Continuação de uma conversa:
- Quase tudo morre, a amizade, o amor, o sexo. Só sobrevivem a música e as palavras. Palavras como estas, compartilhadas num tempo e espaço diferentes, partilhadas ontem com os mortos de hoje.
Yes, and thanks for the trouble you took from her eyes.
I thought it was there for good so I never tried.
Se calhar é o mais bonito acordo de rendição jamais assinado.
Did i ever tried?
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
27.3.09
Famous blue raincoat
A Cultura de Sócrates
O Governo do Partido Socialista comprometeu-se, no programa eleitoral sufragado pelos portugueses e no programa de Governo que foi aprovado na Assembleia da República, a desenvolver na legislatura 2005/2009, "três finalidades essenciais" no domínio da cultura. Cito: "A primeira é retirar o sector da cultura da asfixia financeira em que três anos de governação à direita o colocaram. A segunda é retomar o impulso para o desenvolvimento do tecido cultural português. A terceira é conseguir um equilíbrio dinâmico entre a defesa e valorização do património cultural, o apoio à criação artística, a estruturação do território com equipamentos e redes culturais, a aposta na educação artística e na formação dos públicos e a promoção internacional da cultura portuguesa."
No programa de Governo assumiram-se também dois outros compromissos nucleares, um de índole orçamental e outro de natureza mais programática. Quanto ao primeiro, afirmou-se - e bem - que "o compromisso do Governo, em matéria de financiamento público da cultura, é claro: reafirmar o sector como prioridade na afectação dos recursos disponíveis. Neste sentido, a meta de 1% do Orçamento do Estado dedicado à despesa cultural continua a servir-nos de referência de médio prazo, importando retomar a trajectória de aproximação interrompida no passado recente".
Quanto ao segundo, assumia-se que as "redes de equipamentos e actividades culturais são o melhor factor de consolidação e descentralização da vida cultural e de sensibilização e formação de públicos. A prioridade, na dimensão física, é a conclusão das redes já iniciada: a rede de Leitura Pública, a rede de Teatros, a rede de Museus e a rede de Arquivos. Estamos porém muito atrasados na outra dimensão essencial das redes, como articulação dos equipamentos e serviços e dos seus programas". (...)
Apesar da clareza destes diagnósticos e do acerto destes propósitos, o que se verifica ao fim de quatro anos o é que não só não se conseguiu inverter a situação de "asfixia financeira" de 2003/2005, como ela se agravou pesadamente. O Orçamento do Estado destinado à cultura desceu para o mais baixo valor das últimas décadas: 0,3 %. Em contracorrente, note-se, com o notável esforço que em geral se tem feito ao nível autárquico, onde se tem procurado dar continuidade ao que de melhor se semeou no sector…
Também as outras duas "finalidades essenciais" assumidas nos programas eleitoral e de Governo ficaram pelo caminho: nem se conseguiu dar qualquer "impulso" no de-senvolvimento do tecido cultural português, nem se definiram políticas que viabilizas-sem o "equilíbrio dinâmico" entre os sectores do património e da criação, ou que incrementassem efectivamente a formação de públicos ou a internacionalização da cultura portuguesa. Para já não falar da atonia e da desorientação que têm marcado áreas tão vitais como as do livro e da leitura, do cinema e do audiovisual, em que não se vislumbram, ao nível da tutela do sector, quaisquer opções, orientações ou políticas.
A política cultural tornou-se assim cada vez mais invisível, ilegível e incompreensível, ameaçando fazer, dos anos 2005/09, uma legislatura perdida para a cultura. (...)
Este diagnóstico não foi feito por um qualquer social-democrata, nem por outro opositor. Foi feito um um antigo Ministro da Cultura e destacado militante do Partido Socialista: Manuel Maria Carrilho.
25.3.09
Cover to cover
Tá no Público mas eu não resisto a pôr aqui. Um sítio que verdadeiramente vale a pena!
Take Away Shows
Vincent Moon tenta captar a música apenas como ela acontece. Espontaneamente, sem truques e sem produção.
Um pouco por todo o mundo convida bandas a tocar na rua, em apartamentos, em escadarias ou em outros sítios improváveis e capta o resultado com uma câmara digital.
Eis Take Away Shows, na Blogotheque e também em temporary areas. Vejam Man Man nas ruas de Paris, Sigur Ros a tocar num café burguês da capital francesa, Tom Jones num sofá em Nova Iorque, dEUS em Belford, REM em Atenas, Andrew Bird a tocar num apartamento parisiense, Arcade Fire a tocar num elevador, The Young Gods a fazer música – acústica - nas avenidas de Paris, Stuart Staples num sofá, entre dezenas de outros. Um projecto que, para quem gosta de boa música e de imagem, é fascinante.
24.3.09
23.3.09
Uma ideia cheia de sexo
Só percebi esta, excelente ideia de Aristófanes, após ver a peça que está em cena no Baltazar Dias.
Acho que os sindicatos podem voltar a ter um papel de relevo no país, caso promovam uma greve do sexo em Portugal. Basta que consigam convencer as esposas dos patrões, dos chefes, dos directores das empresas, a não terem relações sexuais com os maridos. É óbvio que, face ao número de divórcios é necessário alargar o apelo a outras actrizes. Talvez às secretárias, às colegas. Numa palavra, às amantes dos respectivos, para garantir uma adesão em massa à greve.
A ideia é – não faça amor, faça abstinência sexual para conseguir um melhor salário. Ou qualquer coisa do género. Eles não resistem a uma declaração de guerra sexual.
Eles sempre foram o sexo fraco. Elas, sempre foram quem comandou as tropas a partir das portas de casa.
Não faças sexo. Vai ver a peça.