- A CGTP faz campanha pelo Sim, no referendo ao aborto. E ainda me perguntam porque não sou sindicalizado! É que gosto pouco de ser marioneta ou pedra de arremesso!
- Os manifestantes que na Madeira criticaram Sócrates estão a ser interrogados pela PSP. É a beleza da democracia socrática (do nosso, pois claro)!
- Parece que o Governo da República anuncia investimentos que (acredite se quiser) já estão concluídos. Só não é de levar às lágrimas, porque infelizmente este é o Governo de Portugal.
- Ontem o FCP perdeu. É apenas a 2º derrota do actual campeão e já o professor lançou suspeitas sobre a equipa de arbitragem. Parece que o tempo de formação no Porto é bastante curto. Mas isto vai ser bonito, quando o Porto começar a perder com maior frequência.
Bom fim-de-semana a todos.
"Reúne sete ou oito sábios e tornar-se-ão outros tantos tolos, pois incapazes de chegar a acordo entre eles, discutem as coisas em vez de as fazerem" - António da Venafro
27.1.07
Liberdade para a economia ("tadinha"...!)
Uma tal Economic Freedom Network publicou um anuário sobre a liberdade económica, cotando os diversos países de acordo com uma série de critérios neo-liberais. De acordo com este relatório, Portugal está em 20º lugar, à frente de (pasme-se!) Espanha e mesmo da Suécia (não é piada. É mesmo verdade). Aliás, no que toca à liberdade económica, Portugal situa-se em 6º lugar entre os países que integram a UE, sendo a avaliação superior à média Europeia (a 25).
Parece uma boa notícia, mas nós, leigos em economia, temos algumas perguntinhas para colocar a este movimento neo-liberal:
1) A liberalização absoluta da economia é vendida como a banha da cobra, prometendo resolver todos os nossos problemas económico-sociais. Ora, estando Portugal tão bem classificado, porque raio não saímos desta cepa torta?
2) Como poderão os espanhóis e os suecos viverem melhor do que os portugueses, se a economia deles é tão oprimida?
3) Em que é que a liberalização total dos despedimentos melhorará a vida de todos nós?
É que sinceramente não percebo. Mas isto deve ser defeito de formação.
PS - É por estas e por outras que cada vez mais olho com desconfiança para este liberalismo contemporâneo. Perdeu-se tudo o que de político havia neste movimento, passando a ser apenas um cálculo económico. Não me venham é pedir que acredite ainda ser possível encontrar políticas sociais.
Parece uma boa notícia, mas nós, leigos em economia, temos algumas perguntinhas para colocar a este movimento neo-liberal:
1) A liberalização absoluta da economia é vendida como a banha da cobra, prometendo resolver todos os nossos problemas económico-sociais. Ora, estando Portugal tão bem classificado, porque raio não saímos desta cepa torta?
2) Como poderão os espanhóis e os suecos viverem melhor do que os portugueses, se a economia deles é tão oprimida?
3) Em que é que a liberalização total dos despedimentos melhorará a vida de todos nós?
É que sinceramente não percebo. Mas isto deve ser defeito de formação.
PS - É por estas e por outras que cada vez mais olho com desconfiança para este liberalismo contemporâneo. Perdeu-se tudo o que de político havia neste movimento, passando a ser apenas um cálculo económico. Não me venham é pedir que acredite ainda ser possível encontrar políticas sociais.
Debaixo d`olho
A JSD faz campanha na Madeira pelo “nim”.
É uma opção pouco inteligente da mulher eleita para comandar a maior organização política-juvenil na região. Até compreendo a ideia, mas quem quer fazer carreira política, tem que ter posição firme. Falo do aborto.
O clero madeirense continua órfão. Está difícil a escolha do novo líder da Igreja Católica regional. Já foi o ano passado que o actual bispo despediu-se com uma missa e ainda não se conhece o sucessor de D. Teodoro Faria. Fontes próximas da igreja, dizem que todos os eventuais candidatos demonstram pouco interesse pelo cargo. O homem que se segue, dizem, vem da diocese de Évora. Será?
Conceição Estudante, secretária com a pasta da saúde, “puxou as orelhas aos enfermeiros”. Foi um dia destes. É pena que a senhora não tenha coragem para fazer o mesmo com os médicos. Já ouvi vários discursos dela e em nenhum atreveu-se a chamar “os bois pelos nomes”. No auditório estavam os intocáveis senhores doutores. É pena que só faça política a reboque dos mais fracos. Foi, inclusive, deselegante com a classe. A única que é para mim, o motor do hospital. Isto porque os senhores doutores vão lá, fazem o mínimo, ganham o ordenado, e vão encher os bolsos para o privado. Não todos. A maioria.
É uma opção pouco inteligente da mulher eleita para comandar a maior organização política-juvenil na região. Até compreendo a ideia, mas quem quer fazer carreira política, tem que ter posição firme. Falo do aborto.
O clero madeirense continua órfão. Está difícil a escolha do novo líder da Igreja Católica regional. Já foi o ano passado que o actual bispo despediu-se com uma missa e ainda não se conhece o sucessor de D. Teodoro Faria. Fontes próximas da igreja, dizem que todos os eventuais candidatos demonstram pouco interesse pelo cargo. O homem que se segue, dizem, vem da diocese de Évora. Será?
Conceição Estudante, secretária com a pasta da saúde, “puxou as orelhas aos enfermeiros”. Foi um dia destes. É pena que a senhora não tenha coragem para fazer o mesmo com os médicos. Já ouvi vários discursos dela e em nenhum atreveu-se a chamar “os bois pelos nomes”. No auditório estavam os intocáveis senhores doutores. É pena que só faça política a reboque dos mais fracos. Foi, inclusive, deselegante com a classe. A única que é para mim, o motor do hospital. Isto porque os senhores doutores vão lá, fazem o mínimo, ganham o ordenado, e vão encher os bolsos para o privado. Não todos. A maioria.
25.1.07
Negócios com e sem futuro
De acordo com notícia vinda a Público ontem (gostaram do trocadilho?), uma empresa alemã propõe-se a explorar um negócio inovador: o aluguer de manifestantes para causas sem adeptos. Os preços variam entre os 10 e os 30€ por hora, podendo chegar aos 145€ por dia, num máximo de 300 manifestantes (número de pessoas que se registaram no site a vender este serviço). Reconheço que já vi coisas mais estranhas a merecer maior atenção psiquiátrica: a Dra. Ana Gomes, por exemplo. Mas a ideia não parece descabida de todo, porque por esta Europa fora há na verdade muita causa a precisar de manifestantes. E de ideias, já agora.
Na verdade, este novo negócio abre portas a novos segmentos de mercado e é todo um novo mundo que os radicais se aprestam a explorar. Já consigo imaginar manifestações em Bruxelas a defender o casamento entre cães e gatos e protestos violentos contra o fim do tremoço nas tascas portuguesas. A imaginação é, e será, o limite.
Pena que em Portugal, o negócio não tenha qualquer viabilidade porque o sector vive numa espécie de monopólio. Como se sabe, a seita do Dr. Louçã preenche na totalidade as necessidades parcas do mercado. E faz esse trabalhinho... de graça.
Na verdade, este novo negócio abre portas a novos segmentos de mercado e é todo um novo mundo que os radicais se aprestam a explorar. Já consigo imaginar manifestações em Bruxelas a defender o casamento entre cães e gatos e protestos violentos contra o fim do tremoço nas tascas portuguesas. A imaginação é, e será, o limite.
Pena que em Portugal, o negócio não tenha qualquer viabilidade porque o sector vive numa espécie de monopólio. Como se sabe, a seita do Dr. Louçã preenche na totalidade as necessidades parcas do mercado. E faz esse trabalhinho... de graça.
Uma festa
A plataforma do Não Obrigada, continua em intensa e mirabolante campanha. Agora propõe-se fazer uma festa designada convenientemente por Party 4Life. Desconheço o autor de semelhante ideia, aliás, uma designação copiada de alguma rave com Dj’s que apelam à pastilha sob o ritmo da dance music. Mas o fenómeno é demonstrativo do patamar a que se chegou.
As campanhas, de ambos os lados, estão pelas ruas da amargura. Argumentos baixos são respondidos com argumentos ainda mais baixos e o esclarecimento é o último dos objectivos propostos (sobre este assunto, ler o artigo muito lúcido de Pacheco Pereira no Público de hoje). Como disse há uns tempos atrás, a campanha não mudará a opinião de ninguém e será, toda ela, inócua, radicalizando-se à medida que se aproxima a data do referendo. Se exemplos faltassem para me dar razão, bastava ler alguns posts do blogue da já referida plataforma ou imaginar esta ideia da rave Party4Life.
Era bom que ninguém seguisse estes espalhafatosos caminhos e não fizesse dum drama real, uma festa de ocasião. Mas naturalmente temo que uma campanha normal não seja mais possível. Infelizmente para todos nós, há muito sofrimento silencioso neste país. Que merecia mais respeito. E que merecia outro tipo de atenção.
As campanhas, de ambos os lados, estão pelas ruas da amargura. Argumentos baixos são respondidos com argumentos ainda mais baixos e o esclarecimento é o último dos objectivos propostos (sobre este assunto, ler o artigo muito lúcido de Pacheco Pereira no Público de hoje). Como disse há uns tempos atrás, a campanha não mudará a opinião de ninguém e será, toda ela, inócua, radicalizando-se à medida que se aproxima a data do referendo. Se exemplos faltassem para me dar razão, bastava ler alguns posts do blogue da já referida plataforma ou imaginar esta ideia da rave Party4Life.
Era bom que ninguém seguisse estes espalhafatosos caminhos e não fizesse dum drama real, uma festa de ocasião. Mas naturalmente temo que uma campanha normal não seja mais possível. Infelizmente para todos nós, há muito sofrimento silencioso neste país. Que merecia mais respeito. E que merecia outro tipo de atenção.
Contribuições dos leitores
Imaginem um lugar onde se pudessem ler, gratuitamente, as obras de Machado de Assis, ou A Divina Comédia, ou ter acesso a contos infantis de todos os tempos. Um lugar que vos mostrasse as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci, ou onde se pudessem ouvir músicas em MP3 de alta qualidade. Esse lugar existe!!!!
O Ministério da Educação do Brasil, disponibiliza tudo isso; basta aceder ao site: www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em via de perder tudo isso, pois vão desactivar o projecto por falta de uso, já que o volume de acesso é muito reduzido.
Vamos tentar impedir esta desgraça, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem esta fantástica ferramenta de disseminação da Cultura e do gosto pela leitura.
AM
O Ministério da Educação do Brasil, disponibiliza tudo isso; basta aceder ao site: www.dominiopublico.gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em via de perder tudo isso, pois vão desactivar o projecto por falta de uso, já que o volume de acesso é muito reduzido.
Vamos tentar impedir esta desgraça, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem esta fantástica ferramenta de disseminação da Cultura e do gosto pela leitura.
AM
24.1.07
R'áis Parta
As inovações têm sempre estas merdas. Hoje, à hora de almoço, resolvi passar isto para a versão mais nova. Resultado: Os links que estavam separados por blogs de cá e blogs de lá desapareceram. Tal como os nossos perfis. R'àis parta a inovação...
Prometo que nos próximos dias vou resolver isto. Espero que com a ajuda dos outros tripulantes deste barco.
Prometo que nos próximos dias vou resolver isto. Espero que com a ajuda dos outros tripulantes deste barco.
Ricardo
Confesso que gosto do Ricardo. O mais "português" dos futebolistas portugueses, reunindo em si as qualidades e defeitos geralmente apontados aos lusos. Inconstante, capaz do melhor e do pior em escassos segundos. É emotivo, valente mas às vezes deixa-se ir abaixo em situações inesperadas. Cria uma relação especial com os seus adeptos, que às vezes é de pura paixão e outras é de profunda desilusão.
O Ricardo não é consensual. É uma espécie de Pedro Barbosa debaixo dos postes. Um verdadeiro leão em dias bons. Um gato manso e gordo em dias maus.
De qualquer maneira, o Ricardo é um espectáculo. Quando defende penáltis sem luvas. Quando puxa a bola para si e num segundo resolve uma contenda interminável. Quando deixa os ingleses com os nervos em franja. Quando sai da baliza desesperado e falha a bola e recupera a tempo de salvar a vida. Quando voa a remates impossíveis. Quando motiva e se emociona. De qualquer maneira, o Ricardo é um espectáculo!
Agora, foi classiicado, pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, o sétimo melhor gurda-redes do mundo. À frente, por exemplo, de Kanh, Dida, Barthez, Abbondazieri (da selecção argentina) e de muitos outros nomes famosos.
Sabe bem ter um dos melhores entre os nossos...
23.1.07
Constatação
Hillary Clinton pode bater o recorde de Roosevelt: mais de 12 anos à frente da Casa Branca.
Pessoal e intransmissível
Na América, é-se presidente de Clinton para Clinton ou de Bush para Bush. Que é como quem diz, de marido para mulher ou de pai para filho. Não é uma monarquia. Mas convenhamos que é parecido. Ainda assim, sou e serei sempre, Republicano. Como diz o velho ditado: mais vale um Bush na mão que dois Clintons a voar.
Sem limites
A dona Edite Estrela anunciou ontem, toda eufana, que o Parlamento dinamarquês apelara a Portugal para votar "sim" no referendo. De facto, a pequenez lusa não tem limites... nem vergonha, pelos vistos.
Hilariante, no mínimo
Nos EUA a corrida à Casa Branca já teve o seu início. Depois de Barack Obama, eis que a senadora de Nova Iorque e ex-primeira dama americana, Hillary Clinton, também anunciou a sua candidatura à nomeação democrata. Nada tenho contra o Partido Democrata americano (aliás, um estranho repositório de muitas tendências e opiniões), mas na América muita coisa é na realidade possível – basta ver os delírios dos ficheiros secretos ou mesmo alguns filmes do Oliver Stone para se ver o quão delirante pode ser o clima e a imaginação.
A senadora de Nova Iorque promete luta, como é óbvio. O vídeo emitido na sua página de internet é disso elucidativo. Muito charme à mistura e doses q.b. de suposto diálogo tipo chuva de ideias. Quem quiser acreditar que acredite. A ingenuidade é uma qualidade preciosa.
É até provável, pelos tempos actuais, que Hillary atinja o objectivo a que se propõe: tem experiência por casamento, tem apoio popular, aguentou-se com dignidade enquanto mulher enganada pelo então homem mais poderoso do mundo, é inteligente, é branca, é protestante e, inclusive tão na moda, é mulher.
Contudo, é necessário colocar certos freios nalguns excitados comentários. O facto de Hillary poder chegar à Casa Branca em nada mudará a política externa americana como alguns incautos imaginam. A América continuará igual ao que sempre foi: expansionista, influenciadora, dominadora. Porque há um erro de base que os europeus antiamericanos, um estranho epifenómeno cada vez mais preocupante, (para quando um grupo parlamentar no Parlamento Europeu, Dr. Miguel Portas?) cometem frequentemente. A América joga em vários tabuleiros e a sua política externa não se esgota em Bagdad ou no conflito israelo-árabe. Vai muito para além disso. Enquanto os europeus lutavam abnegadamente por se fazerem notados (um esforço cada vez mais efémero e simpático) a América fechou, só no ano passado, e por exemplo, importantes acordos com a Índia, China, Indonésia e México, demonstrando um jogo geoestratégico brilhante que aumentou a sua influência. Reparem que as economias emergentes são as que mais se querem aproximar do mundo americano, ao contrário do que muitos afirmam.
Nós por cá, sediados nesta fortaleza inexpugnável mas ironicamente inamovível, continuamos no irrealismo do costume. O mesmo que já nos trouxe a decadência que nos recusamos enfrentar. A América, independentemente da sua liderança, continuará essencial para o mundo. A Europa, inutilmente, não será mais do que um acessório - de pouco peso, de pouca chama, já quase sem alma. Uma amostra de civilização. É isso que infelizmente boa parte dos europeus ainda não percebeu. Ou não quer perceber.
A senadora de Nova Iorque promete luta, como é óbvio. O vídeo emitido na sua página de internet é disso elucidativo. Muito charme à mistura e doses q.b. de suposto diálogo tipo chuva de ideias. Quem quiser acreditar que acredite. A ingenuidade é uma qualidade preciosa.
É até provável, pelos tempos actuais, que Hillary atinja o objectivo a que se propõe: tem experiência por casamento, tem apoio popular, aguentou-se com dignidade enquanto mulher enganada pelo então homem mais poderoso do mundo, é inteligente, é branca, é protestante e, inclusive tão na moda, é mulher.
Contudo, é necessário colocar certos freios nalguns excitados comentários. O facto de Hillary poder chegar à Casa Branca em nada mudará a política externa americana como alguns incautos imaginam. A América continuará igual ao que sempre foi: expansionista, influenciadora, dominadora. Porque há um erro de base que os europeus antiamericanos, um estranho epifenómeno cada vez mais preocupante, (para quando um grupo parlamentar no Parlamento Europeu, Dr. Miguel Portas?) cometem frequentemente. A América joga em vários tabuleiros e a sua política externa não se esgota em Bagdad ou no conflito israelo-árabe. Vai muito para além disso. Enquanto os europeus lutavam abnegadamente por se fazerem notados (um esforço cada vez mais efémero e simpático) a América fechou, só no ano passado, e por exemplo, importantes acordos com a Índia, China, Indonésia e México, demonstrando um jogo geoestratégico brilhante que aumentou a sua influência. Reparem que as economias emergentes são as que mais se querem aproximar do mundo americano, ao contrário do que muitos afirmam.
Nós por cá, sediados nesta fortaleza inexpugnável mas ironicamente inamovível, continuamos no irrealismo do costume. O mesmo que já nos trouxe a decadência que nos recusamos enfrentar. A América, independentemente da sua liderança, continuará essencial para o mundo. A Europa, inutilmente, não será mais do que um acessório - de pouco peso, de pouca chama, já quase sem alma. Uma amostra de civilização. É isso que infelizmente boa parte dos europeus ainda não percebeu. Ou não quer perceber.
O sargento foi preso... e bem
Um sargento que não cumpre. Uma menina infeliz (qual Cinderela, ou Floribela, para ser mais moderno). Uma "mãe Aidida". Um pai deliquente. Um juiz. O Estado. Fazedores de opinião. Movimentos de cidadãos. Pedidos idiotas de "habeas corpus". Jornalistas a espreitar atrás de portas. Nem o mais reputado argumentista de uma das telenovelas da TVI seria capaz de lembrar-se de melhor enredo. Só que infelizmente o caso é real. Parece que o circo voltou mesmo à cidade.
A "estória" da "menina em fuga e do sargento preso" revela, mais uma vez, o gosto português pela tragédia (que o meu amigo Magno parece partilhar).
Então vamos aos factos. Mostrando as coisas como elas são. O sargento que foi preso mereceu o castigo. Senão vejamos: foi intimado, por um Tribunal, a entregar a criança. Não só não cumpriu a ordem como "desapareceu" com a mulher e com a filha para parte incerta. E foi julgado por isso mesmo. E condenado. E bem (tratando-se, ainda por cima, de um militar). Pode, caso se sinta injustiçado, recorrer para instâncias superiores.
Não ignoro o contexto em que tudo isto se desenrolou. Não ignoro que, em Portugal, os processos de adopção são uma idiotice pegada, feitos para que as criancinhas cheguem mesmo à idade adulta em instituições decadentes. Não ignoro que a divisão do país em "capelinhas" faz com que ninguém fale com ninguém e que os processos corram separados por várias instâncias até ao juízo final. E não ignoro que, provavelmente, para a menina o ideal seria ficar com o homem do boné.
O problema é que não foi isso que foi julgado em Torres Vedras.
Pode ser que toda esta trama tenha um lado positivo, ou seja, pode ser que abra o debate sobre os processos de adopção em Portugal e sobre a forma imbecil e desumana como o país tem tratado os seus mais desprotegidos cidadãos. De qualquer maneira, não tem sido essa a discussão que andado na praça pública. O que se tem discutido são os promenores sórdidos de um caso particular. E pedidos idiotas de "habeas corpus", feitos por gente que, apesar de professar direito, de direito não entende nada. Porque não entente que as decisões dos tribunais devem ser respeitadas. Porque esse respeito é um dos fundamentos do Estado. E que a lei permite o recurso até à ultima instância. Nestas coisas, é necessário separar a razão do coração.
Magno, já agora, utilizar toda esta novela para falar do aborto não é nada inteligente, de facto...
A "estória" da "menina em fuga e do sargento preso" revela, mais uma vez, o gosto português pela tragédia (que o meu amigo Magno parece partilhar).
Então vamos aos factos. Mostrando as coisas como elas são. O sargento que foi preso mereceu o castigo. Senão vejamos: foi intimado, por um Tribunal, a entregar a criança. Não só não cumpriu a ordem como "desapareceu" com a mulher e com a filha para parte incerta. E foi julgado por isso mesmo. E condenado. E bem (tratando-se, ainda por cima, de um militar). Pode, caso se sinta injustiçado, recorrer para instâncias superiores.
Não ignoro o contexto em que tudo isto se desenrolou. Não ignoro que, em Portugal, os processos de adopção são uma idiotice pegada, feitos para que as criancinhas cheguem mesmo à idade adulta em instituições decadentes. Não ignoro que a divisão do país em "capelinhas" faz com que ninguém fale com ninguém e que os processos corram separados por várias instâncias até ao juízo final. E não ignoro que, provavelmente, para a menina o ideal seria ficar com o homem do boné.
O problema é que não foi isso que foi julgado em Torres Vedras.
Pode ser que toda esta trama tenha um lado positivo, ou seja, pode ser que abra o debate sobre os processos de adopção em Portugal e sobre a forma imbecil e desumana como o país tem tratado os seus mais desprotegidos cidadãos. De qualquer maneira, não tem sido essa a discussão que andado na praça pública. O que se tem discutido são os promenores sórdidos de um caso particular. E pedidos idiotas de "habeas corpus", feitos por gente que, apesar de professar direito, de direito não entende nada. Porque não entente que as decisões dos tribunais devem ser respeitadas. Porque esse respeito é um dos fundamentos do Estado. E que a lei permite o recurso até à ultima instância. Nestas coisas, é necessário separar a razão do coração.
Magno, já agora, utilizar toda esta novela para falar do aborto não é nada inteligente, de facto...
22.1.07
Os grandes portugueses
A RTP lançou um concurso dedicado à eleição dos maiores portugueses de sempre. A iniciativa não passa de um passatempo, mas levantou interessante celeuma nos indígenas com a chegada aos 10 finalistas de dois actores sombrios: Cunhal e Salazar. Não se percebe o drama. Nem o espanto. Em Inglaterra, nos dez finalistas, estiveram o Lennon e a Diana. Nos EUA, a Oprah e o Elvis. Reconheçam que ter nomeações deste calibre, no nosso país, era o mesmo que seleccionar o José Cid, o Quim Barreiros ou a Catarina Furtado. Infelizmente para o nosso imaginário colectivo, nenhum dos ilustres anteriores logrou atingir a final, o que nos deixa com este insosso dilema, sem grande graça e imaginação, e a discutir a personalidade de dois dos principais candidatos à vitória.
Enquanto portugueses, um traço essencial da nossa pérfida personalidade tem a ver com essa atracção fatal pela autoridade e pelo respeitinho. Se por um lado, admiramos e amamos o ditador de pacotilha que nos regeu, por um outro, idolatramos e respeitamos essa espécie de cópia de Estaline que quis transformar Portugal na nova Albânia. Um e outro são carne com a mesma origem: inimigos declarados da democracia, mas heróis velados do glorioso, e ainda estranhamente vivo, povo português. Nada de transcendental, portanto. E nada que a nossa triste história não demonstre e comente em abundância.
A corrida ao primeiro lugar, entretanto, começou, mesmo que os fãs dum e doutro – Salazar e Cunhal – se alimentem do ódio ao seu contrário. Já imaginaram melhor publicidade para o nosso país?
Enquanto portugueses, um traço essencial da nossa pérfida personalidade tem a ver com essa atracção fatal pela autoridade e pelo respeitinho. Se por um lado, admiramos e amamos o ditador de pacotilha que nos regeu, por um outro, idolatramos e respeitamos essa espécie de cópia de Estaline que quis transformar Portugal na nova Albânia. Um e outro são carne com a mesma origem: inimigos declarados da democracia, mas heróis velados do glorioso, e ainda estranhamente vivo, povo português. Nada de transcendental, portanto. E nada que a nossa triste história não demonstre e comente em abundância.
A corrida ao primeiro lugar, entretanto, começou, mesmo que os fãs dum e doutro – Salazar e Cunhal – se alimentem do ódio ao seu contrário. Já imaginaram melhor publicidade para o nosso país?
21.1.07
A filhinha de Deus
Não sou habitual comentador de “notícias” do género das da TVI. Mas até da Lua se vê que a condenação a 6 anos de prisão do pai adoptivo (e sargento, o que só o enterrou mais) da menina de Torres Novas é de uma total injustiça.
Só quem nunca assistiu a um processo de adopção em Portugal é que pode dizer o contrário. Nada nestes casos, mas mesmo nada, funciona sequer nos limites do tolerável. Nem mesmo quando as evidências são mais claras do que a água. E a evidência é que não se trata de um sequestro; a evidência é que a mãe biológica deu-o para adopção; a evidência é que o pai biológico nunca quis saber da pequena e é, ou sempre foi, um faminto e um reles desgraçado; a evidência é que a pequena cresceu cinco anos com os pais adoptivos, que para ela são também os “biológicos”.
De facto, este melodrama põe a nu, coisa que toda a gente já está farta de saber, a justiça desarticulada e hiperbolicamente objectiva que temos.
A coisa, provavelmente, acabará com um parecer mais ou menos criptográfico emitido pelo conjunto dos “deficientes motores”, quase todos com visíveis marcas de trombose, que formam o nosso Tribunal Constitucional. E tudo ficará na mesma, pois o povo não percebe nada de leis.
Olhem, em termos mais simples e práticos, e “asneira” por "asneira”, um aborto consciente e autorizado teria evitado toda esta novela em torno desta filhinha de Deus.
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