17.6.05

Títulos e manchetes

Selecção do “lê-se” da parte desportiva do Diário de Notícias do Funchal de 17 de Junho de 2005

“Benfica recusa 7 milhões da Juventus por Miguel” – O Jogo

“Não peçam a lua por mim” – Miguel em declarações à imprensa italiana, citadas por O Jogo

“Quero experimentar outro campeonato” – Miguel (Record)

“Sporting não vende Enak ao Dínamo por seis milhões” – O Jogo

“Empresário diz que jogador ficou furioso” – Idem

"Enakarhire não deseja jogar no Sporting" - A Bola

“O presidente disse bobagens sobre mim” – Luís Fabiano sobre Pinto da Costa (O Jogo)

“Koeman quer matulões” – Record

“Benfica vota contra sorteio dos árbitros” – Record

“Vai ser craque” – Ronaldinho Gaúcho sobre Anderson (A Bola)

O mundo do futebol é cada vez mais surreal.

O trolha de Portugal

Descoberto via Sinédrio, mas originalmente colocado no blogue Clube de Fans do José Cid, aprecie a eleição do Trolha de Portugal no inenarrável programa do Manuel Luís Goucha. E depois, claro e como não podia deixar de ser, delicie-se com o seu regresso.
Na televisão pode-se tudo. Há muito que batemos no fundo.

16.6.05

Jornalismo de referência

Atente-se a estas manipulações.

"The photo that started it all".

Asqueroso e reles.

Descarril(h)amentos

O Sr. Carrilho anda ligeiramente ofendido com aquilo que a comunicação social, e nomeadamente o jornal Público, lhe anda a fazer. Percebe-se a revolta. Percebe-se o narcisismo. Carrilho quer transformar a sua campanha numa reunião de família, onde só entram as coisas boas, que é como quem diz as coisas giras que ele tem para mostrar. Fez por isso um vídeo singelo onde mostra a sua bela mulher, o filho e até, dizem, a sua irmã (desconheço se declamou algum poema). E fez disso um grande alarido: convocou a comunicação social, convocou notáveis, convocou até o primeiro-ministro e o inesgotável Coelho. O vídeo não provocou boa digestão em algumas pessoas e o próprio Carrilho devia saber que a utilização deste tipo de imagens-propaganda pode ser uma faca de dois gumes (para não dizer de dois legumes, como o Jaime Pacheco). Alguns jornalistas atacaram-no comparando o dito vídeo ao do “menino guerreiro”, que tanta celeuma levantou por alturas de uma outra campanha eleitoral. Tudo muito certo e tudo muito natural. Há uns tempos atrás Carrilho agrediu um fotógrafo que tentava captar imagens do seu rebento à porta de sua casa. Há uns tempos atrás ainda Carrilho vendeu o exclusivo do seu casamento às revistas do coração, publicações aliás, que muito gostam de o promover como homem sério, de família, intelectual e muito chique. Frequentemente o Sr. Carrilho e a sua família (não incluir a irmã), são capa de revista e motivo de comentário. Apenas um conselho para o Sr. Carrilho: quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele. É por isso errado comparar esta situação a outras situações como Carrilho (o homem deve ter explodido de raiva com a comparação com o “menino guerreiro”!!!) faz no seu artigo de hoje no Público (disponível apenas para assinantes).
Pode-se naturalmente mostrar a família. Pode-se até mostrar a casa, a cama, o escritório onde se trabalha ou os pratos onde se come. Pode-se inclusivamente mostrar a bela mulher (que rende muitos votos, de certeza absoluta) e o petiz (a dizer papá ou qualquer coisa do género). Mas coisa completamente diferente é encenar tudo isto disfarçado de normalidade como se fosse um qualquer folhetim de propaganda rasca ou de revista cor-de-rosa (aliás palco habitual do casalinho, como já foi referido).
Carrilho, também conhecido por Jack Lang português (nunca percebi muito bem porquê), devia por isso ter mais juízo e saber, que chatice, que não há assim tantos parvos e que há gente, outra chatice, que não pensa como ele. É um problema de forma. E também de conteúdo.

Luisão [afinal] quer ficar no Benfica

Ouvindo a SIC Notícias fico a conhecer as capas dos jornais diários de hoje. A d’”A Bola” é sugestiva: Luisão quer ficar no Benfica. Não sei se isto é interessante ou sequer pertinente, mas desde praticamente o fim da época que Luisão era cobiçado pelos principais (!) clubes europeus. De repente, parece que deixou de ser.
Sejamos sérios: a quem é que interessará (se é que alguma vez interessou) um central de categoria duvidosa, demasiado lento e descoordenado, que se fartou de meter água a época toda? Ao Inter? Ao Real Madrid? Ao Milão? A outros colossos europeus? Os absurdos são tantos que só podem ter mesmo por justificação a venda de jornais e as fábulas e mitos frequentes que diariamente se criam. Esta história do Luisão faz-me lembrar uma outra que saía nos jornais e era garante de manchetes e primeiras páginas (e consequentemente de receitas): a ida de Beto para o Real Madrid. Durante muitos anos, o Beto, outro central de categoria duvidosa, era figura assídua nestas peças de teatro divididas em muitos actos como convém. Mas até hoje, o mais perto que Beto esteve de Madrid foi quando, muito provavelmente, lá foi passear com a esposa.
Muitos outros exemplos irreais podiam ser dados. Arrisco avançar que boa parte das primeiras páginas desportivas portuguesas nunca se concretizam, principalmente quando não há campeonato. Isto é o mesmo que dizer que são falsas, manipuladas ou exageradas.
A quem serve este tipo de jornalismo? Porque será que até no jornalismo o futebol parece viver num regime de excepção? Será que ninguém percebe o ridículo de certas notícias? Será que não há uma alta autoridade que chame a atenção para estas poucas-vergonhas? Não estão os jornais fartos de enganar incautos? De enganar fanáticos? O Luisão no Inter? O Luisão no Real Madrid? Por favor: acabem com o ridículo.

13.6.05

Aqui há coisa de judeu !!!

A "grande" e fortemente apoiada (pela esquerda) democracia palestiniana deu mais uma prova da sua inegável evolução: executou quatro prisioneiros políticos. A sua peculiar e "moderna" Justiça triunfou, o seu irrefutável respeitos pelos Direitos Humanos (tal como os ataques suicidas a crianças) ficou, uma vez mais, demonstrado.
Espero, agora, as loas dos Franciscos Anacletos Louçãs deste mundo, terá a coragem de apresentar um voto de louvor no nosso Parlamento ? Exultará o povo oprimido da Faixa de Gaza ? Continuará a ter uma visão unilateral e condescendente em relação a um dos mais violentos e punitivos regimes do Mundo ?
É degradante assistir à defesa de semelhantes comportamentos, condenando a autodefesa de uma das mais estáveis e consolidadas Democracias actuais. Israel não executa quem pensa de forma diversa, não prende quem se exprime de forma diferente.
De certeza absoluta que a esquerda colorida, dita defensora da Liberdade e os seus aliados dos media encontrarão uma explicação "plausível" para esta EXECUÇÃO. Julgo que surgirão informações que a corda utilizada nos enforcamentos foi fornecida por algum judeu sem escrúpulos ou que a bala usada no fuzilamento foi entregue por algum agiota semita ou, para os mais criativos, estamos perante uma operação de contra-subversão montada pela Mossad com o objectivo de descredibilizar a Autoridade Palestiniana (os juízes eram agentes).
Continuarão os diletantes de esquerda a condenar Israel (única Democracia funcional da região), a defender os que executam, os que desrespeitam a livre opinião, os que limitam a liberdade dos seus cidadãos, os que matam indiscriminadamente, os que recorrem ao terrorismo para alcançar os seus objectivos políticos, os que usam as ajudas internacionais em benefício pessoal deixando o seu povo entregue à fome e à doença.
Curiosa esta esquerda, coitados, vivem para o momento, "alapam-se" às causas mediáticas não pensando nas incoerências que, entretanto, vão cometendo. Não passam de pobres de espírito (não haveria problema se, enquanto isso, inocentes não morressem e presos não fossem executados). Continuem, meus caros, o mundo agradece-vos !!!

Álvaro Cunhal

Álvaro Cunhal foi o derradeiro romântico português. (Terá até, quem sabe, sonhado a morte heroíca de Rosa do Luxemburgo).

Mais do que homenageado merece ser recordado. Por isso que se inscreva, na sua lápide, "aqui jaze o último revolucionário. Que Deus e o Diabo disputem a sua sorte".

Eugénio de Andrade

O Lugar da Casa

"Uma casa que nem fosse um areal

deserto;

que nem casa fosse;

só um lugar

onde o lume foi acesso, e à sua roda

se sentou a alegria; e aqueceu

as mãos; e partiu porque tinha

um destino;

coisa simples e pouca, mas destino:

crescer como árvore, resistir

ao vento, ao rigor da invernia,

e certa manhã sentir os passos

de abril

ou, quem sabe?, a floração

dos ramos, que pareciam

secos, e de novo estremecem

com o repentino canto da cotovia"

Eugénio de Andrade

Porque os poetas não morrem. Limitam-se a partir porque têm um destino. Coisa simples e pouca, um destino...