Música do fim-de-semana. Divirtam-se.
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
4.4.09
Coca Cola
Este é, provavelmente, um dos melhores anúncios de que tenho memória. Na linha daquilo que a Coca Cola tem feito nos últimos anos. Absolutamente brilhante, combatendo o discurso dominante que parece condenar as bebidas com gás e os seus consumidores se não ao Inferno pelo menos ao purgatório.
Post-Scriptum: Não consegui a versão em português no YouTube.
2.4.09
Dois poemas
Dois poemas americanos
O Carrinho de Mão Vermelho
tanta coisa depende/de um/carrinho de mão/vermelho/esmaltado de água da/chuva/ao lado das galinhas/brancas.
William Carlos Williams
Bluebird
no meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais duro do que ele, eu digo, fica aí dentro, eu não vou deixar ninguém ver-te.
No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu atiro-lhe wisky e respiro baforadas de cigarro e as putas e os barmen e as caixas do supermercado nunca sabem que ele está aqui dentro.
No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais duro do que ele, eu digo, fica na tua, tu queres pôr-me em apuros? queres gozar com a minha obra? detonar a minha venda de livros na Europa?
No meu coração há um pássaro azul que quer sair mas eu sou mais esperto, só o deixo sair de noite às vezes quando todos dormem. Eu digo, sei que estás aí, então não fiques triste. Depois recebo-o de volta, mas ele ainda canta um pouco aqui dentro, eu não o deixei morrer totalmente e dormimos juntos assim com o nosso pacto secreto e é bem capaz de fazer um homem chorar, mas eu não choro, tu choras?
Charles Bukowski
(Pus o texto em prosa - heresia, oh heresia! - mas prefiro-o assim, desculpem lá)
Um livro aberto ao calhas
In Outras Cores - Orhan Pamuk
Post-Scriptum: Desde que li Istambul, a melhor descrição de uma cidade que me foi dada a conhecer, fiquei verdadeiramente enamorado da escrita de Pamuk, um turco que foi Nobel da literatura em 2006.
Elucidativo
Lopes da Mota acima de qualquer suspeita? Nã....
Digno de toda a minha confiança...
E assim sendo, só posso concluir que os outros magistrados são todos uns mentirosos, desonestos e aldrabões que, uma vez mais, apenas querem denegrir a imagem do impoluto Sócrates...
1.4.09
Sócrates culpado por falta de vontade de escrever
Pelo amor de Deus... Como é que isto pode sucsitar alguma vontade de escrever?
Aparências e falsos casos
Não me incomoda nada porque quem vai lendo o que escrevo por cá, se não for acéfalo, perceberá aqueles que são os meus comentários. Com violência, sem violência, de forma mais ou menos educada.
Quanto às insinuações de que sou eu, mas que finjo que não sou (que raio de confusão), fiquem os caros sabendo que eu nunca tive receio de mandar à fava quem quer que seja. Por isso, se tiver que fazê-lo, faço-o sem qualquer prurido.
Para concluir: alguns comentários que por aí andam apenas assinados com o meu nome mas sem a certificação do blogspot são meus e outros não. Mas perdoem que não me dê ao trabalho de enunciar quais são. Descubram vós mesmos.
Mais um na conspiração
Bem vindo à blogosfera, camarada!
O Fantasma sai de cena
Acabei há pouco (há horas), O Fantasma Sai de Cena, o último livro publicado por Roth. E desta vez assino um armísticio com o escritor, rendo-me às evidências e registo que há muito pouca gente a escrever como Roth, a perceber o mundo como ele.
O Fantasma Sai de Cena fala-nos sobre a velhice. Roth põe em confronto um escritor consagrado, Nathan Zuckerman, de 71 anos, acabado de regressar a Nova Iorque após uma reclusão voluntária de uma década, e um aspirante a escritor, Richard Kliman. O cansaço contra a fogosidade. A resignação contra a ambição, por vezes desmedida.
O autor apresentam-nos um Zuckerman que lida mal com o passado e que não se integra no presente. Amy, a moribunda Amy, que outrora fora amante do seu mentor literário, representa o passado. Jamie, outra mulher, jovem e bela, será o presente. Duas mulheres que nunca lhe pertenceram são o que podia ter sido e o que já não pode ser.
O já-não Zuckerman (a expressão é de Roth) debate-se com as pulsões do desejo que julgava mortas, com as limitações da velhice, com os seus fantasmas passados e presentes, num mundo marcado pela confusão do pós 11 de Setembro, pela reeleição de Bush, pela ambição desmedida, pelos telemóveis, pelas roupas justas das meninas na 5ª Avenida... Um mundo do qual se afastara e ao qual percebe ser demasiado tarde para regressar.
Assim, apenas com mais um momento de insanidade da sua parte - um momento de louca excitação - atira tudo para dentro do saco - excepto o manuscrito que não leu e os livros em segunda mão de Lonoff - e foge o mais depressa que pode. Como pode ser de outro modo? (Como ele gosta de dizer)? Desintegra-se. Ela vem a caminho e ele vai embora. Para sempre.
É desta forma que Roth termina o livro. É assim que Zuckerman, o já-não Zuckerman, sai de cena.
Com uma narrativa directa e envolvente Roth apresenta um grande livro.
O Fantasma Sai de Cena foi editado pela D. Quixote. Está à venda na maioria das livrarias do Funchal.
Um livro aberto ao calhas
America when I was seven momma took me to Communist Cell meetings they sold us garbanzos a handful per ticket a ticket costs a nickel and the speeches were free everybody was angelic and sentimental about the workers it was all so sincere you have no idea what a good thing the party was in 1835 Scott Nearing was a grand old man a real mensch Mother Bloor made me cry I once saw Israel Amter plain. Everybody must have been a spy. America you don’t really want to go to war.
Allen Ginsberg – America
Excerto de America, de Allen Ginsberg