29.9.06

Documentários

O problema está muito bem tratado aqui. Eu também conheço um bom punhado de pessoas, que tenho como inteligentes e informadas, que acreditaram nesta idiotia. Quando, por exemplo, Michael Moore, um tipo sem escrúpulos, lançou o seu documentário “Fahrenheit 9/11”, muita gente também assistiu espantada, extasiada e de boca bem aberta à “maldade" dos Bush e à sua "terrível conspiração”. Poucos conseguiram descortinar e perceber a abjecta manipulação e a montagem tendenciosa ao serviço de uma causa. O documentário levou a melhor: conseguiu fazer com que os argumentos principais se cingissem ao simplismo do costume da análise marxista: o petróleo ou o dinheito que é exactamente o mesmo. Perante a aleivosia e ignorância gerais, culpa do ensino, claro está, que não transmite nenhuma capacidade de transcendência crítica e que por isso reproduz indefinidamente estas cabecinhas, o mundo, como diria o outro, está mesmo perigoso.

Mais uma etapa

Já sabíamos que o fascismo higiénico e alimentar havia tomado conta da União Europeia. Depois de regulamentar sobre embalagens, amendoins, azeite e palitos, por exemplo, e depois da fundamentalista cruzada contra o tabaco, as baterias e os recursos desta união viram-se agora para o álcool e os seus malefícios. Como sempre, as coisas começam devagarinho, como convém para não dar muito nas vistas: primeiro, controla-se a publicidade – uma forma recorrente de tratar toda a gente como atrasada mental –; depois, proibi-se essa mesma publicidade – outra forma subtil de tratar toda a gente como deficiente profundo –; em seguida, aumentam-se os impostos sobre o produto em questão para torná-lo acessível apenas aos ricos (que assim se podem rir dos pobres); e, finalmente, e como último passo, torna-se o seu consumo socialmente insuportável e inaceitável, através de legislação absurda.
Escusado será dizer que esta gente começa a abusar: a abusar da nossa liberdade, a abusar do seu poder e, acima de tudo, a abusar da nossa paciência. Aos poucos, esta manta de retalhos substitui-se aos estados que, petrificados pelo politicamente correcto, rapidamente interiorizam estas práticas fascistas que têm origem nos radicais que querem viver duzentos anos e que fazem disso uma obsessão: sua e para os outros. Num mundo cada vez mais delicado e difícil é bom andar atento. E já agora de garrafa na mão. Só para a eventualidade de algum chatear mais do que o costume.

Conselhos gastronómicos

De acordo com a secção Pessoas do Público, o príncipe Carlos de Inglaterra anda muito preocupado com a alimentação dos seus futuros súbditos. Daí ter escrito um prefácio num livro recente onde ele avisa que os ingleses “deviam preocupar-se mais com o que comem e com a origem da comida”. Eu acredito na sinceridade do príncipe e até acredito que ele seja um consumidor ávido de produtos biológicos como a notícia deixa também transparecer. Mas desconfio sempre que uma pessoa que trocou uma Diana por uma Camila tenha bons conselhos para dar sobre gastronomia.

Contem comigo, Gonçalo "Che" e Comandante!

Uma pequena interrupção ao meu silêncio apenas para demonstrar a minha total disponibilidade para lutar ao lado do Comandante Gabriel e do amigo Gonçalo. E se a invasão é para ser a sério, posso já formar uma guarda avançada por aqui. Tenho certeza que o Nuno Camacho não se importará que ocupemos o Convento do Espinheiro Heritage Hotel, para nosso Quartel-General. Afinal é por um bom motivo. Vamos lá fazer cair esta República podre. Pela Madeira!

PS - Posso ocupar o hotel desde já? É que dava cá um jeitão!

28.9.06

Ah, os imortais, os imortais!

O PSD Madeira costuma falar a mais de uma voz. Aliás, normalmente são tantas as vozes quantas as situações o exigem.

Hoje, no NM, mais uma garganta se (a)levanta contra a República. Uma garganta que aliás já fazia falta à revolução, perdão, à revolta anti Sócrates.

Gabriel Drumond, mais conhecido como o Xanana de São Vicente (talvez seja o bigode, não sei), promete um (a)levantamento generalizado contra o socrático primeiro, um tipo comparável, na sua óptica, ao velho Salazar.

O (a)levantamento promete ser sangrento. E vai contar com o apoio dos madeirenses do além (mar).

Ah, meus amigos, ja me estou a ver, de arma na mão - uma caçadeira roubada ao meu avô - a calcorrear as encostas de São Vicente, à caça de (a)cubanos manhosos que nos querem "mamar" "oi'recursos".

Oh dias românticos que aí vêem! Eu, qual Robert Jordan do Ernesto, sujo e sangrento, dormirei nos braços da amada numa gruta lá pós lados do Curral. A lua cheia dará um ar bucólico ao cenário. O chilrear da passarada, logo pela manhã, só será interrompido pelo trovejar dos canhões ali pr'ás bandas de Câmara de Lobos.

Ah, que belos serãos os dias vindouros!

Digo-lhe já, amigo Gabriel, conte comigo na revolução!

Vamos, todos juntos, empurrar essa cubanada pó galinheiro (a)donde veio! Vamos marchar ao som da internacional (perdão) da regional marcha que abaixo cito:

"Fui à feira pa comprar uma bandeira
eu vi uma e gostei dela
era azul e amarela"

Vamos obrigá-los a recuar até Sagres! Ou, mais longe que isso, até Lisboa. Aliás, invadiremos essa pestilenta capital com as nossas foices (mas sem martelos, pa não haver confusões). E derrubaremos a estátua do marquês, esse odioso colonialista!

Connosco, não haverá "meias tintas", "chove mas não molha", "diz mas não faz" e essas tretas todas. Connosco, será sempre a direito até São Bento! Só se admite um pequeno desvio, ali pela zona das queixadas. De Belém.

Anseio que comece o alistamento. Que o Exército principie a ganhar forma. E corpo. Que as foices e as botas d'água comecem a ser distribuídas por essas lombadas fora. Anseio pelo inicío da Revolução!

Até porque "A man has to do what men have to do". É ou não é, meu general?

26.9.06

A chantagem

A Bulgária e a Roménia farão parte da nossa maravilhosa União já a partir de 1 de Janeiro de 2007. Esta notícia foi avançada pelo próprio presidente da comissão que afastou assim a possibilidade de adiamento relativamente a esta questão. De facto, os dois novos países, futuros membros, podem rejubilar com o seu futuro. Mas o mesmo não se sucederá com outros países que pretendam fazer parte desta agremiação. O Dr. Barroso, aproveitando a deixa, veio avisar que é impossível meter mais gente cá dentro enquanto não houver uma reforma (ler um novo tratado) das instituições que garanta a governabilidade deste monstro burocrático. A verdade deve andar algures por aqui, se bem que as questões ligadas à distribuição dos dinheiros não devem ser alheias a esta nova estratégia. Neste novo enquadramento, a Croácia, por exemplo, ou mesmo a Turquia, vêem assim goradas as suas expectativas. É um mau sinal porque ambas são vitais para a nossa paz e para a nossa segurança, tudo conceitos que na Europa passam muito ao de leve pelas cabeças de certos senhores. Não ver isto é perceber muito pouco de história e de geoestratégia. Entretanto, o Dr. Barroso, subtilmente como só ele sabe, ao mesmo tempo que colocava o dedo na ferida dava a receita da milagrosa poção para o seu curativo: ou toda a gente faz como nós queremos, ou nós levamos a chave do campo e a bola para casa. Não exactamente com estas palavras, mas exactamente com este sentido. Esta espécie de chantagem pretende comover os europeus e sensibilizá-los para as dificuldades que os eurocratas enfrentam no seu dia-a-dia e dar início, quem sabe, a um novo processo de ratificação de um tratado de constituição idiota, imaculado e sem contestação. Já pouco espanta nestes senhores, ainda pouco avisados. Em Bruxelas continua a viver-se num mundo paralelo sem qualquer correspondência com a realidade. E isto sim, é realmente comovente.

25.9.06

Estudar é uma festa

A Associação Académica da UMa veio anunciar ao mundo que a semana do caloiro vai crescer para dar lugar ao mês do caloiro. A rapaziada não faz a coisa por menos: se antes, e numa semana, as coisas já eram o que eram, imaginem um mês para tanta travessura. Claro que a desculpa do costume passa pela imperiosa necessidade de integração dos mais novos que, coitados, chegam à Universidade sem conhecer ninguém e sem saber como lidar com multidões em ambientes hostis. Não estamos no manicómio, mas os mais velhos, evidentemente, não querem que nada falte aos caloiros, incluindo umas belas pinturas no rosto e uma demonstração integral de que sabem ladrar quando estão de quatro e na praça pública. Não sei se semelhante dislate aplicar-se-á também à semana académica, mas convém esperar tudo destas humildes cabecinhas e das suas absurdas tentativas de prolongar a festa. No fundo – sempre podem justificar –, se é preciso um mês para entrar na universidade, é preciso um mês para sair dela.
Entretanto, um festival internacional de tunas vai durar três dias em Outubro. Esperam-se seis agrupamentos e uma centena de estudantes de vários pontos do país. Confesso que nunca gostei do género, repetitivo e monótono até à exaustão, mas isso, desconfio eu, é culpa do meu fraco e pouco educado ouvido musical. Mas estou extasiado com tanta actividade e ritmo académicos. Não há dúvida que estudar é uma festa.