16.11.06

"Até que dê sim"

Uma amiga, quando quer exemplificar a insistência absurda numa tese, numa ideia ou noutra coisa qualquer, utiliza a expressão "é como o referendo ao aborto. Vai tentar até que dê sim...".

E isto vem a propósto de um texto (muito bem) escrito aqui. A ler.

Milton Friedman


Não é um dos meus heróis (o Magno não dirá o mesmo). Mas é indiscutivelmente um dos mais marcantes economistas do século...

Regresso

Hoje, voltei a um sítio onde não ia há anos. E senti saudades. Do cheiro, dos monitores encostados uns aos outros, da "maior notícia do mundo" prestes a sair, do tocar incessante dos telefones, das portas que abrem e fecham constantemente...

Só 350 milhões?

Ao que parece, o Governo da Republica "escondeu" 350 milhões de euros da dívida pública. Para quem se dá ao luxo de apontar o dedo, não está nada mau...

Será que o Ministro das Finanças multar-se-á a si próprio? Espero para ver.

Festival

O Festival Internacional de Cinema do Funchal continua com mais espectadores do que o ano passado, com melhores filmes e com boa cobertura mediática. Quem parece ainda não saber o que se passa é o Governo Regional, atendendo ao "distanciamento" com que tem acompanhado o conjunto de eventos. É pena que aquele que poderia ser um óptimo cartaz turistico só recolha o apoio da Câmara Municipal do Funchal, que pese embora todas as suas limitações financeiras, faz o que pode...

12.11.06

Viva Portugal

1 - Foi bonito ver no Expresso desta semana Miguel Sousa Tavares elogiar o melhor primeiro-ministro português. Fiquei sensibilizado e deduzo que Sócrates também terá ficado. Começo a achar que mais dia, menos dia, MST vai mesmo para a RTP. É bonito ver que a amizade entre os dois prolifera a olhos vistos. O que é óptimo porque a amizade é uma relação nobre. Gostava é que o MST deixasse aquela sua pose de eu-que-sou-isento-tenho-reserva-moral-para-dizer-tudo-o-que-me-apetece. Porque também começamos a perceber que as suas opiniões estão profundamente inviezadas pelas suas crenças pessoais. Era bem melhor que o opinion-maker assumisse que gosta de fazer favores ao PS de Sócrates, como já assumiu que não gosta de Jardim. Pelo menos era mais honesto.

2 - De Santarém, nada de novo: os fiéis socialistas continuam a beijar o chão que Sócrates pisa. Esperemos que não sejam espezinhados.

3 - Parece que a Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) vai investigar as pressões do PS aos jornalistas da RTP. Não percebo o silêncio do Sindicato dos Jornalistas que ainda não tomou qualquer posição sobre o assunto. Mas continuo à espera.

4 - Sócrates diz ouvir a rua. É pena que este fabuloso democrata não oiça os jornalistas quando lhe fazem perguntas incómodas. Não são muitas vezes, mas sempre que acontece Sócrates dá a sua melhor parte e o que mais gosta de dar: as costas. É interessante o processo de transformação que afecta o nosso PM: no início, sempre que a pergunta ponha em causa as suas posições, Sócrates assumia a postura de virgem ofendida e dizia: pelo amor de Deus! Agora, fica com ar furioso, não responde e pressiona, por trás do pano, os jornalistas. Cheira-me que qualquer dia começa a esmurrá-los. O que até nem seria mau, para ver se acordam e deixam de proteger este governo miserável.

5 - Por falar em jornalistas, é usual ver, nos dias que correm, a comunicação social questionar a progressão automática na carreira dos professores e demais função pública. Será que a rapaziada esquece que também eles têm um sistema de progressão automática? Afirmam que nem todos os jornalistas podem ser editores. Ora, pois bem, mas também nem todos os professores pertencem aos órgãos dirigentes das escolas.

Definitivamente, a falácia toldou a mentalidade a esta gente.

O que move Maximiano Martins

Não existem muitos socialistas madeirenses que mereçam o meu reconhecimento e admiração. Maximiano Martins foi uma excepção. Não só pela sua competência técnica e política, mas pelo facto de denotar um profundo sentir democrata. Por isso, sempre me pareceu que o deputado reunia condições óptimas para vir a ser, um dia, candidato a presidente do Governo Regional.
Todavia, nos últimos tempos, as suas atitudes têm sido uma desilusão. Isso mesmo fiz saber ao deputado, através de carta, aquando da polémica sobre o Centro Internacional de Negócios da Madeira (proposta para descida de IVA para as empresas de novas tecnologias). Na ocasião, o deputado teve a amabilidade de responder e reservando-me o direito de não publicar a sua resposta - não me parece curial, tendo em atenção que a troca de respondência obedeceu a um critério de eleitor-eleito - , retiro apenas uma citação; Maximiano Martins afirmou-me: Eu defendo, segundo o meu critério e a minha consciência, os interesses mais gerais da Madeira, dos madeirenses e do meu país.

Na ocasião, a sua afirmação bastou-me: afinal, podia divergir, mas teria que reconhecer a legitimidade da posição contrária. Todavia, desde o debate na 2, no passado sábado, as suas palavras têm me atormentado e não me saem da cabeça. Para quem não viu, quando inquirido sobre a bondade da proposta do Governo para a Lei das Finanças Regionais (LFR), o deputado eleito pelo círculo eleitoral da Madeira apenas soube dizer, em sua defesa, que a actual lei previa a sua revisão em 2001. Nada sobre a violação do Estatuto Político-Administrativo da Madeira, nada sobre o empolamento do PIB devido ao off-shore, nada sobre a real perda de fundos que a RAM irá sofrer e que, mais do que o Governo Regional e o seu presidente, irá prejudicar o povo madeirense. A sua posição foi não só frustrante, mas agoniante. Que interesses mais gerais da Madeira poderia o deputado defender com a apologia desta proposta do Governo, que prejudica objectivamente e de facto o povo madeirense? Para mim, foi a gota final que fez transbordar o copo: não tenho mais ilusões sobre o que move o deputado Maximiano Martins. Hoje, sei bem que a defesa clubística do seu partido é mais importante do que a defesa da Madeira e dos madeirenses. E isso jamais poderei aceitar.