22.2.08

Ainda a propósito da selecção

Jorge:

Desta vez, não poderia estar mais em desacordo contigo.

Em primeiro lugar porque não seria pedido ao Marítimo, ao Nacional ou ao União para deixarem de participar nos "nacionais" de Portugal. Nem seria lógico que o fizessem. Como saberás, a existência de uma federação não implica que os emblemas madeirenses fiquem impedidos de competir em outros campeonatos. Os maiores clubes de Gales, por exemplo (um deles, de nome Wrexam, até eliminou o Porto numa edição da antiga Taça dos Campeões Europeus, se bem te recordas) jogam nas ligas profissionais de Inglaterra. Mas podem atingir a UEFA através da Taça do País de Gales (o bendito do Wrexam jogava na quarta divisão inglesa quando enviou directamente o "FCPÊ" para um melodrama que durou meses).

Mais recentemente, o Celtic de Glasgow e o Glasgow Rangers estudaram a hipótese de abandonar a liga escocesa, começando a participar na mais rentável liga inglesa. A ideia não está, de todo, posta de parte.

Em segundo lugar, os resultados desportivos nunca podem ser um factor importante para a decisão, como de resto compreenderás - a hipótese da selecção da Madeira participar num "europeu" ou num "mundial" é pouco mais que utópica. A análise da proposta deve ser feita segundo parâmetros meramente económicos. Caso sigas esse caminho, verás que representa uma excelente ideia para a promoção da Região. Um investimento com retorno garantido.

Se fizesses um teste, perguntando quantos portugueses conheciam o Leichenstein ou São Marino antes de nos termos cruzados com eles em desequilibradas jogatanas de futebol, verias que não eram assim tantos. É óbvio que os habitantes dos dois micro-estados estão-se a borrifar para o assunto, não precisam de portugueses para nada, mas isso é outra conversa...

Imaginas quantas reportagens se publicam na semana em que joga a selecção inglesa focando o jogo, a equipa "deles", a equipa adversária, o país (ou Região) onde jogarão o Lampard e companhia, falando sobre tudo e nada? São, meu caro Jorge, milhares.

Sabes que em média um jogo da selecção inglesa é acompanhado por mais de 100 jornalistas e técnicos que se deslocam ao país (Região) e ao estádio onde a equipa joga?

Sabes que em média mais de 5.000 ingleses assistem, em qualquer estádio do mundo, aos jogos da sua selecção? E que os 90 minutos são transmitidos, em directo ou em indeferido para vários canais de TV britânicos e para centenas de canais de TV dos cinco continentes? E que resumos dos jogos são transmitidos para milhões de espectadores espalhados pelo globo? Sabes quantas horas de televisão (para seguir o exemplo que te dei) mas também quantas páginas de jornais, quantas horas em rádios, quanto tráfego na net isso representaria para a Madeira? Sabes quanto seria necessário investir para ter tamanha cobertura mediática através de outro acontecimento qualquer?

Num "grupo normal de qualificação" jogaríamos contra cinco ou seis adversários. Teríamos, fatalmente, de defrontar um (ou dois) cabeças de série (tirando Portugal, são todas equipas do primeiro mundo, a saber: Itália, França, Alemanha, Espanha, etc). Repara o que representaria, em termos de promoção, jogar contra um destes adversários...

Exemplifico-te olhando o grupo onde está inserido Portugal na próxima fase de qualificação para o "mundial":

jogamos contra a Suécia, a Dinamarca, a Hungria, a Albânia, Malta e o Cazaquistão. Se reparares, os único países que não representam mercados turísticos apetecíveis são a Albânia (felizmente, digo eu) e a terra adoptiva do Borat!

É óbvio que qualquer madeirense que se preze vai continuar a torcer afincadamente pela selecção portuguesa. E eu também. É óbvio que a "praça euro" continuará a encher de cachecóis verdes e vermelhos. É óbvio que cada jogo de Portugal irá ser seguido na Madeira em clima de algazarra colectiva.

Não me parece que a rapaziada das Ilhas Faroé queira ser independente só porque uma equipa os representa desgraçadamente em competição.

Só num país como Portugal, que atribui ao futebol uma importância que manifestamente não tem, se pode pensar que um bando de rapazes de azul e amarelo contribuirá para "minar" a unidade nacional. A unidade nacional, como saberás, meu caro amigo, não tem como pilar (ou pelo menos não deveria ter) uma selecção de futebol (que ainda por cima, em breve, mais basileiros que portugueses).

Creio que é tempo de olharmos de forma inteligente para o Desporto e para as vantagens promocionais que a associação ao fenómeno potenciam. É corrente dizer-se que o futebol é um dos meios mais eficazes para dar a conhecer todos os tipos de marcas, bens ou serviços. Mas eu acrescento que só o é para as marcas que conseguem rentabilizar de forma inteligente (desculpa a repetição) a associação ao jogo, às selecções, aos clubes ou aos agentes, canalizando os seus investimentos para os meios que melhor comuniquem os valores que cada marca individualmente comporta.

Quanto a afirmações feitas sobre o assunto em outros blogs, que nada têm a ver contigo, revelam só uma coisa: ignorancia pura sobre o que é "promoção".

Abraço, camarada. Vou deixar a caixa de comentários aberta, excepcionalmente, para ti, se quiseres responder.

Gonçalo

O espírito “pidesco”

A notícia do DN dando conta de que se fuma numa sala do Teatro Municipal, entretanto emprestada ao Club Sports Madeira, é do que há de mais serôdio no cidadão madeirense, sobretudo aquele que já fez uma viagenzinha a Londres e que tem mais do que o 12º ano.

O voyerismo para com quem fuma não tem limites. Nem o bom senso também, pois até se deram ao trabalho de, empoleirados não sei onde, tirar uma fotografia de um tipo com um cigarro na boca. Por momentos ainda vasculhei a foto a ver se não era um cigarro mas um charro, ou se se estava a passar outra “coisa” por debaixo da mesa. Mas conclui que era só um cigarrinho.

Depois, implicitamente, ainda há o argumento do incêndio. Se a sede do Club se incendiou, o teatro também se pode incendiar, já que uns “criminosos” de cigarro na mão e isqueiro no bolso a frequentam.

E por que é que esta é uma “denúncia” sorrateira e mal vinda? Primeiro, os sócios que por lá andam, que se saiba, nunca se queixaram. Segundo, o espaço, embora público, está reservado a privados. Terceiro, como bem se sabe, bridge e fumo (para quem é fumador) são como que copo e vinho.

O que devia fazer confusão, e não faz, é ver todos os fins-de-semana miúdos e miúdas de 13 e 14 anos a pedirem e a beberem todos os tipos de álcool, puros ou disfarçados, nos bares e discotecas da Madeira.

Aos jornalistas que fazem estas notícias ainda lhes vou pedir que um dia me mostrem o seu caixote do lixo.

PS: dispenso lições sobre os malefícios do tabaco bem como exemplos de políticas adoptadas nos países mais desenvolvidos.

E a bandeirinha?


Sugestão heráldica para figurar em tudo o que for imagem da futura Selecção da Madeira de Futebol. E é parecida com a da Suécia, comparação que muito nos honra e dignifica.

Federação de Futebol da Madeira? Claro que sim

Já está quase tudo dito sobre o assunto. Só acrescento que foi a melhor e a mais válida ideia dos últimos oito anos criada na Madeira. Não é independentista, não cria clivagens (porque se cinge ao desporto), poupa no dinheiro, estimula as moribundas competições regionais e o povo fica contente. Depois, põe no lugar certo a pequena especificidade etnológica, sociológica, administrativa e política da Madeira em relação ao “rectângulo”.

Ainda por cima, e à nossa escala, há uma mão cheia de exemplos pelo mundo fora: Antilhas Holandesas, Anguilha, Aruba, Bermuda, British Virgin Islands, Caiman Islands Ilhas Faroé, Montserrat, Turks and Caicos, US Virgin Islands, China Taipé, Guam, Hong Kong, Macau, Samoa, Cook Island, Nova Caledónia, Tahiti.

E agora Costa?


Quando era ministro deste Governo e tinha a tutela das autarquias António Costa proibiu o endividamento de todos os municípios. Na altura (há apenas 2 anos) António Costa pediu “imaginação” e “criatividade” financeira aos autarcas. E agora Costa, por que não puxas pela “imaginação” e pela “criatividade”?

Frase do Dia


Leio a Playboy pela mesma razão que leio a National Geographic:
Gosto de ver fotografias de lugares que sei que nunca irei visitar.


A frase não é minha, ainda assim prova que os meus gostos vão além dos musicais e das crónicas de Vasco Pulido Valente.

21.2.08

Concordo sim senhor

A ideia de criar uma Federação de Futebol da Madeira, abrindo caminho a uma representação da Região nos campeonatos do mundo e da europa, permitindo ainda às equipas regionais participar nas primeiras eliminatórias das provas da UEFA tem alguns méritos.

O principal é a mais-valia que uma representação da Madeira nas eliminatórias do "europeu" ou do "mundial" representaria para a promoção da Região.

Basta pensar que todas as selecções "grandes" - Itália, Alemanha, Inglaterra, Espanha ou França - viajam com milhares de adeptos atrás. Que cada jogo com uma dessas equipas é objecto de transmissão televisiva para os referidos países (pelo menos). Os dias anteriores e posteriores aos jogos em que participam são preenchidas com centenas (ou milhares) de reportagens para televisões, jornais, rádios, entre outros meios. E que o futebol é, de facto, um dos veículos de comunicação mais fortes para todos os tipos de marcas que a ele se associam.

Tudo é o resto na proposta acaba por ser de importância menor. Mas se calhar é fundamental para "convencer" os mais fervorosos adeptos do Marítimo, do Nacional ou do União. É que uma "ida à Europa" ali ao virar da esquina e sem grande esforço não acontece todos os dias.

Deixo apenas uma pergunta: a função de promover a Região seria, caso houvesse a federação, cumprida pela selecção. Faria sentido continuar a actual política desportiva de apoio aos clubes com o objectivo de fazerem a promoção da Região? Ou deveriam as verbas ser reduzidas para que se apostasse na formação, sendo o seleccionado uma montra para os jovens jogadores do arquipélago?

Projectos de duvidosa qualidade

O grupo SIRAM continua a sua cruzada nas Ilhas do Atlântico.

Depois de ter vendido à Madeira e aos portosantenses o inestético Colombo`s Resort da autoria do conceituado arquitecto catalão - Ricardo Bofill - o empresário Sílvio Santos aparece por detrás de um outro duvidoso projecto.

Desta vez trata-se de um uma central fotovoltaica alimentada a partir de biomassa (transformação de produtos florestais e outros detritos animais), para produzir energia - cinco megawatts segundo os estudos já realizados.

Confesso que nada percebo sobre produção de electricidade, muito menos a partir de restos de animais e de produtos da floresta.

Caso ainda não tenha acontecido o milagre da multiplicação, o Porto Santo tem meia dúzia de árvores. As bruscas alterações climáticas aconselham a manter inalterado o património natural, leia-se árvores, sobretudo num pequeno território como é o caso da Ilha.

A minha questão é simples. Como e com que é que vão alimentar a central?
Será que não existem energias mais limpas???

No caso do novo hotel, que está quase pronto, é um mau projecto de arquitectura, porque agride o meio ambiente.

Temo que a anunciada central transforme-se num outro monstro para a ilha.

A caminho da Lua


Aguardo o prometido eclipse da Lua desta noite. O fenómeno é para os resistentes. (3H01M)

Eu já estou pronto!
Não sei se vou adormecer antes, mas estou pronto para o que chegar mais cedo. Só não faço ideia se é o sono, ou o Eclipse.

Amanhã conto-vos tudo.
Clama aí!!!!

Eu disse Amanhã!!!!!!….
Que eu saiba amanhã é sexta-feira, dia 22 de Fevereiro de 2008.
Ah!
Antes do meio dia não vale a pena incomodar.
Eu não sou funcionário público, mas trabalho de acordo com os indícies de produtividade do país
Os interessados podem tirar a “senha” na caixa de mensagens e aguardar a vez na fila.
Prometo que conto tudo..
Não prometo que vou ver a Lua vermelha, mas prometo dizer algo

19.2.08

Ora, diga lá outra vez?

Expliquem-me lá como se eu fosse muito burro: como é que o desemprego não pára de crescer e o PM afirma que o governo criou 94 mil empregos?
Isto não é propaganda: é publicidade enganosa!

Jornalismo quê...?

É impressão minha, ou aquela entrevista do PM na SIC foi feita por encomenda? É que fiquei com a sensação de que as peguntas foram feitas por José Sócrates e não pelos jornalistas (?)...

2ª Epístola ao Tino

Caro Tino,


ao contrário de ti, para mim a palavra do PM não basta. Porque ele já nos habituou às promessas vãs e a desdizer-se com a mesma convicção com que antes afirma qualquer coisa (não me vais pedir exemplos, pois não?!).
Por isso não me chega o que diz Sócrates. Interessa-me a letra da lei. E no Decreto Regulamentar n.º 2/2008 nada há que consubstancie as palavras do PM e a propaganda do ME. Neste documento apenas existem ideias vagas, sem qualquer tipo de regulamentação, sem qualquer tipo de objectividade, fazendo depender a progressão da carreira docente dos humores de nomeados, sem qualquer tipo de interligação com a nova legislação que continua a sair.

E a tua (e de outros) argumentação de que os papás têm uns bitaitezinhos a mandar no processo de avaliação de desempenho dos docentes, dando como exemplo o processo democrático, serve exactamente para desconsiderar a especificidade do acto pedagógico e em última instância a própria política: o acto de votar é um dever/direito de cidadania e não exige (não deve fazê-lo, para ser completamente democrática) qualquer tipo de especificidade. As razões de cada voto são de foro íntimo e podem ser (frequentemente são) de ordem subjectiva, enquanto que o acto de avaliar o desempenho de um profissional tem de expurgar, na medida do possível, o factor subjectividade, para ser justa. Por isso é que para votar não precisas de critérios, enquanto não podes avaliar objectivamente sem definires uns quantos. Portanto, na minha opinião, o argumento que evocas não tem qualquer tipo de validade ou sustentação. Não passa de um acto de retórica que fica bem aos políticos, mas mal a quem quer discutir esta questão com a seriedade que o tema exige.

Por outro lado, sustentar que a avaliação dos alunos deve contar para a progressão na carreira dos docentes, é inverter o processo de avaliação em educação. Caso não tenhas dado por isso, qualquer professor que se preze (e os há bons e maus) não se demite do acto de educar. Numa sala de aula, quem educa são os professores e não os alunos. Já ponderaste bem as implicações que uma medida como esta pode ter dentro de uma sala de aula? A inversão da autoridade?
Dir-me-ás que na implementação de um sistema de qualidade de uma qualquer organização, é fundamental a avaliação feita pelos clientes. Absolutamente de acordo, mas esta avaliação é fundamental para avaliar o grau de satisfação pelo serviço prestado pela organização e não para avaliar as competências dos colaboradores.

Sustentas, ainda, que o resultado dos exames nacionais deverão ter maior peso na avaliação dos alunos, relativamente à avaliação feita pelos professores. Isto é negar a importância da avaliação contínua, defendida por qualquer organização nacional ou internacional e comummente aceite como o melhor modelo de avaliação em educação. O mesmo, naturalmente, aplica-se à avaliação dos docentes, uma vez que faz depender a progressão na carreira de um processo que não é pacífico (exames globais) e bastante contestado, pois um exame diz muito pouco acerca das aprendizagens. Dirá alguma coisa, mas não o fundamental.

Tudo isto é extremamente grave, mas se queres saber, nem é o que mais me preocupa. O que me vem atormentando é o mais recente Regime jurídico de autonomia, administração e gestão, que vai franquear os portões das escolas aos partidos e aos delegados políticos e que, inevitavelmente, terá consequências no processo de avaliação da carreira docente.
Como sabes, em última análise, a avaliação dos docentes será entregue aos coordenadores do departamentos curriculares e aos futuros directores das escolas que, pela entrada em vigor do Regime jurídico de autonomia e gestão, serão cargos de nomeação. E aqui estás a politizar todo o processo avaliativo. É fácil de entender: as assembleias de escola serão substituídas pelos conselhos gerais, constituídos por pessoal docente (não superior a 40%) e não docente, os pais e encarregados de educação (e também os alunos, no caso dos adultos e dos estudantes do ensino secundário), as autarquias e a comunidade local, nomeadamente as instituições, organizações e actividades económicas, sociais, culturais e científicas. De acordo com a proposta de decreto-lei, a presidência deste órgão nunca poderá ser exercida pelos professores. Assim sendo, adivinha quem é que irá presidir a estes novos conselhos? Pois é, as autarquias, uma vez qu,e por não ser remunerado, nenhum dos outros representantes terá disponibilidade para ocupá-lo. Ora, é este órgão que tem a competência de nomeação do Director que, por sua vez, irá nomear (deixam de ser eleitos) os coordenadores dos departamentos curriculares e irá presidir, por inerência, os conselho pedagógicos. Começas a perceber a trama? O que irá acontecer é que, em última análise, a avaliação será feita por boys dos partidos, colocados estrategicamente em todos os principais órgãos das escolas. E isto é que é grave. Falas tu em amiguismo no actual processo de avaliação. E este novo sistema, será o quê?
Pois é: os professores não só têm legítimas razões para estar desiludidos. Eu, se me mantivesse no ensino, estaria apavorado...

18.2.08

1ª Apóstola a Tino (que não o Isa)

Caro Tino:

sem querer ser ou parecer ofensivo, do teu texto Avaliação dos professores, publicado no dia 18 de Fevereiro, só há duas conclusões possíveis (que não se excluem obrigatoriamente): ou não reflectiste minimamente sobre a questão, ou não percebes puto de educação. Porque não existem outras conclusões, tal a quantidade e a qualidade dos dislates que proferiste (incrível que num post não tenhas conseguido acertar uma).

Mas eu disse que não te queria ofender, pelo que irei apresentar argumentos que, não minha opinião, deveriam ser desnecessários, mas pelos vistos não são.

1. Pôr um pai a avaliar o desempenho de um professor, é o mesmo que não reconhecer qualquer especificidade ao acto pedagógico. Qualquer um pode mandar uns bitaites, uma vez que todos são especialistas. Deixa-se de reconhecer portanto, necessidade de formação para o acto de ensinar e mesmo de avaliar (caso não saibas, os professores têm formação ao nível de avaliação). Esta medida, que tão acérrimamemente defendes, apenas foi introduzida para que o Governo ganhasse as federações de pais para as reformas que pretendia impor (sabendo, diante de mão, que existem mais pais do que professores);

2. Ouviste a questão colocada pelo Louçã? Pois neste caso ele está completamente certo. O novo modelo propõe a avaliação não de acordo com as qualidades do docente, mas com as qualidades da população discente, sendo efectivamente verdade que um professor colocado em escolas situadas em contextos socio-economico-culturais mais difíceis será prejudicado em relação a colegas colocados em boas escolas. Também é possível interpretar esta lei de modo a que todos os docentes sejam avaliados de igual forma, independentemente das disciplinas que leccionam;

3. Seres de opinião que as notas dos exames nacionais devem ter maior peso do que o trabalho diário feito pelos alunos revela bem o teu desconhecimento sobre o processo pedagógico e à importância que dás ao a qualidades como o trabalho, disciplina, o empenho! É tão ridículo que apenas te posso aconselhar a leitura de qualquer manualzito de segunda, para se aperceberes do absurdo da tua afirmação;

4. Ao contrário do que afirmas, este sistema irá promover o amiguismo e introduzir ainda menos rigor e exigência no ensino. Mais: sabendo à partida que os directores das escolas serão nomeados pelos futuros Conselhos de Escola (que irão substituir as Assembleias) e que estes, inevitavelmente, serão presididos pelas autarquias, estamos a permitir a entrada em cena do caciquismo e da politicazinha municipal num processo tão importante como é a avaliação de desempenho de um profissional;

5. É, efectivamente, fundamental avaliar o desempenho dos docentes. E seria tão fácil criar um instrumento mais ou menos fiável - uma vez que a avaliação é um processo sempre sujeito ao erro -, bastando pegar nas avaliações (milhares) dos estágios curriculares, promovidos pelas universidades. Mas isso, tu não sabes!

Será Timor um estado viável?

É impressão minha, ou já todos começamos a engolir a propanga australiana de que Timor Leste não é viável enquanto país (ou não estivessem c om o olho gordo em cima do petróleo timorense)? É que eu conheço países com muito menor dimensão e muito menos riquezas que não só são viáveis, como conseguem proporcionar qualidade de vida aos seus habitantes que nem de longe temos em Portugal.
Não, Timor parece-me viável e o problema não são os timorenses. O problema de Timor foi que nenhuma das duas potências coloniais (sendo que uma delas exerceu uma violência e uma repressão brutais) deixou massa crítica intelectual, antes pelo contrário. Por isso é que a política em Timor ainda recorre às relações familiares. Mas como muito bem disse o Miguel Fonseca, esta não é uma exclusividade e muito boas democracias ocidentais padecem do mesmo mal. O problema é que naquele caso, as famílias estão armadas...

O previsível futuro de Timor


Não necessariamente por esta ordem, agradeçam o estado a que Timor chegou (de resto, mais do que expectável) a Jorge Sampaio, a António Guterres, a Mário Soares, aos Trovante e a todos quantos provocaram a histeria colectiva em torno de um povo que não se sabe governar, não se quer governar, nem nunca se há de governar.

Felizmente, nunca deixei de comprar produtos da Indonésia e sempre achei que Timor ficava bem melhor com os australianos. Assim não quiseram, agora desembrulhem-se.

CGTP-OUT


Se o país está como está muito se deve à existência da CGTP. Durante anos esta união de sindicatos do terceiro mundo mais não fez do que perpetuar regalias, fomentar a improdutividade, encher o Estado de funcionários desqualificados, lutar pelo empregozinho para toda a vida e manter vivos os preconceitos contra os empresários e contra quem é empreendedor e criativo.

Em suma, e justamente, o que a CGTP sempre quis foi o bem-estar de todos os trabalhadores portugueses, mesmo que estes não quisessem trabalhar nem dar lucro ao patrão.

É certo que todos os países, até mesmo os mais desenvolvidos, têm os seus sindicatos. Mas sindicatos comunistas, na Escandinávia por exemplo, só se encontram em museus.

Para Expiação dos Meus Pecados

Expiação é um filme que expia os pecados, fatais, do realizador - joe Wright - e de um menos conseguido argumento.

Eu também expiei os meus próprios pecados para chegar a esta óbvia conclusão. Vi o filme duas vezes. Minto! Uma vez e meia, porque adormeci a meio da fita na primeira “versão”. Não satisfeito regressei este domingo à estória. Quer dizer,…o destino arrastou-me para esta inconsequente “fatalidade”.. Queria ver “O Sonho de Cassandra” de Woody Allen. Comprei o respectivo bilhete mas enganei-me na sala. Assim que observei as primeiras imagens identifiquei a obra que me tinha atirado para o lado inconsciente da vida. Pensei que era o “trailer” do filme, mas não. Tratava-se da obra completa. Como já estava confortavelmente sentado, quando despertei para este duplo pesadelo, decidi ficar. Precisava expurgar a consciência para poder dizer mal da fita.
Foi o que fiz.
Abri bem os olhos com medo de ser novamente traído pelo sono e o que vi não alterou nada do que não tinha visto, mas tinha consciência que não era bom.

Explico: o filme não precisa das cenas da guerra. Em primeiro lugar porque não acrescentam nada à história. “Expiação” poderia passar do momento em que Robbie - um azarado filho de um caseiro inglês – está algures em França, para a cena em que a “viloa” da fita – Briony Tallis – ampara a morte de um soldado ferido na cabeça. Ou seja, existem 20 a 30 minutos de rodagem perfeitamente inúteis, e caros, neste trabalho do mesmo realizador de “Orgulho e Preconceito”. Acrescentam quase nada. Além disso, o filme perde-se no meio do deslumbrante cenário belicista, mas inconsequente para o objectivo final da história. É arriscado fazer filmagens em catadupa das grandes guerras, porque existem muito bons trabalhos sobre a temática. Recordo-me de, “ O Resgate do Soldado Rayan” de Spielberg, por exemplo.

Gosto da interpretação do trio de protagonistas: - da charmosa e elegante Cecília, da irmã, que aparece com um sinal no rosto do lado esquerdo e depois passa para o direito, e do jovem mas firme actor. Ele e Cecília estão nomeados para um Óscar na categoria de Interpretação. Ao todo “Expiação” tem sete nomeações e já ganhou o Globo de Ouro de melhor filme dramático. Não comento prémios, porque são prémios. Apenas dou 3 estrelas a este ambicioso, mas falhado filme.

E agora?

The Republic of Serbia shall not tolerate such an illegal act of secession. Our Government and National Assembly will declare this action of the authorities in Pristina null and void. And we shall undertake all diplomatic, political, and economic measures designed to impede and reverse this direct and unprovoked attack on our sovereignty.

(...)

Let me be very clear. The Republic of Serbia shall never accept any violation of its territorial integrity. We shall never recognize Kosovo's independence. We shall not waiver, we shall not yield, should this cowardly act proceed unchecked. Not now. Not in a year. Not in a decade. Never. For Kosovo and Metohija shall remain a part of Serbia forever.

Excertos do discurso de Vuk Jeremic, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, na última quinta-feira no Conselho de Segurança da ONU.

Dias complicados avizinham-se, de facto. Após o Kosovo, o que impedirá os albaneses da Macedónia de tentarem semelhante "aventura"? Em algumas zonas do país são maioritários... E os sérvios da Bósnia? E os sérvios que vivem na Croácia? E os croatas da Bósnia e os...

Já agora, o terá Kosovo condições para ser independente? Tem capacidade económica de se auto-sustentar? Tem elites bem preparadas para o conduzir? Tem massa crítica capaz? Não se estará a construir mais uma espécie de zona-franca para as máfias internacionais, à semelhança daquilo que é hoje a Albânia, um estado onde o estado nada controla, dominado por grupos de crime organizado?

Terá a UE capacidade para liderar o processo em curso, ou vai ter de se socorrer do amigo americano, mais interessado em combater a influência russa na Região do que na estabilidade da zona?

Se calhar estou enganado, e os sérvios, depois da revolta inicial, acabarão por aceitar o inevitável, premiados com perspectivas de uma adesão de certo modo facilitada à UE. Mas de facto tenho as minhas dúvidas...