"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
9.6.06
World Press Photo
Como ontem me dizia alguém na inauguração,"quando saimos daqui, até parece que temos o cérebro coberto de imagens".
Imperdível.
Para saber mais:
http://www.worldpressphoto.com/
8.6.06
Savem a Republica!
"Há extrema direita em Portugal e os tipos até têm armas (pelo menos uma caçadeira) e as bestas de besta vão invadir as ruas e isto vai ser uma tragédia"
gritou parte do Zé povo, amedrontado.
Creio até que algumas senhoras mais dadas à religiosidade correram à Igreja da esquina para pôr uma velinha a Santo Inácio.
"Antes o Barroso e o Sócrates e o Louçã", gemeram os mais pragmáticos.
A Senhora Polícia, zelosa, foi logo prender o dono da caçadeira que apareceu na televisão, esse sanguinário que ameaçou com um golpe de estado! Os 47 membros do partido do homem (incluindo duas velhinhas que não sabem que estão inscritas, mas estão) devem ser as próximas vítimas.
O Sr. Ministro, guardião do bem comum, também falou sobre o assunto e garantiu à populaça que o Governo não permitiria que a calmaria reinante fosse posta em causa por uma caçadeira e por bestas armados com bestas!
Já um responsável pela segurança interna, personagem perfeitamente desconhecida, veio pôr água na fervura e dizer que afinal a arma e as bestas não eram assim tão perigosos.
"A gente tá d'olho neles", complementou, entre uma bica e uma dentada numa queijada de Sintra.
Também os senhores agentes da Guarda e da PSP, que ontem marchavam ao som da Internacional, indignaram-se pelo facto das justas reevindicações do proletariado, por eles ali representado, poderem ser manchadas pelo facto de 30 tipos com a bandeira de um partido que ninguém conhece (mas que até já concorreu a umas eleições, tendo obtido magnifícos 9.000 votos) marcharem com eles. Se calhar, com um i-pod a tocar o hino da Mocidade! Onde já se viu tal afronta?
Hoje, os comentadores do costume vão concorrer em graus de indignação. A républica está ameaçada, gritarão. Uns mais alto que outros, mas lá que gritarão, gritarão!
Daqui a uma semana ninguém se lembra de nada disto. De qualquer forma, esses perigosos extremistas-fascistas-neonazis-comedores de negos ao pequeno almoço,
"sim, porque aquilo tá tudo misturado, aquilo é tudo a mesma raça, Deus
me livre e guarde!"
esses tipos que preparam um golpe de Estado em reuniões secretas na Quinta da Berdalejona, em plena Aldeia de Ranhosa da Serra, agradecem a publicidade gratuita.
7.6.06
Na rota do budismo tibetano
http://www.youtube.com/watch?v=XFkUp6HmFP8
As fotos, e o video, são da autoria da Lhasa, do Chuva de Peixe. E também poderão ser vistas através desse blog.
Valem a pena.
Crónica de um olhar
Abriguei-me ao lado de duas lindas flores. Leia-se jovens. Sobre uma delas cintilavam raios de luz vindos do tecto. Percebi o confortável peito e do delicioso rosto de uma, quando me sentei. Fiquei abesbélico. Ainda Resisti à tentação de voltar a olhar novamente para confirmar o que, os meus esbugalhados olhos tinham acabado de transmitir ao cérebro. Fiz como Cristo na cruz. Manti-me firme.
O mesmo já não conseguiu o cliente que estava numa outra mesa com um “neto”. Levantou-se e pediu lume a uma delas. Passados uns minutos voltou a aproximar-se. Por acaso da mais dotada. Compreendo o homem. Estava de frente para elas. Aparentava uns 60 anos. A idade de quem já viu e tudo fez na vida. No entanto, não conseguiu resistir.
Quem não gostou do repetido gesto, foi o empregado de mesa. Autoritário, dirigiu-se ao senhor e disse alto e em bom som: elas estão à espera dos namorados!
Sei que o homem ainda lhe retorquiu. Voltou para a mesa onde o aguarda o “neto” e passados uns minutos saiu porta fora.
Grande lata. Quer isto dizer que apesar da idade, o homem já não pode conversar com uma miúda? Os preconceitos só existem porque alguém os fabrica. E o empregado, quando chegar àquela idade, o que é que lhe vão fazer?
6.6.06
Quo Vadis, Benedictus?
Como esta opinião do Bento está minada de falácias, vamos lá colocar alguns pontos nos iis.
1- As autarquias apenas têm competências ao nível da educação pré-escolar (PE) e 1º ciclo (EB1). Noutros níveis de ensino, as Direcções Regionais de Educação não reconhecem legimitidade às autarquias, logo não deixam que estas tenham qualquer intervenção.
2 - No âmbito das competências descentralizadas (PE e EB1), são as autarquias que pagam o transporte, a alimentação, a componente de apoio à família - onde se engloba a acção social escolar -, as reparações das escolas, a construção de novas escolas, a aquisição de mobiliário, de equipamento tecnológico, o acesso à Internet... Até as comunicações telefónicas e consumíveis como giz, tinteiros, borrachas, são financiados pelas autarquias.
3 - As autarquias deste país substituem as falhas do Ministério, nomeadamente no que toca à actividade física, criando e financiando programas para que as crianças pratiquem exercício, pois o ME não garante esta vertente fundamental do desenvolvimento (apesar da componente pedagógica ser da sua responsabilidade e da Lei de Bases do Sistema Educativo atribuir esta competência ao ME).
4 - O ME descentralizou a gestão do parque escolar (PE e EB1) para as autarquias, “oferecendo” edifícios velhos, sem qualquer condição para a prática pedagógica. Logo depois publicou legislação situando as exigências para o Parque Escolar.
5 - Como o Ministério não garante os prolongamentos de horários em todas as escolas (a legislação muda este ano), têm sido as autarquias que têm garantido ATLs, promovendo a Música, a Dança, o Teatro e outras expressões plásticas e artísticas, o que exigiu um enorme esforço financeiro das autarquias.
6 - Uma verba muito significativa dos orçamentos das autarquias é disponibilizado para a educação, quer para as áreas que derivam das suas competências legais, quer direccionada para programas com pendor pedagógico.
7 - As autarquias têm investido em projectos educativos, recursos e equipamentos (autocarros multimédia, centros de recursos educativos, espaços de ciência, ludotecas, entre outros) que promovem aprendizagens não formais e emprestam um factor didáctico que muitas vezes não existe na escola, nem nos programas.
8 - Grande parte dos projectos educativos municipais têm como principal objectivo a mobilização de toda a comunidade educativa. Em qualquer projecto é comum aparecer objectivos relacionados com uma maior aproximação dos pais à escola, pois é sabido que os pais são os melhores mediadores de conhecimento.
9 - Sempre que as autarquias pretendem aprofundar mais o seu papel, são completamente trucidadas pelos Direcções Regionais e pelas Universidade (não pelos docentes, mas pelos centros que não querem ver os seus financiamentos perdidos pelo facto das CM estarem a desenvolver competências que seriam suas, mas que não as cumprem).
10 - As autarquias têm feito um esforço enorme para serem vistas como parceiros da educação. O grande opositor é mesmo o Ministério.
11 - É totalmente reconhecido que os pais têm um papel muito mais interventivo e activo no PE e no EB1 do que noutro qualquer nível.
E para confirmar isto, basta ir aos sites das Câmaras, ou ver quantidade de fóruns de educação que são organizados pelas autarquias, ou ir à Base de Dados da Associação Internacional das Cidades Educadoras. Lá encontramos experiências absolutamente fantásticas, desenvolvidas pelas autarquias.
Portanto, nesta luta de aproximação da comunidade à escola, não é novidade que as Autarquias estão a anos-luz do Ministério. E ao contrário do que afirma o Bento, não estão sempre a falar de dinheiro.
Eleições
Como considero que o que disse a Ministra da Educação (e bem, na minha opinião) é um assunto já suficientemente abordado pelo Sancho, pelo Gonçalo e na www.esquina-do-mundo.blogspot.com. Quero, por isso, introduzir uma outra matéria.
Neste momento estou curioso. Quero ver como vão ser realizadas as eleições para os conselhos executivos das escolas, na Madeira. Depois, quero saber quem vão ser os (re)eleitos.
A ideia do Grupo Parlamentar do PSD é realizar o acto eleitoral até 15 de Julho. Ou seja, em menos de um mês e meio arrumar a eleição dos conselhos directivos das escolas madeirenses. Com a agravante de a data (pré)agendada coincidir com a realização de testes de avaliação. Estão os alunos ocupados e os professores atarefados.
No entanto, até compreendo a pressa. Suponho que quererem mudar, ainda que contrariados, uma lei inconstitucional. A apreciação não é minha. Faz parte do acórdão proferido pelo Tribunal Constitucional. Além disso, e segundo os juízes, o anterior modelo de gestão das escolas, em vigor na Madeira, feria a lei de bases do sistema educativo.
A minha outra curiosidade é quem vão ser os eleitos. Será que Jorge Moreira substitui, Moreira. Será que a actual Directora da Escola Francisco Franco (que até é socialista, ou tem ligações próximas ao PS) é a senhora que se segue. E na Levada, na Horácio Bento, quem serão os eleitos?
Sou por natureza desconfiado. Aposto que através de eleições, nomeações, ou outro sistema que inventem, as caras vão ser, na larga maioria, as mesmas.
Agora pergunto. Face aos resultados dos últimos exames nacionais em que, a Madeira foi a terceira pior região do país a contar do fim, (Portalegre, Bragança, Madeira, …) esta não era a altura certa para também mexer em alguns senhores e senhoras professoras que, estão há anos instalados nas nossas escolas?
Ou acham que os maus resultados é uma matéria da exclusiva responsabilidade dos alunos, ou dos pais, como alguns querem fazer passar? Porque é que os docentes, também não assumem o insucesso dos seus educandos?
Acima de tudo acho que é necessário mudar, agitar algumas consciências adormecidas nas nossas escolas. As mudanças, ao contrário do que muitos pensam, devem começar por cima. De pouco serve substituir um soldado, quando o maior problema é o comandante.
É como no futebol. A equipa não ganha, substitui-se o treinador. Na maioria dos casos os resultados até aparecem.
5.6.06
O Fim da Filosofia
Uma cruzada (estapafúrdia, é certo...)
Pelo caminho, Sr. Chávez conseguiu ganhar o controle do gás natural da Bolívia ao Brasil de um Lula que se tem revelado, tal como o previsto, um verdadeiro inapto para as coisas da governação. Se não vejamos este editorial no sítio oficial do PT brasileiro:
Uma nova onda vermelha parece avançar sobre a América Latina com os triunfos eleitorais recentes de movimentos, partidos e frentes da esquerda. Aos exemplos de Venezuela, Brasil, Argentina se somaram as últimas vitórias progressistas no Uruguai, Bolívia e Chile. Essa onda entusiasma às lideranças e militantes esquerdistas porque preanunciam uma conjuntura favorável para impulsionar as demandas de uma agenda política da esquerda latino-americana.
O bom do Lula parece ser o único que ainda não percebeu a jogada do venezuelano: encostar o Brasil para o canto e avançar para a liderança de uma frente popular sul-americana contra tudo o que acha nefasto, ou seja, a humanidade em geral, com excepção da sua pessoa e dos seus "desinteressados" apoiantes.
Diz a experiência que a coisa vai dar para o torto. E que, não tarda nada, a América do Sul poderá voltar ao tempo dos "generais" de direita, ou coisa parecida, com uns banhos de sangue pelo meio. Foi sempre assim. Após cada regime lunático de esquerda, veio um regime tirânico de direita (veja-se, por exemplo, o caso do chileno Allende, péssimo governante hoje idolatrado por aquela parte da esquerda absolutamente acéfala). A democracia governou nos intervalos.
Curiosamente, a salvação poderá estar "en los imperialistas americanos", que não quererão confusões à porta de casa. Paradoxal, ou não?
Post-Scriptum: Naquelas bandas, a Venezuela é um dos países mais estáveis. Um dos poucos que nunca teve uma guerra civil, um dos poucos que teve uma democracia estabilizada, um dos poucos que não acordou muitas vezes sobressaltado com tanques na rua e militares de armas na mão em alegres golpes de Estado. Aliás, no século XX Chávez foi o único que o tentou. Diz quem conhece o país que a boa índole do povo não permite grandes aventuras militares. Sendo assim, o actual presidente deverá ter uma reforma sossegada. Vai ficar a ver a banda passar, refastelado com um conhaque e um bom charuto cubano, enquanto o seu sonho se desmorona. Mais um paradoxo...
Post-Scriptum 2: É óbvio que a corrupção instalada nas pseudoelites democráticas locais é grandemente responsável por aquilo que se está a passar. Mas nada garante que os regimes esquerdistas vão melhorar esse estado de coisas. Veja-se, por exemplo, o "Caso Mensalão", que chamuscou, e de que maneira, o presidente Lula...
Post Scriptum 3: Foi gira a vitória da Escola Vila Isabel no Carbaval do Rio. O conjunto foi fortemente patrocinado pelo governo da Venezuela. Com Lula a ver... "Soy Louco por ti América"...
Walking Around
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.
Pablo Neruda
(ou um dos muitos lunáticos sul americanos de que gosto)
Soy louco por ti América
Soy louco por ti América
Soy loco por ti, América, yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti, que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores tenga como colores la espuma blanca de
Latinoamérica
Y el cielo como bandera, y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem, os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas, o corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante desse país sem nome, esse tango, esse
rancho,
Esse povo, dizei-me, arde o fogo de conhecê-la, o fogo de
conhecê-la
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto antes que a definitiva noite se
espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo, el nombre del hombre es pueblo
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante, el nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes, soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe com palmeiras, com trincheiras, canções de
guerra
Quem sabe canções do mar, ai, hasta te comover, ai, hasta te
comover
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem, sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício, de susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes entre saudades, soluços, eu vou morrer
de bruços
Nos braços, nos olhos, nos braços de uma mulher, nos braços de
uma mulher
Mais apaixonado ainda dentro dos braços da camponesa,
guerrilheira
Manequim, ai de mim, nos braços de quem me queira, nos braços de
quem me queira
Soy loco por ti, América, soy loco por ti de amores
Conversa da Treta
Foi engraçada a conversa entre aquelas duas senhoras (duas autênticas damas!) e a Ministra da Educação. Foi bonito de se ver, tão amigas que as três aparentavam ser. Mas gostei mesmo foi de ver como as duas supostas entrevistadoras conseguiram fugir a todas as perguntas mais incómodas. É que o processo costuma ser inverso. Mas compreendo, afinal a Sr. Ministra era convidada e um bom cicerone não compromete quem convida.
Também gostei de ver que a Sra. Ministra levava uns gráficos jeitosos. Com umas linhas de crescimento acentuado e outra que mais parecia um traço de régua na horizontal. Curioso é que a senhora não tenha indicado quais foram os critérios que levaram a tal horizontalidade. É que “inventar” dados e fazer riscos, eu também sei.
Outra coisa que me impressionou foi a capacidade da Sra. Ministra repetir ipsis verbis afirmações anteriores. É preciso ter grande memória, mas a verdade é que eu perdi 10 minutos da conversa e quando voltei, a Sra. estava a repetir o que tinha dito anteriormente: palavra por palavra, juro! Parecia um dejá vu.
Mas vamos ao mais importante: a Sra. disse coisas boas e originais. Mas a exemplo do tal aluno (ou seria doutorando?) da estória, foi pena que as coisas boas não fossem originais e que as originais não fossem boas.
Antes de mais as boas: a necessidade de uma avaliação externa para os docentes. Todos nós estamos de acordo com o princípio de avaliação dos serviços públicos previsto no Decreto Regulamentar n.º 19-A/2004. O desempenho dos docentes, tal como o dos médicos, tal como o dos juízes, tal como o dos polícias, ou outros demais, deve ser avaliado, pois acredito sinceramente que o aumento da qualidade do serviço que se presta está dependente de processos de avaliação. Por outro lado, acho que os profissionais competentes devem ser distinguidos dos medíocres, ou seja, é fundamental distinguir o trigo do joio (perdoem-me o desvio popular). Naturalmente, esta ideia de avaliação dos serviços públicos, sendo boa não é nova. O que é novo é o método. E este, sendo original, não é nada bom. Em primeiro lugar, pretender que os encarregados de educação avaliem os docentes é introduzir um elemento de promiscuidade no sistema, pois configura-se aqui um claro conflito de interesses. Todos nós sabemos que muitos pais estão mais preocupados com o desempenho – que é como quem diz: com as notas – dos seus educandos, do que com os conhecimentos por si adquiridos. Reconheço que este é uma raciocínio empírico, mas é tão válido como os argumentos em favor da avaliação. Ora, havendo o tal conflito de interesses, não me parece expectável que TODOS os encarregados de educação elejam factores pedagógicos na avaliação que fazem aos docentes, em detrimento dos seus próprios interesses.
Por outro lado, insere um factor de pressão que não é benéfico na educação, pois como qualquer pessoa, o docente tenderá a se proteger. O que, por sua vez, também poderá introduzir um factor de facilitismo, expurgando da avaliação dos docentes o elementos exigência. Será mais fácil dar boas notas, mesmo que as aprendizagens não o justifiquem. Por outro lado, insere-se, numa avaliação que se quer estruturada e objectiva, um enorme elemento de subjectividade, na medida em que a avaliação dos pais estará sempre dependente da opinião dos filhos, que pode não gostar do professor por inúmeras razões sem que tal se configure como incompetência pedagógica ou científica do docente.
Por último, apenas uma questão: a Sra. Ministra diz que esta avaliação será minimalista. Mas se não serve para porra nenhuma, para que é que vamos sujeitar os docentes a esta humilhação? Porque reconheçamos: é uma humilhação para o professor ver o seu desempenho técnico estar a ser avaliado por uma outra qualquer classe profissional. Já viram se o desempenho dos médicos passasse a ser avaliado por professores de português, ou se o desempenho dos engenheiros passasse a ser avaliado por advogados, ou se o desempenho dos juizes passasse a ser avaliado por professores do 1º Ciclo? Não seria tudo estapafúrdio demais?
Somos os maiores!
Poi eu ontem vi um ponta de lança à Van Basten, excepcional jogador de 22 anos, de nome Klaas Jan Huntelaar. Só que jogava na Holanda. Vi um extremo estupendo, de apenas 17 anos, de nome Nicky Hoffs e de laranja vestido. Vi um tal de Romeo Castelen. Avançado hábil e objectivo. Que, por coincidência, também jogava pela Holanda. E já agora, um médio "à Davies", Demy De Zeeuw, curiosamente holandês.
No outro lado vi um número 10 -Artem Milevskiy - tão bom como o "velho" Mikhailichenko da selecção da URSS, que ontem se sentou no banco ucraniano.
Só que, furiosamente "patrioteira" e ignorante, a imprensa desportiva portuguesa não conhecia, não sabia, e nunca tinha ouvido falar nesses jogadores. Não sabia que ainda há pouco tempo, o Ajax pagara 9 milhões de euros por Hutelaar, que foi "só" o melhor marcador do campeonato holandês. Não sabia ainda que, por exemplo, Milevskiy era, e é, pretendido por alguns dos grandes clubes europeus da actualidade.
Em resumo, para o encartados (será melhor "encarteirados") da bola lusa erámos os maiores sem discusão, os nossos eram de longe melhores que os outros e a taça era nossa por direito próprio. Viu-se a linda figura que fez aquele grupo de meninos mimados e com mau perder!
Cheira-me que no Mundial vai ser mais ou menos a mesma coisa. E pelo menos até ao jogo com Angola o caneco pertence-nos! Até "demos" três ao Luxemburgo, essa potência do futebol, essa equipa de referência dos sindicatos dos canalizadores e jardineiros!
De facto, a imprensa desportiva da lusa pátria tem graça!