O BE atingiu o limite de crescimento. Depois do resultado das últimas eleições, terá inevitávelmente de transformar-se num partido de sistema, trabalhando para a preservação do próprio sistema. O crescimento e a diversificação da sua base de apoio são duas das causas.
O dr. Louçã já percebeu. E por isso, no primeiro dia da Convenção Nacional que junta a trupe, utilizou tantas vezes a frase "ao contrário dos outros partidos, o BE...".
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
7.5.05
6.5.05
5.5.05
Convições profundas...
Carlos Pereira, ex-secretário geral da ACIF, é o candidato do PS à Câmara do Funchal. Ecomista, com uma pós-graduação em economia rural - componente essencial no currículum de quem quer governar uma cidade que vive de serviços - fora, recentemente, dado como certo à frente da Loja do Cidadão, tendo aceite o convite então formulado pelo vice-presidente do Governo Regional. Recorde-se que Pereira só não foi empossado porque a Quinta Vigia boicotou o seu nome.
Enfim, um homem de convições...
Enfim, um homem de convições...
4.5.05
Bem aventurados
Bem aventurados os medíocres defensores da limitação de mandatos porque, finalmente, chegarão ao poder.
Esta discussão em torno da limitação de mandatos não passa de duas coisas muito simples:
- a primeira tem a ver com a manifesta e gritante incapacidade, demonstrada pelos preconizadores e defensores desta medida, em apresentar uma credível alternativa política àqueles que, sistemática e democraticamente, têm merecido a confiança dos eleitores.
- em segundo lugar e associado à primeira, vem o escabroso e ridículo ajuste de contas em relação a Alberto João Jardim.
Face a esta investida dos actuais sectores dominantes sou assaltado por diversos sentimentos dos quais destaco a comiseração e a vergonha. A comiseração em relação ao complexo de inferioridade que os proponentes da medida apresentam. Incapazes de combater no mesmo terreno e com a mesmas armas, refugiam-se nos seus gabinetes, aventando golpes baixos de secretaria, julgando-se seres superiormente inteligentes. A vergonha surge perante a manifestação de "chico-espertismo" de um punhado de paladinos da liberdade e da democracia, que mais não fazem do que ferir de morte a regra primeira do sistema democrático: a liberdade de escolha dos seus representantes pelo povo, sem constrangimentos nem limitações temporais.
Argumentam, os incapazes, que esta é a única forma de evitar situações de corrupção, manipulação, compadrio ou favorecimento. Uma vez mais, recorrem à portuguesinha solução de ir pela via mais fácil, esquecendo-se que estão a substituir-se a outras entidades no combate a estes fenómenos (Ministério Público, órgãos de fiscalização, polícias....).
Em última análise, passam um atestado de menoridade intelectual aos eleitores. O voto é a arma mais poderosa que a democracia possui, o seu carácter secreto e universal permite que os cidadãos possam decidir acerca do rumo que a sociedade deve tomar. Haja capacidade dos responsáveis políticos em apresentar programas credíveis, que respondam às necessidades da população e que resolvam os problemas.
Que penoso é assistir às comemorações do 25 de Abril, onde os ditos "pais da democracia", em seus fatos de gala e em todo o seu garbo, vomitam loas à liberdade para, no dia 26 de Abril, promoverem acometidas violentas contra o povo que os sustenta.
É tempo de nos deixarem em paz, é tempo de nos libertarmos do jugo saudosista e retrógrado dos guardiães do templo. Falam de Abril como ponto de chegada quando não passa, apenas, do primeiro pontapé de saída. Recusam-se a evoluir, adormeceram ao som de Zeca Afonso e entorpecidos mantiveram-se, Nada disto seria muito grave se, não fossem estes os mesmos que nos têm governado de há 30 anos a esta parte.
Esta insistência imobilista e imobilizadora atinge, agora, o seu auge com a intenção de limitar os mandatos. Eventualmente, a lei passará trazendo consigo a morte de Abril e fazendo com que o povo português se veja limitado, gravemente limitado, no exercício dos seus direitos e liberdades.
Definitivamente, o regime agoniza num estertor decrépito e irreversível, saibamos mudá-lo.
Esta discussão em torno da limitação de mandatos não passa de duas coisas muito simples:
- a primeira tem a ver com a manifesta e gritante incapacidade, demonstrada pelos preconizadores e defensores desta medida, em apresentar uma credível alternativa política àqueles que, sistemática e democraticamente, têm merecido a confiança dos eleitores.
- em segundo lugar e associado à primeira, vem o escabroso e ridículo ajuste de contas em relação a Alberto João Jardim.
Face a esta investida dos actuais sectores dominantes sou assaltado por diversos sentimentos dos quais destaco a comiseração e a vergonha. A comiseração em relação ao complexo de inferioridade que os proponentes da medida apresentam. Incapazes de combater no mesmo terreno e com a mesmas armas, refugiam-se nos seus gabinetes, aventando golpes baixos de secretaria, julgando-se seres superiormente inteligentes. A vergonha surge perante a manifestação de "chico-espertismo" de um punhado de paladinos da liberdade e da democracia, que mais não fazem do que ferir de morte a regra primeira do sistema democrático: a liberdade de escolha dos seus representantes pelo povo, sem constrangimentos nem limitações temporais.
Argumentam, os incapazes, que esta é a única forma de evitar situações de corrupção, manipulação, compadrio ou favorecimento. Uma vez mais, recorrem à portuguesinha solução de ir pela via mais fácil, esquecendo-se que estão a substituir-se a outras entidades no combate a estes fenómenos (Ministério Público, órgãos de fiscalização, polícias....).
Em última análise, passam um atestado de menoridade intelectual aos eleitores. O voto é a arma mais poderosa que a democracia possui, o seu carácter secreto e universal permite que os cidadãos possam decidir acerca do rumo que a sociedade deve tomar. Haja capacidade dos responsáveis políticos em apresentar programas credíveis, que respondam às necessidades da população e que resolvam os problemas.
Que penoso é assistir às comemorações do 25 de Abril, onde os ditos "pais da democracia", em seus fatos de gala e em todo o seu garbo, vomitam loas à liberdade para, no dia 26 de Abril, promoverem acometidas violentas contra o povo que os sustenta.
É tempo de nos deixarem em paz, é tempo de nos libertarmos do jugo saudosista e retrógrado dos guardiães do templo. Falam de Abril como ponto de chegada quando não passa, apenas, do primeiro pontapé de saída. Recusam-se a evoluir, adormeceram ao som de Zeca Afonso e entorpecidos mantiveram-se, Nada disto seria muito grave se, não fossem estes os mesmos que nos têm governado de há 30 anos a esta parte.
Esta insistência imobilista e imobilizadora atinge, agora, o seu auge com a intenção de limitar os mandatos. Eventualmente, a lei passará trazendo consigo a morte de Abril e fazendo com que o povo português se veja limitado, gravemente limitado, no exercício dos seus direitos e liberdades.
Definitivamente, o regime agoniza num estertor decrépito e irreversível, saibamos mudá-lo.
3.5.05
O conflito
Como era de prever, a Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais da Assembleia da Republica rejeitou as alterações à Lei Eleitoral da Madeira contidas na proposta de revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região, que foi entregue no Parlamento pela Assembleia Regional. A rejeição foi votada pelo PS, pelo PCP e pelo BE.
Segundo o Público on-line (www.publico.clix.pt) , "num parecer aprovado com os votos favoráveis do PS, PCP e Bloco de Esquerda (BE), a abstenção do CDS-PP e o voto contra do PSD, a Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais sustenta que o Parlamento madeirense não poderia ter incluído as alterações à lei eleitoral no Estatuto Político-Administrativo". Nada que não fosse previsível.
E pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista): "o documento, da autoria do deputado socialista Vitalino Canas, conclui que a Madeira não cumpriu o prazo de seis meses - que terminou a 17 de Abril - estabelecido na revisão constitucional do ano passado para enviar à Assembleia da República uma proposta de alteração à lei eleitoral da Região. Esgotado esse prazo, a Assembleia da República tem legitimidade para legislar sobre o sistema político da Madeira, pelo que foi considerado que os projectos do PCP e do BE de alteração da lei eleitoral da RAM reúnem as condições para serem discutidos e votados, ao contrário do que defende o PSD".
A Região já anunciou, através de Guilherme Silva, que não vai aceitar aquilo que intitulou como um "desvio de poder" e que, por isso, vai recorrer ao Tribunal Constitucional (TC) - ao tão odiado TC. Guilherme avisou ainda que poder-se-á estar a abrir "um grave problema institucional". Como era de esperar.
Em resumo, as coisas clarificaram-se. O PSD-M não quer mudar. E encenou a manobra de forma a abrir o tal "grave problema institucional". E para quê? Para ganhar tempo e deixar tudo na mesma. Até quando Deus quiser.
E a oposição a ver. Para não variar...
Segundo o Público on-line (www.publico.clix.pt) , "num parecer aprovado com os votos favoráveis do PS, PCP e Bloco de Esquerda (BE), a abstenção do CDS-PP e o voto contra do PSD, a Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais sustenta que o Parlamento madeirense não poderia ter incluído as alterações à lei eleitoral no Estatuto Político-Administrativo". Nada que não fosse previsível.
E pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista): "o documento, da autoria do deputado socialista Vitalino Canas, conclui que a Madeira não cumpriu o prazo de seis meses - que terminou a 17 de Abril - estabelecido na revisão constitucional do ano passado para enviar à Assembleia da República uma proposta de alteração à lei eleitoral da Região. Esgotado esse prazo, a Assembleia da República tem legitimidade para legislar sobre o sistema político da Madeira, pelo que foi considerado que os projectos do PCP e do BE de alteração da lei eleitoral da RAM reúnem as condições para serem discutidos e votados, ao contrário do que defende o PSD".
A Região já anunciou, através de Guilherme Silva, que não vai aceitar aquilo que intitulou como um "desvio de poder" e que, por isso, vai recorrer ao Tribunal Constitucional (TC) - ao tão odiado TC. Guilherme avisou ainda que poder-se-á estar a abrir "um grave problema institucional". Como era de esperar.
Em resumo, as coisas clarificaram-se. O PSD-M não quer mudar. E encenou a manobra de forma a abrir o tal "grave problema institucional". E para quê? Para ganhar tempo e deixar tudo na mesma. Até quando Deus quiser.
E a oposição a ver. Para não variar...
Portugal
Andava eu a ler Eduardo Lourenço, filósofo que se tornou moda a partir do exacto momento em que deixou de escrever qualquer coisa com interesse, a ver se a pátria se abria perante mim, quando, quase por acaso descubro este poema de Alexandre O'Neill. Que também não responde a nada. Mas que soa bem. E que ajuda a provar que a lusa pátria é quase imutável (conceptualmente, claro).
Portugal
Portugal,
se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar, Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há «papo-de-anjo» que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso, de todos nós…
Alexandre O'Neill (1965)
Portugal
Portugal,
se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar, Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há «papo-de-anjo» que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso, de todos nós…
Alexandre O'Neill (1965)
2.5.05
Frase - A própóstio do 1º de Maio
"Hoje, a meritocracia parece ser apenas uma outra versão da desigualdade que caracteriza todas as sociedades"
Ralf Dahrendorf,
Ralf Dahrendorf,
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