho: tem mais atenção à correcção da tua escrita quando replicas alguma coisa. É que mesmo na blogosfera, convém que as naturais gralhas não se transformem em contínuos erros gramaticais, ortográficos e de sintaxe. Que proliferam nos teus textos. Ainda para mais, não sendo professor, também deves ser um exemplo, enquanto líder parlamentar da principal força de oposição na Assembleia Legislativa Regional.
Não leves a mal... É só um alerta!

Reunidos mas pouco

Dizem que o PS se reuniu em comício este fim-de-semana. É verdade? É que não se deu por nada...!

Prioridades

E por falar em desaparecimentos, então, como diz Mário Crespo, a maior preocupão do nosso presidente da República é a antiguidade da frota dos Falcon? Quer dizer, andamos todos com a corda ao pescoço, em nome de um tal defíce orçamental e o presidente quer uns jactinhos para passear...
Por outro lado, o homem já chegou a Portugal e sobre a crise na Educação, nem uma palavra! Conhecemos o horror cavaquista às manifestações democráticas, mas desconfio que Cavaco Silva não se poderá fazer de desentendido durante muito mais tempo!

Por onde andou o PM?

Debaixo de que pedra andou a rastejar Sócrates, que ninguém deu por ele num fim-de-semana onde quase toda uma classe profissional saiu à rua?

Farpas direccionadas

Concordo! Só lamento que essa vossa indignação não seja extensível aos dirigentes dos sindicatos afectos à UGT, quase todos militantes do PS e igualmente sindicalistas profissionais.

9.3.08

Tortura

Depois de ver mais uma derrota do Sporting, esparramei-me no sofá entretido a fazer zapping.

TVE:

"Nuestros Hermanos" legitimaram novamente aquela espécie de Sócrates.

- Esquece, muda!

SIC-N:

O Camacho foi despedido do Benfica.

Arre, qu'ist'é só espanhóis!

TVI:

O 444444444444444º episódio de uma novela portuguesa.

Canal 1:

Festival da Canção.

A paragem mais dolorosa. Consegui ouvir três cançonetas

Isto não existe!

A merda das pilhas do comando deviam ter sido trocadas há meses!

desesperei, agarrado ao botão que me podia levar dali p'ra fora.

Não tive tempo. Antes que o comando me obedecesse, a boa da Silvia Alberto pôs-me a ouvir uma espécie de medley com todas as musiquetas com que a RTP torturou os portugueses.

Cruzes credo! Cristo! Que saudades dos Da Vinci, do Rui Bandeira, da Anabela, da Dina, do Tó Cruz e de toda essa rapaziada! É que estes são piores! Volta, Rosa Lobato Faria. Tás perdoada! Absolvida de todos os pecados... Os deuses da música e da poesia receber-te-aõ de braços abertos. A sério. Pleaseeeeeeee, Rosinha...

Tentei tentei e meti-te na cesta\ris-te é dás-me a volta à cabeça\ lá lá lá

Cantarolei.

É o fim. Aposto que esta merda foi parte de um plano sócratico para castigar os portugueses pelas manifestações dos últimos tempos. Só pode ser. É o engenheiro Sócrates a vingar-se:

à não tão contentitos? então tomem o Rui Santos, o Marco de Camillis, o Ricardo Soler, o Carluz Belo (ninguém se chama assim, a sério, ninguém se chama Carluz Belo!) e os Blá Blá. Mais o resto do pacote. E se não se portam bem, ainda visto a Sílvia Alberto. Vai aparecer de Burka!

Rui Costa é um eucalipto que seca tudo à volta. E se se atirar para uma piscina com pouca água vai-se magoar

Diz o Rui Santos.

É melhor ir dormir. A sério. É melhor!