16.10.07

Ora, a responsabilidade política é minha!

O ministro da Administração Interna não reconhece a sua responsabilidade política na "visita" feita por dois polícias à sede de um sindicato, uma vez que não foi ele que deu ordens nesse sentido. Noutros tempos, em tempos onde ainda restava alguma decência no PS, alguns ministros se demitiram por muito menos. Assim de cor, recordo-me de Jorge Coelho, que também não fez explodir a ponte de Entre-os-rios e Fernando Gomes, que não pediu para ser assaltado. Sinais dos tempos...

Rua com esta gente

Se não fosse tão grave, seria para nos rirmos a bandeiras despregadas.

Mas vamos lá à estória, de modo a que se este post for lido por alguém que resida fora de Portugal, entenda bem o estapafúrdio da situação e o inverosímil governo que desgoverna esta nação.
Tudo começa na semana passada, quando os senhores primeiro-ministro e ministro das Finanças convocaram, às pressas, uma conferência de imprensa, a decorrer à hora dos noticiários do almoço onde, pomposamente, anunciaram que a meta dos 3% de défice seria cumprida e que em 2008 os funcionários públicos não voltariam a perder poder de compra, o que para os leigos em questões económicas significa que os aumentos salariais seriam superiores à taxa de inflação. Note-se que este anúncio - o dos aumentos salariais - foi feito efusivamente, como se de um grande benefício para os servidores do estado se tratasse.
Ora, apenas 5 dias depois... Repito em voz alta: 5 DIAS DEPOIS, aparece o mesmo senhor ministro das finanças a anunciar que a proposta do governo para a actualização salarial para 2008 seria de 2,1%, igual à taxa prevista (pelo governo) de inflação. É verdade: este inenarrável personagem que alguém nomeou ministro das finanças, e aqueloutro que fizeram primeiro-ministro ("foge cão, que te fazem barão") gozam desta rica e descarada maneira com os milhares de trabalhadores cujo esforço permitiu que o défice fosse substancialmente reduzido.
Isto, num país a sério, seria para uma revolta em massa. Num país a sério, o povo jamais aceitaria ser gozado desta forma por figurinhas deste calibre. Decididamente, esta gente não um pingo de vergonha na cara.

Cinema em Casa

Faltam duas semanas para o arranque da 3ª edição do Festival Internacional de Cinema do Funchal.

A iniciativa é da cooperativa Plano XXI

Henrique Teixeira, cinéfilo, é o pai desta criança mal amada. Sobretudo pelos políticos, o que não deixa de ser curioso. Revela a cultura de quem governa.

Este filme é fácil de contar. Existem os bons e os maus da fita.

Neste caso, os bons são os homens do desporto. Os maus, os da cultura.

Vamos dividir os factos, em cenas.


CENA 1
Exterior dia
É UM CLÁSSICO NOS ARGUMENTOS DOS FILMES MADEIRENSES.

Para o desporto há sempre disponibilidade e meios para…... Confesso que fiquei estupefacto, com a mediática reunião dos responsáveis da Volta a Portugal em Bicicleta com a Câmara do Funchal. Até um cego sabe que o ciclismo, é uma modalidade “proibida” (só montanhas) na Madeira. Apesar de…ficou apalavrado e é vontade do município pagar e bem, para ver reformados correr nas estradas madeirenses.

CENA 2
Interior noite.
É RARO ENCONTRAR NA HISTÓRIA DA CINEMATOGRAFIA REGIONAL


Dificilmente há dinheiro para a cultura. A “Madeira Região Europeia 2004” foi a Europa quem pagou a factura.

Actualmente há uma exposição na Casa da Cultura da Calheta, mas foi o milionário madeirense, Joe Berardo, quem suportou o transporte das obras e os seguros, para a população ver de borla.


CENA3
Exterior/interior
FESTIVAL DE CINEMA
Nota – trata-se de uma cena difícil de filmar, porque há uma mudança brusca de luz, entre as personagens. Além disso, estão em locais diferente o que obriga a homogeneizar temperaturas de cores opostas.


É verdade que o festival nasceu com o apoio da Câmara da capital, mas é necessário um argumento mais arrojado. O guionista sabe disso, e todos os anos apresenta dois guiões: - um custa sensivelmente o mesmo que a autarquia pagava pelos famosos ciclos de cinema “7 dias 7 filmes”; o outro ultrapassa a verba, mas nunca chegou a ser rodado.

A explicação é simples. A Secretária do Turismo diz que o tema não é da respectiva área. O Secretário com a pasta da cultura, recusa receber as personagens. Empurra o assunto para a DRAC. A DRAC precisa do ok da tutela, para pronunciar-se.

Nas anteriores edições, nenhum Secretário participou nas cerimónias de abertura, ou de encerramento do festival, apesar dos convites. Se os secretários não vão, o “jet-set” local, também não.

Os empresários são pouco sensíveis e é fácil de perceber porquê. Além de nunca terem visto um filme de autor no cinema, (têm plasmas em casa) precisam de um sinal, de quem manda, para apadrinharem.

O grupo Pestana, por exemplo, diz que cede a sala de congressos para a gala de encerramento do Festival, deste ano, mas recusa assinar um documento.

Etc., etc…

15.10.07

O princípio do mal.

O mal chegou disfarçado de mosquito.
Instalou-se na freguesia onde vive o número um do governo e em silêncio aterroriza a capital.

Desde a chegada dos incómodos insectos, já foi julgado um autarca por corrupção, (caso Lobo) foi aberto o livro das negociatas da Câmara do Funchal, ficou a nu o licenciamento do hotel CS Madeira e instalou-se a dúvida sobre o poder judicial na Madeira.

Em simultâneo o mosquito provoca o medo e estragos na carteira dos cidadãos picados. O pior é que alguns médicos já não sabem o que receitar.

Quer isto dizer uma coisa muito simples: quer num caso – o dos mosquitos – quer no outro – o da corrupção – o problema foi e está a ser subavaliado.

Há um estudo sobre as alterações climáticas, coordenado pelo professor Filipe Duarte Santos, (climaat II) e já apresentado no Funchal (2006) pela Secretaria do Ambiente, que é claro: - alerta para a falta de água e para as doenças subtropicais nos próximos anos; décadas, na Madeira.

A pergunta é simples. Do que é que estão à espera? Que a praga dos mosquitos chegue a toda a região?

Num Estado Norte-Americano, o mesmo mosquito foi extinto. Porque é que aqui aumenta? Mais. Dizem alguns entendidos na matéria, que caso seja picado um imigrante brasileiro ou africano, portador da doença de dengue ou febre-amarela, o problema torna-se grave.

Quanto ao poder judicial na Madeira, acho que a questão é de âmbito nacional. Nos últimos anos e na sequência do processo “Casa Pia” multiplicaram-se os exemplos de inoperacionalidade da justiça em Portugal.

Se ela não funciona ou funciona mal é fácil concluir o que penso sobre a corrupção na Madeira e no meu país. Aliás, há estudos internacionais que são claros sobre esta matéria, no mundo e nos países latinos.