1.9.06

Sabão e toalhinha

Um novo plano nacional contra a droga desenha-se no horizonte. Depois do evidente falhanço do anterior que assentava, recorde-se, na descriminalização do consumo das drogas ditas leves (uma ideia peregrina) e na introdução da metadona (um curioso substituto) eis que uma nova originalidade toma forma e ganha dimensão: as denominadas salas de injecção assistida. Confesso que já estou por tudo. E muito pouco, na realidade, deve espantar. Enquanto vejo o modesto fumador deste país a ser escorraçado e socialmente descriminado por bagatelas, o senhor toxicodependente continua nas boas graças das gentes, perfeitamente inimputável e com tratamento de excepção. A este nada falta: nem condições, nem profissionais de variada ordem, nem apoios directos do Estado. E agora até vai ter uma salinha correctamente preparada onde possa alimentar, também correctamente, o vício. Ironia do destino, já imagino as cadeias portuguesas com a proibição de fumar (a nova cruzada higiénica e fascista) mas com um quartinho especial ali mesmo ao fundo para matar o vício. Como dizia um amigo meu, não se esqueçam do sabão e da toalhinha. E de limpar tudo muito bem depois de usar.

Um mito

Em Londres, por falar em delírios, sobe ao palco a partir da próxima semana uma curiosa ópera que pretende elevar o senhor Khadafi e a sua obra à categoria de mito, realçando a sua obra e a sua acção política. Caros leitores mais cépticos, lamento informar, mas o que acabaram de ler em cima não é, infelizmente, gralha ou erro de informação. E trata-se mesmo do Sr. Khadafi. Lamentavelmente, a estupidez humana nunca teve fim nem limite. Mas convém recordar aos mais esquecidos, aos muitos ignorantes que grassam por aí e que teimam em fazer, por exemplo, de Fidel, Guevara, Lénine ou mesmo Chávez uma espécie de heróis românticos a quem tudo se perdoa, que o actual ditador da Líbia não é flor que se cheire nem pessoa que se convide para ir jantar. Aliás, o Sr. Khadafi foi um dos percursores e mentores dos ataques terroristas a aviões cujo exemplo mortal, e perfeito, é o do voo 103 da Pan Am que caiu em Lockerbie, na Escócia, em 1988, matando todas as 270 pessoas que seguiam a bordo. Fazer deste assassino, um déspota em potência que conduz um país à base da força, um mito, imortalizá-lo numa ópera defendendo a sua obra, é não mostrar nenhum vergonha ou qualquer respeito ou pudor pelas suas vítimas.
O problema desta Europa que se diz civilizada, é querer branquear este tipo de gente em nome de uma utopia que ruiu com o muro mas que ideologicamente continua bem viva na cultura, na comunicação social e na educação dos nossos tristes e patéticos países. A falta de memória, ou o esquecimento ou desconhecimento da nossa história é meio caminho andado para um novo desastre. Mas claro que, entretanto “the show must go on”. Agora com o Sr. Khadafi como artista principal.

31.8.06

E por falar em incoerências....

Descobri o Farpas há pouco tempo. De acordo com o profile, o seu autor chama-se Paulo Barata. Porque, enquanto madeirense, gosto de saber tudo o que posso sobre a Madeira, comecei a ler os primeiros posts. O sr. Paulo Barata falava da falta de coerência do Filipe Malheiro, pelo facto deste não ter manifestado a sua discordância aquando da sucessão de Virgílio Pereira por Miguel Albuquerque. Até estava a gostar, pois parecia-me que o sr. Paulo alertava para incoerências de figuras públicas que têm a obrigação de evitá-las (especialmente se forem políticos ou estiverem na política). Sinceramente, pareceu-me que o Sr. Paulo mantinha uma postura equilibrada, apartidária e observadora da realidade madeirense, o que me agradou. Estranhei alguma obsessão com o Filipe Malheiro, mas quem sou eu para criticar as obsessões dos outros, uma vez que eu, obsessivamente, abjuro Maria de Lurdes Rodrigues (na minha opinião, a pior Ministra de Educação de sempre). Portanto, não liguei e continuei com a minha leitura. Mas, a certo ponto, tive que parar, pois a falta de coerência estava a ser asfixiante. Depois de 2 posts onde disserta sobre a coerência, eis que me deparo com um, onde o sr. Paulo afirma o seguinte:

"Jardim diz que, para atrair investimento para a Madeira, vai baixar os impostos já em 2008.
É próprio de um populista a promessa de baixar os impostos. O povo gosta desta promessa. Foi assim com o "Choque Fiscal" de Durão Barroso e com a diminuição da taxa de IRS de Santana Lopes. Durão Barroso depois de eleito teve que aumentar os impostos e Santana Lopes acabou por ser despedido. No caso da Madeira, por incrível que pareça, Jardim safa-se sempre com todas as asneiras."

Até me sentiria tentado a concordar com o Sr. Paulo, não fosse o facto do blogger ter omitido outras faltas de coerência, bem mais próximas de nós cronologicamente. Então, para quem alarde coerência por todo o blog, não é que o sr. Paulo demonstra uma fantástica falta dela na sua análise, esquecendo as promessas de Sócrates sobre a manutenção dos impostos?

Então sr. Paulo, não vive em Portugal? Então sr. Paulo, onde está a sua coerência? Foi mero esquecimento, ou a obsessão não é apenas com o Filipe Malheiro, mas com o PSD?

A sua tentativa de branquear o governo socialista fica-lhe mal, embora seja elucidativa acerca do seu posicionamento político.
Naturalmente, reconheço-lhe o direito de situar-se politicamente numa outra margem, mas então não venha gritar isenção e exigir a partilha do rio. Porque causa desconfiança!

Esclarecido, continuarei a frequentar o blog do Sr. Paulo. De forma mais atenta e prevenida, é verdade. Mas o sr. Paulo, que não se distingue pela coerência, escreve algumas coisas com as quais concordo. Parece-me uma pessoa inteligente. Demasiado comprometido, mas que raio, na blogoesfera não podemos ser muito exigentes.

PS - O Bento tem andado muito calado e o seu último post indicia o encerramento da Esquina. Ainda não falei com ele, mas espero que tal não se confirme. Porque a blogoesfera madeirense ficaria irremediavelmente mais pobre.

Digam lá qualquer coisinha!

Independentemente da bondade da decisão tomada pelo governo patético (sim, porque este Sócrates não merece o peri) da República sobre a diferença de tratamento entre Madeira e Açores ao nível de financiamento, o absoluto silêncio da oposição madeirense é aterrador. A posição dos seus ilustres líderes é a de enfiar a cabeça na areia (senhores, o Verão está a acabar!), ou assobiar para o ar, na expectativa que o corte nos milhões enfraqueça o Governo PSD. O que não percebem e que provavelmente nunca perceberam é que, no seu íntimo, os madeirenses preferem um líder que profira umas barbaridades de vez em quando, em vez de lideranças subservientes aos desideratos continentais. Que os madeirenses preferem um governo formado por um partido com defeitos mas autónomo, do que por partidos que se portam como filiais. Como afirmou ontem o ex-líder do PS, a solução para a oposição não passa pela fidelidade canina à direcção nacional dos partidos, mas por projectos políticos desenvolvidos a pensar na Madeira e nos madeirenses. Porque apesar do que afirmam alguns intelectos brilhantes da nossa praça, existe de facto um diferendo claro entre o povo madeirense e a República. E enquanto esta différence entre a Madeira e o Continente não for reconhecida pelos partidos da oposição, não vejo como é que alguma vez se poderão constituir como alternativa.

PS – Ressalvo, aqui, a posição do deputado Maximiano Martins, que me parece equilibrada. Este deputado, cujas posições, muitas vezes são dúbias, ao que parece afirmou ao DN – Madeira que está disposto a opor-se à proposta do PS, devido à argumentação utilizada. Resta saber se com outra argumentação, as contas feitas pelo deputado resultarão na diferença presente na proposta actual.

De ideias absurdas estamos cheios!

Sei que já vem um bocadito tarde, mas não podia deixar passar em branco aquela que, para mim, é a melhor e mais brilhante ideia dos últimos tempos, a saber, a realização de um concerto nas Desertas. Esta ideia, de tão peregrina e absurda teve o condão de me fazer recordar um sucessso já antigo, cuja letra partilho aqui convosco.


"When the moon is in the Seventh House

and Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planets
And love will steer the stars

This is the dawning o the age of Aquarius
The age of Aquarius
Aquarius! Aquarius!

Harmony and understanding
Sympathy and trust abounding
No more falsehoods or derisions
Golden living dreams of visions

Mystic crystal revelation
And the mind's true liberation

Aquarius! Aquarius!

When the moon is in the Seventh House
and Jupiter aligns with Mars
Then peace will guide the planet
And love will steer the stars

This is the dawning of the age of Aquarius
The age of Aquarius
Aquarius! Aquarius!

As our hearts go beating through the night
We dance unto the dawn of day
To be the bearers of the water
Our light will lead the way
We are the spirit of the age of Aquarius

The age of Aquarius
Aquarius! Aquarius!

Harmony and understanding
Sympathy and trust abounding
Angelic illumination
Rising fiery constellation
Travelling our starry courses
Guided by the cosmic forces

Oh, care for us; Aquarius "


Aquarius, do Musical Hair.

30.8.06

Caso Plutão

Notícia de última hora: Plutão também não aceita ser despromovido à II Liga dos Planetas.

Uma história

Enquanto toda a gente anda distraída com um senhor que atende pelo nome de Mateus, o Benfica do Sr. Vieira acaba de fechar um lucrativo negócio com a Caixa Geral de Depósitos. O acordo de 15 milhões de euros prevê dar o nome da Caixa ao centro de estágio do Benfica por um período, julgo eu, de dez anos. O autor desta megalomania foi o Sr. Armando Vara, um conhecido benfiquista e militante destacado do PS, que num dos Governos de Guterres foi convidado, delicadamente, a sair por má utilização de dinheiros públicos (para não chamarmos agora outra coisa mais feia). O Sr. Vara assumiu o ano passado um importante cargo na Administração da Caixa onde é responsável, imagine-se, pelos créditos às empresas. Leram bem: créditos às empresas. Curiosamente, um dos patrocinadores oficiais do Benfica é o Banco Espírito Santo (aliás, Banco que patrocina em partes iguais o Sporting e o Porto). A minha pergunta é muito simples: ninguém acha estranho que um mesmo clube seja patrocinado por dois bancos? Dois bancos concorrentes? Conseguem imaginar a Coca-Cola e a Pepsi a patrocinarem a mesma equipa? Ou a Optimus e a TMN? Ou a Marlboro e a Rothmans numa mesma equipa de Fórmula 1? Ninguém acha isto absurdo? Pelos vistos não.

Um excesso

Notícia espantosa saída nos jornais diz-nos que os velocímetros e os balões da polícia podem pecar por excesso. Por excesso digo bem porque ao que consta os dois instrumentos são conhecidos por extrapolarem os valores que apresentam. Estamos habituados a que as notícias sobre a polícia incidam na escassez: na escassez de homens, de meios, de recursos. Confesso que, perante o cenário anterior, estamos perante uma evidente originalidade. Mas o problema (instrumentos defeituosos), se existia, foi prontamente consertado com um método muito português: já que a coisa não funciona integralmente, nada como recalcular os valores e pode ser que ninguém dê por nada. Não sei de onde vêm estas brilhantes ideias, mas só podem vir do desespero porque ninguém notou que este é um problema que não se resolve alimentando-o e, muito menos, escondendo-o. O problema dos medidores de velocidade e dos balões mantém-se porque estes objectos não são substituídos. São remendados. E das duas uma: ou os instrumentos funcionam e as pessoas têm confiança plena nas instituições que fiscalizam acatando as suas decisões, ou então não vale a pena pregar no deserto e há que pôr cobro a este evidente abuso.

PS: Há tempos, houve um delírio colectivo que estabeleceu tolerância zero em algumas estradas portuguesas como método de combater a lusitana sinistralidade rodoviária. Lembro-me, como se fosse hoje, de um incrédulo a mostrar na televisão a multa que lhe passaram por circular a 51 Km/h numa zona em que não era permitido ir a mais de 50. Eu se fosse a ele, telefonava para a polícia e perguntava muito claramente se os 51 eram com desconto ou sem desconto.

29.8.06

Para ver

Faz pensar

Em 2006, já morreram mais de 2.000 pessoas nos mares de Canárias. Gente que tentava entrar na UE para sobreviver. Foram recuperados mais de 500 cadáveres. Os números levam-nos a pensar até quando resistirá esta... "fortaleza".

28.8.06


A Empresa de Electricidade da Madeira no seu melhor. Poste a meio da levada.
Fantástico! Como no Verão não corre água...