28.4.06

Quando os Cravos Murcham

Vem a propósito.

Este é o título de um livrinho de Barradas de Oliveira (não sei se vão encontrar!) que explica à imensa maioria dos bípedes portugueses que o 25 de Abril vale, afinal, bem menos do que parece e do que a historiografia quer fazer passar.

Magno Velosa

Os livros “a martelo” do Professor (outra vez)

Das várias partes da lenga-lenga de fim-de-semana do professor Marcelo na RTP, em que, regra geral, tenta agradar a todos, a poucos e a nenhuns, a que detesto mais é a dos livros. O professor em vários meses de emissão (sem contar com os da TVI) ainda não foi, pelo menos para mim, capaz de mostrar um só livro interessante, esclarecedor ou útil.

Ora é a “História dos Campanários de Idanha-a-Nova”, ora são “Os Subsídios para a Compreensão da Cultura de Alvito e Aljustrel”, ora ainda livrecos de ficção com nomes estranhos como “Uma Vida Triste”.

Assim se compreende porque é que alguns notáveis letrados, de cá e de lá, afirmam ter uma biblioteca de 100 mil livros e mais. Destes não, obrigado.

Magno Velosa

27.4.06

A consultar

A ideia é boa. Um blog a consultar.

Que vivas tempos interessantes (maldição chinesa)

Um dos problemas que mais se sente na ainda jovem democracia portuguesa é um insofismável paradoxo: os que querem mudar de facto as coisas são os conservadores; os que querem deixar tudo exactamente na mesma são os progressistas. E eu que pensava que devia ser exactamente o contrário...

O excesso de feriados

Leio algures que o eterno problema da produtividade portuguesa também passa pelo excesso de feriados automaticamente aproveitados para faustosas pontes e férias. Pego na minha agenda de secretária e vejo lá, claro como água, a negação absurda de semelhante afirmação, graças a um muito interessante quadro onde é possível aferir os feriados existentes em cada um dos 25 países da actual União Europeia. Assim, este ano Portugal tem 12 feriados – 1 de Janeiro, 14 de Abril (sexta-feira santa), 25 de Abril, 1 de Maio, 10 e 15 de Junho, 15 de Agosto, 5 de Outubro, 1 de Novembro, 1, 8 e 25 de Dezembro – contra, por exemplo, 15 da Áustria, 16 de Chipre e da Eslováquia, 14 da Eslovénia, da Finlândia, de Malta e da República Checa, 13 da Dinamarca, da Suécia e da Grécia. No mesmo patamar, ou seja com os mesmos 12, temos ainda a Bélgica, a Espanha, a França e a Itália. No extremo, está a Grã-Bretanha com 8 e a Lituânia com 10. Em qualquer um dos casos, sem excepção de país, é necessário somar os feriados municipais que como se sabe são variáveis. Perante este cenário, não consigo vislumbrar que extraordinária relação pode haver entre feriados e produtividade. Como se vê, eis como é fácil desmontar um mito repetidamente usado. Aliás, ainda há bem pouco tempo, constatou-se exactamente o contrário: os portugueses até trabalham muito. Ou pelo menos, trabalham muitas horas. O problema reside, por isso, no se trabalhar mal e não no trabalhar pouco. O que é diferente. Isto só por si iliba boa parte dos trabalhadores que se limita a fazer e a cumprir com o que é pedido. Mas obriga, num outro prisma, a fazer entrar na arena outras duas variáveis: os empresários de mercearia e de pouca visão e o próprio Estado incapaz de mudar a situação.

Leituras de fim de semana

Um romance ou uma reportagem?

A discussão é académica e manifestamente desinteressante. Porque a Esperança, de Malraux, é sobretudo um livro fascinante. Escrito por quem acreditava que a nobreza de alma dava um sentido ao ser humano. Por quem viveu a guerra enquanto combatente. Por quem escolheu um lado. Por quem viveu engajado em todas aquelas que acreditava serem as lutas pela liberdade.

A Esperança é um relato quase jornalístico das vivências de homens comuns transformados em heróis circunstânciais. E é um manifesto para todas as revoluções: "É preciso organizar o caos", grita Malraux. De facto, todas as revoluções para mudar a condição humana são possíveis. Desde que consigam organizar o caos.

26.4.06

O Lugar da Casa

O Lugar da Casa

"Uma casa que nem fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi acesso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia
."

Eugénio de Andrade

A.S. Byatt

O novo Philip Roth por A. S. Byatt

"Roth's characters inhabit a truly post-religious world, in which we do not have immortal souls, only sick, lively desire, and the dying of the animal. The title of this new, bleak tale is taken from a mediaeval morality play in which Everyman, the human soul, is called by Death to appear before God's judgement seat. He is deserted by his strength, discretion, beauty, knowledge and five wits, leaving only his Good Works to speak for him at the end."

Roubado aqui.

Se fosse anedota tinha piada...

Mas assim tem à mesma!

O Fim




Acabou. Apesar de tudo, vou ter saudades de o ver jogar...

Ler... devagar

Quem lê Dostoievsky e ainda por cima "posta" no blog reproduções de Hopper merece ser lido com atenção.

Decadência




Há vinte anos, o acidente na Central Nuclear de Chernobil, escondido e negado durante um mês pelo regime soviético, contribuíu para mostrar ao mundo a decadência patética dos substitutos dos czares.

Uma história de amor


Está entre nós um filme imperdível.
Inclusive, para os espectadores que gostam de cinema realizado em série pelos americanos, para vender na Europa.

Mesmo esses vão gostar de ver A History of Violence. Não é uma obra prima, nem tão pouco é o melhor filme de David Cronenber. Longe disso. É, no entanto, um esgalhado trabalho cinematográfico para quem gosta ver sétima arte.

O nome do filme diz tudo. Uma história de Violência. Ponto, parágrafo.
Quando assim é, pouco mais fica para acrescentar. A Verdade é que este golpe desperta o olhar de qualquer espectador menos atento. Mesmo os que só vão ao cinema comer pipocas. Até esses vão ser perturbados pelo desenrolar do alucinante argumento. É muito simples, mas extremamente eficaz.

Em apenas uma hora meia de imagens existe ainda tempo para um excelente trabalho de actores. Um simpático pai. Homem de família é inexplicavelmente transformado numa máquina assassina.

Um franzino rapaz num herói…e os heróis em autênticos vilões.

Se a isto juntarmos uma discreta, mas muito eficaz realização, o resultado é um filme acima da média. Um bom filme, não é contudo, um excelente trabalho.

Para quem não conhece o realizador aconselho um outro CRASH(1996). Não tem nada a ver com o que ganhou os Óscares. Este é intenso. Existe um Existanz (1999). Algo entre a ficção científica e a acção. O resto dos filmes do homem ainda não vi, mas é dos meus realizadores favoritos. Por acaso são dois DAVID. Um é Cronenber, o outro é mais célebre. Lynch, David Lynch.

25.4.06

Abril

Foi pior a emenda do que o soneto. Largas centenas de madeirenses juntaram-se à oposição de esquerda, para comemorar o 25 de Abril, em Machico.

Uma vez mais a Madeira é notícia nacional pelas piores razões. Será que ainda ninguém percebeu isto?

Depois querem que os continentais digam o que de nós?