30.3.07

Compaixão vs Dignidade

As invectivas contra o cristianismo continuam e não há quem pare os ideólogos da sociedade sem Deus. Chegam ao cúmulo de fazer crer que virtudes do cristianismo são defeitos. Veja-se o exemplo da compaixão: não faltam detractores desta virtude moral que a contrapõem à dignidade, como se fossem opostas.
O que estes ideólogos da treta nunca hão-de entender é que a compaixão não transforma quem dela é objecto, mas quem a sente. A compaixão interage com quem a sofre que, no fundo, é quem, com os outros , sofre. Partilhar o sofrimento do Outro e agir em conformidade não é um defeito, é antes deixar(-se) sofrer um sentimento que, depois, promove a acção humanitária.
E promover a compaixão, enaltecê-la, não significa compactuar com o status quo, é antes reconhecer que o sofrimento do outro deve ser motivo de revolta que, quando levada à acção, não retira dignidade a quem recebe, tão-só dignifica quem a sente. Sofrer compaixão não significa situarmo-nos numa condição superior, mas partilhar incondicionalmente e em condição de igualdade a dor do outro, sem julgamentos. A acção que daí nasce, se assim for o caso, mais não é do que tentar proporcionar alguma consolação ao Outro. E por isso, a compaixão deve ser dignificada, porquanto é uma virtude que engrandece quem sofre e quem partilha a dor.

Oportunidade para ser melhor

Não gosto de Cavaco Silva. Mas por um sentimento idiota e provinciano de patriotismo, continuo sempre à espera que o Presidente da República onde vivo me surpreenda positivamente. Atribuo a Cavaco Silva uma última oportunidade: vetar politicamente a lei do aborto que a esquerda mentirosa fez aprovar na Assembleia da República. Se argumentos faltarem, pegue o Sr. Presidente nos tempos de antena dos partidos e movimentos pelo Sim e compare com os artigos da nova legislação. Não lhe faltarão incongruências entre o que foi dito e o que está escrito.

Breve resumo do nosso mundo

1. Desta feita foi Lília Bernardes: uma notícia sobre a falência técnica de algumas empresas com capitais do Governo da Madeira. Eu não acredito em bruxas mas é curioso que nunca tenhamos visto uma qualquer notícia sobre a importância de uma qualquer intervenção, promovida por uma qualquer destas entidades. Serão todas as obras meras tretas???
Curioso, ainda, que dos 107 milhões de euros apontados de capital negativo, 74 milhões venham do Sistema Regional de Saúde. Como se a saúde dos madeirenses não valesse o investimento feito!

2. O Exército português, como que a imitar o governo que serve, num exercício militar, conseguiu a proeza de não acertar qualquer míssil nos alvos. Com estas forças de defesa nacional, estamos mesmo entregues à bicharada.

3. Continuamente, ouvimos os nossos conterrâneos afirmarem que a vida está má. Só se for para meia-dúzia de imbecis, porque para os batalhões de gestores de empresas públicas e semi-públicas a vida nunca esteve melhor. Basta ver os milhões que andam a ganhar.

4. A direcção do PS-Madeira garante que o partido está unido. Brincadeirinha, só pode ser. Será que alguém acredita que, por exemplo, André Escórcio esteja verdadeiramente empenhado em lutar ao lado de Vítor Freitas?
As listas do PS parecem-me apenas uma concentração de nomes que tem como objectivo agradar a gregos e a troianos. Não se esqueçam é que os gregos são maquiavélicos (passe a idiossincrasia) e nunca se sabe quando é que a oferta de paz poderá não passar de um belo cavalito, cheio de mercenários.

Fora com cursos da treta

Mariano Gago anunciou que iria mandar avaliar os cursos da Independente. Acho bem, porque para além de ter direito, enquanto cidadão, de saber se os cursos daquela universidade valem alguma coisa, quero saber como é que terei que tratar o Primeiro-Ministro. É que engenheiro ele não é e, muito provavelmente, Dr. também não.
Naturalmente, isto não tem qualquer importância para o cargo que ocupa pois, para o efeito, até poderia ser um completo analfabeto, mas para mim é importante conhecer a (de)formação do líder do governo do meu país. Como também é importante conhecer a (de)formação do líder do maior banco português, porque Armando Vara, essa referência da gestão portuguesa que foi colocado como gestor da CGD, também comprou, desculpem, tirou o curso na Independente... 3 dias antes de ser nomeado administrador da Caixa.

27.3.07

Te Fenua Ènata

No leitor de Cd's do carro tenho Jacques Brel. E na cabeça uma vontade tremenda de copiar o seu roteiro de viagem. Até Atuona, em Hiva Oa, nas Marquesas.

Atuona. Hiva Oa. Fatu-Hiva. Tai o Hae. Em Te Henua (K)enana. Ou em Te Fenua Ènata. Na Terra dos Homens.

Os nomes soam-me tão musicais como as palavras das canções de Brel

Devo estar a precisar de descanso. É isso, devo estar a precisar de descanço...

26.3.07

Grandes Portugueses

1. Salazar ganhou a única eleição democrática em que participou. Aqui está o verdadeiro paradoxo da democracia.

2. Conforme foi muito bem dito ontem, o ex-ditador ganhou porque o povo português está extremamente descontente com o sistema que vem sendo implementado desde 74 e porque a eleição bipolarizou-se. Mas, na minha opinião, a vitória de Salazar deve-se em grande parte às mesmas razões que levaram o Zé das galinhas a vencer o 1º Big Brother: ser um coitadinho. Com tanta gente a bater no homem, o que é que estavam à espera? Portanto, se existem culpados, são os que desde o início do programa dão tanta importância à presença de Salazar.

3. É impressão minha, ou a Odete estava um bocadito histérica (mais do que é costume)? Mas o momento de terror do noite foi quando ela levantou a blusa. Fiquei apavorado!

4. Gostei do sentir democrata desta comunista: como ganhou Salazar, lá começou a invectivar contra o programa, os votantes, os outros, a RTP. Então se ganhasse o aspirante a ditador estava tudo bem, como foi Salazar, aqui d’el Rei que a Constituição proíbe manifestações fascistas e blá, blá, blá... Ganda democrata, esta Odete.

5. Naturalmente, este é um programa de televisão e por isso não deve ser levado muito a sério. Todavia, não deixa de ser interessante que nos dois primeiros lugares estivessem dois extremistas. Ou seja, duas faces de uma mesma moeda.


6. Concordo com o Portas: o Séc. XX português foi pobre. Exceptuando Fernando Pessoa, estes 100 anos resumem-se a uma ditadura e o seu combate. E ambos foram medíocres!


7. Não votei e se tivesse que votar, votaria em Aristides de Sousa Mendes. Porque ele efectivamente representa valores bem mais próximos do que qualquer outro.
Mas os meus preferidos até não constavam desta lista final: D. Nuno Álvares Pereira, porque sou apaixonado pela ideia do Monge Guerreiro, pelo seu génio e porque nunca teve qualquer interesse que não fosse a defesa do Reino; D. João I, porque para além de ser heróico, é pai da Dinastia dos Descobrimentos; Padre António Vieira, pelos magníficos sermões e espírito humanista; Fernão Mendes Pinto, porque criou uma ideia fantástica de Portugal, fundindo mitos fabulosos e criando histórias soberbas (Prestes João) que depois permitiram a ideia da Nação Divina.
Mas estas são as minhas escolhas e não a da maioria dos portugueses.