"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
5.11.05
Clichy
O norte assemelha-se cada vez mais a uma fortaleza sitiada. E se não conseguir corrigir as desigualdades internas, contribuíndo também para minorar as desigualdades entre povos ricos e pobres, arrisca-se a implodir..
A questão não é de esquerda ou de direita. É de consciência.
Cara Legal
4.11.05
Coisas do outro mundo
FALTAM 24 HORAS PARA O ARRANQUE DO FESTIVAL
Primeiro foi um ciclo de cinema….
Depois 7 dias 7 filmes
Agora, o Festival.
Li na imprensa continental que Marisa Cruz, Victoria Abril são as estrelas desta primeira gala do cinema do Atlântico.
Na tela vão passar grandes nomes, excelentes actores como Robert de Niro, num dos papeis mais interesssantes. Imaginem, faz de arcebispo do Peru, no thrilher dramático – “A Ponte de São Luís Rey”.
Neste mesmo filme vamos ainda encontrar Gabriel Byrne, Harvey Keitel e Géraldine Chaplin. A obra é a adaptação para cinema do Romance Homónimo (1927), de Thorton Wilder, vencedor do prémio Prémio Pullitzer.
3.11.05
Pouco democrático
2.11.05
Arte recomendada e recomendação
A Arte Povera (Arte Pobre) recebeu as influências da Arte Conceptual e apareceu quase como uma reacção à "assepsia" minimalista. Utilizando materiais precários, como metal corroído pela ferrugem, detritos ou pedras, questiona as propriedades intrínsecas dos mesmos, que podem mudar de características com o tempo oe ganhar qualidades estéticas absolutamente inesperadas, ou seja, entende que os materiais não são objectos passivos da criação artística. Antes contribuem activamente na mesma. O movimento questiona ainda os valores da moderna economia de mercado.
Pelo caminho, vejam as fotografias de Thomas Joshua Cooper (Fim do Mundo) e de Agusto Alves da Silva (trabalho encomendado pela Companhia Nacional de Bailado).
Já agora, uma recomendação a quem de direito: por favor, mudem a iluminação das salas de exposições da Casa das Mudas. É ridículo, por exemplo, olhar para uma fotografia de Cooper na qual pervalece o negro e ver o reflexo de uma luz de néon que ganha uma cor verde-vómito.
Legitimação
Questão importante
Esperemos que esclarecida esta importante questão se comece a discutir o país.
31.10.05
Como avança a democracia portuguesa
O Dr. Anacleto avançou porque o camarada Jerónimo antecipou-se.
O Dr. Soares avançou para evitar que o Dr. Cavaco andasse em passeio pela avenida.
O Dr. Alegre avançou porque se chateou com os amigos.
O Dr. Cavaco avançou porque ninguém na realidade lhe pode fazer frente.
Toda a gente devia ler este senhor
A moeda má, por Vasco Pulido Valente (Público, 30/10/2005)
"Parece que 20 por cento dos licenciados, que o país recentemente produziu, resolveram emigrar e, a julgar pelo passado, nunca mais cá voltam. Mas ficaram ainda mais de 40.000 no desemprego, incluindo muita gente com o mestrado e o doutoramento. Pior do que nós... só o Haiti e a Jamaica. E depois perguntam como Portugal chegou ao que chegou. Chegou assim: com políticas de uma inimaginável estupidez, conduzidas por meia dúzia de indivíduos que ignoravam militantemente a história e a realidade do país e se aplicavam a imitar o que se fazia lá fora e, em particular, o que se fazia na "Europa". Os responsáveis são conhecidos. Pela parte "técnica", Veiga Simão, Fraústo da Silva, Roberto Carneiro e Marçal Grilo e, agora, Mariano Gago. Pela parte do governo, Cavaco e António Guterres, que envenenou tudo em que tocou. Infelizmente nem perante o desastre se aprendeu a lição. De Cavaco a Sócrates, com uma persistência que roça o patológico, o regime continua a repetir que Portugal precisa antes de mais nada de "qualificação" e "formação".
Já se percebeu há quase meio século que não vale a pena "sobre-educar" sociedades com um mercado de emprego semi-arcaico, porque as "competências", sejam elas quais forem, de facto desnecessárias, desandam para onde as podem usar e, naturalmente, lhes pagam bem. Na prática, o contribuinte português paga hoje a "qualificação" e a "formação" de uma pequena parte dos "recursos", que por aí se chamam "humanos", da América e do Canadá, da Inglaterra e da França, da Espanha e do Brasil. E paga também a "qualificação" e a "formação" de 5.000 pessoas por ano, que o Estado enganou e condenou a uma vida para sempre frustrada.
E a história não acaba aqui. O Estado criou ou permitiu que se criasse uma enorme e abstrusa máquina, que vai do pré-escolar ao ensino superior oficial (hoje irremediavelmente degradado) e do "colégio" católico com subsídio por cabeça ao comércio vil de "universidades" privadas que são uma vergonha nacional. E, como o produto dessa máquina é largamente inútil, o Estado, para disfarçar a calamidade que ele próprio promoveu, mete inúteis num funcionalismo público igualmente inútil, que nos levou à calamidade maior da crise orçamental e da estagnação económica. A moral a tirar desta comédia sem desculpa é a de que o dr. Cavaco tem razão: nós gostamos mesmo da moeda má."
Humor negro
Frase tirada do MSN de um amigo meu.
Novo slogan da luta contra a gripe das aves: “Isto não será canja”.
Para afugentar as bruxas
Demos, transnos e diaños, espiritos das nevoadas veigas.
Corvos, transnos e meigas,
feitizos das meciñeiras.
Podres cañotas furadas, fogar dos vermes e alimañas.
Lume das Santas Compañas,
mal de ollo, negros meigallos, cheiro dos mortos, tronos e ráios.
Oubeo do can, prégon da morte.
Fuciño da sátira e pé do coello.
Pecadora língua da mala muller casada cum home vello.
Averno de Satán e Belcebú,
lumos dos cadavres ardentes,
corpos mutilados dos indecentes,
peidos dos infernais cús,
muxido do mar embravescido.
Barriga inútil da muller solteira,
falar dos gatos que andan a xaneira,
guedella porca da cabra mal parida.
Con este fol levantarei as chamas deste lume que semella às do Inferno,
e fuxirán as bruxas a cabalo das súas escobas,
indose bañar na praia das areas gordas.
!Oíde, oíde! os ruxidos que dan as que non poden deixar de queimarse na aguardente
quedando así purificadas.
E cando este berebaxe baixe polas nosas gorxas,
quedaremos libres dos males da nosa ialma
e de todo embruxamento
Forzas do ar, terra mar e lume,
a vos fago esta chamada:
- sé verdade que tendes mais poder que a humana xente,
enquí e agora,
facede que os espirítos dos amigos que están fora
parcipen con nós desta Queimada"
Parte do rito galego para afugentar Bruxas, que para além da oração acima transcrita, inclui a Queimada.
No original porque o Galego é das línguas mais místicas que conheço.