26.10.07

Livros das Férias I


"O Fantasma de Hitler", de Norman Mailer, dá-nos a conhecer D.T., o pequeno demónio que guia Hitler (Adi) desda a infância até à sua conversão num dos maiores assassinos da História da Humanidade.

Partindo de factos verídicos, Mailer transforma a infância e juventude de Adi - um fruto de incesto - numa luta contínua entre o bem e o mal. Com a frase de Santo Agostinho Inter faeces et urinam nascimur como "banda sonora". E com colónias de abelhas em fundo - plataformas de estudo de onde o jovem Adi retirará as noções sobre as sociedades humanas.

Com a fluência narrativa habitual, Mailer constrõe um romance (há quem lhe chame "não-ficção criativa") de leitura agradável. Embora não seja aquilo que de melhor o autor, com 84 anos, já escreveu.

Concurso intressante

Um concurso...interessante.

Será que a TVI o vai adaptar? Havia de ter graça...

Zaragata

Não sei quem nele escreve, nem quero saber. Acho simplesmente que é um dos mais interessantes blogs de cá. Assino por baixo deste texto.

Um blog a consultar com frequência.

À espera do tempo

Nem depois dos milhões investidos em novos estabelecimentos de ensino, a região ultrapassa os baixos índices de escolaridade do país.

Na minha sincera opinião, a culpa é sistema. Caso contrário, tenho de admitir que as escolas estão vazias de bons alunos, e cheias de maus professores.

Como não acredito que a raiz do mal é apenas dos professores e dos alunos, interessa os pormenores.

Um deles é a classe docente.
Metades dos nossos professores (cerca de 3 mil) são do continente. Como não conseguem trabalho perto de casa, aventuram-se nas ilhas. Quer isto dizer que, a Madeira fica com as sobras do Ministério da Educação, salvo honrosas excepções. Os melhores docentes, os que obtêm boas notas nos respectivos cursos, conseguem colocação no continente. São cada vez menos, é certo, mas os bons, ainda acedem ao sistema. Aos outros resta o desemprego.
Há 10 anos, quando deixei Lisboa, era assim. Para meu espanto, uma década depois, continuam a chegar professores à Madeira.

O segundo pormenor é as baixas competências dos alunos madeirenses.
Uma boa parte são filhos de pais analfabetos ou com pouca escola. Todos sabemos, ou pelo menos a tutela deveria saber, que numa casa onde não existem livros e apoio à educação, é mais difícil o processo de ensino. As dificuldades de aprendizagem reflectem-se nas avaliações. Compete ao sistema corrigir esta grave lacuna. Ou será que a solução tem outro nome: - tempo, por exemplo.

Sim, senhor comandante...

O Sr. Comandante da PSP na Madeira, figura de quem nem o nome fixei, protagonizou ontem um dos momentos mais ridiculos de que há memória nos últimos tempos.

Convidado a falar sobre o assalto à mão armada da última quarta-feira arengou, textualmente, que cenas violentas como aquela, que aconteceu em plena zona turística, à hora de ponta, são fruto do... "desenvolvimento".

"São crimes típicos de uma sociedade desenvolvida", desculpou-se... Se não fosse grave até tinha graça.

Pior foi quando amarfanhou a ideia de que a segurança dos cidadãos depende... dos cidadãos, ou seja, no caso em apreço, segundo a lógica que se depreende de semelhante arenga, o cidadão proprietário da ourivesaria deveria estar armado com uma BAZUCA, aguardando serenamente os assaltantes...

Segundo o comandante, a percepção de insegurança na Região é maior do que a própria insegurança. Temos de convir que é verdade. Agora o que também é verdade é que quem deve combater a insegurança, ajudando ao mesmo tempo a diminuir as "más percepções", é a própria força policial que ele comanda. E como? prendendo bandidos, é mais ou menos básico... Para isso, talvez seja importante dedicar menos tempo a operações stop, a multas nos parcómetros, entre outras actividades relevantes. Digo eu...

Às vezes, para minorar a sensação de que "isto tá a ficar perigoso" são necessárias acções como mais policiamento de proximidade, mais comunicação com a população por parte dos agentes, mais comunicação com os media dando conta de "casos bem resolvidos", etc.

Para além do mais, parece-me básico perceber que a insegurança se mede através da percepção, e não de outra coisa qualquer.

Ontem, o comandante perdeu uma bela ocasião para se explicar. Não explicou, ou ninguém lhe perguntou, por exemplo, como é que numa ilha com mais ou menos 700 km um carro topo de gama teve 12 horas desaparecido sem ninguém dar conta dele. Se calhar, se não tivesse havido aquele laxismo do género "há-de-aparecer-daqui-não-sai-pa-lado-nenhum-porque-carros-ainda-não-sabem-nadar", a PSP tinha acabado com um bando possivelmente perigoso sem sequer se aperceber disso.

Não explicou, ou ninguém lhe perguntou, porque é que o recente assalto violento à bomba de gasolina do Campanário não foi resolvido.

Não explicou porque é que nas Madalenas, há assaltos diários a apartamentos, e que medidas toma a PSP para minorar a situação.

Não disse sequer aquilo que deveria ter dito no caso em apreço, ou seja, foi um assalto que nos colheu de surpresa (aceitável) e tudo vamos fazer para o solucionar.

Enfim, se a ideia era diminuir a sensação de insegurança, a verdade é que o comandante contribuiu para ampliá-la...

25.10.07

O crime perfeito

A partir de ontem, sinto-me mais português.

O assalto à ourivesaria “David Rosas”, no Funchal, espalhou o medo na Madeira e trouxe o mal (português) que faltava para a região.

No continente, os últimos meses foram trágicos. Nunca o país foi alvo de tantos e tão orquestrados assaltos à mão armada.

O método é idêntico lá e cá: - roubam um carro, chegam em pleno dia ao local do crime e, em menos de dois minutos, desaparecem sem que ninguém os “veja”. São crimes perfeitos.

Até há sensivelmente 4 anos os continentais só ouviam dizer que um banco, bomba de gasolina, ou uma ourivesaria tinham sido assaltados. Agora acreditam que o crime aconteça a qualquer hora e local. Do mesmo receiam os madeirenses. Julgavam que a região era imune ao crime, mas ele aconteceu. Para já sem “feridos” ou mortes, é verdade, mas caso fosse necessário fazer sangue, não tenho a menor dúvida que os “bandidos” tinham semeado o terror na região, em vez do actual estado de medo.

Nesta história a polícia não está isenta de culpa. Como é que um carro roubado, não tenha sido encontrado 12 horas depois? A Madeira tem 741 km quadrados e é uma ilha.

Quais foram as diligencias executadas pela PSP para localizar o veículo?

A outra questão, é que ninguém acredita que os “bandidos” sejam madeirenses. Até nisto somos portugueses. Pois eu receio que, pelo menos um, senão todos, é de cá.

O que vão agora fazer, caso não sejam identificados? Guardar o material e aos poucos, introduzi-lo nos mercados externos.

Quando é o próximo assalto?

23.10.07

Uns partem, outros não!

Por lapso, deixei passar em claro o aniversário da morte de Adriano Correia de Oliveira. Associo-me, aqui, à homenagem a esse vulto ímpar da resistência e do cantar de intervenção.

Monteiro Diniz é viajado, não é?!

Se levarmos a sério esta reflexão do senhor representante da República, a conclusão inevitável é que há melhor justiça quanto maior for a região/país. Logo, a justiça em Portugal será uma treta, uma vez que não passamos de uns parolos provincianos de pequena dimensão. E que a justiça ainda será pior no Luxemburgo ou no Mónaco, esses dois estados de simplórios labregos.
Por outro lado, o comportamento do próprio representante da República estará de certa forma condicionado pelo provincianismo madeirense, uma vez que esse condicionamento não é prerrogativa dos magistrados.
Não está mal visto, não senhor...
Como diria a minha amiga WOAB: viajado, este senhor! Com um pensamento tão arejado, terá de ser cosmopolita...

22.10.07

É preciso dar uso à coisa pública...



Definitivamente, um exemplo delicioso de participação cívica activa por parte da população de Várzea de Meruge, em Seia.
Já que os governantes não resolvem o problema dos buracos, comecemos a dar-lhes uso.
A minha mais sentida e humilde vénia a tão criativo povo...

21.10.07

Prazer de nada fazer, ou a revolta do prisioneiro!

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa