6.7.07

Sotto le stelle del jazz

Certi capivano il jazz
l’argenteria spariva…
ladri di stelle e di jazz
così eravamo noi,
così eravamo noi
Pochi capivano il jazz
troppe cravatte sbagliate…
ragazzi-scimmia del jazz
così eravamo noi,
così eravamo noi
Sotto le stelle del jazz,
ma quanta notte è passata…
Marisa, svegliami, abbracciami
è stato un sogno fortissimo…
Le donne odiavano il jazz
“non si capisce il motivo”
du-dad-du-dad
Sotto le stelle del jazz
un uomo-scimmia cammina,
o forse balla, chissà
du-dad-du-dad
Duemila enigmi nel jazz
ah, non si capisce il motivo…
nel tempo fatto di attimi
e settimane enigmistiche…
Sotto la luna del jazz…

Paolo Conte

Começou ontem o Funchal Jazz. Para bem dos nossos pecados. E ouvidos.

(Infelizmente, o senhor acima só pode ser ouvido nos intervalos entre as actuações...).

4.7.07

O Vídeo do momento



Por favor, não rir. Pelo menos, muito alto.

Em festa

Portugal recebeu embevecido, e de braços abertos, a presidência da União. O acontecimento meteu uns rapazes à volta do primeiro-ministro, uns concertos onde não cabia toda a gente e umas conferências de imprensa, em que também participou o Dr. Barroso, um ex-conhecido nosso. Para os próximos seis meses, a agenda antecipa recital de fino recorte sob a batuta do nosso primeiro que esperamos nós não precise de falar em inglês técnico.

Claro está que os próximos seis meses serão para esquecer. O próprio Eng. (?) Sócrates já veio avisar que quer (exige? deseja?) um esforço colectivo para que o país deixe uma imagem positiva junto dos outros líderes europeus (é expressamente proibido manifestar-se contra o governo ou colar cartazes com piadas sobre ministrospor exemplo). Suponho eu, no fundo, que o ideal seria que os portugueses momentaneamente deixassem de existir (talvez metendo férias por seis meses) varrendo-se, assim, e de uma assentada, a chatice que são os nossos problemas colectivos da agenda mediática.

Entretanto, a principal função da nossa grandiosa presidência é fazer aprovar uma constituição disfarçada de tratado. A tarefa foi já assumida pelos gémeos portugueses, Dupond e Dupont, perdão, Sócrates e Barroso, o que implicará que o futuro tratado fique conhecido por Tratado de Lisboa. (Sonoridades à parte, Tratado de Lisboa soa bem melhor que Tratado de Liubliana, com a vantagem evidente da maioria dos portugueses saber onde fica Lisboa e quase ninguém saber o que é ou onde fica Liubliana.)

Em auxílio da presidência portuguesa, o Dr. Cavaco, outrora um não resignado, fez saber que acha o referendo nacional (uma promessa eleitoral) ao futuro tratado um empecilho sem fundamento. Fica claro que também para o Dr. Cavaco, os portugueses são uma maçada que se trata ignorando, como os actuais níveis educacionais, aliás, recomendam. Na verdade, perante o gritante estado de ataraxia vigente, viver na ignorância é aconselhável e um sinal enorme de felicidade. E garante, por acréscimo, uma exemplar sobrevivência. Para quê fazer perguntas incómodas, quando a resposta a dar só pode ser uma?

Atrás de um grande homem...

O futebol em Portugal é tão atrevido que a principal testemunha do processo Apito Dourado saiu directamente do submundo da table dance, um mercado em franca expansão, para o top das livrarias nacionais, um mercado em óbvia degradação. Capacidades literárias e dançarinas à parte, reconheça-se pelo menos que o enredo trouxe a consagração de um popular e antigo aforismo: atrás de um grande homem, vem sempre uma grande mulher. Ou até duas, como neste caso.

Rua com eles



Absolutamente deplorável. E mais uma vez, incomoda-me que este ministro não seja responsabilizado pela sua atitude absolutamente anti-democrática!
Mas é esta a lógica do governo do bacharel Sócrates (venham lá agora acusar-me de apenas querer ofender Sua Excelência!).
A atitude do senhor foi tão absurda que até incomodou o Comissário Europeu!
Vergonhoso.

Liberdades


Parece que a questão do anonimato e da diferença entre ofensa e crítica está de novo na agenda do dia da blogosfera. Alegra-me, porque o debate elucida.
Quero, assim, contribuir com mais uma pequena reflexão.
Se por um lado reconheço que não é simpático sermos vítimas de ofensas por parte de outrém, anónimos ou não, por outro, convictamente, acredito que a liberdade será sempre a resposta. A cobardia revelada pelos anónimos, que populam pela blogosfera com a única intenção de ofender, humilhar e caluniar preocupa-me, mas opto por não colocar nenhum enable nos meus posts, porque tenho algum medo em me instituir como "controleiro".

Não sendo anarquista, afinal reconheço como necessário o controle, para uma correcta organização, logo responsabilização, receio a tentação do domínio. Por isso, se depender de mim, não serão colocados quaisquer entraves à liberdade dos outros. Porque apesar da minha liberdade acabar, efectivamente, onde começa a do outro, eu sou responsável exclusivamente pela minha. E não quero ter que ser eu a assumir o ónus que definir o que os outros podem ou não escrever! Até onde os outros podem ou não ir. Porque estaria sempre a entrar num domínio que não é meu.

Que é como quem diz: separar o trigo do joio.

"Quando falámos da realidade religiosa concreta, distinguimos a sua dimensão de eternidade, seus amálgamas com formas temporais caducas e os compromissos para que os homens a arrastam. O espírito religioso não consiste em cobrir tudo isto com apologias, mas, muito antes, em libertar o autêntico do inautêntico, o permanente do caduco. Aqui se encontra com o espírito do personalismo.
Os compromissos do cristianismo contemporâneo acumulam muitas sobrevivências históricas: a velha tentação teocrática do domínio das consciências pelo Estado; o conservadorismo social que liga o destino da fé a regimes utltrapassados; a dura lógica do dinheiro, que guia o que deveria servir. (...)
Quem quiser manter os valores cristãos em todo o seu vigor deve organizar, para todo os lados, a ruptura do cristianismo com as desordens estabelecidas. (...)
O Cristianismo já não está sozinho. Realidades maciças e valores incontestáveis nascem aparentemente fora do seu âmbito, suscitam morais, heroísmos, quase santidades.
Por outro lado, parece que o cristianismo ainda não realizou com o mundo moderno (desenvolvimento da consciência, da razão, da ciência, da técnica e das massas trabalhadoras) a união conseguida com o mundo medieval. Estará a atingir o fim? Não será este divórcio prova evidente? Um estudo mais desenvolvido destes factos leva-nos, no entanto, a pensar que esta crise não é o fim do cristianismo mas o fim duma cristandade, dum corrompido regime do mundo cristão que rompe suas amarras e parte à deriva deixando atrás de si os pioneiros de uma nova cristandade. Parece-nos que, depois de durante séculos ter talvez roçado a tentação judaica da instalação directa do Reino de Deus no plano dos poderes terrestres, o cristinanismo regressa lentamente à sua posição primitiva (...)."

"Toda a gama de comportamentos que a fenomenologia religiosa liberta, reencontram-se em quadros novos, sob formas geralmente degradadas, muito retrógadas em relação ao cristianismo, exactamente na medida em que o universo pessoal e suas exigências são mais ou menos eliminados."

Emmanuel Mounier, in Personalismo

Munch, Golgotha

Questão de princípio

É indiscutivel que a Assembleia Regional necessita de novas regras sobre incompatibilidades. É óbvio que existem situações que criam dúvidas sobre quem legisla e sobre quem beneficia dessa legislação. É claro que o tema deve ser debatido urgentemente. É fundamental que o debate seja abrangente, ou seja, que envolva o poder a e oposição. Como está actualmente a situação não pode ficar. Até porque, como li recentemente (e perdoem-me, porque não me recordo quem o escreveu), a ideia de que com regras mais apertadas se afasta o melhores da política não me parece ser a mais correcta (os melhores serão unicamente os empresários e advogados)?

Mas também me parece evidente que as regiões não podem, sob pena de verem violentados os princípios autonómicos, sujeitar-se a todas as regras impostas de fora, sem serem tidas ou achadas. Foi, aliás, essa a base que sustentou a posição do Governo Regional dos Açores. É de facto uma questão de princípio.

Agora, que as coisas têm de mudar na AR, lá isso têm. E mais cedo ou mais tarde o PSD vai ter de perceber isso.

Apontamentos sem nome

Após suspender o mandato, o vereador Carlos Pereira terá mais tempo para o seu blog, indiscutivelmente.

Agora a sério, é bom que apareçam outros espaços na blogosfera. Se trouxerem novas ideias para o debate, tanto melhor.

Viagem divertida

Façam uma visita guiada à caixa de comentários do Esquerda Revolucionária. Vale a pena. É uma viagem verdadeiramente divertida.

Mas afinal, quem é o Coelho (desculpem a falta de informação, mas ando mesmo afastado destas coisas da política)?

3.7.07

O jardineiro é Jesus...

Basta ter o emblema...


Boa argumentação em favor do equipamento cor-de-rosa. Até dá jeito, para cortar um bocado...

Sobre pássaros, mulheres e deuses

Cara amiga WOAB,
não seria necessário tanto, até porque sei o que pensas sobre a Igreja Católica e sobre o que entendes ser a posição desta Instituição acerca da mulher. Ainda assim, acho que exageraste na dose. O post revela a contundência e impetuosidade que te são características e com que encaras a vida. A violência, contudo, não é habitual. A fotografia do Witkin representaria algum frade?...
Mas como te deste ao trabalho que me elucidar uma vez mais, acho que por uma questão de delicadeza te estou devedor de alguns esclarecimentos. Ou, sem tanto pretensiosismo, de alguma réplica.

Não me sinto digno, preparado ou mandatado para assumir o papel de advogado do diabo – salvo seja! –, o que neste particular significa assumir a defesa da Igreja relativamente às tuas acusações.
Mas seria importante clarificar algumas delas.
Gozas com o encerramento do limbo, mas para uma instituição como a Igreja é fundamental não existirem mal-entendidos, como se revelava esse não-lugar. Apesar do conceito de limbo nunca ter integrado a doutrina católica, fez parte do catecismo (até 1982), sendo um conceito algo obscuro – que de resto foi inventado na época medieval para dar guarida a crianças e justos que, não sendo baptizados, não seriam, todavia, merecedores do castigo eterno do demiurgo (os filósofos também foram para lá atirados por Dante Alighieri, como sabes). Era importante esclarecer que lugar ocupava dentro da doutrina e foi isso que foi feito.
Quanto às criancinhas, a própria Igreja entregou-as à misericórdia divina, não carecendo, portanto, da tua preocupação.

Efectivamente, a Igreja está em dívida para com a Mulher. Secularmente, a mulher foi atirada para um papel menor na engrenagem da Igreja. Apesar da infalibilidade do seu líder relativamente às coisas religiosas, a Igreja foi demasiado imperfeita por não ter sabido dissociar o estatuto sociológico da mulher, da posição que esta seria merecedora dentro da estrutura eclesial. Ou seja, a Igreja foi orientada por homens que lançaram a mulher para o papel que esta ocupava na sociedade, numa atitude pouco conforme aos ensinamentos de Jesus Cristo.
A Igreja é, efectivamente, culpada por se ter deixado enredar nos constragimentos e vicissitudes historico-socio-culturais, não tendo sabido se libertar ou libertar a mulher, conforme aquela que tinha sido a prática de Jesus Cristo, que reconhecia na mulher uma interlocutora igual em densidade ontológica e ética e em capacidade intelectual, como nos diz S. Lucas.
Portanto, reconheço como legítimas algumas das críticas.

Mas seguindo o teu raciocínio, terias que deixar de te afirmar como portuguesa, ou europeia, ou até feminista, porque qualquer uma destas “instituições” está situada num contexto historico-socio-cultural: a tradição judaico-cristã defendeu a sociedade patriarcal, não tendo, portanto, lugar para ti; existem muitas correntes feministas (algumas mais idiotas que outras) e de certeza que não te identificas com todas. Não há, igualmente, lugar para ti. Em rigor, não há lugar para a mulher libertada. Teria que ser inventado assim uma espécie de…limbo!

Quanto ao Espírito Santo profanador do ventre feminino, sinceramente nunca vi onde aqui reside o vector opressivo. A concepção sem pecado não diminui a mulher: engrandece-a, porque o Salvador não tem semente do homem, mas nasce do ventre da mulher.
O pecado original?... Outra invenção de filósofo (desta feita de Santo Agostinho), para impedir que a origem do pecado se situasse em Deus.

Relativamente à galeria de Santas, estas são modelos de virtude e muito poucas são virgens. Aliás, exceptuando Maria, assim de repente não me recordo de nenhuma cujo modelo de virtude seja a sua virgindade. Ainda assim, admito que a Igreja não tenha sabido lidar convenientemente com aquilo que diferencia os géneros. Mas, também isso começa a mudar.

Replicar-me-ias com justeza: mas se assim é, se a Igreja faz hoje esse acto de contrição, porque não emendar rapidamente a mão e repor a integralidade dos direitos que são devidos à mulher? Porque a Igreja padece do pecado da lentidão de processos. É algo inevitável, mas não será no ritmo que a contemporaneidade exige.
Curioso é que algumas mudanças estão à vista e não são propostas de fora, mas derivam de um movimento interno. São as tais que limpam, fazem arranjos florais e ministram catequese que exigem a sua libertação. Num movimento todo ele cristão.
Seres ou não cristã, nada tem a ver com feminilidade. Na minha opinião, tem apenas a ver com essa tua rebeldia irascível que te faz virar contra qualquer instituição.


PS – Perante um tão contundente post, a resposta não poderia ser em forma de comentário, naturalmente.
PS2 - Dispensei-me de preâmbulos elogiosos ao teu texto. Saberás o que me parecerá.

2.7.07

Poderia ser mentira?

"Neste terrível lamaçal de mentira e de cobardia, ouve-se de vez em quando: «Actos! Actos! Actos! Nada de palavras!». E o facto supremo, o grande facto, o facto fecundo, o facto redentor, seria que cada um dissesse a sua verdade. Sem nada mais do que isso, estaríamos do outro lado do abismo que se nos abre debaixo dos pés.

E contudo há miseráveis que, não se atrevendo a defender a mentira, a hedionda mentira, tratam de fazê-la passar por ilusão e falam-nos do seu poder e do alívio que se procura ao enganar conscientemente.

Não: a arte é o que mais longe está da mentira, e a mentira é o que de mais profundamente inestético existe. Não: a mentira não é nunca consolo, e a ilusão consoladora não é mentira."

Miguel Unamuno, in Solidão

1.7.07

Dia da Região

Do vale à montanha e do mar a serra,
Teu povo humilde, estóico e valente
Entre a rocha dura te lavrou a terra,
Para lançar, do pão, a semente:
Herói do trabalho na montanha agreste,
Que se fez ao mar em vagas procelosas:
Os louros da vitória, em tuas mãos calosas
Foram a herança que a teus filhos deste.
Por esse Mundo além
Madeira teu nome continua
Em teus filhos saudosos
Que além fronteiras
De ti se mostram orgulhosos.
Por esse Mundo além,
Madeira, honraremos tua História
Na senda do trabalho
Nós lutaremos
Alcançaremos
Teu Bem-estar e Glória.