4.4.09

Bubamara - Goran Bregovic

Música do fim-de-semana. Divirtam-se.

Coca Cola

Este é, provavelmente, um dos melhores anúncios de que tenho memória. Na linha daquilo que a Coca Cola tem feito nos últimos anos. Absolutamente brilhante, combatendo o discurso dominante que parece condenar as bebidas com gás e os seus consumidores se não ao Inferno pelo menos ao purgatório.

Post-Scriptum: Não consegui a versão em português no YouTube.

2.4.09

Bluebird

Lido por Mr. Bukowski.

Dois poemas

Dois poemas americanos

O Carrinho de Mão Vermelho

tanta coisa depende/de um/carrinho de mão/vermelho/esmaltado de água da/chuva/ao lado das galinhas/brancas.

William Carlos Williams

Bluebird

no meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais duro do que ele, eu digo, fica aí dentro, eu não vou deixar ninguém ver-te.

No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu atiro-lhe wisky e respiro baforadas de cigarro e as putas e os barmen e as caixas do supermercado nunca sabem que ele está aqui dentro.

No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais duro do que ele, eu digo, fica na tua, tu queres pôr-me em apuros? queres gozar com a minha obra? detonar a minha venda de livros na Europa?

No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais esperto, só o deixo sair de noite às vezes quando todos dormem. Eu digo, sei que estás aí, então não fiques triste. Depois recebo-o de volta, mas ele ainda canta um pouco aqui dentro, eu não o deixei morrer totalmente e dormimos juntos assim com o nosso pacto secreto e é bem capaz de fazer um homem chorar, mas eu não choro, tu choras?

Charles Bukowski

(Pus o texto em prosa - heresia, oh heresia! - mas prefiro-o assim, desculpem lá)

Um livro aberto ao calhas

Não gosto de tardes de Primavera: o aspecto da cidade, a forma como o sol lhe bate, as multidões, as montras das lojas, o calor. Desejo escapar ao calor e à luz. Há uma aragem fresca soprando pelas portas altas de certos edifícios de apartamentos de pedra e cimento. Dentro destes edifícios, está mais fresco ainda e, claro, mais escuro. A escuridão e o frio do Inverno recolheram ao seu interior.

In Outras Cores - Orhan Pamuk

Post-Scriptum: Desde que li Istambul, a melhor descrição de uma cidade que me foi dada a conhecer, fiquei verdadeiramente enamorado da escrita de Pamuk, um turco que foi Nobel da literatura em 2006.

Elucidativo

A acessa (e divertida) troca de palavras e argumentos entre o Paulo Barata e o Miguel Fonseca, com o Rui Caetano metido ao barulho, explica porque razão o PS-Madeira dificilmente chegará ao poder...

Ao A Soares

É recíproco, meu caro... Mas obrigado.

Lopes da Mota acima de qualquer suspeita? Nã....

Pessoa honesta este Lopes da Mota, cuja idoneidade está acima de qualquer suspeita, conforme se viu quando bufou à Fátima Felgueiras o mandato que pendia sobre si.
Digno de toda a minha confiança...
E assim sendo, só posso concluir que os outros magistrados são todos uns mentirosos, desonestos e aldrabões que, uma vez mais, apenas querem denegrir a imagem do impoluto Sócrates...

1.4.09

Sócrates culpado por falta de vontade de escrever

Ora, o homem não consegue provar que é engenheiro e que aquele "erro" no site da Assembleia não foi da sua responsabilidade; o homem não consegue provar que fez inglês técnico e ainda estão mal explicadas aquelas coisas lá para a Independente; não há maneira de se provar que ele está isento naquela história do aterro lá para as serranias de onde é proveniente; o homem ainda não esclareceu se aquelas coisas que alguém chama de casas são ou não da sua autoria (não sei, sinceramente o que é pior: se ele ter apenas assinado os projectos, ou se tiver mesmo feito aqueles abortos); aquela história da compra da casa está mal explicada; o governo gasta pipas de massa com anúncios, por vezes redundantes e duplicados; mentiu-se no caso do Magalhães; o caso Freeport enterra-o cada vez mais e ainda há uns anjinhos que juram a pés juntos que o líder está a ser alvo de uma campanha negra (racistas!)... Chiça rapaziada, não é já altura de crescer? É que ninguém pode ser assim tão inocente, em tanto caso mal explicado. A vida do tipo é um não-acabar-mais-de-rabos-de-palha e basta um gajo ter ar de mânfio para gritarem: aqui d'el rei que este quer tramar o líder.
Pelo amor de Deus... Como é que isto pode sucsitar alguma vontade de escrever?

Aparências e falsos casos

Parece que andam por aí uns energúmenos que se fazem passar por mim na blogosfera.
Não me incomoda nada porque quem vai lendo o que escrevo por cá, se não for acéfalo, perceberá aqueles que são os meus comentários. Com violência, sem violência, de forma mais ou menos educada.
Quanto às insinuações de que sou eu, mas que finjo que não sou (que raio de confusão), fiquem os caros sabendo que eu nunca tive receio de mandar à fava quem quer que seja. Por isso, se tiver que fazê-lo, faço-o sem qualquer prurido.
Para concluir: alguns comentários que por aí andam apenas assinados com o meu nome mas sem a certificação do blogspot são meus e outros não. Mas perdoem que não me dê ao trabalho de enunciar quais são. Descubram vós mesmos.

Mais um na conspiração

A conspiração abarca mais um. Com as suas opiniões de esquerda liberal (eu chamar-lhe-ia esquerda caviar, mas enfim...) o Zé Júlio promete agitar as águas (e o Sancho).

Bem vindo à blogosfera, camarada!

O Fantasma sai de cena

Confesso que cheguei tarde a Philip Roth. Há uns tempos li, sem grande paixão, Todo-O-Mundo. Este ano dei por mim embrenhado na Conspiração Contra a América, que não sendo uma grande obra literária é, no entanto, um bom livro. Mas não foi por aí que me rendi.

Acabei há pouco (há horas), O Fantasma Sai de Cena, o último livro publicado por Roth. E desta vez assino um armísticio com o escritor, rendo-me às evidências e registo que há muito pouca gente a escrever como Roth, a perceber o mundo como ele.

O Fantasma Sai de Cena fala-nos sobre a velhice. Roth põe em confronto um escritor consagrado, Nathan Zuckerman, de 71 anos, acabado de regressar a Nova Iorque após uma reclusão voluntária de uma década, e um aspirante a escritor, Richard Kliman. O cansaço contra a fogosidade. A resignação contra a ambição, por vezes desmedida.

O autor apresentam-nos um Zuckerman que lida mal com o passado e que não se integra no presente. Amy, a moribunda Amy, que outrora fora amante do seu mentor literário, representa o passado. Jamie, outra mulher, jovem e bela, será o presente. Duas mulheres que nunca lhe pertenceram são o que podia ter sido e o que já não pode ser.

O já-não Zuckerman (a expressão é de Roth) debate-se com as pulsões do desejo que julgava mortas, com as limitações da velhice, com os seus fantasmas passados e presentes, num mundo marcado pela confusão do pós 11 de Setembro, pela reeleição de Bush, pela ambição desmedida, pelos telemóveis, pelas roupas justas das meninas na 5ª Avenida... Um mundo do qual se afastara e ao qual percebe ser demasiado tarde para regressar.

Assim, apenas com mais um momento de insanidade da sua parte - um momento de louca excitação - atira tudo para dentro do saco - excepto o manuscrito que não leu e os livros em segunda mão de Lonoff - e foge o mais depressa que pode. Como pode ser de outro modo? (Como ele gosta de dizer)? Desintegra-se. Ela vem a caminho e ele vai embora. Para sempre.

É desta forma que Roth termina o livro. É assim que Zuckerman, o já-não Zuckerman, sai de cena.

Com uma narrativa directa e envolvente Roth apresenta um grande livro.

O Fantasma Sai de Cena foi editado pela D. Quixote. Está à venda na maioria das livrarias do Funchal.

Um livro aberto ao calhas

America when I was seven momma took me to Communist Cell meetings they sold us garbanzos a handful per ticket a ticket costs a nickel and the speeches were free everybody was angelic and sentimental about the workers it was all so sincere you have no idea what a good thing the party was in 1835 Scott Nearing was a grand old man a real mensch Mother Bloor made me cry I once saw Israel Amter plain. Everybody must have been a spy. America you don’t really want to go to war.

Allen Ginsberg – America

Excerto de America, de Allen Ginsberg