5.10.06

David Cameron

Depois da Economist desta semana ter falado no assunto, os jornais portugueses começam também a despertar para o novo "conservadorismo liberal" personificado por David Cameron. As eleições são apenas em 2009. Mas o debate promete.

O cartão único do cidadão

Será uma realidade em breve e sem praticamente nenhuma observação de maior. Por mais que me garantam o contrário, este é mais um pequeno passo para um controlo excessivo do estado sobre o indivíduo. Ainda se lembram no que isto deu?

Delenda Est Carthago*

As palavras de Catão, o Antigo, servem que nem uma luva para catalogar esta interminável e idiota cruzada contra os voos da CIA, por parte do Dr. Coelho e da Dra. Gomes. Esperemos que tanta obsessão não lhes fira a vista e não os deixe a espumar raiva. Ou que tudo isto não seja uma triste vitória de Pirro. Esta coisa de gente sem legitimidade nenhuma vir para aqui armar-se em moralista num país soberano só tem um objectivo: dar nas vistas para agradar aos eurocratas – um bando cada vez mais insuportável –, e assim continuar a chefiar umas comissõezinhas que lhes dão um certo ar de gente importante (mas sem importância nenhuma). Basta olhar para as duas figurinhas.
Para mim, como já muitas vezes o referi, palhaçada só mesmo no circo, com tipos que engolem fogo ou contorcionistas que roem as unhas dos pés. São bem mais entretidos e não chateiam ninguém.

*Cartago tem de ser destruída

O SITAM

Um sindicato de nome SITAM (pelo que percebi, qualquer coisa ligada ao comércio) veio reivindicar o fecho das grandes superfícies ao domingo como forma de combater a crise que grassa no comércio tradicional. A ideia, simplista como tudo, pretende colocar do lado das grandes superfícies o ónus da culpa de tudo o que aos mais pequenos acontece. Claro que ninguém explicou a estes senhores que a crise é generalizada, por exemplo. E que o movimento dos centros comerciais é de algum modo contracíclico relativamente ao movimento do comércio tradicional. Mais: quem aposta numa superfície comercial tem rendas mais elevadas, contratos mais exigentes e ainda um pagamento mensal, em muitos casos, que incide sobre a sua facturação bruta o que pouco lhe deixa de margem de manobra. Tem ainda, consequentemente, mais funcionários para pagar devido aos horários mais alargados. Escusado será dizer que mais funcionários implicam mais ordenados, mais segurança social, mais prémios, mais subsídios, mais seguros, etc. Como se vê, se a rentabilidade parece ser maior, as despesas também o são. Eis uma realidade indesmentível.
O problema do comércio tradicional não passa por eliminar a concorrência como maliciosamente pretende. O problema do comércio tradicional passa por tornar-se mais atractivo, exigente e, claro, moderno. Mas isso é um outro problema que o SITAM se recusa ver. Para finalizar apenas uma pergunta: se a medida proposta fosse para a frente, o SITAM tem ideia de quanta gente poderia ir para o desemprego?

Tudo pra medicina

Os dois melhores alunos da região do ano lectivo passado (3º ciclo e secundário) têm como meta de vida seguir medicina. Não tem nada de mau e é um objectivo legítimo.
Porém, a escolha não é inocente. Na base desta ambição está, quanto a mim, o mais serôdio espírito de funcionário público e de emprego certinho para vida toda.

Ainda não conheci nenhum aluno que, com média superior a 19 valores, queira outra coisa senão medicina. Sendo alunos excepcionais poderiam exercer uma centena de ofícios. Mas não, escolhem a medicina porque ainda é bem valorizada socialmente e a remuneração compensa.

Como Portugal é dos poucos países modernos que não exige pré-requisitos relevantes para se frequentar um curso da área da saúde, o mais certo é se perderem bons investigadores, cientistas e engenheiros e se ganharem mais médicos medianos. Há pouco tempo um professor da Faculdade de Medicina de Coimbra dizia que não se lembrava de ver tantos alunos com aversão a cadáveres como os das fornadas dos últimos cinco anos. Pudera, vai tudo pra medicina.

O PIB empolado e sem números

Até que enfim alguém veio explicar de modo inteligível o caso do empolamento do PIB da região. Com um argumento tão bom, como há muito o GR não dava à oposição, foi preciso alguém de fora vir trocar tudo por miúdos, por sinal um ex-ministro (Augusto Mateus) do primeiro-ministro mais gastador de sempre (António Guterres).

Por cá, durante semanas, o PS repetiu até à exaustão que o PIB madeirense estava inflacionado. Mas mais não disse. E não disse porque não faz trabalho de casa e porque, o que é mais certo, não tem gente capaz ligar três ideias e formar uma conclusão. A “cantilhena” foi sendo repetida dias a fio, pelo séquito de iletrados que formam a oposição política madeirense e pela JS, e de lá não se saía.

Durante estes dias, a conversa do PIB nem sequer avançou um número. Nem líquido, nem por comparação com os das restantes regiões portuguesas, nem com as europeias. Nada, não houve nada. Houve até um debate na televisão em que se andou a divagar à volta de “contas de mercearia” e, pasme-se, da honradez das contas dum merceeiro.

Gonçalo Cadilhe em Angola

O “escritor” que andou a passar férias na casa da cultura da Calheta afinal não é tonto de todo. A propósito de Angola disse ele o seguinte:

«Segundo a minha perspectiva histórica, foi um alívio para este país ver-se livre dos portugueses – eram, na sua maioria, saqueadores tacanhos e iletrados, que sabiam apenas olhar para o próprio umbigo. Em 500 anos a colonizar não soubemos nem semear cultura, nem permitir a educação, nem fomentar uma classe média entre os colonizados – muito menos dividir qualquer dividendo com eles. E por isso, quando nos fomos embora, foi o descalabro que se viu.»
Revista “ÚNICA”, Expresso nº 1767.

3.10.06

O real versus o obtuso

É caso para dizer que está tudo louco.

O Governo Regional foi confrontado com um buraco de 140 milhões de euros.

O Bispo já pediu perdão. Não sei se foi pela parte do bolo com que a Igreja foi servida, ou se pelos pecados que D. Teodoro Faria cometeu ao longo dos 50 anos de sacerdócio.

Rui Alves não pode ver Carlos Pereira. Agora percebo porquê. Com um vizinho como o Presidente do Marítimo……o que fez, é no mínimo, feio.

Pelo menos, uma coisa é certa. Na Madeira, os árbitros não foram enganados. Agora no continente, ofereceram-lhes gato por lebre.