20.8.10

Encerramento de escolas: escrever direito por linhas tortas

A ministra da Educação persiste na mentira de que os alunos transferidos das escolas que irão fechar serão colocados em escolas com melhores condições. Grande parte destes alunos será transferida para escolas de tipologia semelhante, quer ao nível infra-estrutural, quer ao nível de equipamentos. As escolas encerradas pertencem ao plano centenário e os alunos serão integrados noutras iguais. Os centros escolares não respondem a todas as necessidades e vender esta ilusão é ignóbil e muito pouco sério.
Também é mentira que haja algum critério no encerramento das escolas. Há escolas com mais de 21 alunos que irão encerrar e outras com 8 ou 9 que se manterão abertas. E não se pense que é por razões pedagógicas. A medida é discricionária, decidida pelas DRE’s, muitas vezes em função de interesses político-partidários.

A verdadeira razão para o encerramento de escolas é económica. E acho patético que não se assuma isto de forma frontal. Porque qualquer português perceberia o argumento. Não é, efectivamente, viável manter abertas escolas com 8, 9, vá, 15 alunos. Os custos com docentes, com auxiliares e com cantinas (muitas escolas com meia dúzia de alunos tinham até cozinheiras!) são insuportáveis e não se traduzem em melhores projectos educativos e/ou melhores aprendizagens e aumento de sucesso.
Os recursos são escassos e precisam de ser rentabilizados. E não venham os interesses corporativos dos professores defender o contrário: porque a verdade é que já se antecipava isto há, pelo menos, 4 anos e a maioria dos professores colocados nestas escolas não apresentou argumentos, através do seu trabalho e do seu projecto educativo, que justifiquem o seu não encerramento. Para além dos constrangimentos e prejuízos advindos da fraca sociabilização, estas crianças, na generalidade, não beneficiaram das hipotéticas vantagens que poderiam decorrer de integrarem turmas pequenas.
Por isso, sinceramente, se forem acauteladas questões como o tempo de deslocação (não se pode submeter crianças com 6, 7 anos a deslocações muito superiores a 30 minutos), e desde que os projectos educativos das escolas que frequentavam não se destacasse positivamente e, ainda que as escolas de destino não tenham piores condições que as de origem, sou, francamente, favorável ao encerramento de escolas.
No Alentejo, por exemplo, encerraria 70% das escolas localizadas em freguesias rurais, ora agrupando os alunos noutras freguesias, ora transferindo-os para as escolas situadas em freguesias urbanas.
Mesmo o argumento de que o encerramento de escolas mata as aldeias (do qual já fui apologista) é falacioso, uma vez que, actualmente, não há uma vivência ou interligação entre escola e o meio.

O problema desta medida (que é norma nas medidas dos governos de Sócrates) é a forma discricionária, atabalhoada, apressada e autoritária como está a ser imposta. Bem como a propaganda associada. Melhoria teria sido que as razões que fundamentam esta tomada de posição fossem assumidas com frontalidade. Mas é a forma de estar de Sócrates: ele não sabe estar de outra forma que não a mentir! E isto não é defeito, é feitio…

Guida não tem razão…às vezes!

No seu artigo do DN Madeira, Guida Vieira especulava sobre as razões do fumo que pairou sobre o Funchal, denunciando, sub-repticiamente - qual meteorologista abalizada! - que não era possível aquela nuvem de fumo (“que mais parecia uma nuvem duma erupção vulcânica”) ser provocada pela queima de urzes, loureiros e faias.
Conhecendo as teorias da conspiração do Bloco e correndo o risco de ser profundamente imoral, diria, para corroborar com a política, que o fumo deve ser sido provocado pelas centenas de corpos que o governo fez desaparecer (e os mandou abandonar nas serras madeirenses) após o temporal de Fevereiro…!
Na minha opinião, o que Guida tentou foi fazer politicazinha de trazer por casa com assuntos sérios, sem qualquer suporte técnico e científico, com base no “parece-me”, ou no “dizem que”.
Isto é, naturalmente, uma forma muito pouco sério de fazer política.

De resto, até concordo com a Guida: se há dinheiro para fazer radares, marinas inúteis e outras obras de serventia duvidosa, já era tempo do governo regional investir a sério na protecção civil e equipar esta autoridade com um helicóptero, que tanto pudesse ser utilizado no inverno como no Verão. Não custava assim tanto (nem investimento inicial, nem ao nível de manutenção) e seria muito mais útil à Madeira do que tretas como aquela no Lugar de Baixo.

Questão de gosto

Parece que Fernanda Câncio, sempre tão atenta aos trapinhos com que se cobrem os políticos portugueses, não gosta dos fatos de Passos Coelho.
Será porque não os compra na House of Bijan?

E já agora, não é curioso que um tipo cujo vencimento mensal nunca foi superior a 7.000€ e que não herdou nenhuma fortuna, seja cliente de uma loja que cobra 50.000 dólares por fato?