"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
16.9.05
Agenda política
É bom não desdenhar do poder de marcação da agenda política do PS tal como é bom não desdenhar da ocupação do aparelho de Estado (o ideológico e o repressivo, como nos diria Althusser) por parte deste mesmo PS. É por isso precisa calma e extremo cuidado porque o Dr. Soares deseja avidamente a presidência e não vai olhar a meios, qual Maquiavel, para atingir os fins, recorrendo aos golpes palacianos indispensáveis e necessários.
Não é de estranhar assim que, de repente, surjam no espaço público os temas que o Dr. Soares, e a esquerda patética que o acompanha, adora para provocar fricções e divisões na sociedade portuguesa. De preferência, aquele género de questão de índole maniqueísta que divide a sociedade portuguesa, e os portugueses, em “bons” e “maus”, em “nós” e “eles”, em "certos" e "errados", em "esquerda" e "direita". O aborto é só o primeiro exemplo. Triste sina, a nossa, porque a procissão ainda vai no adro.
Sobre os debates
Primeiro ponto.
Quem conhece minimamente a Ciência Política sabe que numa disputa eleitoral quem leva confortável vantagem não desce nunca ao mesmo patamar de adversários políticos desesperados por dar a volta ao texto. É contraproducente e um monumental erro político, dizer ou fazer o contrário.
Quando as coisas se revelam equilibradas, o que não é o caso, aí sim, o debate pode de facto ajudar a esclarecer porque os contundentes não encaram estes momentos televisivos ou radiofónicos como uma revanche ou uma vendetta onde tudo se joga e tudo se perde.
Como o principal candidato não compareceu, o grande derrotado foi na realidade quem mais tinha a perder: precisamente Carlos Pereira que nunca deveria ter aceitado o debate sem o seu principal antagonista. Assim, rebaixou-se e ficou ao nível dos partidos mais pequenos.
Exemplo recente, nem é preciso ir muito longe, é o de José Sócrates que recusou debates individuais com os outros candidatos aquando da corrida para primeiro-ministro. Contudo, dir-me-ão que ele aceitou participar nos debates colectivos. Verdade absoluta, sim senhor. E irrefutável. Mas aceitou-os apenas por uma única e simples razão: porque quem estava a ser julgado era o governo PSD/CDS, o que garantia à esquerda marxista e à esquerda folclórica, durante os debates, espaço para os ataques abertos à coligação do Dr. Santana e do Dr. Portas, enquanto o dito engenheiro iludia o povo com promessas que sabia de antemão não ir cumprir. O jogo sujo ficou por isso nas mãos de outros. E com os resultados por todos conhecidos. Quem mais desejava desesperadamente o debate? O Dr. Santana, que foi, recorde-se, esmagado politicamente nas urnas.
Segundo ponto.
Quem assistiu ao debate de ontem na RTP-Madeira percebeu outra coisa muito simples: o Funchal estaria perdido se algum daqueles senhores ou senhora alguma vez chegasse sequer perto de uma Câmara, qualquer que ela fosse. A confusão ideológica, de propostas, de incongruências, de trapalhadas e de benesses sem sentido foi tanta que pouco ou nada se esclareceu quer de projectos quer de medidas políticas de fundo para a cidade. O que é mau para quem tinha tantas expectativas sobre o assunto.
Terceiro e último ponto.
Um conselho, gratuito, para ver se aprendem alguma coisa: de tanto falarem em quem não estava lá, na rádio e na televisão, criou-se a sensação de que isso parecia um enorme incómodo e um intransponível empecilho para todos. De facto, fizeram de Miguel Albuquerque o centro das atenções. Aprendam que na política, não se valoriza o adversário. Estando ou não estando. É sinal de fraqueza. E sinal de incapacidade. Como é óbvio, o Dr. Albuquerque agradece o facto de se terem lembrado tantas vezes dele. Por mais que digam o contrário, e que tentem passar uma imagem diferente, ganhou quem não apareceu.
O debate
Creio que alguns deles ainda não perceberam que não concorrem para primeiro-ministro, nem sequer para presidente do Governo Regional. Vão a votos, isso sim, para uma Câmara Municipal que, como todas as congéneres do país, tem atribuições e mais e verbas a menos. E que fruto de um acumular de situações, algumas recentes e outras que vêem do "tempo da cheia" - adoro esta expressão - não tem dinheiro "para mandar cantar um cego", quanto mais para "criar mil empregos por ano" - autoria C. Pereira -, para fazer "mil casas por ano" - o Dr. C. Pereira deve ter um fétiche qualquer com o número mil - ou para promover disparates como aqueles que foram defendidos pela Dr.ª Violante convertida, há muito tempo, num verdadeiro dicionário de lugares-comuns pseudo-revolucionários.
Projecto de cidade. Alguém ouviu a maioria daquelas bocas pronunciarem semelhante expressão?
15.9.05
Direitos ou de cabeça para baixo?
Como diria alguém que conheço, "o mundo gira e nós já não sabemos se estamos direitos ou de cabeça para baixo".
Belle in the big apple
Belle apresenta-se assim:
"I am a Southerner in the City, an aging debutante, a small town girl cursed with big city aspirations. My grandfather says that I’m at the cusp of feminine failure—I’m as old as a bottle of prime Tennessee whiskey (aged 25 years) and still single. I need to “get on home” and find a nice Southern boy—a doctor, maybe an insurance salesman. At this, I dig in my heels and set out to date every inappropriate man in Manhattan…".
First we take Manhattan...
Em tempos destes, lembro-me sempre de uma canção de Cohen. Uma das minhas preferidas, de resto.
Como ainda não descobrimos a forma de meter som nisto, deixo-vos a letra. Pode ser que um dia consigam ouvir aqui "First we take Manhattan".
"They sentenced me to twenty years of boredom
For trying to change the system from within
I'm coming now,
I'm coming to reward them
First we take Manhattan, then we take Berlin
I'm guided by a signal in the heavens
I'm guided by this birthmark on my skin
I'm guided by the beauty of our weapons
First we take Manhattan, then we take Berlin
I'd really like to live beside you, baby
I love your body and your spirit and your clothes
But you see that line there moving through the station?
I told you, I told you, told you, I was one of those
Ah you loved me as a loser, but now you're worried that
I just might win
You know the way to stop me, but you don't have the discipline
How many nights
I prayed for this, to let my work begin
First we take Manhattan, then we take Berlin
I don't like your fashion business mister
And I don't like these drugs that keep you thin
I don't like what happened to my sister
First we take Manhattan, then we take Berlin
I'd really like to live beside you, baby ...
And I thank you for those items that you sent me
The monkey and the plywood violin
I practiced every night, now
I'm ready
First we take Manhattan, then we take Berlin
Ah remember me,
I used to live for music
Remember me,
I brought your groceries in
Well it's Father's Day and everybody's wounded
First we take Manhattan, then we take Berlin"
14.9.05
Mérito (e qualificação, tá claro!)
Creio que os drs. Armando (Vara) e Gomes (Fernando) estão incluídos entre a elite dos gestores portugueses, o que justifica o facto de terem aparecido como administradores da Caixa Geral de Depósitos. Diga-se de passagem que os dois qualificados quadros ficaram conhecidos, sobretudo, pela lisura e transparência de processos.
E as presidenciais vão avançando...
Mentalidade pidesca
Quem Regula a Banca?
É do conhecimento público os chorudos lucros da banca portuguesa. É aliás, segundo alguns analistas económicos, um dos poucos sectores de actividade, onde o país é eficiente.
Era também esta a imagem que tinha dos bancos até há bem pouco tempo. Quer dizer, já me tinha apercebido de como os bancos faziam dinheiro. Cobrando comissões, indiscriminadamente, por tudo e por nada. É esta a prática corrente neste ramo de negócio.
Aos clientes, são apresentados um conjunto de produtos, – sempre os melhores, – sem que o utente tenha hipótese de negociar o preço do que compra. A alternativa é sempre a mesma. Ou aceita, ou rejeita.
É esta a prática corrente na nossa banca.
Um dia destes solicitei à única instituição de crédito com sede na Madeira, uma transferência de 176 euros para uma conta no Brasil. Pela operação debitaram-me 80 euros. De certeza que um dos funcionários do banco vai, pessoalmente, ao Brasil fazer o depósito.
Também tenho quase como certo, que o funcionário da instituição de crédito, foi entretanto, apanhado por um daqueles furacões, que têm perturbado a ordem pública, na América central e do sul.
4 Semanas após, o dinheiro ainda não está na conta do Banco Brasileiro. Na minha conta, desapareceram imediatamente 256 euros para pagar 176.
Perante estes lamentáveis factos, dirigi-me ao Banco de Portugal. Antes fiz vários alertas no Banif. Mal informado, ainda pensei para com os meus botões que, o Banco de Portugal fosse a instituição reguladora da banca nacional.
Após ter que tomar folgo para conseguir abrir as duas poderosíssimas portas da delegação do BP no Funchal, encontrei um senhor por detrás do Balcão. Uma personagem ressuscitada de um daquelas séries de filmes do exorcista. O homem cadavérico, disse: - “o banco tem outras funções que não essas. Mas, ……..não é aqui…quuem controla, então, a banca??'”
- Nem advogado consegue para lhe tratar disso. Não se querem meter com os poderosos! É para isso, e para meter uma acção contra o Governo.
As sábias palavras do homem deixaram-me mais calmo. Afinal, eram ditas por aquela horrível personagem. Um homem com tomates, experiência, e ainda por cima, com ar maquiavélico. Se um ser estranho, me diz aquilo, que diria um homem normal?
13.9.05
Great jobs for nice boys
E agora, a ala que viveu com Guterres, e que depois sobreviveu a ele, controla o Parlamento, o Governo, o Banco de Portugal, o Tribunal de Contas... A presidência da república é também socialista. Curiosamente, o contra-poder poderá ser feito pelo socialista Soares....
Tempos estranhos, estes...
Parabéns, Dr. Oliveira. A great job for a nice boy...
12.9.05
11.9.05
Foi bonito
AJJ e as suas "párteneires"
Não sei se já repararam nos anúncios que profusamente enfeitam a última página do DN, esse perigoso órgão anti-autonomista ou coisa que o valha. É que nos ditos, que publicitam os comícios e os convívios com os militantes que se realizarão em todas as freguesias e sedes de concelho do arquipélago, lê-se "intervenção política de Alberto João Jardim... e do candidato", ou seja, de um anónimo qualquer, que por acaso do destino partilha o palco com a estrela maior.
A situação é parecida com aquela porque passam as "párteneires" dos ilusionistas, normalmente cortadas ao meio sem que os nomes artísticos que carregam - Rebbeca (com dois B's), Solange, Vanessa, Ivete - sejam pronunciados uma única vez. Aliás, como é sobejamente conhecido, os cartazes que anunciam espectáculos do género referem apenas o nome do mágico e a profissão da acompanhante, por exemplo, "Ramón de Sosa e sua bela partenaire". Parece-me, de facto, que a comparação é pertinente...
Já agora, uma sugestão: para quê deixar os anónimos candidatos falarem? Para fazer perder tempo aos militantes? Para arrancar suspiros de tédio ao bom povo atraído aos comícios por Anjos e Ágatas? Porque não deixar os candidatos, à semelhança das "parteneires", fazer apenas aquilo para o qual muitos estão, de facto, vocacionados, ou seja, rir e dar palminhas? Não era mais fácil?