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Como ontem me dizia alguém na inauguração,"quando saimos daqui, até parece que temos o cérebro coberto de imagens".
Imperdível.
Para saber mais:
http://www.worldpressphoto.com/
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
Foi engraçada a conversa entre aquelas duas senhoras (duas autênticas damas!) e a Ministra da Educação. Foi bonito de se ver, tão amigas que as três aparentavam ser. Mas gostei mesmo foi de ver como as duas supostas entrevistadoras conseguiram fugir a todas as perguntas mais incómodas. É que o processo costuma ser inverso. Mas compreendo, afinal a Sr. Ministra era convidada e um bom cicerone não compromete quem convida.
Também gostei de ver que a Sra. Ministra levava uns gráficos jeitosos. Com umas linhas de crescimento acentuado e outra que mais parecia um traço de régua na horizontal. Curioso é que a senhora não tenha indicado quais foram os critérios que levaram a tal horizontalidade. É que “inventar” dados e fazer riscos, eu também sei.
Outra coisa que me impressionou foi a capacidade da Sra. Ministra repetir ipsis verbis afirmações anteriores. É preciso ter grande memória, mas a verdade é que eu perdi 10 minutos da conversa e quando voltei, a Sra. estava a repetir o que tinha dito anteriormente: palavra por palavra, juro! Parecia um dejá vu.
Mas vamos ao mais importante: a Sra. disse coisas boas e originais. Mas a exemplo do tal aluno (ou seria doutorando?) da estória, foi pena que as coisas boas não fossem originais e que as originais não fossem boas.
Antes de mais as boas: a necessidade de uma avaliação externa para os docentes. Todos nós estamos de acordo com o princípio de avaliação dos serviços públicos previsto no Decreto Regulamentar n.º 19-A/2004. O desempenho dos docentes, tal como o dos médicos, tal como o dos juízes, tal como o dos polícias, ou outros demais, deve ser avaliado, pois acredito sinceramente que o aumento da qualidade do serviço que se presta está dependente de processos de avaliação. Por outro lado, acho que os profissionais competentes devem ser distinguidos dos medíocres, ou seja, é fundamental distinguir o trigo do joio (perdoem-me o desvio popular). Naturalmente, esta ideia de avaliação dos serviços públicos, sendo boa não é nova. O que é novo é o método. E este, sendo original, não é nada bom. Em primeiro lugar, pretender que os encarregados de educação avaliem os docentes é introduzir um elemento de promiscuidade no sistema, pois configura-se aqui um claro conflito de interesses. Todos nós sabemos que muitos pais estão mais preocupados com o desempenho – que é como quem diz: com as notas – dos seus educandos, do que com os conhecimentos por si adquiridos. Reconheço que este é uma raciocínio empírico, mas é tão válido como os argumentos em favor da avaliação. Ora, havendo o tal conflito de interesses, não me parece expectável que TODOS os encarregados de educação elejam factores pedagógicos na avaliação que fazem aos docentes, em detrimento dos seus próprios interesses.
Por outro lado, insere um factor de pressão que não é benéfico na educação, pois como qualquer pessoa, o docente tenderá a se proteger. O que, por sua vez, também poderá introduzir um factor de facilitismo, expurgando da avaliação dos docentes o elementos exigência. Será mais fácil dar boas notas, mesmo que as aprendizagens não o justifiquem. Por outro lado, insere-se, numa avaliação que se quer estruturada e objectiva, um enorme elemento de subjectividade, na medida em que a avaliação dos pais estará sempre dependente da opinião dos filhos, que pode não gostar do professor por inúmeras razões sem que tal se configure como incompetência pedagógica ou científica do docente.
Por último, apenas uma questão: a Sra. Ministra diz que esta avaliação será minimalista. Mas se não serve para porra nenhuma, para que é que vamos sujeitar os docentes a esta humilhação? Porque reconheçamos: é uma humilhação para o professor ver o seu desempenho técnico estar a ser avaliado por uma outra qualquer classe profissional. Já viram se o desempenho dos médicos passasse a ser avaliado por professores de português, ou se o desempenho dos engenheiros passasse a ser avaliado por advogados, ou se o desempenho dos juizes passasse a ser avaliado por professores do 1º Ciclo? Não seria tudo estapafúrdio demais?