5.11.05

Posto Santo

O Porto Santo é muito mais bonito no Inverno. Eu que o diga.

Clichy

Em Clichy, os "Dias Tranquilos" de Miller não são mais que meras lembranças. Agora, a cidade é a imagem viva daquilo que poderá acontecer em toda a Europa se os governos não perceberem que são necessárias políticas de integração eficientes.

O norte assemelha-se cada vez mais a uma fortaleza sitiada. E se não conseguir corrigir as desigualdades internas, contribuíndo também para minorar as desigualdades entre povos ricos e pobres, arrisca-se a implodir..

A questão não é de esquerda ou de direita. É de consciência.

Cara Legal

Achei curioso o facto de muitos dos comentários colocados num post recente deste blog se referirem propositadamente à nacionalidade do operador expulso do hemiciclo por Miguel Mendonça. Como se o facto do referido profissional não ser português tivesse alguma coisa a ver com a questão. A pequenez de quem nunca saiu da rocha no seu melhor. Agora sob a forma de xenofobia. Da minha parte deixo um abraço solidário ao Brandão. "Um cara legal". Pelo menos, bem mais saudável que muitos anónimos do burgo.

4.11.05

Coisas do outro mundo


FALTAM 24 HORAS PARA O ARRANQUE DO FESTIVAL

Primeiro foi um ciclo de cinema….
Depois 7 dias 7 filmes
Agora, o Festival.

Li na imprensa continental que Marisa Cruz, Victoria Abril são as estrelas desta primeira gala do cinema do Atlântico.

Na tela vão passar grandes nomes, excelentes actores como Robert de Niro, num dos papeis mais interesssantes. Imaginem, faz de arcebispo do Peru, no thrilher dramático – “A Ponte de São Luís Rey”.
Neste mesmo filme vamos ainda encontrar Gabriel Byrne, Harvey Keitel e Géraldine Chaplin. A obra é a adaptação para cinema do Romance Homónimo (1927), de Thorton Wilder, vencedor do prémio Prémio Pullitzer.

3.11.05

Pouco democrático

É lamentável o que se passou, hoje, na Assembleia Legislativa. O representante do órgão máximo de soberania da Madeira, e por consequência de todos dos madeirenses, expulsou do hemiciclo, um operador de câmara da televisão. Motivo. Vestuário.

A justificação para a forma, prepotente como o fez, foram os jeans e as sapatilhas, com que estava vestido, o profissional da RTP-M.

De certeza que o Dr. Miguel Mendonça, nunca foi à Assembleia da República, ou esteve no Parlamento Europeu, para não referir outros locais e cerimónias, com mais protocolo, dos que acabei de citar.

Não sei lhe chame provincianismo, arrogância, falta de educação, de respeito por quem trabalha, ou se é, pura e simplesmente, prepotência.

O que é que umas calças de ganga, ou umas sapatilhas tem de menos dignificante do que um fato? Qual é a diferença entre uma pessoa que usa um vestuário “prático” e quem veste um fato?

Infelizmente, não é a primeira vez que o Dr. Miguel Mendonça “interferer” no trabalho dos repórteres de imagem da RTP.

Há uns dias atrás, exigiu que um operador trocasse de lugar, para filmar de frente o grupo parlamentar do PSD. Curiosamente, são os mesmos senhores deputados que, cobrem o asco comportamento do Presidente.

Por causa da cobertura que a televisão faz dos trabalhos do parlamento, o PSD já trocou, inclusive, de posição no hemiciclo. Mandou o PS para um lado, o CDS, CDU e o BE para outro. O objectivo é ficar de frente para as objectivas.

Julgo que deve ser, caso único, no mundo.
É mau para a democracia.

2.11.05

Arte recomendada e recomendação

"Baltimore is at Baltimore". É obrigatório passar pela Casa das Mudas para ver a exposição de Arte Povera (Colecção Berardo), movimento artístico nascido em Itália, nos finais da década de 60 do século passado. Quem for entenderá a frase. E verá trabalhos dos artistas referência do movimento, como Giovani Anselmo, Mário Merz, Pistoletto ou Jannis Kounellis, entre os quais eu destacaria "8 Tábuas de Acertamento" ou "Perto da Mesa".

A Arte Povera (Arte Pobre) recebeu as influências da Arte Conceptual e apareceu quase como uma reacção à "assepsia" minimalista. Utilizando materiais precários, como metal corroído pela ferrugem, detritos ou pedras, questiona as propriedades intrínsecas dos mesmos, que podem mudar de características com o tempo oe ganhar qualidades estéticas absolutamente inesperadas, ou seja, entende que os materiais não são objectos passivos da criação artística. Antes contribuem activamente na mesma. O movimento questiona ainda os valores da moderna economia de mercado.

Pelo caminho, vejam as fotografias de Thomas Joshua Cooper (Fim do Mundo) e de Agusto Alves da Silva (trabalho encomendado pela Companhia Nacional de Bailado).

Já agora, uma recomendação a quem de direito: por favor, mudem a iluminação das salas de exposições da Casa das Mudas. É ridículo, por exemplo, olhar para uma fotografia de Cooper na qual pervalece o negro e ver o reflexo de uma luz de néon que ganha uma cor verde-vómito.

Legitimação

Só uma sociedade como a nossa legitima a manchete de hoje do Diário. Só uma sociedade como a nossa...

Questão importante

O Dr. Cavaco jura que não é político profissional. O Dr. Soares diz que o Dr. Cavaco é político profissional. O Dr. Alegre diz o mesmo que o Dr. Soares. O Dr. Louça ainda não se pronunciou sobre esta matéria. Tal como o douto advogado do Dr. Bibi. O Dr. José Manuel Fernandes deve estar agora a rabiscar um editorial sobre o assunto.

Esperemos que esclarecida esta importante questão se comece a discutir o país.

31.10.05

Como avança a democracia portuguesa

O Camarada Jerónimo avançou porque ninguém falou com ele.

O Dr. Anacleto avançou porque o camarada Jerónimo antecipou-se.

O Dr. Soares avançou para evitar que o Dr. Cavaco andasse em passeio pela avenida.

O Dr. Alegre avançou porque se chateou com os amigos.

O Dr. Cavaco avançou porque ninguém na realidade lhe pode fazer frente.

Toda a gente devia ler este senhor

A moeda má, por Vasco Pulido Valente (Público, 30/10/2005)

"Parece que 20 por cento dos licenciados, que o país recentemente produziu, resolveram emigrar e, a julgar pelo passado, nunca mais cá voltam. Mas ficaram ainda mais de 40.000 no desemprego, incluindo muita gente com o mestrado e o doutoramento. Pior do que nós... só o Haiti e a Jamaica. E depois perguntam como Portugal chegou ao que chegou. Chegou assim: com políticas de uma inimaginável estupidez, conduzidas por meia dúzia de indivíduos que ignoravam militantemente a história e a realidade do país e se aplicavam a imitar o que se fazia lá fora e, em particular, o que se fazia na "Europa". Os responsáveis são conhecidos. Pela parte "técnica", Veiga Simão, Fraústo da Silva, Roberto Carneiro e Marçal Grilo e, agora, Mariano Gago. Pela parte do governo, Cavaco e António Guterres, que envenenou tudo em que tocou. Infelizmente nem perante o desastre se aprendeu a lição. De Cavaco a Sócrates, com uma persistência que roça o patológico, o regime continua a repetir que Portugal precisa antes de mais nada de "qualificação" e "formação".
Já se percebeu há quase meio século que não vale a pena "sobre-educar" sociedades com um mercado de emprego semi-arcaico, porque as "competências", sejam elas quais forem, de facto desnecessárias, desandam para onde as podem usar e, naturalmente, lhes pagam bem. Na prática, o contribuinte português paga hoje a "qualificação" e a "formação" de uma pequena parte dos "recursos", que por aí se chamam "humanos", da América e do Canadá, da Inglaterra e da França, da Espanha e do Brasil. E paga também a "qualificação" e a "formação" de 5.000 pessoas por ano, que o Estado enganou e condenou a uma vida para sempre frustrada.
E a história não acaba aqui. O Estado criou ou permitiu que se criasse uma enorme e abstrusa máquina, que vai do pré-escolar ao ensino superior oficial (hoje irremediavelmente degradado) e do "colégio" católico com subsídio por cabeça ao comércio vil de "universidades" privadas que são uma vergonha nacional. E, como o produto dessa máquina é largamente inútil, o Estado, para disfarçar a calamidade que ele próprio promoveu, mete inúteis num funcionalismo público igualmente inútil, que nos levou à calamidade maior da crise orçamental e da estagnação económica. A moral a tirar desta comédia sem desculpa é a de que o dr. Cavaco tem razão: nós gostamos mesmo da moeda má."

Humor negro

Frase tirada do MSN de um amigo meu.

Novo slogan da luta contra a gripe das aves: “Isto não será canja”.

Gajos que tocam melhor que os DZRT



Escritores muito melhores do que a Margarida Rebelo Pinto

Jack London. Lendo ou relendo um escritor extrordinário.

Para afugentar as bruxas

"Mouchos, curuxas, sapos e bruxas.
Demos, transnos e diaños, espiritos das nevoadas veigas.
Corvos, transnos e meigas,
feitizos das meciñeiras.
Podres cañotas furadas, fogar dos vermes e alimañas.
Lume das Santas Compañas,
mal de ollo, negros meigallos, cheiro dos mortos, tronos e ráios.
Oubeo do can, prégon da morte.
Fuciño da sátira e pé do coello.
Pecadora língua da mala muller casada cum home vello.
Averno de Satán e Belcebú,
lumos dos cadavres ardentes,
corpos mutilados dos indecentes,
peidos dos infernais cús,
muxido do mar embravescido.
Barriga inútil da muller solteira,
falar dos gatos que andan a xaneira,
guedella porca da cabra mal parida.
Con este fol levantarei as chamas deste lume que semella às do Inferno,
e fuxirán as bruxas a cabalo das súas escobas,
indose bañar na praia das areas gordas.
!Oíde, oíde! os ruxidos que dan as que non poden deixar de queimarse na aguardente
quedando así purificadas.
E cando este berebaxe baixe polas nosas gorxas,
quedaremos libres dos males da nosa ialma
e de todo embruxamento
Forzas do ar, terra mar e lume,
a vos fago esta chamada:
- sé verdade que tendes mais poder que a humana xente,
enquí e agora,
facede que os espirítos dos amigos que están fora
parcipen con nós desta Queimada"

Parte do rito galego para afugentar Bruxas, que para além da oração acima transcrita, inclui a Queimada.

No original porque o Galego é das línguas mais místicas que conheço.