1.4.05

Os líderes transitórios do PSD

Está visto que Marques Mendes e Luís Filipe Menezes, a serem eleitos líderes do PSD (um deles terá fatalmente que o ser) não passarão da transitoriedade.
Marques Mendes, apesar da sua honradez e coerência, atingiu o “princípio de Peter” como porta-voz do Conselho de Ministros de Cavaco Silva. Luís Filipe Menezes é astuto, mas demasiado truculento e com nenhuma capacidade para gerar consensos, como é o exemplo “medieval” das guerras entre Porto e Gaia com que ninguém nada ganhou.
Para o PSD ganhar eleições vai restar o quem? Vai restar António Borges. Bem sei que os portugueses, do passado e de hoje, não vão com estrangeirados. Mas o homem, aqui e em qualquer parte do mundo, é bom no que faz. O resto é inveja. Portugal tem sobretudo um grande problema de gestão e de organização, não tem um problema de retórica. E António Borges tem um perfil, pelo menos, mais adequado do que Mendes e Menezes.
O PSD-Madeira, como penso, sabiamente não deu a cara por nenhum deles. E fez muito bem.

31.3.05

Chegou ao fim.

Terri Schiavo morreu. Agora, de certeza, será feliz.

Ele escreveu como uma fera

Conheci-o bem.

(e às vezes ri-me dele, confesso. Da mania que ele tinha de passear em jantares intermináveis com uma mala cheia de livros dele. E com a Gilda.)

Tivemos boas conversas nas noites longas de uma cidade curta. Com a Gilda.

Sobre livros e sobre a sublime arte de escrever.

Sobre um bar na Zona Velha que não conheci mas que gostava de ter conhecido.

Sobre noites de tertúlia que acabavam em sacro-santas bebedeiras.

Sobre poesia e poetas madeirenses.

(sobre Herberto).

Sobre uma banda que nunca ouvi nas noites do Savoy.

Sobre um cónego mandado à merda.

Sobre a Gilda. E sobre o "meu filho Marco". E sobre a "minha filha Natacha".

Numa madrugada dedicada à poesia, num café do Café do Teatro que ainda não se assemelhava
a um supermercado, ouvi-o recitar um poema escrito pelo meu pai. Fê-lo bem. Com emoção.

Um dia, quis incluir-me numa corrente de poesia que ganhava vida no correio electrónico.

"Tens talento"

dizia o generoso José António Gonçalves, tentando convencer-me, com a Gilda ao lado.

Esqueceu-se da minha fobia às correntes. E de que ele próprio detestava correntes.

Escreveu como uma fera, o José António. Rápida e instintivamente. Como uma fera.

Sabem, meus caros, há notícias que nos batem como barrotes de madeira. Que nos derrubam e nos deixam pregados ao chão, olhos fechados a tentar recuperar o folêgo. Ou que são como putas. Que nos roubam a carteira e nos deixam sem saber para que lado é o norte. Há notícias que nunca deveriam ser dadas.

Gonçalo Nuno Santos

Naza on the web

Há mais um blog madeirense on-line. Eis o endereço:

http://nazaontheweb.blog.com

Se bem os conheço, coisa boa não vai sair...

A visita não é aconselhável a pessoas impressionáveis, a alcoólicos anónimos ou a democratas convictos.

30.3.05

O calvário de Terri

No passado dia 25, o Supremo Tribunal de Justiça do EUA recusou o pedido para reimplantar os tubos de alimentação em Terri Schiavo.
Este caso veio, de novo, focar a nossa atenção na eutanásia. Fazer de Deus ou, para os agnósticos, agir pela Mãe-Natureza. Confesso a minha extrema dificuldade em ter uma posição convicta e absoluta. De um lado temos o mais nobre dos valores, o valor da vida. Do outro lado, temos o direito de disfrutar de um mínimo de condições para exercermos o anterior.
Quão forte e maldito este poder de decidir pelos outros ? Será legítimo utilizá-lo ? Mas, também, será legítimo virar a cara a quem nos pede ajuda para terminar o seu sofrimento ?
Sei que de pouco adianta, mas apenas consigo colocar as questões e esperar (temerária e egoisticamente) que jamais me veja na contingência de ser obrigado a tomar este tipo de decisões.
No entanto, Terri Schiavo acrescenta uma nova dimensão, mais profunda e delicada. Que fazer quando alguém não consegue apelar à piedade alheia ? Que fazer quando alguém, em estado vegetativo irreversível à 15 anos, não nos deu a conhecer a sua vontade ?
Razões existirão para suportar ambas as decisões, mas quando vejo os olhos sem expressão de Terri, não me conformo com o baixar de braços e acho insuportável a forma cada vez menos humana e insensível com que tudo está a ser abordado ("Segundo os médicos, Terri, que há 15 anos está em estado de coma persistente, morrerá por desidratação na próxima semana", DN de 25.03.2005, página 21, Sociedade). Esta frieza técnica é destroçante, esta previsibilidade artificial trespassa qualquer um.
Não tenho o direito, o dever, nem a capacidade para apontar caminhos ou soluções salomónicas (necessariamente). Não consigo, sequer, sofrer este sofrimento. Nem eu, nem ninguém vive a dor paterna, materna, fraterna e conjugal que a sua família vive. Resta-me esperar que, no fim deste calvário, Terri encontre a felicidade que, há 15 anos, abandonou-a.

28.3.05

Corre, Barbosa, corre

Tá feito, dito e respondido. Segundo 41% dos leitores da "Conspiração" o Sporting pode ganhar a Taça UEFA. Ainda que para isso o Pedro Barbosa tenha de correr. E o capitão tem feito os possíveis.

Já agora, aproveito para anunciar aos leitores (27%) que não acreditam, nem à lei da bala, que o maior clube português é candidato à vitória na competição que a "Conspiração", através da minha pessoa, garantirá cobertura integral da final. Com fotografias e tudo! Só para chatear...

Está já outro inquérito on-line.

27.3.05

Direito ao Bilhete de Identidade

Sou contra o clube único e ponto. Não é que seja uma daquelas adeptas fervorosas do futebol, mas como diz o outro, dou alguns toques nisto. O certo é que o presidente do Governo Regional admitiu fazer um referendo aos madeirenses sobre a possibilidade de termos um clube único na Madeira. Desta forma e acho que é a questão essencial, pouparíamos mais dinheiro, até porque os dois clubes absorvem muito do contribuinte. Mas se a questão aqui prende-se com dinheiro, então não seria mais fácil os próprios clubes de futebol arranjarem outras formas de financiamento? O Governo, até agora, tem justificado a ajuda financeira aos clubes com a projecção que tanto o Marítimo como o Nacional dão da Madeira, mas creio que esse disco já está um bocado gasto, até porque se o nosso Turismo dependesse deles, as coisas estavam muito mal. Depois há a questão de incentivar as camadas mais jovens no mundo do Desporto. Tudo correcto, mas se assim é, então porque não se financia apenas os escalões juvenis e deixa-se o futebol profissional de lado? As amadoras são importantes e creio que essas têm menos possibilidade de vingar sem ser com apoios. Na minha opinião, a resolução de todo este problema passa por novos modelos de financiamento e nunca pela fusão de dois clubes que ganharam o seu próprio Bilhete de Identidade. Nunca se poderia juntar Nacional e Marítimo no mesmo saco. Esta coisa de clubes e clubismo está no sangue e são muito poucos aqueles que aceitam transfusões. Não estou a ver um adepto do Nacional (eu, pecadora, me confesso) a aceitar esta proposta. Nem tão pouco um adepto do Marítimo... Uma coisa é certa, Jardim tem razões para estar preocupado em relação ao financiamento, por parte do seu Governo, aos clubes. Continuámos à espera de uma varinha mágica que não passe por juntar a água ao azeite.
SSFranco