"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
11.11.05
Encontro dos Amigos do Oriente
Para além das conferências previstas para o Arquivo Regional da Madeira, que contarão com as participações, entre outros, de Ezio Bassani, Amin Jaffer, Ronald Fuchs II, William Sargent ou Maria Antónia Pinto de Matos, destacam-se as duas exposições englobadas no certame. A primeira apresentará ao público da Madeira uma das mais extraordinárias colecções mundiais de arte antiga - "Um Olhar do Porto - Colecção Dr. Jorge Mota". Estará patente no Museu da Quinta das Cruzes a partir de sábado.
A segunda, instalada no Museu de Arte Sacra, reúne um alargado leque de objectos de colecções madeirenses. "A Madeira nas Rotas do Oriente" será inaugurada domingo.
Um conjunto de eventos a não perder. Principalmente por aqueles que dizem que no Funchal nunca se passa nada de relevante.
Serviço cívico
10.11.05
Não gosto dele. E pronto!
Pulo do Lobo
A Direita e as direitas
"Vamos ser claros. Portugal aproxima-se desse momento crucial em que terá obrigatoriamente de reformar profundamente a sua Constituição. É algo que a direita menos envergonhada defende desde 1974 e que hoje se afirma inevitável, em face da concorrência dentro e fora da Europa. Há muito que uma nova constituição deixou de ser um mero símbolo ideológico. Um destes dias, PS, PSD e CDS entender-se-ão nesse sentido. Fará algum sentido, dos que se candidatam, outro que não Cavaco na Presidência? Não faz. E o problema é que o perigo de a esquerda, unida na segunda volta, ganhar as eleições, é real. Se não o fosse, haveria tempo e disposição para floreados retóricos e afirmações sobre espaços vitais à direita. Como não é isso que sucede, o único espaço vital com que a direita em conjunto se deve preocupar, por ora, é a Presidência da República.", escreve Francisco Mendes da Silva, explicando assim porque razão a direita deve "tapar os olhos e votar Cavaco", que não é um candidato de direita, mas que se converteu no candidato da direita, para mal dos seus pecados.
O título deste post foi roubado, propositadamente, a uma obra de Jaime Nogueira Pinto.
Ricardo na mão dos... Astros
O bom do treinador, que dá pelo nome de Domenech, já avançou, contudo, com algumas pistas. O guarda-redes não será leão, porque segundo os astros consultados, os nativos desse signo gostam de se exibir e por isso não dão bons defesas. E também não será Escorpião, porque o bendito técnico não confia nos azarados que nasceram sob tão má influência.
Não sei porquê, mas creio que o Scolari é da mesma escola do Domenech. É que só os astros podem explicar a continuidade de Ricardo na baliza da selecção nacional portuguesa. Ou a convocação de Petit e de Viana. Entre outras... "bizarrices" (para não escrever burrices) do género.
Esperemos, já agora, que a conjuntura astral nos seja favorável durante o Campeonato. Mas não sei se será melhor reforçar a equipa técnica com a astróloga (taróloga, peço desculpa) Maya. Ou com o "para-psicólogo" Alexandrino. Quem sabe se eles não davam uma ajudinha?
Uma questão de estilo
Se os deputados "ofenderam ou insultaram não interessa. O importante é que estavam de fato e gravata", escreveu hoje - e bem, digo eu - Marta Caires no Diário . Eu não me lembraria de melhor.
No fundo, é tudo uma questão de estilo. Se bem que os conceitos estéticos de alguns dos senhores deputados sejam, no minímo, questionáveis.
Viver noutro mundo
Convém não manter o rapaz muito mais tempo na ignorância, e consequentemente nesta evidente felicidade. Afinal, ele não deve conhecer a Internet, a televisão ou mesmo os telemóveis e outros pormenores irrelevantes que tornam as comunicações actuais globais e instantâneas. Por isso é urgente que alguém lhe explique estes “milagres” do nosso tempo. Por arrasto, expliquem-lhe também que ler os jornais e/ou participar nos ENDAs ajuda a manter a malta mais informada sobre alguns assuntos (como este) e que a função de uma Associação de Estudantes não se resume a organizar praxes absurdas, festas imberbes ou definir as suas épocas especiais para exames.
Dúvida que me assalta
Eu não ponho em causa o direito à greve. E não ponho em causa os argumentos apresentados para convocá-la. Cada classe profissional sabe de si e deve naturalmente defender os seus interesses usando as armas que entende e que acha legítimas. Mas uma dúvida me assalta: porque é que convocam sempre as greves para as sextas-feiras?
9.11.05
Aforismo (ou talvez refinada ironia)
Importa-se de repetir?
Os do contra
Festival de cinema
Depois do desastre de filme que foi apresentado, terça-feira em competição, espero ver algo melhor.
Pelo menos o que se segue, é uma comédia portuguesa. Se for tão mau como “The Bridge of san Luís Rey”, está tudo estragado.
8.11.05
Quanto vale um blogue?
My blog is worth $2,822.70.
How much is your blog worth?
O nosso está a valer pouco. Mas ainda assim, não é mau. E a Internet vai crescendo...
Sem fôlego
INTO THE BLUE abriu ontem à noite o Festival de Cinema.
Desde já considero uma aposta ganha pela organização, a escolha deste trabalho realizado “made in América”.
Só escrevo hoje qualquer coisa porque estive a recuperar das fortes emoções vividas durante as duas ininterruptas horas de adrenalina, em que estive com os olhos projectados no ecrã, enquanto me retorcia na cadeira para resistir ao impacto das sequências
Além de um guião “hiper-esgalhado” existe neste trabalho conduzido por John Stockweel uma interessante realização. No mínimo tão claustrofóbica quanto a maioria das cenas do filme. Ou este produto não fosse rodado (80%) nas sempre misteriosas águas do oceano.
Com um argumento hiper-activo, e uma realização quase cirúrgica, estão reunidos num só trabalho dois dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer filme. É o que acontece em INTO THE BLUE.
Mas existe mais. Ao espectador é ainda oferecido um mundo inacessível à maioria do comum dos mortais. As indescritíveis “paisagens” subaquáticas do mar das Caraíbas. Cenas com peixes, peixinhos e tubarões. Se a este devorador apetite cinéfilo lhe disser que ainda pode adicionar Jessica Alba, de certeza, que não tem argumentos para resistir a esta tentação de filme.
Nem que seja pela curiosidade das paisagens, pelo bando de perigosos traficantes, ou pelo simples facto de poder mergulhar, de cabeça, numa espécie de “videoclip” retirado de uma qualquer banda em projecção mediática.
NOTA: hoje é o senhor do ecrã é ROBERT de Niro em The Bridge of San Luís Rey. À mesma hora, no mesmo sítio.
Festival
No que se refere aos primeiros dias do Festival, destaca-se o número de espectadores no Teatro. Ontem, "Into The Blue" foi exibido numa sala cheia.
7.11.05
Sobre os equívocos
O deserto em que se transformou a corrida para a eleição presidencial é, grosso modo, a prova provada de como definha a democracia portuguesa, submersa numa espécie de conluio onde se baralha para dar de novo. As mesmas cartas, que é como quem diz as mesmas caras há décadas e décadas, sem variações, sem mudanças, sem nada.
Entre o folclore de esquerda (quanto mais ridículo e antiamericano melhor, de preferência polvilhado com um romantismo poético ou com um pézinho de dança) e a pseudo direita disfarçada ou travestida de qualquer coisa de fundo que oscila entre o sebastianismo puro e o messianismo milagroso (embora não haja conhecimento de nenhum deles ter aterrado por aí para salvar a “ditosa pátria” como lhe chamou Vasco Pulido Valente), os candidatos que até agora se apresentaram revelam o pior do conservadorismo e o pior da política que por cá temos. São eles os principais avalistas do actual marasmo, já endémico, português.
Nada tenho contra os cidadãos que “livremente” se apresentam a estas eleições. Aliás, há dez anos que sabemos, por exemplo, que o Dr. Cavaco seria candidato apesar de muita gente ter andado a alimentar crónicas e novelas que metiam o Dr. Rebelo de Sousa, o Dr. Santana ou o Dr. Balsemão. Para além da irrealidade de certas coisas, isto prova que as notícias são cíclicas (ainda recentemente o DN de cá deu um outro belo exemplo levantando pela enésima vez a questão da sucessão do Dr. Jardim).
Ao longo de todo este tempo, o Dr. Cavaco soube por isso gerir o silêncio como ninguém (o Dr. Portas hoje faz o mesmo de forma brilhante e inteligente) enquanto que outros se ocupavam das questões menores da literatura de cordel.
Do lado esquerdo do espectro político português, o Dr. Alegre, o Dr. Soares, o camarada Jerónimo ou o inefável Dr. Anacleto Louçã, parecem uma banda de província apostada em alimentar arraiais e festas populares. Nada os distingue, nada os diferencia; todos prometem elevado sentido de Estado, um Estado protector, maior justiça e estar atentos aos movimentos (talvez perigosos e pouco transparentes) que impelem a sociedade para um neoliberalismo atroz e desumano; no fundo, um conjunto de ideias vazias, de chavões políticos que têm como único destino a gaveta onde o Dr. Soares um dia meteu o socialismo. Mas cantam todos alegremente e todos gostam de divertir o povo. Louve-se pelo meio a vontade férrea de se destruírem uns aos outros e de terem avançado com as suas candidaturas baseados na estratégia do dono da bola: quem traz a bola joga sempre. Por isso o Dr. Cavaco não tem adversários. A esquerda neste momento é adversária de si mesma, sinal claro das suas divergências e da sua crise existencial que muito tem a ver com questões programáticas, convém não esquecer. Mas aqui dou a mão à palmatória: o Dr. Cavaco também tem um programa que parece ser uma sucessão de equívocos e de lugares-comuns (confesso que ainda não li nenhum dos programas dos candidatos e que me baseio apenas naquilo que leio nos jornais que cobriram as respectivas cerimónias de apresentação dos mesmos).
Entremos agora na questão do apoio ao Dr. Cavaco. Não sou cavaquista. Nem apoio o Dr. Cavaco. E não apoio o Dr. Cavaco por vários motivos. Em primeiro lugar, porque o Dr. Cavaco é de facto o pai do Portugal modernaço, logo um dos principais responsáveis pelo actual estado de coisas, incluindo o célebre monstro por ele criado mas posteriormente “autocriticado” num célebre artigo de opinião. Em segundo lugar, o Dr. Cavaco é especialista em estratégias que metem sempre, apenas e só, as suas ambições pessoais (quem não se lembra do célebre tabu que ajudou a enterrar um pouco mais o PSD?) destruindo à sua passagem o interesse colectivo do partido onde milita. Em terceiro lugar, não vejo o Dr. Cavaco como a “moeda boa” que vem expulsar a célebre e cancerígena “moeda má”, embora ele tenha ajudado a deitar abaixo um governo liderado pelo PSD por muito menos (estranho a falta de memória repentina de muitos sobre este assunto). Em quarto lugar, o Dr. Cavaco não passa de um político mediano que durante muito tempo revelou manifesta incapacidade de decisão. Por este motivo, não vejo em que é que ele poderá ser perigoso para alguém. Para Sócrates, ao contrário daquilo que muitos vaticinam, ter o Dr. Cavaco em Belém será ouro sobre azul e uma garantia quase plena de sobrevivência política.
Por fim, entrava na questão lançada pelo VPV sobre o pôr a andar toda a gente passado um ano e que o Bento diz que eu esqueci. Para começar, não tenho de comentar todos os artigos que se escrevem sobre este assunto. Apenas fiz referência ao artigo do Dr. Barreto porque me pareceu interessante e certeiro no que aos erros do Dr. Soares diz respeito. Mas em frente. Até porque a questão é interessante.
Eu gosto muito do Vasco Pulido Valente. Aliás, desconfio mesmo que haja mais algum cronista no reino com a sua capacidade de síntese, de precisão, de acuidade e de previsão. VPV é muitas vezes brilhante em toda linha e os artigos publicados às sextas, sábados e domingos são por mim religiosamente guardados. Mas nesta situação VPV parece ter ignorado três coisas: primeira, que Cavaco vai trabalhar no primeiro mandato para garantir um segundo automático, o que o impede de levantar muita celeuma ou mesmo de afrontar gravemente o governo; segunda coisa, que a estratégia de Cavaco é individual e não da direita ou do PSD como muita gente anda por aí a arengar (de Vital Moreira a Mário Mesquita, especialistas em agitar espantalhos); terceira, que o Dr. Marques Mendes é actualmente o líder do PSD, e um líder fraco por sinal. Logo, antes de provocar qualquer “golpe palaciano” o Dr. Cavaco tentará colocar em posição os seus apaniguados de sempre: a Dra. Ferreira Leite e companhia mais um tal de Borges que é figura muito conhecida e vice-presidente de uma instituição financeira qualquer, que anda louco para ser primeiro-ministro. Ai sim, teremos o cavaquismo revisitado e pronto para eventualmente dar o golpe. Mas isso não será no espaço de um ano. Nem de dois ou três. E o Eng. Sócrates não é o Dr. Santana, apesar das trapalhadas evidentes comodamente caladas e ignoradas na comunicação social.
Quando o tempo do Dr. Cavaco chegar (mostrando que Parménides tinha razão e que de facto nada muda) talvez aí o Vasco Pulido Valente escreva “Esta Ditosa Pátria – II Volume”. Para rirmos um pouco, já que tristezas não pagam dívidas. E para guardarmos na estante, e irmos folheando de quando em vez para relembrarmos esses tempos. Tal como agora faço com o seu livro original de capa cor de vinho deliciando-me com a prosa divinal do homem e com os absurdos tempos do Dr. Cavaco.
Resta-me, como último parágrafo, dizer que jamais votaria à esquerda. Mas neste momento ainda não vi nenhum candidato da direita.
António Barreto
A ler também o artigo de hoje (de ontem, para ser mais exacto) no Público de António Barreto. Infelizmente sem ligação disponível.
Os spielbergs do futebol
Toda a gente sabe que o futebol em Portugal é na globalidade mau. Péssimo, para sermos mais exactos. Mas se ao mau futebol ainda tivermos de somar as péssimas transmissões e realizações televisivas como aquela que no sábado acompanhou o jogo do Marítimo contra o Braga, não há de facto quem resista. O futebol em Portugal é quase uma impossibilidade e um enorme bocejo. E por vezes, como no sábado, um exercício adornado com doses elevadas de masoquismo. Com os meios técnicos actualmente existentes é inconcebível que uma transmissão seja assim tão má. E indesculpável.
Procura-se candidato
PS: O advogado do Bibi não conta.
O que tu queres sei eu
O D. Duarte hipotético rei de Portugal e dos Algarves sonha casar o seu filho, Dinis, com a possível futura rainha de Espanha, Leonor. Não sei se a coisa é para ir em frente. Nem sei sequer se é para levar a sério. Mas cheira-me que os espanhóis não irão na cantiga do rei sem coroa habituado a ser um género de “cavaleiro da triste figura” a mendigar um título sem cabimento e a contar toda a espécie de piadas (como esta). Ainda para mais, se o pretendente sai ao pai, a futura rainha Leonor está bem tramada. Para não dizer outra coisa.